BCE Boletim Mensal Fevereiro 2014



Documentos relacionados
moderadas no que respeita à inflação no médio prazo, dada a fraqueza generalizada da economia e a dinâmica monetária comedida.

BCE Boletim Mensal Abril 2011

BCE Boletim Mensal Novembro 2011

BCE Boletim Mensal Janeiro 2008

BCE Boletim Mensal Outubro de 2006

BCE Boletim Mensal Outubro 2005

BCE Boletim Mensal Agosto 2011

PROJEÇÕES MACROECONÓMICAS PARA A ÁREA DO EURO ELABORADAS POR ESPECIALISTAS DO BCE

ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE VISEU CURSO DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO ECONOMIA II Exercícios - nº /01

1. Desenvolvimentos Recentes

Habitação em recuperação e Obras Públicas em queda

O Financiamento da Economia e as Empresas

INQUÉRITO AOS BANCOS SOBRE O MERCADO DE CRÉDITO Resultados para Portugal Abril de 2016

Boletim Econômico Edição nº 52 dezembro de Organização: Maurício José Nunes Oliveira Assessor econômico

Projeções para a economia portuguesa:

A POLÍTICA MONETÁRIA EUROPEIA

Imperativos de uma participação bem sucedida de Portugal na UEM

Boletim Económico. Junho Lisboa,

BCE Boletim Mensal Fevereiro 2007

Fazer face à queda dos preços das matérias-primas

Em 2007, todas as publicações do BCE apresentam um motivo retirado da nota de 20.

LEIS DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS. Metas e Projeções Fiscais para Governo Central ( art. 4º, 1º da Lei Complementar nº 101, de 2000)

Tendo em conta o Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia, nomeadamente o artigo 127. o, n. o 2, primeiro travessão,

EVOLUÇÃO DA ATIVIDADE ECONÓMICA Atividade global Atividade setorial Produção Volume de negócios... 5

Perspectivas Econômicas. Pesquisa Macroeconômica Itaú Unibanco

Nota de Informação Estatística Lisboa, 22 de outubro de 2012

INFORMAÇÃO N.º 9/2008. Contas Nacionais Trimestrais por Sectores Institucionais, incluindo das Administrações Públicas 2.º Trimestre de 2008

Banco Central: Objetivos das Políticas Monetária, Creditícia e Cambial e Impacto Fiscal de suas Operações

Risco de Liquidez e Gerenciamento de Capital

CONFIANÇA DO EMPRESÁRIO CAI 2,3% NO TRIMESTRE

Banco de Portugal. Boletim económico. Junho de Textos de política e situação económica. Working papers 1998 a i. Estudos Económicos

Anexo VI Objetivos das Políticas Monetária, Creditícia e Cambial (Art. 4 o, 4 o, da Lei Complementar n o 101, de 4 de maio de 2000)

Economia e Negócios Internacionais MACROECONOMIA

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE EMPRESAS PETROLÍFERAS

PESQUISA FEBRABAN DE PROJEÇÕES MACROECONÔMICAS E EXPECTATIVAS DE MERCADO

Anexo VI Objetivos das Políticas Monetária, Creditícia e Cambial (Art. 4 o, 4 o, da Lei Complementar n o 101, de 4 de maio de 2000)

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE EMPRESAS PETROLÍFERAS

Envia-se em anexo, à atenção das delegações, o documento COM(2016) 294 final.

A Política Monetária no Modelo de Keynes

Fundo de Investimento Imobiliário FII BM Brascan Lajes Corporativas BMLC11B

A Economia Global no 3 o trimestre de 2014

N o 12 Junho PIB fraco mostra efeito prolongado da crise

Conselho de Administração do FMI Conclui a Consulta do Artigo IV de 2012 com o Brasil

Metas de Inflação e Evolução da Taxa de Câmbio no Brasil Afonso Bevilaqua

BCE Boletim Mensal Janeiro 2009

Banco Central anuncia novo status da dívida externa brasileira

O Sector da Construção em Portugal. 1º semestre

1. Público - Alvo O FUNDO destina-se a receber aplicações de recursos pelo público em geral, desde que sejam clientes do Banco Citibank S.A.

Ao crescer 6,9% em 2015, economia chinesa manteve a tendência de gradual desaceleração, com forte ajuste da indústria e do setor de construção

ENDIVIDAMENTO DAS FAMÍLIAS NAS CAPITAIS BRASILEIRAS

SALUS FUNDO DE INVESTIMENTO FII. CNPJ nº / (Administrado por INTRADER DTVM Asset servicing.)

Tipo de Prova: Exame Data de realização: 19 de janeiro de 2015 Duração: 2 horas. Classificação. I II Total: Informações

MANUAL DE GERENCIAMENTO DE RISCO DE LIQUIDEZ

Investimentos, Endividamento Público e Crescimento Econômico

Endividamento recua em dezembro

Ao Presidente da Comissão Executiva da Caixa Geral de Depósitos, S.A. Exmo. Senhor Dr. José Agostinho de Matos. Lisboa, 31 de maio de 2013

Textos de política e situação económica

LÂMINA DE INFORMAÇÕES ESSENCIAIS SOBRE O BRADESCO FUNDO DE INVESTIMENTO EM COTAS DE FUNDOS DE INVESTIMENTO MULTIMERCADO ADVANCED

Resultados de março 2015

Centro de Competência de Ciências Sociais

Taxa de Inflação Homóloga diminuiu 0,1% em Fevereiro

CRESCIMENTO ECONÓMICO POTENCIAÇÃO DO CRÉDITO À ECONOMIA XXIII ENCONTRO DE LISBOA

NOS PRÓXIMOS VINTE E CINCO ANOS O NÚMERO DE IDOSOS PODERÁ MAIS DO QUE DUPLICAR O NÚMERO DE JOVENS.

PESQUISA DE ENDIVIDAMENTO E INADIMPLÊNCIA DO CONSUMIDOR - PEIC

1. COMÉRCIO 1.1. Pesquisa Mensal de Comércio Sondagem do comércio

A Indústria Brasileira, Expectativas e o Canal de Transmissão de Política Monetária

Teleconferência de Resultados 1T16 Resiliência de Margens e do Crescimento

INDX apresenta estabilidade em abril

SONDAGEM INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO

Gilmar Ferreira Maio de 2010

Parte III: Abordagem Histórica da Economia Brasileira

LÂMINA DE INFORMAÇÕES ESSENCIAIS SOBRE O BNP PARIBAS DIVIDENDOS FUNDO DE INVESTIMENTO EM COTAS DE FUNDO DE INVESTIMENTO AÇÕES CNPJ/MF:

Lista de Quadros. Capítulo I Forma predominante da taxa de juro nos empréstimos à habitação.

Análise Macroeconômica Brasileira

Cabo Verde Perfil do país EPT 2014

1. Sondagem de Expectativas do Consumidor IBRE-FGV

POLÍTICA DE GESTÃO DE RISCOS

II Semana Contábil e Fiscal de Estados e Municípios Estatísticas de Finanças Públicas Tesouro Nacional

Contas Financeiras CEMEC Informativo Poupança Financeira São Paulo Julho/2014

Finanças Públicas: Situação e Condicionantes

FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL

Conceito Âncoras Nominais e Metas de Inflação no Brasil

Banco de Portugal. Boletim económico. Primavera de Textos de política e situação económica. Working papers. Estudos Económicos

LISTA 5A. 3) Financiamento do investimento: poupança 4) Poupança, crescimento econômico e sistema financeiro

Estimativa da taxa de desemprego em abril: 13,0%

Os riscos do INVESTIMENTO ACTIVO MAIS, produto financeiro complexo, dependem dos riscos individuais associados a cada um dos produtos que o compõem.

Relatório Mensal Fevereiro. Instituto de Previdência e Assistência do Município do Rio de Janeiro - PREVI-RIO DIRETORIA DE INVESTIMENTOS

A aritmética do ajuste fiscal e o crescimento econômico no Brasil

Sistema Bancário Português Desenvolvimentos Recentes 1.º trimestre de 2016

Mercado de trabalho e Situação Financeira das Empresas em degradação acentuada

O levantamento anual envolveu sete instituições financeiras: Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, HSBC, Itaú, Safra e Santander.

INSTRUÇÃO N.º 29/ (BO N.º 9, ) MERCADOS Mercados Monetários

Elaboração e Análise de Projetos

Apresentação de contas de maio 2015

Previsões económicas do outono de 2013: Retoma gradual, riscos externos

Angola. Primeiro Trimestre Fase de ajustamento em curso

O QUE É CUSTO DE CAPITAL PARTE l

Programação monetária para o terceiro trimestre de 1997

Transcrição:

EDITORIAL Com base nas suas análises económica e monetária regulares, o Conselho do decidiu, na reunião de 6 de fevereiro de 2014, manter as taxas de juro diretoras do inalteradas. A informação recentemente disponibilizada confirma que a recuperação moderada da economia da área do euro prossegue em consonância com a anterior avaliação do Conselho do. Ao mesmo tempo, as pressões subjacentes sobre os preços na área do euro permanecem fracas e a dinâmica monetária e do crédito é comedida. As expectativas de inflação relativas à área do euro no médio a longo prazo permanecem firmemente ancoradas em conformidade com o objetivo do Conselho do de manter as taxas de inflação abaixo, mas próximo, de 2%. Como referido em ocasiões anteriores, a economia da área do euro regista presentemente um período alargado de inflação baixa, o qual será seguido de um movimento ascendente gradual no sentido de taxas de inflação situadas abaixo, mas próximo, de 2%. Quanto às perspetivas de médio prazo relativas aos preços e ao crescimento, mais informações e análises serão disponibilizadas no início de março. Dados recentes confirmam plenamente a decisão do Conselho do de manter a orientação acomodatícia da política monetária enquanto for necessário, a qual apoiará a recuperação económica gradual da área do euro. O Conselho do reitera com firmeza as indicações sobre a orientação futura da política monetária (forward guidance). Continua a esperar que as taxas de juro diretoras do permaneçam nos níveis atuais ou em níveis inferiores durante um período alargado. Esta expectativa tem por base as perspetivas globalmente moderadas no que respeita à inflação no médio prazo, dada a fraqueza generalizada da economia e a dinâmica monetária comedida. Em relação à recente volatilidade do mercado monetário e ao seu potencial impacto na orientação da política monetária, o Conselho do está a acompanhar de perto a evolução e está preparado para considerar todos os instrumentos disponíveis. De um modo geral, o Conselho do permanece firmemente determinado em manter o nível elevado de acomodação monetária e em tomar novas medidas decisivas, se necessário. 1

No que se refere à análise económica, após dois trimestres de crescimento positivo do PIB real, a evolução observada em dados e inquéritos recentes sugere, em geral, que a recuperação moderada continuou no último trimestre de 2013. Numa análise prospetiva, confirmou-se a anterior avaliação do Conselho do relativamente ao crescimento económico. Espera-se que o produto na área do euro recupere a um ritmo lento. Em particular, deverá verificar-se uma ligeira melhoria da procura interna, apoiada pela orientação acomodatícia da política monetária e a melhoria das condições de financiamento, bem como pelos progressos em termos de consolidação orçamental e reformas estruturais. Além disso, a inflação mais baixa dos preços dos produtos energéticos apoiará os rendimentos reais. A atividade económica deverá também beneficiar do fortalecimento gradual da procura de exportações da área do euro. Paralelamente, embora o desemprego na área do euro esteja a estabilizar, permanece ainda elevado, e o ajustamento de balanços necessário nos setores público e privado continuará a pesar sobre o ritmo da recuperação económica. Os riscos em torno das perspetivas económicas para a área do euro permanecem do lado descendente. A evolução das condições nos mercados monetários e financeiros mundiais e as incertezas associadas, em particular em economias de mercado emergentes, podem ter o potencial para afetar negativamente as condições económicas. Outros riscos em sentido descendente incluem uma procura interna e um crescimento das exportações mais fracos do que o esperado, bem como a implementação lenta ou insuficiente de reformas estruturais em países da área do euro. De acordo com a estimativa provisória do Eurostat, na área do euro, a inflação homóloga medida pelo IHPC situou-se em 0.7% em janeiro de 2014, face a 0.8% em dezembro de 2013. Esta descida ficou a dever-se sobretudo à evolução dos preços dos produtos energéticos. Em paralelo, a taxa de inflação em janeiro de 2014 foi mais baixa do que o esperado, em geral. Com base na informação atual e nos preços prevalecentes dos futuros dos produtos energéticos, espera-se que as taxas de inflação homólogas medidas pelo IHPC se mantenham em torno dos níveis atuais nos próximos meses. No médio prazo, as pressões subjacentes sobre 2

os preços na área do euro deverão permanecer moderadas. As expectativas de inflação relativas à área do euro no médio a longo prazo permanecem firmemente ancoradas em conformidade com o objetivo do Conselho do de manter as taxas de inflação abaixo, mas próximo, de 2%. Os riscos em sentido ascendente e descendente para as perspetivas quanto à evolução dos preços permanecem limitados e continuam a apresentar-se globalmente equilibrados no médio prazo. No que respeita à análise monetária, os dados relativos a dezembro de 2013 confirmam a avaliação no sentido de um crescimento subjacente comedido do agregado monetário largo (M3) e do crédito. O crescimento homólogo do M3 registou uma moderação em dezembro, situando-se em 1.0%, o que compara com 1.5% em novembro. As saídas de depósitos em dezembro espelharam as fortes vendas de títulos dos setores público e privado por instituições financeiras monetárias (IFM) da área do euro, o que pode estar, em parte, relacionado com ajustamentos dos bancos, em antecipação da avaliação completa dos respetivos balanços, a realizar pelo. Esta evolução afetou igualmente o crescimento homólogo do M1, o qual registou uma moderação em dezembro, situando-se em 5.8%, mas permaneceu forte. Tal como em meses anteriores, o principal fator a apoiar o crescimento homólogo do M3 foi o aumento da posição das disponibilidades líquidas sobre o exterior das IFM, que continuou a refletir o interesse acrescido dos investidores internacionais por ativos da área do euro. A taxa de variação homóloga dos empréstimos ao setor privado continuou a contrair-se. A taxa de crescimento homóloga dos empréstimos às famílias (corrigida de vendas e titularização de empréstimos) foi de 0.3% em dezembro, permanecendo globalmente inalterada desde o início de 2013. A taxa de variação homóloga dos empréstimos às sociedades não financeiras (corrigida de vendas e titularização de empréstimos) situou-se em -2.9% em dezembro, o que compara com -3.1% em novembro. Os dados de janeiro de 2014 do inquérito aos bancos sobre o mercado de crédito indicam uma nova estabilização ligeira das condições de concessão de crédito às empresas e às famílias e uma descida líquida menor da procura de empréstimos pelas empresas. De um modo geral, a dinâmica fraca dos 3

empréstimos às sociedades não financeiras continua a refletir a sua relação desfasada com o ciclo económico, o risco de crédito e o ajustamento em curso dos balanços dos setores financeiro e não financeiro. Desde o verão de 2012, têm-se registado progressos consideráveis na melhoria da situação de financiamento dos bancos. A fim de assegurar uma transmissão adequada da política monetária às condições de financiamento nos países da área do euro, é fundamental que a fragmentação dos mercados de crédito da área do euro registe nova diminuição e que a capacidade de resistência dos bancos seja reforçada, onde necessário. Este é o objetivo da avaliação completa do, sendo que a implementação atempada de medidas adicionais com vista ao estabelecimento de uma união bancária também ajudará a restaurar a confiança no sistema financeiro. Resumindo, a análise económica confirma a expectativa do Conselho do de um período alargado de inflação baixa, seguido de um movimento ascendente gradual no sentido de taxas de inflação situadas abaixo, mas próximo, de 2%. O cruzamento com os sinais fornecidos pela análise monetária corrobora o cenário de pressões subjacentes moderadas sobre os preços na área do euro, no médio prazo. Em termos de políticas orçamentais, os países da área do euro não devem desfazer os esforços de consolidação desenvolvidos no passado e devem colocar a elevada dívida pública numa trajetória descendente a médio prazo. As estratégias orçamentais devem estar em consonância com o Pacto de Estabilidade e Crescimento e assegurar uma composição da consolidação favorável ao crescimento, que combine a melhoria da qualidade e eficiência dos serviços públicos com a minimização dos efeitos distorcionários da tributação. Quando acompanhadas pela implementação de reformas estruturais de forma determinada, estas estratégias contribuirão para apoiar a ainda frágil recuperação económica. Os governos têm, por conseguinte, de prosseguir com as reformas dos mercados de trabalho e do produto, as quais ajudarão a melhorar o potencial de crescimento da área do euro e a reduzir as elevadas taxas de desemprego em muitos países. 4

A edição de fevereiro de 2014 do inclui dois artigos. O primeiro debruça-se sobre as recentes extensões dos modelos utilizados pelo na sua análise monetária abrangente. O segundo analisa os padrões de desalavancagem no setor empresarial da área do euro. 5