O QUE É TIR MODIFICADA?



Documentos relacionados
O QUE É CUSTO DE CAPITAL PARTE l

O QUE SÃO E QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL EM ESTATÍSTICA PARTE I

COMO UTILIZAR CORRETAMENTE O CUSTO MÉDIO

COMO CALCULAR O INDICADOR DE COBERTURA DO SERVIÇO DA DÍVIDA (ou como saber se sua empresa sobreviverá) - PARTE I

DUAS PARTICULARIDADES NA ANÁLISE DE NOVOS INVESTIMENTOS

COMO CALCULAR O INDICADOR DE COBERTURA DO SERVIÇO DA DÍVIDA (ou como saber se sua empresa sobreviverá) - PARTE II

QUAIS AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS IMPOSTOS MAIS IMPORTANTES - PARTE I

TÓPICO ESPECIAL DE CONTABILIDADE : IMOBILIZADO E DEPRECIAÇÃO

O QUE É AMOSTRAGEM? PARTE I

LIMITAÇÕES DE ALGUNS INDICADORES CLÁSSICOS DE LIQUIDEZ E ENDIVIDAMENTO (E O QUE FAZER)

COMO DETERMINAR O 1º PREÇO DE VENDA DE UM PRODUTO NOVO

TÓPICOS ESPECIAIS DE CONTABILIDADE: CONSOLIDAÇÃO

O QUE É REAVALIAÇÃO? Francisco Benefícios da reavaliação de ativos. O que pode ser reavaliado?

O QUE É UMA MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO EFETIVAMENTE BOA

O QUE É AMOSTRAGEM? PARTE II

TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE O EBITIDA PARA COLOCÁ-LO NO SEU DEVIDO LUGAR

COMO ANALISAR CORRETAMENTE O INDICADOR DE GIRO

Francisco Cavalcante

O QUE É E COMO SE CALCULA O VALOR RESIDUAL PELA PERPETUIDADE

COMO DETERMINAR UM VPL (Valor Presente Líquido) OU UMA TIR (Taxa Interna de Retorno) IDEAL

IMPERDÍVEL - COMO EMBUTIR O CUSTO DA INADIMPLÊNCIA NO PREÇO DE VENDA (continuação do Up-To- Date 365)

COMO APRESENTAR SUAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS (para uma análise econômica ideal)

Francisco Cavalcante

PREÇO DE VENDA DE UM PRODUTO PARA RECEBIMENTO EM PARCELAS - PARTE l

COMO UTILIZAR AS TAXA DE APLICAÇÃO E CAPTAÇÃO DO DINHEIRO NA FORMAÇÃO DO PREÇO A VISTA E A

QUAL A DIFERENÇA ENTRE A TIR DA OPERAÇÃO E A TIR DO ACIONISTA?

COMO DEFINIR A META DE LUCRO PARA O ACIONISTA? PARTE ll

PREÇO DE VENDA DE UM PRODUTO PARA RECEBIMENTO ANTECIPADO

ASPECTOS RELEVANTES NA ANÁLISE DE NOVOS INVESTIMENTOS

TIPOS DE INVESTIMENTOS IMPORTANTES NA ELABORAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA- PARTE ll

COMO DETERMINAR O EVA IDEAL

O CÁLCULO DO RISCO BRASIL PARA FINS DE INCLUSÃO NO CUSTO DE CAPITAL

COMO DEFINIR A META DE LUCRO PARA O ACIONISTA?

FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA À PRAZO

UTILIZAÇÃO DE RECURSOS AVANÇADOS DO EXCEL EM FINANÇAS (PARTE I): XTIR, XVPL E MTIR

PREÇO DE VENDA DE UM PRODUTO PARA RECEBIMENTO EM PARCELAS - PARTE II

COMO UTILIZAR O FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL PARA VALORIZAR UMA EMPRESA

Custo Incorrido Versus Custo de Reposição Qual considerar?

RELEMBRANDO ALGUNS ASPECTOS IMPORTANTES NA MONTAGEM DO FLUXO DE CAIXA - PARTE III

FLUXO DE CAIXA DESCONTADO E MARKET VALUE ADDED PARTE l

FLUXO DE CAIXA DESCONTADO E MARKET VALUE ADDED PARTE ll

COMO UTILIZAR AS TAXA DE APLICAÇÃO E CAPTAÇÃO DO DINHEIRO NA FORMAÇÃO DO PREÇO A VISTA E A

RELEMBRANDO ALGUNS ASPECTOS IMPORTANTES NA MONTAGEM DO FLUXO DE CAIXA - PARTE l

Como definir a melhor meta de vendas através do Índice da Margem de Contribuição (Imc)

FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL (FCO) X FLUXO DE CAIXA DO ACIONISTA (FCA)

COMO CONSTRUIR UM CONJUNTO DE INDICADORES ORIENTADOS PARA O EVA

O QUE É E COMO SE CALCULA O VALOR RESIDUAL PELA PERPETUIDADE PARTE II

SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS

UTILIZAÇÃO DE RECURSOS AVANÇADOS DO EXCEL EM FINANÇAS (PARTE III): GERENCIAMENTO DE CENÁRIOS

ASPECTOS AVANÇADOS NA ANÁLISE ECONÔMICA E FINANCEIRA (PARTE III)

AMOSTRAGEM ESTATÍSTICA EM AUDITORIA PARTE l

Vantagens e desvantagens da utilização do patrimônio líquido pelo seu valor de mercado na avaliação de empresas

COMO FAZER PARA CALCULAR A TIR E O VPL MAIS ALINHADOS COM A REALIDADE

ENTENDENDO OS CONCEITOS DE RISCO E RETORNO - (Parte II)

Conhecimentos Bancários

VALUE BASED MANAGEMENT (Gerenciamento Baseado no Valor - GBV) - PARTE I

ANEXO DE METAS FISCAIS LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS DEMONSTRATIVO DAS METAS ANUAIS (Artigo 4º da Lei Complementar nº 101/2000)

Equivalente de produção. Equivalente de produção. Equivalente de produção. Para se fazer o cálculo, é necessário o seguinte raciocínio:

CUSTO DOS COMPONENTES DA ESTRUTURA DE CAPITAL

CÁLCULO DO PREÇO DE VENDA NA FORMA DE UM PROJETO DE INVESTIMENTO

OS PROBLEMAS PROVOCADOS PELO RATEIO DE CUSTOS FIXOS EM PROJETOS DE INVESTIMENTO

TAXAS EQUIVALENTES A JUROS COMPOSTOS

A EXTENSÃO DO FLUXO DE CAIXA

SEPARAÇÃO DO GASTO SEMI-VARIÁVEL ENTRE PARTE FIXA E PARTE VARIÁVEL

QUAIS AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS IMPOSTOS MAIS IMPORTANTES - PARTE Il

O valor nominal do título é de R$ 500,00, a taxa é de 1% ao mês e o prazo é de 45 dias = 1,5 mês.

COMO DETERMINAR O PREÇO DE UMA

Aula 6 Contextualização

Matemática Financeira 2012

O CÁLCULO DO SVA (SHAREHOLDER VALUE ADDED) E A MARGEM DE EQUILÍBRIO (THRESHOLD MARGIN) - PARTE I! O que é Threshold Margin ou Margem de Equilíbrio?

TAXAS DE JUROS. Como sabemos quando uma taxa é nominal?

Engenharia Econômica

RELEMBRANDO ALGUNS ASPECTOS IMPORTANTES NA MONTAGEM DO FLUXO DE CAIXA - PARTE Il

Break Even Point Ponto de Equilíbrio Parte II

COMO DETERMINAR O IMPACTO DAS VARIAÇÕES PERCENTUAIS

Curso técnico Integrado de Administração

COMO SER CONSERVADOR (COM FUNDAMENTO) NA ANÁLISE DE UM NOVO INVESTIMENTO

Análise de viabilidade de empreendimentos de geração

Como utilizar a margem de contribuição para tomar decisão quando existe limitação na capacidade produtiva

Vejamos algumas definições a respeito: Diz Aurélio Buarque de Holanda Ferreira ( 1 ): Diz Juan Carlos Lapponi ( 2 ): Diz Alexandre Assaf Neto ( 3 ):

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, SECRETARIADO E CONTABILIDADE DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO

TIR, MTIR e VPL: O QUE FAZER PARA GANHAR UM DEZ

O CÁLCULO DO SVA (SHAREHOLDER VALUE ADDED) E A MARGEM DE EQUILÍBRIO (THRESHOLD MARGIN) - PARTE II! O que é Threshold Margin ou Margem de Equilíbrio?

REGRESSÃO LINEAR SIMPLES PARTE II

REGRESSÃO LINEAR SIMPLES PARTE III

Vamos começar a última parte de nosso curso: Matemática Financeira.

Econômico - Financeira

Diagnóstico da Convergência às Normas Internacionais IAS 21 - The Effects of Changes in Foreign Exchange Rates

1 Exercícios de Aplicações da Integral

FUNÇÕES MATEMÁTICAS NÚMERO : PI() SENO E COSSENO: SEN() E COS()

INTEGRANDO AS METODOLOGIAS VPL, TIR, MTIR E PAYBACK

Lista de exercício nº 1 Juros simples e compostos*

QUAL A DIFERENÇA ENTRE O VPL DA OPERAÇÃO E O VPL DO ACIONISTA?

PRODUTOS NÃO DÃO LUCRO. O QUE DÁ LUCRO É A EMPRESA. PRODUTOS DÃO É MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO (Conceitos que você tem que saber 100%)

CONCORRÊNCIA PÚBLICA Nº 004/2016/CPL. Anexo 04 PROPOSTA COMERCIAL

Pagamento de complemento de salário-maternidade, considerando que este valor deve ser deduzido da guia de INSS, pois é pago pelo INSS.

Disciplina: Análise de Investimentos. AULA 6 Assunto: Método Analítico de Análise de Investimentos

CVA CASH VALUE ADDED (Um passo à frente do VPL)

SUPERÁVIT PRIMÁRIO E GASTOS EM EDUCAÇÃO

CONTABILIDADE AVANÇADA. Tratamento contábil para aplicações financeiras

Transcrição:

O QUE É TIR MODIFICADA? O que é TIR Modificada? Como calcular a TIR modificada? Como usar uma taxa de captação diferente da taxa de aplicação no cálculo da TIR? Francisco Cavalcante(f_c_a@uol.com.br) Administrador de Empresas graduado pela EAESP/FGV. É Sócio-Diretor da Cavalcante Associados, empresa especializada na elaboração de sistemas financeiros nas áreas de projeções financeiras, preços, fluxo de caixa e avaliação de projetos. A Cavalcante Associados também elabora projetos de capitalização de empresas, assessora na obtenção de recursos estáveis e compra e venda de participações acionárias. O consultor Francisco Cavalcante já desenvolveu mais de 100 projetos de consultoria, principalmente nas áreas de planejamento financeiro, formação do preço de venda, avaliação de empresas e consultoria financeira em geral. Paulo Dragaud Zeppelini(f_c_a@uol.com.br) Administrador de Empresas com MBA em finanças pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais - IBMEC. Executivo financeiro com carreira desenvolvida em instituições financeiras do segmento de mercado de capitais. Atualmente é consultor da Cavalcante Associados, empresa especializada na elaboração de sistemas financeiros nas áreas de projeções financeiras, preços, fluxo de caixa e avaliação de projetos. UP-TO-DATE - N o 161 O QUE É TIR MODIFICADA. 1

ÍNDICE PÁG O que é TIR Modificada. 03 UP-TO-DATE - N o 161 O QUE É TIR MODIFICADA. 2

O QUE É TIR MODIFICADA? A TIR Modificada (ou MTIR) é uma nova versão da taxa interna de retorno convencional e procura corrigir seus problemas estruturais relacionados às questões das raízes múltiplas ou inexistentes e das taxas reais de financiamento dos investimentos e de aplicação de caixas excedentes. Partindo-se do conceito de que em um fluxo de caixa a TIR calculada é a taxa que remunera todos os valores do fluxo, seja para trazer os fluxos a valor presente, seja para levá-los a valor futuro, podemos modificar o diagrama de fluxo de caixa e calcular a TIR Modificada da seguinte forma: $400 $800 $1.200 $3.000 0 1 2 3 4 5 $1.000 $575 Cálculo da TIR = 38,75% UP-TO-DATE - N o 161 O QUE É TIR MODIFICADA. 3

Esse resultado significa que a taxa média intrínseca deste fluxo de caixa é igual a 38,75% ao ano e que todos os valores (não importa se positivos ou negativos) são por ela remunerados. Se isso é verdade, vejamos o seguinte:! Vamos caminhar com os valores positivos para o último ano (FV), utilizando como taxa a própria TIR (38,75% a.a.); e! Vamos caminhar com os valores negativos para o ano inicial (PV), utilizando também a própria TIR (38,75% a.a.). Calculando: FV= $400 x (1,3875) 3 (1,3875) 0 = $7.273,59 + $800 x (1,3875) 2 + $1.200 x (1,3875) 1 + $3.000 x PV = $1.000 + $575 = $1.414,41 (1,3875) 0 (1,3875) 1 Assim teríamos um novo fluxo de caixa, bem tradicional (com apenas uma inversão de sinal!) e bastante simples, a saber: $7.273,59 0 1 2 3 4 5 $1.414,41 UP-TO-DATE - N o 161 O QUE É TIR MODIFICADA. 4

Qual a taxa intrínseca deste novo fluxo de caixa, ou TIR? Podemos calcular da mesma forma que procedemos no cálculo da TIR anteriormente. Como agora temos um fluxo de caixa bastante simples, com apenas um valor positivo e outro negativo, que tal calcular a taxa através da tradicional fórmula de juros compostos? Vamos em frente: FV = PV x (1+i) n $7.273,59 = $1.414,41 x (1+i) 5 i = 38,75% A taxa i é igual a 38,75% (a mesma TIR calculada anteriormente). Obviamente, não é uma coincidência! Apenas se comprova o que dissemos a respeito da TIR: é a taxa média que remunera todos os valores de um dado fluxo de caixa. Portanto, a maneira proposta para o cálculo da MTIR segue justamente esse princípio. Se podemos caminhar com os valores no tempo (com a própria TIR), por que, então, não o fazermos com outras taxas que julgarmos mais convenientes? E será feito, utilizando-se as seguintes taxas:! Taxa de Aplicação (TA): representa a taxa média do período do fluxo de caixa mais conveniente para reaplicar os lucros gerados em cada ano. Podem-se utilizar as taxas de aplicações disponíveis no mercado, considerando-se, também, o prazo do projeto.! Taxa de Captação (TC): representa a taxa média do período do fluxo de caixa mais compatível com a captação de recursos financeiros para os investimentos. Mesmo que a empresa vá desembolsar somente recursos UP-TO-DATE - N o 161 O QUE É TIR MODIFICADA. 5

próprios, julgamos necessário esse ajuste pela taxa correspondente ao custo do capital próprio. Ainda aproveitando o exemplo anterior, em que a é TIR = 38,75%, qual seria então MTIR, ou TIR modificada? Considerando como taxa de aplicação de 10% a.a. e taxa de captação de 15% a.a., teríamos: FV = $400 x (1,1) 3 + $800 x (1,1) 2 + $1.200 x (1,1) 1 + $3.000 x (1,1) 0 = $5.820,40 PV = $1.000 + $575 = $1.500,00 (1,15) 0 (1,15) 1 UP-TO-DATE - N o 161 O QUE É TIR MODIFICADA. 6

Teríamos, pois, um novo fluxo de caixa: $5.820,40 0 1 2 3 4 5 $1.500 Através da fórmula de juros compostos (ou de uma simples calculadora financeira ou científica), teríamos uma taxa efetiva igual a 31,15%, ou seja: MTIR=31,15% (contra aquela TIR de 38,75%) UP-TO-DATE - N o 161 O QUE É TIR MODIFICADA. 7