Produtividade do milho (Zea mays L.) influenciada pelo preparo do solo e por plantas de cobertura em um Latossolo Vermelho



Documentos relacionados
ESTRATÉGIAS DE ADUBAÇÃO PARA RENDIMENTO DE GRÃOS DE MILHO E SOJA NO PLANALTO SUL CATARINENSE 1 INTRODUÇÃO

ATRIBUTOS QUÍMICOS DO SOLO E RENDIMENTO DE GRÃOS DE MILHO SOB DO CULTIVO CONSORCIADO COM ADUBOS VERDES. Reges HEINRICHS. Godofredo César VITTI

EFICIÊNCIA DA ADUBAÇÃO DA CANA-DE-AÇÚCAR RELACIONADA AOS AMBIENTES DE PRODUÇÃO E AS ÉPOCAS DE COLHEITAS

TELAS DE SOMBREAMENTO NO CULTIVO DE HORTALIÇAS FOLHOSAS

Introdução à Meteorologia Agrícola

RENDIMENTO DE GRÃOS DE SOJA EM SUCESSÃO AVEIA PRETA SOB DIVERSOS MANEJOS

Poros Bloqueados ou Porosidade Livre de Água. Nota: A Porosidade Livre de Água é importante na aeração do solo.

Desempenho Operacional de Máquinas Agrícolas na Implantação da Cultura do Sorgo Forrageiro

Influência de diferentes sistemas de manejo do solo na recuperação de suas propriedades físicas

PRODUÇÃO ORGÂNICA DE UVAS TINTAS PARA VINIFICAÇÃO SOB COBERTURA PLÁSTICA, 3 CICLO PRODUTIVO

OPORTUNIDADE DE OTIMIZAÇÃO DO SISTEMA DE CULTURAS AGRICOLAS (ARROZ, SOJA, MILHO) Santa Maria, 09 de junho de 2016

Competição inicial entre plantas de soja e Chloris polydactyla.

Produtividade de cafeeiros adultos e na primeira colheita pós-recepa adubados com materiais orgânicos em propriedades de base familiar

AVALIAÇÃO DA BIOMASSA E COBERTURA DO SOLO DE ADUBOS VERDES

GERMINAÇÃO E COMPRIMENTO DE PLÂNTULAS DE SORGO SUBMETIDAS AO TRATAMENTO DE SEMENTES COM BIOESTIMULANTE

PLANTAS DE COBERTURA E ADUBAÇÃO COM NPK PARA MILHO EM PLANTIO DIRETO COVER CROPS AND NPK FERTILIZATION ON CORN UNDER NO-TILLAGE MANAGEMENT

ARQUITETURA E VALOR DE CULTIVO DE LINHAGENS DE FEIJÃO- CAUPI DE PORTE PROSTRADO E SEMI-PROSTRADO, NO NORTE DE MINAS GERAIS.

RESISTÊNCIA DO SOLO À PENETRAÇÃO APÓS A CULTURA DA SOJA SOBRE AVEIA PRETA E NABO FORRAGEIRO EM DOIS MANEJOS DO SOLO

09 POTENCIAL PRODUTIVO DE CULTIVARES DE SOJA

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Desempenho de uma Semeadora de Plantio Direto na Cultura do Milho João Paulo Arantes Rodrigues da Cunha 1 e Ramiro Lourenço de Souza Júnior 2

XX Congreso Latinoamericano y XVI Congreso Peruano de la Ciencia del Suelo

PESQUISA EM ANDAMENTO

CULTIVO ORGÂNICO DE MILHO VERDE CONSORCIADO COM LEGUMINOSAS

Produtividade de biomassa e acúmulo de nutrientes em adubos verdes de verão, em cultivos solteiros e consorciados.

PLANTIO DIRETO DO TOMATEIRO. Roberto Botelho Ferraz Branco Eng. Agr., Dr., PqC do Polo Regional Centro Leste/APTA

Inoculação e Coinoculação na Cultura da Soja

PRODUÇÃO DO ALGODOEIRO EM DIFERENTES SISTEMAS DE ROTAÇÃO E SUCESSÃO DE CULTURAS EM GOIÂNIA, GO

DESENVOLVIMENTO DE PLANTAS DE PIMENTA E PRODUÇÃO DE FRUTOS EM FUNÇÃO DA CONSORCIAÇÃO COM ADUBOS VERDES

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

ATRIBUTOS QUÍMICOS DE UM LATOSSOLO VERMELHO SOB DIFERENTES SISTEMAS NOTA

Resposta da Cultura do Milho Cultivado no Verão a Diferentes Quantidades de Calcário e Modos de Incorporação

UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS ORGÂNICOS COMO SUBSTRATO PARA A PRODUÇÃO HIDROPÔNICA DE MUDAS DE ALFACE

GERMINAÇÃO E SOBREVIVÊNCIA DA SOJA EM DIFERENTES MANEJOS DO SOLO

Manejo de Solos. Curso de Zootecnia Prof. Etiane Skrebsky Quadros

Mobilização = propiciar às culturas condições próximas às ideais para o seu desenvolvimento.

EFEITO DE ADUBAÇÃO NITROGENADA EM MILHO SAFRINHA CULTIVADO EM ESPAÇAMENTO REDUZIDO, EM DOURADOS, MS

Feijão. 9.3 Calagem e Adubação

DISPONIBILIDADE DE MACRONUTRIENTES EM LATOSSOLO APÓS O USO DE ADUBAÇÃO VERDE

RESPOSTA DO FEIJÃO-CAUPI À ADUBAÇÃO FOSFATADA E POTÁSSICA EM LATOSSOLO AMARELO DISTROCOESO NO CERRADO DO LESTE MARANHENSE

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 893

PRODUTIVIDADES DE MILHO EM SUCESSIVOS ANOS E DIFERENTES SISTEMAS DE PREPARO DE SOLO (1).

CALAGEM, GESSAGEM E MANEJO DA ADUBAÇÃO EM MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM Brachiaria ruziziensis

MILHO SAFRINHA SOLTEIRO E CONSORCIADO COM POPULAÇÕES DE BRAQUIÁRIA EM SEMEADURA TARDIA

GIRASSOL: Sistemas de Produção no Mato Grosso

Arranjo espacial de plantas em diferentes cultivares de milho

PLANTAS DE COBERTURA DE SOLO, PREPARO DO SOLO E ATRIBUTOS FÍSICOS DE UM LATOSSOLO VERMELHO DISTRÓFICO EM SISTEMA DE PRODUÇÃO ORGÂNICO.

PP = 788,5 mm. Aplicação em R3 Aplicação em R5.1. Aplicação em Vn

ESPAÇAMENTO ENTRE LINHAS E DENSIDADES DE SEMEADURA DE MILHO EM CONDIÇÕES DE SAFRINHA

ANÁLISE ECONÔMICA DE SISTEMAS DE MANEJO DE SOLO E DE ROTA CÃO COM CULTURAS ,(, PRODUTORAS DE GRAOS NO INVERNO E NO VERÃO

Soja em sucessão a adubos verdes no sistema de plantio direto e convencional em solo de Cerrado

Avaliação do desempenho de novilhos em Sistema Integração Lavoura-Pecuária

DESEMPENHO FORRAGEIRO DE CULTIVARES DE AVEIA E AZEVÉM COM DUAS DOSES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA NAS CONDIÇÕES DE CLIMA E SOLO DE GIRUÁ, RS, 2012

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

RESPOSTA DE MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM Brachiaria ruziziensis À ADUBAÇÃO, EM DOURADOS, MATO GROSSO DO SUL

16 EFEITO DA APLICAÇÃO DO FERTILIZANTE FARTURE

Graduandos Eng. Florestal UTFPR Campus Dois Vizinhos- PR

IMPORTÂNCIA DA CALAGEM PARA OS SOLOS DO CERRADO

VALORES DE FÓSFORO, CÁLCIO, MAGNÉSIO, OBTIDO NA PLANTA DO MILHO SEM ESPIGAS EM CONSÓRCIO COM FORRAGEIRAS 1.

Boas Práticas Agrícolas I

Coleta de amostra de solo para análise

AMOSTRAGEM DO SOLO PARA AVALIAÇÃO DE SUA FERTILIDADE

CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DA SOJA EM FUNÇÃO DOS SISTEMAS DE CULTIVO E VELOCIDADE DE DESLOCAMENTO RESUMO

PRODUTIVIDADE DA CENOURA EM FUNÇÃO DE FONTES E DOSES DE FÓSFORO

Resposta a Gesso pela Cultura do Algodão Cultivado em Sistema de Plantio Direto em um Latossolo de Cerrado

BOLETIM TÉCNICO nº 19/2017

009 - Alterações físicas de um Argissolo vermelho sob diferentes sistemas de manejo

PRODUÇÃO DE GRÃOS E DECOMPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS CULTURAIS DE MILHO E SOJA EM FUNÇÃO DAS PLANTAS DE COBERTURA

LIXIVIAÇÃO DE MACRONUTRIENTES CATIÔNICOS EM SOLO ALUMÍNICO CULTIVADO COM FEIJOEIRO.

EFEITO DO TRÁFEGO DE MÁQUINAS SOBRE ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO E DESENVOLVIMENTO DA AVEIA PRETA. Instituto Federal Catarinense, Rio do Sul/SC

USO DA TORTA DE MAMONA COMO ALTERNATIVA À ADUBAÇÃO QUÍMICA NA PRODUÇÃO DE MORANGUEIRO EM SEGUNDA SAFRA 1. INTRODUÇÃO

PARCELAMENTO DA COBERTURA COM NITROGÊNIO PARA cv. DELTAOPAL E IAC 24 NA REGIÃO DE SELVÍRIA-MS

MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM BRAQUIÁRIAS EM ESPAÇAMENTO NORMAL E REDUZIDO

I SEMINÁRIO DE BIODIVERSIDADE E AGROECOSSISTEMAS AMAZÔNICOS

Palavras-chave: química do solo, mobilização mecânica, práticas conservacionistas

RENDIMENTO DE FEIJÃO CULTIVADO COM DIFERENTES FONTES DE ADUBOS VERDES NA PRESENÇA E AUSÊNCIA DE COBERTURA NITROGENADA.

Milho consorciado com plantas de cobertura, sob efeito residual de adubação da cultura da melancia (1).

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA EMBRAPA CENTRO DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DO OESTE - CPAO RELATÓRIO PARCIAL DE AUXÍLIO Á PESQUISA

13 AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS DE NUTRIÇÃO VIA

Gessi Ceccon, Luís Armando Zago Machado, (2) (2) (3) Luiz Alberto Staut, Edvaldo Sagrilo, Danieli Pieretti Nunes e (3) Josiane Aparecida Mariani

A CALAGEM COM FATOR DE COMPETITIVIDADE NO AGRONEGÓCIO. Álvaro Resende

XXXII Congresso Brasileiro de Ciência do Solo Efeito da adubação orgânica com cama de frango e nitrogenada mineral em cobertura no milho safrinha

INFLUÊNCIA DA ADUBAÇÃO NA PRODUÇÃO DE FORRAGEM DE AVEIA

Resumos do V CBA - Manejo de Agroecossistemas Sustentáveis

TEORES FOLIARES DE MACRONUTRIENTES PARA O ALGODOEIRO EM FUNÇÃO DE ESPAÇAMENTOS E REGULADOR DE CRESCIMENTO

Correção da acidez subsuperficial no plantio direto pela aplicação de calcário na superfície e uso de plantas de cobertura e adubação verde

Calagem no Sistema Plantio Direto para Correção da Acidez e Suprimento de Ca e Mg como Nutrientes

Root system distribution and sugar-cane production under vinasse treatments

EFEITO DA ROTAÇÃO DE CULTURAS, ADUBAÇÃO VERDE E NITROGENADA SOBRE O RENDIMENTO DO FEIJÃO 1

EVOLUÇÃO DO CONSÓRCIO MILHO-BRAQUIÁRIA, EM DOURADOS, MATO GROSSO DO SUL

QUALIDADE DA MADEIRA E DO CARVÃO DE SEIS ESPÉCIES DE EUCALIPTO

088 - Rendimento de fitomassa de adubos verdes e de grãos do feijoeiro decorrente do cultivo em sucessão

11 EFEITO DA APLICAÇÃO DE FONTES DE POTÁSSIO NO

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 593

Enraizamento de estacas de oliveira (Olea europaea L.) utilizando diferentes substratos e ácido indolbutírico

V Semana de Ciência e Tecnologia do IFMG campus Bambuí V Jornada Científica 19 a 24 de novembro de 2012

PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA DO MILHO HÍBRIDO AG7088 VT PRO3 CULTIVADO SOB DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO

LÂMINA ÓTIMA FÍSICA E DOSES DE CÁLCIO PARA A CULTURA DO MILHO IRRIGADO

LIXIVIAÇÃO DE MACRONUTRIENTES CATIÔNICOS EM SOLO TRATADO COM CALAGEM E GESSO AGRÍCOLA E O DESENVOLVIMENTO DA CULTURA DO MILHO (Zea mays L.

431 - AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE MILHO EM DIFERENTES DENSIDADES DE PLANTIO EM SISTEMA ORGÂNICO DE PRODUÇÃO

Transcrição:

Produtividade do milho (Zea mays L.) influenciada pelo preparo do solo e por plantas de cobertura em um Latossolo Vermelho Luis Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki e Marlene Cristina Alves* Departamento de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos, Feis/Universidade Estadual Paulista, C. P. 31, 15385-000, Ilha Solteira, São Paulo, Brasil. * Autor para correspondência. e-mail: mcalves@agr.feis.unesp.br RESUMO. A agricultura moderna vem buscando novos meios para aumentar a produtividade, atuando de modo conservador e racional. Nesse sentido, surgem técnicas que visam a melhorar a qualidade dos solos. O presente trabalho iniciou-se no ano agrícola 1997/1998 e está sendo conduzido no município de Selvíria (MS), em um Latossolo Vermelho de cerrado, com o objetivo de verificar a produção de milho (Zea mays L.) sob influência do preparo do solo e de plantas de cobertura. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, no esquema em faixas com parcelas subdivididas, com 10 tratamentos e 4 repetições. Os 10 tratamentos foram constituídos, nas parcelas, por mucuna-preta (Mucuna aterrima), milheto (Pennisetum americanum), crotalária (Crotalaria juncea), guandu (Cajanus cajan) e área de vegetação espontânea (pousio); nas subparcelas, pelos sistemas de plantio direto e preparo convencional (preparo do solo com grade aradora e grade niveladora). De acordo com os resultados obtidos, verificou-se que a interação preparo do solo x planta de cobertura foi significativa para o rendimento de grãos. Quando utilizado o milheto como planta de cobertura, o plantio direto proporcionou melhor resposta no rendimento de grãos de milho, comparado ao preparo convencional; as plantas de cobertura, dentro de cada sistema de preparo do solo, não se diferenciaram quanto ao rendimento de grãos de milho. Palavras-chave: plantio direto, preparo convencional, adubo verde, rendimento de grãos de milho. ABSTRACT. Corn (Zea mays L.) production influenced to soil tillage and cover plants in a Latossolo Vermelho (Oxisol). The modern agriculture comes looking for ways to increase productivity, acting of conservative and rational manner. Then, appear techniques that aim improve quality soil. The present research beginner in 1997/98, and is been realized in Selvíria (MS), in Latossolo Vermelho (Oxisol), with objective of verify the influence of two soil tillage and different cover plants in corn (Zea mays L.) production. The experimental design was the randomized blocks with split-plot design, with ten treatments and four replications. Ten treatments were constituted in pieces for Mucuna aterrima, Pennisetum americanum, Crotalaria juncea and Cajanus cajan and espontaneous vegetation (resting) and, in split-splot for no-tillage and conventional tillage (soil tillage with heavy disking and leveling disking). According to obtained results verified the interaction soil tillage x cover plant was significative. Pennisetum americanum in no-tillage is the cover plant that proporcionated the best answer in corn grain production compared conventional tillage; cover plants, in each soil tillage, did not differ in corn grain production. Key words: no-tillage, conventional tillage, green manure, corn grain production. Introdução Dentre as técnicas modernas adotadas para o sucesso da agricultura, a mecanização intensa tem sido uma constante. Entretanto, muitas vezes, a produtividade é comprometida pelo excesso ou pela inadequação de práticas a que o solo é submetido, desde o seu preparo até a colheita da cultura que nele se estabeleceu. Embora o objetivo do preparo do solo seja alterar algumas de suas propriedades físicas, conferindo-lhes novas condições que favoreçam o crescimento e o desenvolvimento das plantas, via de regra, tem proporcionado deterioração dessas propriedades (Centurion e Demattê, 1992). Calegari (1993) relatou que a adubação verde se destaca entre as técnicas sustentáveis que procuram otimizar o aproveitamento e os benefícios da matéria orgânica. Essa técnica visa à proteção superficial do solo, bem como à melhoria e à manutenção de suas

62 Suzuki e Alves características físicas, químicas e biológicas. Dessa forma, o manejo da adubação verde constitui um conjunto de ações integradas que trazem grandes benefícios aos solos e aos sistemas agrícolas em geral, como por exemplo a proteção do solo contra erosão, a elevação da taxa de infiltração e o aumento da capacidade de retenção de água, a recuperação da estrutura, a adição de matéria orgânica, o aumento da CTC, a promoção do aumento do teor de nitrogênio, o controle de nematóides, o aumento da diversificação da população de microrganismos do solo, o incremento da capacidade de reciclagem e a mobilização de nutrientes lixiviados ou pouco solúveis em camadas mais profundas do solo. O plantio direto, por ser um sistema conservacionista de manejo do solo, contribui significativamente para a diminuição da erosão. Por ser um processo em que o solo somente é revolvido na linha de semeadura, mantendo os restos da cultura anterior na superfície, protege o solo contra a chuva e permite maior infiltração de água no perfil. O solo coberto com resíduos culturais apresenta melhorias em sua estrutura na camada superficial, devido ao aumento de umidade e de matéria orgânica e à proteção contra chuva e enxurrada (De Maria e Castro, 1993). Os diferentes sistemas de manejo do solo têm a finalidade de criar condições favoráveis ao desenvolvimento das culturas. Todavia, o desrespeito às condições mais favoráveis (solo úmido consistência friável) para o preparo do solo e o uso de máquinas cada vez maiores e pesadas para essas operações podem levar a modificações da sua estrutura, causando-lhe maior ou menor compactação, que poderá interferir na densidade do solo, na porosidade, na infiltração de água e no desenvolvimento radicular das culturas, e, conseqüentemente, reduzir sua produtividade (De Maria et al., 1999). Com a preocupação de gerar tecnologias que possibilitem o uso intensivo do solo, mantendo a sua sustentabilidade, desenvolveu-se este trabalho cujo objetivo foi verificar a influência de dois sistemas de preparo do solo e diferentes plantas de cobertura na produção de milho. Material e métodos O trabalho foi conduzido na Fazenda de Ensino e Pesquisa da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira - Unesp, localizada no município de Selvíria, Estado do Mato Grosso do Sul, apresentando como coordenadas geográficas 51 22' de longitude Oeste de Greenwich e 20 22' de latitude Sul, com altitude de 335m. O solo da área em estudo é um Latossolo Vermelho Distrófico típico argiloso LVd (Demattê, 1980; Embrapa, 1999). Em 1999, foi realizada a caracterização química do solo, obtendo-se os seguintes resultados para ph: (CaCl 2 ), matéria orgânica (g dm -3 ), fósforo (g dm -3 ), potássio, cálcio, magnésio, hidrogênio + alumínio, soma de bases e capacidade de troca catiônica, em mmol c dm -3 e saturação por bases (%): 5,0, 23, 24, 2,1, 22,7, 10,4, 32,2, 35,2, 67,4, 51,9 (Carvalho, 2000). A precipitação e a temperatura média anual são de 1370mm e 23,5 C, respectivamente, e a umidade relativa do ar varia entre 70 e 80%, média anual. O trabalho iniciou-se no ano agrícola de 1997/1998, sendo acompanhado e avaliado no período agrícola 2001/2002. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, no esquema em faixas com parcelas subdivididas, com 10 tratamentos e 4 repetições (Figura 1). Os tratamentos foram constituídos pela combinação de 4 plantas de cobertura e uma área de pousio com 2 sistemas de semeadura. As parcelas foram constituídas por 4 espécies de plantas de cobertura: mucuna-preta (Mucuna aterrima), milheto (Pennisetum americanum), crotalária (Crotalaria juncea), guandu (Cajanus cajan) e área de vegetação espontânea (pousio). As subparcelas foram constituídas pelos sistemas de plantio direto e preparo convencional (preparo do solo com grade aradora e grade niveladora). Cada parcela teve a dimensão de 7m de largura por 6m de comprimento, espaçadas uma das outras por uma distância de 7m. O esquema de semeadura das culturas foi: cultura de verão milho (Zea mays L.), semeada em dezembro de cada ano, e, no inverno, o feijão (Phaseolus vulgaris L.), semeado em maio-junho. Entre as culturas de inverno e verão, as plantas de cobertura foram semeadas no mês de outubro e manejadas em dezembro. No plantio direto, eram dessecadas, e, no preparo convencional, roçadas e incorporadas. Em média, permaneciam 50 dias no campo. Foram semeadas no espaçamento de 0,34m entrelinhas e densidades de semeadura de: 10, 40, 25 e 12 sementes/metro linear, para mucuna-preta, milheto, crotalária e guandu, respectivamente. Para a cultura do milho foi realizada a adubação com 300kg ha -1 da formulação 08-28-16. A adubação de cobertura foi efetuada 30 dias após a semeadura, aplicando-se 220kg ha -1 da formulação 20-00-20. O milho foi semeado no espaçamento de 0,90m e densidade de 5 sementes/metro linear, utilizou-se sementes híbridas XB 8010.

Produtividade do milho influenciada pelo preparo do solo e por plantas em Latossolo Vermelho 63 Pousio Milheto Mucuna Crotalária Guandu Semeadura Direta Milho Milho Milho Milho Milho Semeadura Convencional Milho Milho Milho Milho Milho Figura 1. Esquema de campo de um bloco experimental. O peso da matéria seca das plantas de milho foi feito na colheita da cultura, sendo coletada ao acaso uma área de 1,8m 2 de cada parcela. As plantas foram colocadas para secagem em estufa de ventilação forçada, à temperatura média de 60-70ºC, até atingir peso em equilíbrio. Para a produção de grãos, as mesmas plantas utilizadas para fazer o peso da matéria seca foram utilizadas para fazer o rendimento de grãos, sendo estes colhidos e pesados, e os dados transformados em kg ha -1 (13% base úmida). Os grãos utilizados para rendimento foram utilizados para determinar a umidade dos grãos e o peso de 100 grãos. Os dados foram verificados por meio da análise de variância utilizando-se o programa computacional SAS (1990), e as médias foram comparadas por meio do teste de Tukey, ao nível de 5% de significância. Resultados e discussão Observando os valores de significância de F (Tabela 1), verifica-se que para matéria seca e massa de 100 grãos de milho não houve significância, e o rendimento de grãos dependeu da interação entre adubo verde x preparo do solo. Tabela 1. Valores de significância de F, coeficiente de variação (CV) e diferença mínima significativa (DMS) para valores médios de matéria seca, massa de 100 grãos e rendimento de grãos para a cultura do milho. Causa de variação Matéria seca (kg ha -1 ) Massa de 100 grãos (g) Rendimento de grãos (kg ha -1 ) Planta de cobertura 0,19 n.s. 0,23 n.s. 1,14 n.s. Preparo do solo 1,80 n.s. 2,55 n.s. 1,69 n.s. Pl. cobertura x preparo do solo 1,58 n.s. 0,66 n.s. 3,08 * CV (%) para pl. cobertura 10,51 7,88 9,23 CV (%) para preparo do solo 10,05 7,65 12,08 DMS Tukey a 5% Planta de cobertura 1.148,77 2,99 755,10 Preparo do solo 463,95 1,23 417,15 n.s. não significativo; * significativo ao nível de 5% Na Tabela 2, têm-se as médias referentes à matéria seca, à massa de 100 grãos e aos rendimentos de grãos de milho para as diferentes espécies de plantas de cobertura utilizadas na sucessão. Almeida (2001) também não verificou diferença na produção de matéria seca e rendimento de milho para as diferentes plantas de cobertura em estudo. Quanto à massa de 100 grãos, resultados concordantes ao verificado neste trabalho foram observados por Centurion (1988), em trabalho conduzido no município de Selvíria, Estado do Mato Grosso do Sul, no qual a massa de 100 grãos de milho obteve pouca influência dos sistemas de preparo testados (sistemas de preparo convencional, reduzido e plantio direto). Borghi (2001) também verificou valores semelhantes de massa de 100 grãos de milho para o preparo convencional e plantio direto, resultados que corroboram com os encontrados nesta pesquisa. Tabela 2. Valores médios de matéria seca, massa de 100 grãos a 13% de base úmida e rendimento de grãos da cultura de milho obtidos nos tratamentos estudados. Adubo verde Matéria seca (kg ha -1 ) Massa de 100 grãos (g) Rendimento de grãos (kg ha -1 ) Pousio 6.884 A 24,1 A 5.353 A Milheto 6.887 A 24,1 A 5.281 A Mucuna 7.007 A 24,0 A 5.060 A Crotalária 6.704 A 23,5 A 5.027 A Guandu 6.806 A 23,4 A 4.931 A Não houve diferença estatística entre os preparos para produção de matéria seca, massa de 100 grãos e rendimento de grãos de milho (Tabela 3). Esses resultados são concordantes com Almeida (2001) e Borghi (2001). No primeiro ano agrícola (1997/98) de condução deste experimento na área em estudo, Carvalho (2000) verificou que não houve diferença significativa na produtividade do milho em função do sistema de plantio (direto e convencional) e nem das plantas de cobertura. Mas observou-se que o plantio convencional foi mais promissor do que o

64 Suzuki e Alves plantio direto. No segundo ano agrícola (1998/99), Carvalho (2000) observou que a produtividade do milho no plantio convencional foi estatisticamente maior do que no plantio direto. Esses resultados são discordantes aos verificados neste trabalho, demonstrando que, após quatro anos, o plantio direto se igualou ao plantio convencional em termos de produtividade, evidenciando evolução quanto às condições internas do solo. Tabela 3. Valores médios de matéria seca, massa de 100 grãos e rendimento de grãos da cultura do milho, obtidos nos preparos de solo estudados. Preparo de solo Matéria seca (kg ha -1 ) Massa de 100 grãos (g) Rendimento de grãos (kg ha -1 ) Plantio convencional 7.004 A 24,3 A 5.258 A Plantio direto 6.711 A 23,4 A 5.003 A A Tabela 4 mostra que, utilizando milheto como planta de cobertura, o plantio direto produz mais em relação ao plantio convencional, sendo significativa essa diferença de produção. Já Centurion e Demattê (1992), em um Latossolo Vermelho-Escuro álico, textura argilosa, verificaram que o rendimento de grãos no plantio direto foi menor do que o preparo reduzido (gradagens pesada e niveladora), fato atribuído à formação de camadas compactadas induzidas por esse sistema de preparo, principalmente próximo à superfície do solo. Dentro de cada preparo de solo, não houve diferença significativa para rendimento de grãos de milho entre as plantas de cobertura utilizadas, mas nota-se uma tendência no plantio direto de maior rendimento de grãos. Tabela 4. Rendimento de grãos de milho em função das plantas de cobertura e preparos do solo no ano de 2002, em Selvíria, Estado do Mato Grosso do Sul. Planta de cobertura Plantio direto Preparo do solo Preparo convencional ------------- kg ha -1 ------------- Milheto 5.603 Aa 4.518 A b Mucuna 5.353 Aa 4.702 Aa Guandu 5.264 Aa 4.598 Aa Pousio 5.101 Aa 5.604 Aa Crotalária 4.968 Aa 5.594 Aa Médias seguidas de letras iguais, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem estatisticamente entre si pelo Observando a Tabela 5, em que constam os resultados de rendimentos de grãos de milho em função dos sistemas de preparo do solo, considerando 4 anos agrícolas, referentes aos dados obtidos por Carvalho (2000), Almeida (2001) e os verificados neste trabalho, nota-se que apenas no segundo ano agrícola houve diferença entre os preparos. Pelo comportamento dos rendimentos, observa-se que no primeiro ano agrícola os resultados foram discrepantes, podendo estar relacionados ao fato de que a área estar em pousio por três anos. Com o uso intensivo do solo, efetuando-se dois cultivos anuais, a produtividade diminuiu nos anos agrícolas subseqüentes. Tabela 5. Rendimento de grãos de milho em função dos preparos do solo e anos agrícolas, em Selvíria - MS. Ano Agrícola Preparo do solo 1997/98 1998/99 2000/01 2001/02 Rendimento de grãos (kg ha -1 ) Preparo convencional 7.151 A 4.825 A 4.208 A 5.258 A Plantio direto 6.767 A 4.152 B 4.821 A 5.003 A No segundo ano agrícola, Carvalho (2000) atribuiu o melhor desempenho do preparo convencional, comparado ao plantio direto, pelo fato de que na camada de 0-0,10m na área com plantio direto a densidade do solo estava maior. O autor menciona que isso pode ter prejudicado o contato solo/semente e ter interferido no processo de germinação, causando a menor população de plantas da área de plantio direto. Porém, com o tempo, no plantio direto, há o acúmulo de matéria orgânica na superfície do solo, contribuindo para melhor estruturação e condições para a atividade dos macro e dos microorganismos. Observa-se que nos anos agrícolas posteriores o plantio direto tem contribuído para o aumento do rendimento de grãos de milho, apesar de não haver diferença entre os dois sistemas de preparo. Conclusão Os resultados obtidos mostraram que quando se utilizou o milheto como planta de cobertura, o plantio direto proporcionou melhor resposta no rendimento de grãos de milho, comparado ao plantio convencional. Além disso, as plantas de cobertura, dentro de cada sistema de preparo do solo, não se diferenciaram quanto ao rendimento de grãos da cultura do milho. Referências ALMEIDA, V. P. Sucessão de culturas em preparo convencional e plantio direto em Latossolo Vermelho sob vegetação de cerrado. 2001. Dissertação (Mestrado em Sistemas de Produção) Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, Universidade Estadual Paulista, Ilha Solteira, 2001. BORGHI, E. Comportamento da cultura do milho (Zea mays L.) em diferentes sistemas de manejo do solo, populações de plantas e adubações. 2001. Trabalho de Graduação (Título de

Produtividade do milho influenciada pelo preparo do solo e por plantas em Latossolo Vermelho 65 Engenheiro Agrônomo) - Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, Universidade Estadual Paulista, Ilha Solteira, 2001. CALEGARI, A. Aspectos gerais da adubação verde. In: COSTA, M.B.B. (Coord.). Adubação verde no sul do Brasil. Rio de Janeiro: Pta/Fase, 1993. p.1-55. CARVALHO, M. A. C. Adubação verde e sucessão de culturas em semeadura direta e convencional em Selvíria-MS. 2000. Tese (Doutorado em Produção Vegetal) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2000. CENTURION, J. F. Efeitos de sistemas de preparo nas propriedades químicas e físicas de um solo argiloso sob cerrado e na cultura de milho implantada. 1988. Tese (Doutorado em Solos e Nutrição de Plantas) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 1988. CENTURION, J. F.; DEMATTÊ, J. L. I. Sistemas de preparo de solos de cerrado: efeitos nas propriedades físicas e na cultura do milho. Pesq. Agropecu. Bras., Brasília, v.27, n.2, p. 315-324, 1992. DE MARIA, I. C.; CASTRO, O. M. Fósforo, potássio e matéria orgânica em um Latossolo Roxo, sob sistemas de manejo com milho e soja. Rev. Bras. Cienc. Solo, Campinas, v.17, n.3, p. 471-477, 1993. DE MARIA, I. C. et al. Atributos físicos do solo e crescimento radicular de soja em Latossolo Roxo sob diferentes métodos de preparo do solo. Rev. Bras. Cienc. Solo, Viçosa, v.23, n.3, p. 703-709, 1999. DEMATTÊ, J. L. I. Levantamento detalhado dos solos do Câmpus experimental de Ilha Solteira. Piracicaba: Departamento de Solos, Geologia e Fertilidade Esauq/USP, 1980. p.11-31. EMBRAPA-EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Rio de Janeiro: Embrapa/CNPSO, 1999. 412p. SAS INSTITUTE. SAS/STAT User's Guide: version 6. 4.ed. Cary: NC; SAS Institute Inc., 1990. v.2. Received on March 24, 2003. Accepted on December 05, 2003.