Classificação qualitativa do couro no Brasil



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Breve Histórico No Egito antigo e na China, o couro já era usado a aproximadamente 3 mil anos antes de Cristo. Babilônios, Hebreus e os índios norte-americanos também já conheciam a arte de curtir. Na península ibérica, a indústria do couro chegou no século VIII, trazida pelos árabes. Na Idade Antiga, os pergaminhos, usados na escrita, eram feitos com peles de ovelha, cabra ou bezerro. Com o couro eram feitos, também, elmos, escudos e gibões. Os marinheiros usavam-no nas velas e nas embarcações de navios. No Brasil, os curtumes foram instalados pelos colonizadores, e o couro era utilizado em bruacas, mochilas, roupas, chapéus, selas, arreios de montaria, cordas e muitas outras coisas.

Classificação qualitativa do couro no Brasil Categoria % Couro de 1ª e 2ª 8,56% Couro de 3ª 25,34% Couro de 4ª 30,55% Couro de 5ª 19,61% Couro de 6ª 10,70% Couro de 7ª (ou refugo) 5,24%

Utilização Geral Bolsas, pastas executivas, sapatos, botas, cintos, carteiras, casacos, acessórios, outras vestimentas, revestimentos e objetos de decoração.

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Descrição do Processo Industrial De forma geral, couro é uma pele animal que passou por processos de limpeza, de estabilização (dada pelo curtimento) e de acabamento para confecção de calçados, bolsas, carteiras, entre outros... O processo é dividido em 3 partes: 1)Ribeira 2)Curtimento 3)Acabamento

Os curtumes são normalmente classificados em função da realização total ou parcial das etapas de processo: - Curtume Integrado: capaz de realizar todas as etapas de produção do couro, desde o couro cru (pele) até o couro totalmente acabado. - Curtume de wet-blue : processa desde o couro cru até o enxugamento. - Curtume de semi-acabado ( crust ): utiliza o couro wet-blue como matéria-prima. Sua operação compreende as etapas desde o enxugamento até o engraxe. - Curtume de acabamento: transforma o crust em couro acabado. Corresponde às operações desde cavaletes até expedição.

Conservação e Armazenamento das Peles Tempo entre o abate e o processamento é curto, guarda-se sem nenhum pré-tratamento. Estas são as peles verdes. Tempo entre o abate e o processamento é longo, as peles necessitam de um pré-tratamento chamado cura. O local destinado ao estoque de peles salgadas é chamado de barraca. Além do sal usa-se inseticidas e/ou biocidas

Ribeira Tem por finalidades a limpeza e a eliminação de partes e substâncias das peles que não irão interessar no produto final, o couro. Compreende as etapas desde o pré-remolho até o píquel antes do curtimento. Antes de entrar na ribeira, as peles são classificas de acordo com o peso e tipo.

As etapas de processo que envolvem tratamento químico das peles (limpeza e condicionamento das fibras) bem como a lavagem, são realizadas em fulões. As etapas em fulões são: pré-remolho, remolho, depilação, lavagens, descalcinação, lavagem e píquel.

As outras etapas são fisico-mecânicas realizadas manualmente ou em equipamentos muito específicos, onde basicamente remove-se fisicamente impurezas aderidas á superfície interna como gordura, carnes e apêndice (pré-descane e descarne), além de ajustar as extremidades das peles (recortes).

Curtimento Consiste na transformação das peles, prétratadas na ribeira em materiais imputrescíveis e estáveis. Pode ser classificado em três tipos: 1)Mineral 2)Vegetal 3)Sintético

1) Curtimento Mineral O processo ao cromo é o principal processo de curtimento, devido à qualidade que confere ao couro. Fonte de cromo é o sulfato básico. Impacto ambiental potencialmente negativo.

2) Curtimento Vegetal Utilizado para produção de solas e couros especiais. Os taninos (extratos vegetais) são utilizados o máximo possível, devido ao se alto custo.

3) Curtimento Sintético tico São empregados curtentes orgânicos (resinas, taninos sintéticos...) Propicia um melhor tingimento posteror. Mais caros Usados como auxiliares de curtimento

Acabamento Dividido em 3 partes: 1) Acabamento Molhado 2) Pré-acabamento 3) Acabamento Final

1) Acabamento Molhado Compreende as etapas desde descanso a engraxe. Descanso, enxugamento, rebaixamento e corte são operações físico-mecânicas. Neutralização, recurtimento, tingimento e engraxe são banhos realizados em fulões.

2) Pré-Acabamento Vai desde operações cavaletes até impregnação. Estas operações têm como finalidade dar propriedades físicas finais ao couro.

3) Acabamento Final Conjunto de etapas que confere ao couro apresentação e aspecto definitivo Operações de acabamento, prensagem e medição.

Couro Boa resistência à tração; Baixa dureza; Boa elasticidade 1-córnea 2-epiderme 3-derme 4-tecido adiposo subcutâneo

Composição Principais componentes: - Colágeno; - Água; -Lipídios; - Queratina; - Elástina;

Colágeno Caracteristicas -forma fibras; -grande resistência ao rasgamento; - grande absorção de água; - classe mais abundante de proteínas; - une e fortalece os tecidos; - a deficiência de colágeno gera rididez muscular Os filamentos iniciais (microfibrilas de colágeno) se arranjam em fibras e as fibras em grandes feixes

Queratina Constituida de cerca de 15 aminoácidos Estrutura tridimensional Microfilamentos resistentes Elasticidade Impermeabilidade

Elástina Forma fibras mais finas que o colágeno; Essas fibras cedem bastante à tração, mas retornam à forma original quando é cessada a força. A Elástina confere a estas fibras elasticidade e resistência!

Elástina

Corpos-de-provas para a determinação dos testes no sentido transversal ao comprimento do corpo Corpos-de-prova para a determinação da tração e alongamento no sentido longitudinal ao comprimento do corpo

Propriedades Mecânicas Couro após tratamento com cromo(bovino): Resistência à tração 30,31 N/mm 2 alongamento 52,42% Couro após tratamento com cromo(tilápia do nilo): Sentido longitudinal Resistência a tração 23,00 N/mm 2 Alongamento 50% Sentido tranversal Resistência a tração 12,03 N/mm2 Alongamento 46,42%