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Transcrição:

Resumo Todo brasileiro deveria aprender na escola, desde cedo, que seu país ocupa posição de grande visibilidade e influência em dois setores de importância vital para o futuro da humanidade: meio ambiente e segurança alimentar. Nossas vidas são inevitavelmente influenciadas pelo fato de o Brasil ter sido agraciado com a maior extensão de florestas tropicais e com a maior diversidade biológica do planeta, condições compartilhadas com a posição de grande produtor e exportador de alimentos. Todos concordamos com a necessidade de barrar o desmatamento no Brasil. A tarefa não é nada fácil nesses tempos em que desinformação, análises rasas e preconceitos se alastram com grande facilidade. Apesar da extraordinária trajetória recente do Brasil na produção de alimentos, há crescente disseminação de pessimismo e mitos, que inflam os problemas e desqualificam os avanços que o país alcançou na agropecuária e na gestão dos seus recursos naturais. Precisamos entender que nosso país foi o único capaz de construir uma ousada política pública, o Código Florestal, que tornou obrigatória a conservação de florestas nativas e a proteção de nascentes e margens de rios nas propriedades privadas, o que perfaz 20.5% de toda a superfície do país. Desmatamento na Amazônia Para entender melhor a ocupação humana na região Norte, há que se considerar que existem duas Amazônias no Brasil: a) uma, delimitada pelo bioma Amazônia, cobrindo 4,2 milhões de km², 49,4% do território brasileiro; b) outra, a Amazônia Legal, com 5,2 milhões de Km², definida politicamente, na época do regime militar. FPA - Todos os direitos reservados

Percebam que a Amazônia Legal é maior que o bioma Amazônia. De onde vem a diferença? Do fato que a Amazônia Legal inclui grandes áreas de cerrado, como aquelas existentes em Rondonópolis e Sinop (Mato Grosso), Balsas (Maranhão) e Palmas (Tocantins). FPA - Todos os direitos reservados

Grande parte da exploração da Amazônia brasileira ocorre fora do bioma Amazônia. Neste contexto, o Brasil é de longe a maior potência ambiental do planeta, e que nenhum país chega perto da sua cobertura florestal nativa, que alcança nada menos que 66,3% do nosso imenso território, índice que chega a 84% na Amazônia. Conclusão: em 500 anos de ocupação, o Brasil explorou 13,8% da floresta amazônica, dos quais 12,8% se encontram na agropecuária. Para comparação, nos Estados Unidos, as áreas protegidas cobrem mais de 283 milhões de hectares, isto é, 30% do território americano, apesar de as florestas originais daquele país representarem apenas 5%. Quanto ao bioma Amazônia, não se sabe ao certo quanto dele já foi desmatado. As informações existentes permitem afirmar que está próximo de 5%, ou seja, 95% da floresta tropical original a Hileia ainda estaria intocada. Queimadas e o Desmatamento A floresta amazônica não é o ambiente natural mais propício do planeta para o fogo. É, por definição, uma floresta úmida. Há, contudo, três elementos fundamentais que, quando combinados, invertem essa ordem natural do bioma, criando condições para que incêndios e queimadas prosperem. Esses elementos fundamentais se organizam no que podemos chamar de triângulo do fogo. São eles: o oxigênio, fundamental em qualquer processo de queima; as temperaturas mais elevadas do que o normal; e o acúmulo expressivo de combustível disponível para queimar. Isoladamente, estes elementos pouco significam para o avanço das chamas. Juntos, porém, formam a receita da combustão. FPA - Todos os direitos reservados

Todos os anos, seguindo o ciclo sazonal da Amazônia, esses três ingredientes se correlacionam para alimentar a estação de fogo, especialmente nos meses de agosto, setembro e outubro. Quando um ou mais elementos desse triângulo se tornam agudos, a temporada de queimadas e incêndios é mais intensa. FPA - Todos os direitos reservados

Onde Ocorrem? Todas as propriedades privadas no Brasil encontram-se sob as regras do Código Florestal Brasileiro, uma das legislações ambientais mais avançadas do mundo. No caso do Bioma Amazônia, o Código determina a preservação de 80% da vegetação nativa. Segundo dados do IPAM, quase um terço dos focos de calor registrados em 2019 aconteceu em terras públicas sem destinação ou seja, efeito de grilagem, que se intensificou no primeiro trimestre de 2020, num verdadeiro roubo de patrimônio público dos brasileiros. Nas áreas públicas e sem informação o fogo foi motivado pelo desmatamento para a posse ilegal da área por grileiros para especulação imobiliária. A titulação de terras é ponto fundamental para a redução do desmatamento ilegal. O PRODES monitora, via satélite, o desmatamento por corte raso na Amazônia Legal e divulga, desde 1988, as taxas anuais de desmatamento que são usadas pelo governo brasileiro para o desenvolvimento de políticas públicas. Um estudo recente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) mostrou a relação entre a titulação de terras e a diminuição do desmatamento. Utilizando a sobreposição de dados do Cadastros Ambientais Rurais aos Assentamentos do Incra no Pará, a pesquisa comparou a área de desmatamento em ocupações regulares (localizadas no Sistema de Informação da Reforma Agrária SIPRA) e irregulares, a partir da série histórica do PRODES de 2008 a 2018. Em todos os anos analisados a área total desmatada nas ocupações regulares é menor do que nas irregulares. Em 2017, por exemplo, o percentual de desflorestamento em terras irregulares foi 134% maior que em áreas tituladas. O Brasil possui legislação para punir, mas, para isso é preciso identificar infratores e garantir a aplicação da lei. A identificação do infrator só é possível, de forma legal, a partir da titulação da terra. Sem ela, se torna impossível responsabilizar o contraventor, gerando insegurança e disputas jurídicas, além de subjetividade na aplicação de multas. FPA - Todos os direitos reservados

Políticas Públicas como Aliadas contra o Desmatamento O desmatamento ilegal deve ser coibido com políticas públicas sustentáveis que gerem renda, acesso à tecnologia e fortalecimento das ações de monitoramento e fiscalização. Governança dá resultado. Essa é a primeira lição obtida pelo gerenciamento da crise do fogo de 2019. A análise dos dados demonstra o efeito positivo de ações de fiscalização e controle do uso do fogo na Amazônia, principalmente no período da moratória das queimadas (setembro e outubro de 2019). Nas últimas décadas, o Brasil intensificou um conjunto de políticas públicas para combater o desmatamento. FPA - Todos os direitos reservados

Nota-se que os índices de queimadas e desmatamento estão dentro da média histórica. Neste ano, o desmatamento na Amazônia teve queda de 70% em janeiro, a menor área de alertas de desmatamento na Amazônia Legal dos últimos quatro anos. Entre agosto de 2020 e janeiro de 2021 foram 988 km² de redução em alertas, de acordo com dados do Inpe. A título comparativo, trata-se de uma área superior à área urbana da cidade de São Paulo maior centro urbano do país com aproximadamente 950 km Conclusões Portanto, o Código Florestal brasileiro é único no mundo. Não há nada parecido na Europa e nos EUA como atestam os mapas de vegetação nativa e APPs nessas regiões. Não há dúvidas que existem ilegalidades ambientais na ocupação agrícola brasileira. Essas devem ser punidas segundo as leis ambientais brasileiras. Mas não se pode atribuir culpa a quem não tem e que está trabalhando para colocar sua produção em conformidade com a a lei ambiental que foi estabelecida em 2012 e que lida com a morosidade dos reguladores ambientais em cada Estado da Federação brasileira. Fontes: FIESP. Amazônia Você precisa saber. FIESP. Amazônia. Dados Atualizados. FPA - Todos os direitos reservados

EMBRAPA. Artigo Fatos e mitos sobre agricultura e meio ambiente IPAM. Amazônia em chamas o fogo e o desmatamento em 2019 e o que vem em 2020. EBC. Desmatamento na Amazônia tem queda de 70% em janeiro, diz governo FPA - Todos os direitos reservados