PROCESSO Nº: 0801892-63.2015.4.05.8000 - APELAÇÃO APELADO: CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CEF (e outro) RELATÓRIO 1. Cuidam-se apelações interpostas por Roberto Grison e Caixa Econômica Federal - CEF contra sentença proferida pelo Juízo da 3ª Vara Federal da Seção Judiciária de Alagoas que reconheceu a prescrição e julgou procedente o pedido para extinguir parcialmente a execução, em relação ao executado Roberto Grison, nos termos do art. 269, IV, do CPC. Fixou condenação em honorários sucumbenciais em R$ 2.000,00 (dois mil reais), com fulcro no art. 20, 4º, do CPC. 2. Em suas razões recursais, Roberto Grison, sustenta que os sucumbenciais foram fixados sem observar o disposto no art. 20, 3º e 4º, do CPC. Por isso, requer que seja reformada a sentença nessa parte para que sejam arbitrados entre 10% e 20%. 3. A Caixa Econômica Federal, por sua vez, afirma que promoveu a citação de Ecopark Aquático Ltda, em 20.2.2010, de Compet Comércio e Distribuição Ltda., em 5.8.2014, e do embargante de Roberto Grison, em 5.5.2015. Alega que, apesar da citação de Roberto Grison ter ocorrido apenas em 5.5.2015, ele já havia recebido as citações em nome das empresas. Quanto ao prazo prescricional, assevera que é de 5 (cinco) anos, nos termos do art. 206, 5º, I, do Código Cível. 4. Contrarrazões apresentadas (identificador 4058000.711648 e 4058000.724975) 5. É o relatório. PROCESSO Nº: 0801892-63.2015.4.05.8000 - APELAÇÃO
APELADO: CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CEF (e outro) VOTO 1. Como ensaiado no relatório, cuidam-se apelações interpostas por Roberto Grison e Caixa Econômica Federal - CEF contra sentença proferida pelo Juízo da 3ª Vara Federal da Seção Judiciária de Alagoas que reconheceu a prescrição e julgou procedente o pedido para extinguir parcialmente a execução, em relação ao executado Roberto Grison, nos termos do art. 269, IV, do CPC. Fixou condenação em honorários sucumbenciais em R$ 2.000,00 (dois mil reais), com fulcro no art. 20, 4º, do CPC. 2. O cerne da controvérsia está em saber se ocorreu, ou não, prescrição da pretensão executória em relação ao avalista do Contrato Particular de Consolidação, Confissão, Renegociação de Dívida e Outras Obrigações, Roberto Grison. 3. Inicialmente, cumpre destacar que a nota promissória está vinculada a um Contrato de Particular de Consolidação, Confissão, Renegociação de Dívida e Outras Obrigações, subscrito pela executada, Ecopark Aquático Maceió Ltda., e pelos avalistas, Roberto Grison e Compet Comércio e Distribuição Ltda., de forma que ela, a nota promissória, perdeu sua autonomia e abstração, passando o prazo prescricional a ser regido pela norma que regula o contrato, qual seja, o Código Civil, mais especificamente o art. 206, 5º, I, que estabelece que o prazo prescricional para o caso dos autos é de 5 (cinco) anos. Nesse sentido, precedentes: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. PEDIDO DE FALÊNCIA. TÍTULO EMBASADOR. NOTA PROMISSÓRIA VINCULADA A CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO. SÚMULA N 258/STJ. 1. Carece de autonomia a nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito, nos termos da Súmula 258 nº desta Corte. 2. Agravo regimental não provido. (AgRg no Ag 1319900/DF, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA, julgado em 19/03/2013, DJe 26/03/2013) *** PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL. CONTRATO DE CONSOLIDAÇÃO, CONFISSÃO E RENEGOCIAÇÃO DE DÍVIDA. NOTA PROMISSÓRIA. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. CÓDIGO CIVIL ATUAL. NOVAÇÃO DA DÍVIDA. NOVO CONTRATO DE CONFISSÃO E RENEGOCIAÇÃO CELEBRADO NO
CURSO DA AÇÃO EXECUTIVA. INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO. PRAZO QUE VOLTA A CONTAR A PARTIR DESSE MOMENTO. CITAÇÃO REALIZADA MAIS DE CINCO ANOS APÓS. DEMORA DEVIDA AO EXEQUENTE. 1. A CAIXA ECONÔMICA FEDERAL ajuizou ação de execução de título extrajudicial no ano de 2003 contra o embargante, JOSÉ IVAN PEREIRA, com base em contrato de consolidação, confissão e renegociação de dívida firmado em 16.11.2000, com valor representado em nota promissória devidamente protestada. Ao julgar a lide, o ilustre sentenciante acolheu a prescrição intercorrente pela paralisação do feito por exclusiva responsabilidade da parte exequente no intervalo entre a primeira suspensão do feito, em 02.05.2005, e 17.03.2009, data em que a CAIXA diligenciou junto aos cartórios, tendo decorrido cerca de 4 (quatro) anos sem que o credor tivesse adotado qualquer providência para a cobrança do seu crédito. Considerou o magistrado sentenciante o prazo prescricional de 3 (três) anos, previsto no art. 70, do Decreto nº 57663/66, aplicável aos títulos executivos extrajudiciais, por se tratar de feito executivo lastreado em nota promissória. 2. A execução que deu origem aos presentes embargos não está baseada apenas numa nota promissória, cuja prescrição é, de fato, trienal, consoante previsão do Decreto nº 57663/66, mas também num contrato de consolidação, confissão e renegociação de dívida, celebrado em 2000, ainda na vigência do Código Civil de 1916. Nos moldes do art. 177, do CC revogado, as ações pessoais prescreveriam em 20 (vinte) anos. Já pelo novo Código Civil, a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular prescrevem em cinco anos (art. 206, parágrafo 5º, I). E, conforme o disposto no art. 2028, desse diploma legal, "serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada". 3. No caso em comento, o contrato foi assinado em novembro de 2000 e nenhuma das prestações foram pagas desde essa data, tanto que a nota promissória do valor total devido foi protestada em novembro de 2003, mês em que também foi proposta a ação executiva. Portanto, quando da entrada em vigor no novel Código Civil, em janeiro de 2003, ainda não havia transcorrido mais da metade do prazo prescricional previsto no Código anterior. Desta feita, aplica-se ao presente caso o lapso de cinco anos estatuído no art. 206, parágrafo 5º, I, do CC/2002. 4. Acontece que, no curso da ação de execução, em setembro de 2005, o embargante firmou novo Contrato de renegociação de dívida com a CAIXA, o que importou em interrupção da prescrição, nos moldes do art. 202, VI, do Código Civil atual, tendo o lapso prescricional voltado a correr a partir dessa data. 5. Mesmo que se considere a interrupção desse lapso prescricional, ainda assim a pretensão de pagamento se encontra fulminada pela prescrição, haja vista que a citação somente ocorreu em junho de 2011, aproximadamente 6 (seis) anos após a interrupção. 6. A demora na citação ocorreu não por problemas no mecanismo da Justiça, mas sim por culpa do exequente que demorou a encontrar o devedor. Inclusive, nas inúmeras vezes que pediu suspensão do processo, seu pedido foi atendido pelo magistrado de primeiro grau. 7. Honorários advocatícios a cargo da CAIXA, fixados em R$ 2.000,00 (dois mil reais). Apelação improvida, confirmando a sentença por outros fundamentos. (AC 00005265820114058001, Desembargador Federal José Maria Lucena, TRF5 - Primeira Turma, DJE - Data::12/12/2013 - Página::185.) *** PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. CONTRATO DE EMPRÉSTIMO. PRESCRIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. PRAZO PRESCRICIONAL QUINQUENAL. TERMO A QUO. DATA DO INADIMPLEMENTO. PROSSEGUIMENTO
DA EXECUÇÃO. PROVIMENTO DO RECURSO. 1. Cinge-se a controvérsia em verificar se os débitos provenientes dos contratos de empréstimo celebrados entre as partes encontram-se ou não prescritos. 2. A nota promissória é título causal. Nestes autos, o que se executa são os contratos que a embasam, sendo o prazo prescricional o quinquenal. 3. De acordo com o demonstrativo de débito acostado aos autos, a data de início do inadimplemento ocorreu em 16/04/2007, sendo este o marco inicial para a contagem do prazo prescricional. 4. Consoante art. 206, parágrafo 5º, I, do Código Civil, é de 5 (cinco) anos o prazo para cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular. 5. Considerando que o termo inicial da inadimplência se efetivou em 16/04/2007 e tendo a citação válida ocorrido em 11/07/2011, não transcorreram mais de cinco anos, sendo forçoso reconhecer que a prescrição não se consumou. 6. Apelação provida, para afastar a prescrição e dar continuidade à execução. (AC 200781020014183, Desembargador Federal Francisco Cavalcanti, TRF5 - Primeira Turma, DJE - Data::16/11/2012 - Página::178.) 4. Definido o prazo prescricional aplicado aos autos, deve-se fixar o termo inicial do lustro prescricional. A jurisprudência pacificou o entendimento de que o vencimento antecipado da dívida não tem o condão de alterar o termo do prazo prescricional para cobrança da dívida, qual seja, o vencimento da última parcela. Nesse sentido: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PRESCRIÇÃO. VENCIMENTO ANTECIPADO DO TÍTULO. CONTRATO. TERMO INICIAL. DATA DO VENCIMENTO DA ÚLTIMA PARCELA. PRECEDENTES. AGRAVO IMPROVIDO. 1. "1. O vencimento antecipado das obrigações contraídas não altera o termo inicial para a contagem do prazo prescricional da ação cambial, que se conta do vencimento do título, tal como inscrito na cártula. [...] 4. Agravo regimental desprovido. (AgRg no Ag n. 1.381.775/PR, Relator o Ministro João Otávio de Noronha, DJe de 28/6/2013. 2. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1491485/PR, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA, julgado em 16/12/2014, DJe 19/12/2014) *** CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO MONITÓRIA. PRELIMINARES. PETIÇÃO INICIAL. DOCUMENTOS SUFICIENTES PARA O ESCLARECIMENTO DA DÍVIDA. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. EMBARGOS MONITÓRIOS GENÉRICOS. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO. IMPROVIMENTO DO RECURSO DE APELAÇÃO. 1. A petição inicial veio acompanhada do contrato de mútuo e de demonstrativo do débito, apresentando elementos suficientes para o esclarecimento da dívida. Cabimento da monitória. Adequação da via eleita. 2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça pacificou-se no sentido de que, mesmo diante do vencimento antecipado da dívida, subsiste inalterado o termo inicial do
prazo prescricional, que corresponde ao dia do vencimento da última parcela. Precedentes: STJ, Segunda Turma, REsp 1292757/RS, Relator Ministro Mauro Campbell Marques, unanimidade, DJe 21/08/2012 e STJ, Segunda Turma, REsp 1247168, Relator Ministro Mauro Campbell Marques, unanimidade, DJe 30/05/2011. 4. Ação monitória ajuizada antes mesmo de findo o prazo de amortização, o que afasta a prescrição, não havendo que se falar de prescrição de parcelas anteriores vencimento antecipado da dívida. 5. Embargos monitórios fundados em alegações genéricas de abusividade que não merecem acolhimento, tendo em vista que o embargante deve impugnar de forma específica os pontos que entende que oneram de forma excessiva o contrato, não bastando dizer que há valores abusivos. Ausência de impugnação específica aos cálculos da Contadoria Foro, homologados pelo Juízo a quo. 6. Improvimento do recurso de apelação. (AC457015/PE, DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO BARROS DIAS, Segunda Turma, JULGAMENTO: 11/09/2012, PUBLICAÇÃO: DJE 30/10/2012 - Página 297) 5. No caso em análise, o contrato objeto da execução (identificador 4058000.587604 - Páginas 9/12), com prazo de 24 (vinte e quatro meses), foi assinado em 01 de outubro de 2008, logo o vencimento da dívida ocorreu em 01 de outubro de 2010. Citado o devedor em 05 de maio de 2015 (identificador 4058000.587604 - Pág. 51), antes, portanto de consumada a prescrição, não há falar em prescrição em relação ao Sr. Roberto Grison. 6. Posto isso, dou provimento à apelação da Caixa Econômica Federal para afastar a prescrição e determinar o retorno dos autos ao juízo de primeiro grau para o regular processamento do feito. Prejudicada a apelação do particular. 7. É como voto. PROCESSO Nº: 0801892-63.2015.4.05.8000 - APELAÇÃO APELADO: CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CEF (e outro) EMENTA CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. NOTA PROMISSÓRIA VINCULADA
A CONTRATO DE RENEGOCIAÇÃO. PERDA DA AUTONOMIA E ABSTRAÇÃO. PRESCRIÇÃO. QUINQUENAL. VENCIMENTO ANTECIPADO DA DÍVIDA. NÃO ALTERA TERMO INCIAL DO LUSTRO PRESCRICIONAL. APELAÇÃO DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. PROVIDA. APELAÇÃO DO PARTICULAR. PREJUDICADA. 1. Apelações interpostas por Roberto Grison e Caixa Econômica Federal - CEF contra sentença proferida pelo Juízo da 3ª Vara Federal da Seção Judiciária de Alagoas que reconheceu a prescrição e julgou procedente o pedido para extinguir parcialmente a execução, em relação ao executado Roberto Grison, nos termos do art. 269, IV, do CPC. Fixou condenação em honorários sucumbenciais em R$ 2.000,00 (dois mil reais), com fulcro no art. 20, 4º, do CPC. 2. O cerne da controvérsia está em saber se ocorreu, ou não, prescrição da pretensão executória em relação ao avalista do Contrato Particular de Consolidação, Confissão, Renegociação de Dívida e Outras Obrigações, Roberto Grison. 3. A nota promissória está vinculada a um Contrato de Particular de Consolidação, Confissão, Renegociação de Dívida e Outras Obrigações, subscrito pela executada, Ecopark Aquático Maceió Ltda., e pelos avalistas, Roberto Grison e Compet Comércio e Distribuição Ltda., de forma que ela, a nota promissória, perdeu sua autonomia e abstração, passando o prazo prescricional a ser regido pela norma que regula o contrato, qual seja, o Código Civil, mais especificamente o art. 206, 5º, I, que estabelece que o prazo prescricional para o caso dos autos é de 5 (cinco) anos. Nesse sentido, precedentes: AgRg no Ag 1319900/DF, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA, julgado em 19/03/2013, DJe 26/03/2013; AC 00005265820114058001, Desembargador Federal José Maria Lucena, TRF5 - Primeira Turma, DJE - Data::12/12/2013 - Página::185.; AC 200781020014183, Desembargador Federal Francisco Cavalcanti, TRF5 - Primeira Turma, DJE - Data::16/11/2012 - Página::178. 4. Definido o prazo prescricional aplicado aos autos, deve-se fixar o termo inicial do lustro prescricional. A jurisprudência pacificou o entendimento de que o vencimento antecipado da dívida não tem o condão de alterar o termo do prazo prescricional para cobrança da dívida, qual seja, o vencimento da última parcela. Nesse sentido: AgRg no REsp 1491485/PR, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA, julgado em 16/12/2014, DJe 19/12/2014; AC457015/PE, DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO BARROS DIAS, Segunda Turma, JULGAMENTO: 11/09/2012, PUBLICAÇÃO: DJE 30/10/2012 - Página 297. 5. No caso em análise, o contrato objeto da execução (identificador 4058000.587604 - Páginas 9/12), com prazo de 24 (vinte e quatro meses), foi assinado em 01 de outubro de 2008, logo o vencimento da dívida ocorreu em 01 de outubro de 2010. Citado o devedor em 05 de maio de 2015 (identificador 4058000.587604 - Pág. 51), antes, portanto de consumada a prescrição, não há falar em prescrição em relação ao Sr. Roberto Grison. 6. Apelação da Caixa Econômica Federal provida para afastar a prescrição e determinar o
retorno dos autos ao juízo de primeiro grau para o regular processamento do feito. Prejudicada a apelação do particular. PROCESSO Nº: 0801892-63.2015.4.05.8000 - APELAÇÃO APELADO: CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CEF (e outro) Vistos, relatados e discutidos estes autos no. 0801892-63.2015.4.05.8000, em que são partes as acima mencionadas, ACORDAM os Desembargadores Federais da Primeira Turma do TRF da 5a. Região, por unanimidade, em dar à apelação da Caixa Econômica Federal e julgar prejudicada a apelação do particular, nos termos do relatório, voto e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte do presente julgado. BCF