Direito & Cotidiano Diário dos estudantes, profissionais e curiosos do Direito. http://direitoecotidiano.wordpress.com/ Rafael Adachi DIREITO INTERNACIONAL 1. Conceito: É uma disciplina jurídica que rege a conduta dos Estados, Organizações Internacionais- OI s, e indivíduos no âmbito da sociedade internacional. 2. Sujeitos de Direito Internacional: ESTADOS e OI s (ambas tem capacidade jurídica no âmbito internacional) A) Sujeito Principal Estados soberanos Estado exerce direitos; contrai obrigações produtor de normas internacionais. Ex. Brasil República Federativa do Brasil; Estado é uma sociedade política organizada, na qual um Governo exerce poder soberano em razão a determinado povo e território. Povo População Nação População é o conjunto de habitantes estáveis de um Estado ou Território Nação é o conjunto de pessoas com um vínculo cultural. Direito Internacional Elementos do Estado: - Governo (conjunto de órgãos que comandam o Estado); - Poder Soberano; - Povo; - Território. Povo = conjunto de nacionais Território = duplo conceito. - político: limites de fronteira - jurídico: toda área em que o Estado exerce sua soberania Obs1.: O Estado nasce para o DI quando existem estes elementos, porém só estes elementos não bastam para que um estado seja reconhecido. O RECONHECIMENTO de um Estado pelos demais Estados é efetuado através de um ATO DECLARATÓRIO. Ex. Brasil reconheceu Angola.
- O reconhecimento pode ser: - expresso: carta que reconheceu a existência do Timor Leste, por exemplo. - tácita: celebração de um tratado com um país supõe o reconhecimento daquele Estado Obs2.: RECONHECIMENTO DE GOVERNO Duas correntes no DI Doutrina TOBAR O Estado ao reconhecer o GOVERNO de outro Estado, deve reconhecer somente GOVERNOS LEGITIMOS. Doutrina ESTRADA Os Estados não devem avaliar a forma de como os governos foram constituídos. - O Estado não deve reconhecer o governo, mas sim, ACEITAR travar ou não relações com aquele Estado. - É a postura do Itamaraty - MRE BR Atenção!!! Reconhecimento de Governo Reconhecimento de Estado. - No recente golpe político ocorrido em Honduras, o Brasil não reconheceu o governo de Honduras, mas o país reconhece normalmente. Obs3.: Estado Nação nação é o conjunto de indivíduos que partilham uma identidade cultural, lingüística, costumeira. Obs4.: Direito das Gentes (Jus Gentium) = Direito Internacional Atenção: OI s e indivíduos não são sujeitos derivados dos Estados. OI s, indivíduos e Estados são sujeitos autônomos. B. Organizações Internacionais OI s Conceito: São associações voluntarias de Estados ou até de outra OI, criada por Tratado Internacional, com personalidade jurídica distinta da dos seus membros visando um fim comum. Características das OI s: - Associação Voluntária - Os Estados membros irão tecer esforços - Tratados (formalismo) - Personalidade Jurídica própria - Finalidade comum - Cooperação. Número de OI s: Hoje há uma explosão de OI s, com temas diversos. Motivo Muito eficiente para exigir a cooperação dos Estados buscando um fim comum. Exemplos: Militar OTAN; Econômico FMI; MERCOSUL; UNIÃO EUROPEIA Comercial OMC Paz/ Desenvolvimento/ DH s ONU Cooperação/solução pacífica das controvérsias;
As OI s podem ser: Intergovernamentais (=interestatais) - formada por Estados, mediante tratados internacionais (tratados que criam OI s são multilaterais, portanto, mínimo de 3 entes) - no mínimo 3 partes; - ONU, OMC, OIT, UNESCO, FMI, Banco Mundial, Blocos Regionais (MERCOSUL, EU) Não Governamentais - formada por particulares que se unem via contrato; - GREENPEACE, FIFA, FIA, COI, Anistia Internacional, Cruz Vermelha. C. Individuo Doutrina majoritária no Brasil, o individuo é sujeito de DI. (atenção: indivíduos não celebram tratados) - O indivíduo tem obrigações no plano internacional, exerce direitos e contrai obrigações Tribunal Penal Internacional Estado de Roma Sede Haia. Obs1.: O jurisdicionado no Brasil pode peticionar contra o Brasil perante a Comissão Inter-americana de Direitos Humanos. - os indivíduos podem peticionar no âmbito internacional, mas por terem uma atuação limitada, não podem peticionar diretamente à Corte. Devem levar a petição a uma Comissão (que no âmbito Americano é a Comissão Interamericana de Direitos Humanos). Ex.: O Brasil reconheceu o TPI Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia, que consagrou Crimes Internacionais graves Estatuto de Roma, 1998. D. Não são sujeitos de DI - Empresas Multinacionais - ONG s ex. Greenpeace... E. Sujeitos de DI anômalos - É sujeito de DI a SANTA SÉ Estado do Vaticano, sede da Igreja Católica. - A Santa Sé não é Estado porque falta o elemento POVO, é sujeito internacional anômalo porque não é Estado; não é OI e não é indivíduo. - Os indivíduos que trabalham no Vaticano têm nacionalidade funcional, o território da Santa Sé está localizado na cidade de Roma/Itália - O Brasil reconhece a Santa Sé, portanto, pode celebrar contratos. - O Vaticano é sujeito de Direito Internacional equivalente aos Estados. Faz parte da ONU como Estado observador, e mantém relações diplomáticas com embaixadas (seus embaixadores chamam-se núncio apostólicos ) 3. Fontes a) Conceito de Fontes: Há duas espécies de fontes, as MATERIAIS (que são eventos da vida, geram necessidades a serem tratadas pelo direito não estudamos), ex. Efeito Estufa; e as fontes FORMAIS. b) Fontes formais: São os modos de produção de normas jurídicas internacionais, previstas no:
Art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça (o rol é exemplificativo e não taxativo) Corte permanente de Justiça Internacional (1920) órgão judicial da ONU. a. Tratados(= convenções); b. Costume Internacional; c. Princípios Gerais de Direito; d. Doutrina; e. Jurisprudência. f. equidade A, b e c são fontes primárias d, e e f são fontes secundárias (auxiliares) Obs: Analogia é uma nova fonte do DI e não está prevista no Art. 38. c) Outras fontes que não constam no Art. 38. - Ato unilateral: os atos unilaterais dos Estados vinculam os mesmos perante a sociedade internacional e por isso são fontes do DI. - Reconhecimento; - Renuncia; - Promessa, etc. - Resoluções das OI s. - Nova Fonte do DI: Soft Law: é um programa de ação que pode ser adotado de forma mais flexível, como é o caso da Agenda 21. Fontes PRINCIPAIS do DI: 1º) Tratado Internacional: É o acordo de vontades escrito (+ segurança jurídica) celebrado por um sujeito de direito internacional (Estado, OI. Lembrar que indivíduo não tem legitimidade para tanto) contendo direitos e obrigações vinculantes, sendo regido pelo próprio DI. 2º) Costume Internacional É a prática reiterada de uma conduta com a convicção de obrigatoriedade Prática (elemento objetivo); Consciência de que o costume internacional é obrigatório (elemento subjetivo). O costume é um acordo tácito não escrito sua prova é bastante difícil; Em geral não há hierarquia entre as fontes. 3º) Princípios gerais do Direito das Nações Civilizadas enunciados comuns marcados pela sua generalidade e abstração e que servem para a interpretação e integração do ordenamento jurídico. Ex.: boa-fé, responsabilidade; ônus da prova.
Os PGD são enunciados que por sua essencialidade, generalidade e abstração servem para orientar a interpretação e a integração do ordenamento jurídico. Interpretação Busca do real alcance e sentido da norma. Integração Atividade de preenchimento de lacunas. Fontes SECUNDÁRIAS ou auxiliares do DI. (elas explicam a norma) 1º. Doutrina É o conjunto da obra dos doutrinadores, dos especialistas do DI, que meramente explicitam as normas. 2º. Jurisprudência da CIJ e do TPI 3º. Equidade (ex aequo et bono) Consiste na aplicação da justiça ao caso concreto. Art. 38, ainda menciona a equidade é a aplicação da justiça ao caso concreto caso os Estados concordarem ex aequo et bono = equidade.