Ilustríssimo (a) Sr. (a),



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Transcrição:

Ilustríssimo (a) Sr. (a), Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, e... na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias(...) Preâmbulo da Carta Brasileira de 1988. Eduardo Luiz Rocha Cubas, Juiz Federal da Subseção Judiciária de Uruaçu - Goiás, na qualidade de Coordenador Nacional de Implantação dos Centros de Pacificação Social criado pela Associação dos Magistrados do Brasil, vem expor as bases da campanha ABRA O OLHO!, na forma abaixo explicitada: 1 - Do preâmbulo deste requerimento, colhe-se os princípios do que foi denominada na Sessão da Assembléia Nacional Constituinte, em 27 de julho de 1988, pelo então deputado federal Ulysses Guimarães, uma Constituição Cidadã, assim sendo dito que essa será a Constituição cidadã, porque recuperará como cidadãos milhões de brasileiros, vítimas da pior das discriminações: a miséria. 2 Passados mais de 20 (vinte) anos de sua promulgação, avanços ou conquistas; retrocessos ou estagnações foram observados ao longo desse período, e, no que pertine a este pedido, dois marcos essenciais: um positivo calcado no Código de Defesa do Consumidor em 1991 de um lado, e, de outro, um negativo, marcado pela ausência de evolução no sistema tributário Nacional. 3 Pontuo sobre esses dois aspectos, porque são faces de uma mesma moeda, posto que se inter-relacionam, diante do atual quadro de potestatividade do Estado brasileiro que descumpre os princípios de harmonia social, na não observância dos direitos sociais inerentes ao desenvolvimento e da justiça social como valores supremos de uma sociedade fraterna, na medida em que deixa de transparecer a real carga de tributos a que submete seus cidadãos, aqui tomados na acepção de fomentadores da atividade comercial e inicialmente considerados como sustentadores do Poder Público para, em seguida, serem objeto final da própria atividade do Estado, que não satisfaz a essa cláusula de reciprocidade. 1

4 Em outras palavras, não se sabe o tamanho, o valor e a importância dos tributos que se pagam, mas se tem a exata compreensão da ineficiência do Estado na formulação dos gastos sociais pela má aplicação dos recursos: estradas mal feitas, carência de hospitais, escolas mal aparelhadas, polícia despreparada, saneamento básico deficiente, corrupção e tantos outros problemas que assolam nossa sociedade, especialmente a miséria, como pontuada pelo Pai da Constituição. 5 Resume-se mais: quanto o cidadão paga de imposto? Qual o sentimento que se desperta pela consciência cidadã? Essa que é a grande questão aqui enfrentada. 6 De fato, não sendo modesto em afirmar que pela vontade e iniciativa do povo, esta Cidade se destaca em definir, literalmente, seus destinos através do seu Conselho da Comunidade, que envolve as igrejas, o comércio, entidades de voluntariado, a Prefeitura, o próprio Ministério Público e, sobretudo, o Poder Judiciário pelas suas Justiças Federal, Estadual e do trabalho, sendo esta oportunidade para se elevar à condição de primeira cidade do Brasil a adotar um modelo de cidadania tributária que realize os princípios de transparência e respeito ao cidadão. 7 E grande responsabilidade esta que, diante da exemplaridade do Centro de Pacificação Social de Uruaçu para outras 35 (trinta e cinco) unidades/municípios em todo o Estado do Goiás, que poderão adotar a mesma iniciativa posto que submetidas ao regramento da uniformização de propostas, a que terei a oportunidade de submetê-las. 8 Hoje elegemos um modelo de respeito ao cidadão em suas relações de consumo, normalmente traduzidas em operações de compra e venda (aquisição de vestuário, alimentação, combustíveis, bens úteis ou fúteis), tendo na nota fiscal a materialização da vontade das pessoas num documento onde se descreve o valor total da operação e o seu objeto, garantias, prazos e demais elementos relativos ao negócio. 9 Ora, como bem acentua o mestre em Direito Civil Washington de Barros (...) o contrato de compra e venda é aquele pelo qual um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.(...)são elementos constitutivos do contrato, a coisa, o preço e o consentimento.(...) (MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil. 33ª ed. ver.e atual., 5º vol., São Paulo: Saraiva: 2001). 2

10 - E aprofunda o mestre civilista dizendo que o preço é o elemento mais característico da compra e venda. O preço deve ser pago em dinheiro, mas é lícito que, mediante convenção, seja solvido por outro modo. Nesse caso, é essencial que as coisas dadas em pagamento sejam representativas de dinheiro. O preço pode ser determinado ou indeterminado, a depender do momento em que dele as partes tomam conhecimento. Contudo, a indeterminação nunca poderá ser absoluta. (MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil. 33ª ed. ver.e atual., 5º vol., São Paulo: Saraiva: 2001). 11 Como se vê, sob a ótica do preço, não há em absoluto nenhum elemento referente à relação tributária, aliás, pode se dar até por outras coisas, sendo que em relação às pessoas envolvidas, a própria lei civil art. 481 do Código Civil se refere aos contratantes, assim estando redigido: Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro. Como se vê, desta relação não participa o Estado. 12 Ora, na vida civil não pode o Estado obrigar a alguém a comprar ou vender algo. Nas relações privadas impera o princípio da liberdade posto que inerente ao princípio democrático onde na esfera particular tudo pode desde que não proibido. Aqui, o Estado se intromete para arrecadar seu quinhão e o faz de maneira absoluta e desrespeitosa, como adiante se verifica, mediante a cobrança dos tributos. Não lhe interessa a transparência, que é o mínimo de respeito que se pode esperar. 13 Com efeito, isso porque, nas lições trazidas pelo jovem doutrinador Robinson Barreirinhas O tributo foi definido pelo CTN como uma prestação.(...) No caso do tributo, a prestação se refere à entrega de dinheiro ao fisco.(...) Assim, ocorre um fato gerador tributário quando um evento da vida, perceptível por nossos sentidos, encaixa-se (subsume-se) perfeitamente na descrição da hipótese de incidência, fazendo surgir uma relação jurídica obrigacional tributária. A este fenômeno dá-se o nome de incidência tributária. (BARREIRINHAS, Robinson Sakiyama, Manual de Direito Tributário: Doutrina e Jurisprudência. 2ª ed. rev., atual. e ampl., São Paulo: Método, 2009, p. 26 usque 250). 14 - Como se vê, ao Estado lhe interessa apenas a entrega do dinheiro por parte do contribuinte e ponto final. Satisfeitas as condições do fato gerador, nenhuma outra obrigação é oponível ao mesmo senão a gastar/investir o que arrecada, deixando o cidadão praticamente sem nenhuma ferramenta própria de controle seja de sua vida tributária ou a do próprio Estado. 3

15 E dada a complexidade dessa relação, para não aprofundar no tema com questões jurídicas de alta digressão, prevê a lei tributária que a uma determinada pessoa lhe será conferida a condição de responsável, nos ensinando o grande mestre tributarista Hugo Machado que (...) denomina-se responsável o sujeito passivo da obrigação tributária que, sem revestir a condição de contribuinte, vale dizer, sem ter relação pessoal e direta com o fato gerador respectivo, tem seu vínculo com a obrigação decorrente de dispositivo expresso da lei. (MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 24ª ed. rev. atual. e ampl., São Paulo: Malheiros, 2004, p. 148). 16 Por assim dizer, o alcance do direito tributário é a todos, seja porque devedores diretos do Estado, como no imposto de renda ou seja na condição de responsável, comumente nas relações comerciais, que a todos aqui nos interessa enquanto participantes da vida econômico-social. 17 - Desse ponto já deflui uma grande indagação: nos tributos diretos, que são as minorias, o contribuinte sabe exatamente o quanto está pagando, à guisa de exemplo, no próprio imposto de renda. Nos demais, o que impera é obscuridade! Tanto assim o é, que não são raras as campanhas para esclarecimento, como se observa recentemente nas deflagradas nos Estados de São Paulo, Minas Gerais ou na própria capital goiana relativamente a imóveis, veículos e combustíveis (Dia da Liberdade de imposto), tudo com a finalidade de reformular a consciência tributária da população. 18 Não se avança aqui no mérito da dimensão da carga tributária ou no sistema de organização, de lege ferenda, diante das infrutíferas promessas de reforma tributária, com implantação do sistema do imposto sobre o valor agregado (IVA). Busca-se apenas um pequeno passo, de fácil concretização numa comunidade organizada, mas que poderá significar um gigantesco avanço com vistas à implementação, em âmbito nacional, de uma cultura tributária justa e eticamente transparente. Como no brado: de Uruaçu para Goiás, de Goiás para o Brasil! 19 De todo aqui exposto e diante da inércia histórica desses 20 (vinte) anos de (não) evolução na questão tributária, as soluções devem surgir do pacto social, no caso local, com a participação dos segmentos econômicos e, sobretudo, de participação cidadã. 4

20 Nesse ponto, a proposta que aqui se leva a efeito consiste na utilização do direito de todos os consumidores a serem devidamente informados das condições da venda, conforme preceitua o Código de Defesa do Consumidor (art. 4º, inc. IV e art. 6º, inc. III), este último assim lavrado: III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço(...)., sem se esquecer do próprio conteúdo do Código Civil, acima disciplinado, no sentido de se informar exatamente o preço dos bens de per si, destacados dos encargos tributários. 21 À guisa de exemplo, conforme detalhamento em anexo, em Uruaçu há 09 postos de combustíveis, cujos preços publicados para a gasolina giram em torno de R$2,79 a R$2,89, sendo o preço médio de R$2,84. Acontece que este preço não é o verdadeiro, pois nele está consignado o valor aproximado de R$1,49 que se referem aos tributos. Portanto, o preço real da gasolina, que deve ser objeto de publicidade por parte do estabelecimento, é de R$1, 35 (um real e trinta e cinco centavos). 22 Repete-se: não se questiona nesse primeiro momento o valor dos impostos, senão o dever de constar na bomba (ou em qualquer outra publicidade de qualquer outra mercadoria) o preço real do produto pela simples razão da existência de duas relações jurídicas que são materializadas pela nota fiscal e que são independentes: (a) uma entre fornecedor e consumidor e (b) e outra entre o responsável tributário e o Estado (União, Estado, Município ou agente ativo tributário). 23 Nesse contexto, não se considerará como propaganda enganosa (CDC, art. 37, 1º: É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.) a indicação de preço módico ou bem mais reduzido haja vista a separação das operações em questões, como dito, uma operação comercial e outra operação tributária, o que tornarão as relações extremamente mais éticas e corretas, em razão da transparência que se busca adotar. 24 - De fato, a partir da tomada de consciência acerca dos valores pagos a título de preço justo e impostos devidos (aí sim justos ou não) é que se pode gerar a percepção da cidadania plena, com vistas à construção de uma sociedade verdadeiramente ética, democrática, cujo combate à miséria esteja focada como premissa primeira. 5

Isso posto, venho convidar a Vossa Senhoria para que juntos possamos iniciar um amplo movimento de reorganização comercial e tributária nesta Municipalidade, buscando através dos meios legais a autorização para que o comércio a utilize o preço real das mercadorias, destacado do valor do tributo, sem que isso se considere propaganda enganosa. Obrigado, Uruaçu, 13 de Setembro de 2011. Eduardo Luiz Rocha Cubas Juiz Federal, Coordenador Nacional para expansão dos CPS pela AMB 6