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Transcrição:

fls. 1 ACÓRDÃO Registro: 2012.0000384254 Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 0206388-86.2010.8.26.0000, da Comarca de São Paulo, em que é apelante THIAGO RODRIGUES DE ALMEIDA, é apelado MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO. ACORDAM, em 16ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento ao apelo para absolver o apelante Thiago Rodrigues de Almeida, com fulcro no artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal. V.U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores PEDRO MENIN (Presidente) e OTÁVIO DE ALMEIDA TOLEDO. São Paulo, 7 de agosto de 2012. Newton Neves RELATOR Assinatura Eletrônica

fls. 2 2 VOTO Nº: 16.544 APEL.Nº: 0206388-86.2010.8.26.0000 COMARCA: SÃO PAULO APTE...: THIAGO RODRIGUES DE ALMEIDA APDO...: MINISTÉRIO PÚBLICO *ADULTERAÇÃO DE SINAIS DE VEÍCULO Alteração de número da placa do veículo automotor (motocicleta), mediante a colocação de fita adesiva Infração administrativa e não penal - Absolvição pela atipicidade do fato Recurso provido - (voto 16.544)*. A r. sentença de fls. 252/256, com relatório adotado, julgou parcialmente procedente a ação penal para condenar THIAGO RODRIGUES DE ALMEIDA ao cumprimento da pena corporal de 03 (três) anos de reclusão, em regime inicial semiaberto, e ao pagamento de 10 (dez) dias-multa, cada qual no valor mínimo, por incurso no artigo 311 do Código Penal, sendo, ao final, substituída a pena privativa de liberdade por duas penas restritivas de direito, consistentes na prestação de serviços à comunidade e prestação pecuniária. Pela mesma decisão foi THIAGO absolvido da imputação relativa ao porte de arma (art. 16, Lei 10826/03) por força do artigo 386, III, do CPP, e o corréu LEANDRO DE JESUS DAMÁSIO absolvido de ambas as imputações (adulteração de sinal e porte de arma), por força do artigo 386, III e V, do Código de Processo Penal. Apela o réu condenado. Por razões de

fls. 3 3 fls. 298/308, a douta defesa sustenta a atipicidade do fato, quer pela ausência de dolo ou crime impossível, buscando a absolvição do réu ou, de forma alternativa, a correção do regime. Recurso processado, com parecer do Ministério Público, em ambas as instâncias, pelo não provimento do pedido. É o relatório. O recurso comporta provimento. O apelante se viu processado, juntamente com Leandro de Jesus Damásio, porque, segundo a denúncia, no dia 30 de outubro de 2008, foram surpreendidos e presos quando ocupavam a motocicleta, de propriedade e dirigida por Thiago, constatando-se que a numeração da placa estava adulterada. Na ocasião portava Leandro um revólver Taurus, calibre 38, com numeração raspada. Ambos foram denunciados pelo porte da arma e pela adulteração da placa. Constatando a perícia que a arma não estava apta ao uso (fls. 179/180), foram ambos os réus absolvidos desta imputação. Ao final foi tão somente o apelante Thiago condenado pela adulteração da placa, por ser ele o proprietário e por sua confissão quanto a adulteração. Daí porque o recurso exclusivo e

fls. 4 4 pontual quanto à adulteração da placa da motocicleta. Quanto a situação fática dúvida alguma paira nos autos. A perícia constatou que a placa foi adulterada mediante a colocação de fita adesiva de cor preta, alterando assim sua numeração. O apelante, em juízo, confirmou ter feito essa adulteração, apresentando justificativa infantil ao dizer que era para não ter problemas com a polícia. As testemunhas (fls. 184/186), confirmam a prisão do apelante, ocasião em que constataram a adulteração da placa e o porte de arma. Não obstante comprovados esses fatos, e mesmo evidenciado a possível verdadeira intenção dos flagrados, tenho que não subsiste a condenação final imposta ao apelante. O ato de adulterar placas de veículo, para alterar um de seus números ou letras e burlar a fiscalização ou vigilância não se subsume ao tipo do artigo 311 do Código Penal. O artigo 311 do Código Penal proíbe a adulteração ou remarcação do número do chassi, ou qualquer sinal identificador de veículo automotor,

fls. 5 5 de seu componente ou equipamento. Por primeiro é de se registrar que adulterar ou remarcar implica numa alteração concreta, definitiva no que tange à fraude. Por segundo, as placas dos veículos não podem ser, por analogia, aceitas como sinal identificador, componente, ou equipamento de veículo automotor. As placas dos veículos têm, como finalidade, a identificação do licenciamento para efeitos de controle do trânsito de veículos. Não é sinal identificador do próprio veículo, como resguardo da propriedade. Quando muito, poderia ser considerada uma tênue e indireta maneira de ser identificado o proprietário do veículo, mas não a propriedade em si. Neste sentido, é definitiva a constatação da diferença que o legislador faz no que tange aos sinais indicadores do veículo quando, na redação do artigo 230 do CTB incluiu, entre os sinais que podem ser alterados, entre outros, a placa, o que não fez ao redigir o artigo 311 do Código Penal. No caso, evidente que a simples alteração de uma das placas constitui em falso grosseiro, perceptível por qualquer pessoa, em

fls. 6 6 especial a ação policial, como verificado nos autos. Em verdade, por tudo que se expôs, a ação descrita na denúncia constitui um ilícito de natureza administrativa, e nesta esfera deve ser tratada a conduta do apelante, não obstante visível a sua real intenção de fugir de possível identificação dos policiais, ou de pessoas outras, quando na prática de crimes. Veja-se que, apreciando caso semelhante, já decidiu esta Corte que: A colocação de fita adesiva de cor preta no último algarismo da placa do veículo visando à adulteração do sinal identificador do conduzido, com o único intento de burlar o rodízio de circulação de automóveis instituído pelo Poder Público, não caracteriza o crime previsto no artigo 311, do CP, autorizando, assim, o trancamento da ação penal por falta de justa causa, pois se trata de fato atípico, uma vez que não afronta a fé pública, especialmente em relação à propriedade e ao licenciamento ou registro de veículos automotores (TJSP, HC 27.990.3/6-00, 4ª C. Rel. HÉLIO DE FREITAS, j. 24.11.1998 RT 761/602). Tipifica conduta prevista no artigo

fls. 7 7 311 do Código Penal a adulteração ou remarcação das placas dianteira e traseira do veículo, pelas quais ele é identificado externamente. Contudo, o uso de fita adesiva removível sobre a letra, configurando uma mudança temporária ou esporádica, não definitiva, e perpetrada apenas para livrar o dono do veículo das multas, vem a caracterizar, na verdade, uma singela infração administrativa. O legislador tinha em mente reprimir os roubos de carros, muitas vezes praticados sob o uso de violência e acompanhado por corrupção, criminalidade organizada, receptação de peças em desmanches clandestinos ou comércio exterior de veículos subtraídos. Deve-se ter em conta, também, que o crime de falso só existe quando levado a efeito com eficiência e aptidão para causar prejuízo de outrem ou levar a erro a pessoa de mediana perspicácia (TJSP, AP. 295.579-3/2, rel. CANGUÇU DE ALMEIDA, j. 26.05.03, v.u). Ante o exposto, dá-se provimento ao apelo para absolver o apelante Thiago Rodrigues de Almeida, com fulcro no artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal. É como voto. Newton Neves Relator (12.07.2012)