PERFIL DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS BRASILEIRAS

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Transcrição:

PERFIL DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS BRASILEIRAS Junho 2015

INTRODUÇÃO Perfil do empresário: Maioria é de homens, entre 35 e 54 anos e renda familiar de 03 a 10 salários mínimos A pesquisa Perfil das Micro e Pequenas Empresas Brasileiras, conduzida pelo SPC Brasil e CNDL, busca fundamentalmente ampliar a compreensão sobre a gestão dos empresários no país: como conduzem seus negócios, que práticas financeiras adotam no dia a dia, que dificuldades eles enfrentam e o que têm a dizer sobre o cenário político e macroeconômico em que estão inseridos. Como se verá, o estudo ajuda a construir um retrato mais realista a respeito de como pensam e agem os micro e pequenos empresários. Na pesquisa, os micro e pequenos empresários entrevistados são, em sua maioria, homens (61%), com idade entre 35 e 54 anos (54%). 52,5% da amostra pertencem ao Comércio, com a maior parte das citações nos seguintes segmentos: Alimentício (10,7%), Confecções/vestuário (9,1%) e Comércio (8,4%). Os outros 47,5% atuam no segmento de Serviços, divididos, principalmente, entre: Setor alimentício (14,2%), Serviços financeiros (9,2%) e Tecnologia e informática (8,9%). Quatro em cada dez (39,8%) possuem nível superior, sendo que no segmento de serviços 46,9% dos entrevistados têm superior completo ou pós-graduação/especialização/mba. É possível estabelecer uma correlação entre escolaridade e faturamento, sendo que os mais escolarizados faturam mais: R$ 1.266.100,30 de faturamento médio anual para aqueles que possuem Mestrado / Doutorado, contra R$ 186.100,17 para os que possuem ensino fundamental incompleto. 2

Escolaridade x faturamento do MPE ESCOLARIDADE DO RESPONSÁVEL MÉDIA DO FATURAMENTO ANUAL Até fundamental incompleto (1º grau incompleto) R$ 186.100,17 Fundamental completo (1º grau completo) a médio incompleto R$ 322.388,16 Médio completo (2º grau completo) R$ 370.449,42 Superior incompleto R$ 430.904,44 Superior completo R$ 483.037,47 Pós-graduado/especialização/MBA R$ 721.408,49 Mestrado/Doutorado R$ 1.266.100,30 A renda familiar dos responsáveis pelas micro e pequenas empresas no Brasil é de 3 a 10 salários mínimos (de R$ 2364 a 7.888), para quase a metade dos entrevistados (46,2%). Percebe-se ainda que os ganhos mais robustos ocorrem na capital, onde 13,5% dos gestores possuem renda familiar de 10 a 15 salários mínimos (contra 7,7% no interior). Praticamente dois em cada dez empresários ouvidos estão tentando empreender novamente, pois 19% dizem que já encerraram as atividades de outras empresas. A pesquisa do SPC Brasil e CNDL indica ainda que os entrevistados estão conscientes das dificuldades que podem enfrentar ao empreender: quando estimulados a responder livremente o que significa ser micro ou pequeno empresário, no Brasil, as palavras e expressões mais citadas são desafio (24%), taxas altas (13%), sem apoio do governo (7%) e dificuldade pela instabilidade do país (5%). Os gestores também entendem ser empresário como a busca da independência financeira (5%) e, ao mesmo tempo, acreditam ser parte de um cenário maior, dizendo que movimentam a economia do país (5%). SIGNIFICADO DE SER EMPRESÁRIO NO BRASIL Palavras e expressões mais citadas: Desafio 24% Taxas altas 13% Sem apoio do governo 7% Dificuldade pela instabilidade do país 5% Busca da independência financeira 5% Movimentam a economia do país 5% 3

PERFIL DO MPE BRASILEIRO 61% Homens. 54% 35 e 54 anos. 46% 40% 6 66% 87% Renda familiar de 3 a 10 salários mínimos. Ensino superior completo ou pós-graduação/ especialização/mba. É a média de empregados. Possuem entre 1 e 4 funcionários, sendo que 89% são registrados. Estão no mercado há mais de 9 anos. DIFICULDADES E DESAFIOS IMPOSTOS PARA CRESCER: 32% Cenário políticoeconômico. 15% Conquistar e manter clientes. 14% Lidar com carga tributária elevada. 15% Falam em diminuir o quadro de funcionários nos próximos 3 meses. 63% 82% 94% 22% 68% Recorrem ao próprio dinheiro, utilizando capital próprio, na hora de iniciar um negócio. Adotam o Simples como regime de tributação. Têm uma conta em banco só para a empresa. Admitem que a administração dos recursos próprios e dos que pertencem à empresa é feita conjuntamente. Fazem capital de giro com recursos próprios. 17% admitem utilizar o cartão de crédito. 14% recorrem ao cheque especial. 4

PERFIL DAS EMPRESAS MPE Oito em cada dez micro e pequenas empresas optam pelo Simples, 9 em cada dez funcionários das micro e pequenas empresas são registrados 81,6% dos gestores entrevistados optaram pelo Simples, principalmente no caso das empresas que estão no interior (84,7%, contra 74,6% da capital) e aquelas que pertencem ao segmento do comércio (85%). As empresas do Sudeste, por outro lado, estão entre as que menos optam por esta modalidade de tributação (78,3%, contra 81,6% no Sul, e 90,9% no Centro-Oeste. 66% dos micro e pequenos empresários ouvidos possuem entre 1 e 4 funcionários, principalmente as empresas do comércio (69,7%) e aquelas localizadas nas regiões menos economicamente desenvolvidas (93,7% na região Norte, contra 57,9% no Sudeste). Duas em cada dez empresas (19,4%) possuem de 5 a 9 funcionários. Na média, os entrevistados empregam quase seis pessoas (5,76), com resultados mais expressivos encontrados na capital (6,21) e nas regiões mais economicamente desenvolvidas (7,24 no Sudeste, contra 4,03 no Nordeste e 2,87 na região Norte). No geral, 89% dos funcionários são registrados (em média, 5,11 em cada empresa), com percentuais maiores na capital (89,7%), no Sul (91%) e no Centro-Oeste (91,3%). Número de funcionários MPE GERAL SEGMENTO LOCALIZAÇÃO REGIÃO 5,4% 4,1% 6,8% 7% 4,7% 9,6% 8,6% 10,8% 8,2% 10,3% 17,7% 19,4% 18% 20% 21,3% 9,8% 13,3% 19% 4,4% 12,0% 19,6% 6,2% 33,3% 19,3% 6,3% 65,6% 69,7% 61,2% 66,8% 65,1% 57,9% 63,9% 66,7% 74,5% 93,7% Geral Comércio Serviço Capital Interior Sudeste Sul Centro-Oeste Nordeste Norte 1 a 4 funcionários 5 a 9 funcionários 10 a 19 funcionários 20 a 49 funcionários 5

85% das empresas estão há mais de 9 anos no mercado, sobretudo as que ficam nas cidades do interior (87,2%). Na região Norte, por outro lado, estão localizadas as empresas mais jovens (6,3% com menos de um ano de atuação, contra 1,6% no Sudeste). Seis em cada dez micro e pequenos empresários (62,8%) afirmam que o investimento utilizado na abertura da empresa foi feito com capital próprio, poupança e investimentos. Ao mesmo tempo, 14,1% mencionam a venda de algum bem e 10,5% citam empréstimo em banco público. Apenas 4,6% dos entrevistados dizem ter recorrido ao empréstimo em banco privado. Mesmo não sendo expressiva a quantidade de micro e pequenos empresários que recorreram a empréstimos bancários (15%) para iniciar o empreendimento, vale destacar que o ambiente atual, de maior restrição ao crédito, desfavorece ainda mais essa opção. Além de maior rigor na análise de crédito, o empreendedor ainda encontra taxas de juros maiores. 85% das empresas estão há mais de 9 anos no mercado Na região Norte estão localizadas as empresas mais jovens 6

Cartão de crédito é segunda fonte de capital de giro mais utilizada O SPC Brasil e a CNDL procuraram saber quais são as práticas financeiras mais utilizadas nas micro e pequenas empresas brasileiras. Nas primeiras colocações aparecem a demonstração mensal de receitas e despesas (82,4%), o livro-caixa (75,5%), os registros financeiros em planilhas eletrônicas ou cadernos (75%) e a gestão de fluxo de caixa (73%). Em todos esses casos observam-se percentuais maiores na região Sul (destaque para a demonstração mensal de receitas e despesas, com 88,6%). Em contrapartida, os resultados mostram que muitos gestores ainda não adotam medidas de controle relevantes para a vida financeira da empresa: 24,3% dos micro e pequenos empresários não fazem o balando patrimonial, enquanto 3 em cada dez (31,8%) deixam de lado o planejamento orçamentário. Considerando a frequência com que as práticas financeiras são feitas, quase a metade dos entrevistados garante realizá-las diariamente (43,9%). Há ainda aqueles que preferem realizar o controle semanalmente (13%), ou mesmo mensalmente (33,1%). Muitos gestores ainda não adotam medidas de controle relevantes para a vida financeira da empresa 21,6% admitem que a administração dos recursos próprios e daqueles que pertencem à empresa é feita conjuntamente 9 em cada dez empresas (93,5%) possuem conta em banco. Apesar do alto percentual de micro e pequenos empresários cuja empresa possui conta em banco, nem sempre existe a separação entre vida financeira pessoal e profissional: 21,6% dos gestores admitem que a administração dos recursos próprios e daqueles que pertencem à empresa é feita conjuntamente. Observa-se ainda que 12% das empresas admitem estar inadimplentes no momento. Vale ressaltar a importância de administrar os recursos da empresa de forma independente, ou seja, sem incluir os recursos pessoais do proprietário. A falta de planejamento prejudica a profissionalização, e sem todos os dados necessários, fica difícil medir o real desempenho da empresa e, principalmente, agir quando for necessário. 7

No que se refere ao capital de giro, o estudo mostra que 68% das empresas fazem uso de recursos próprios. É preocupante o número de pessoas que afirmam fazer uso do cartão de crédito para este fim: praticamente dois em cada dez gestores ouvidos (17%) utilizam o cartão de crédito como fonte de capital de giro, o que é uma prática temerária, pois, em geral, as taxas de juros para esta modalidade estão entre as mais altas do mercado. Também são mencionados o cheque especial (13,9%) e o empréstimo feito em nome da empresa (6,3%). 68% das empresas fazem uso de recursos próprios para capital de giro Cartão de crédito e cheque especial no segundo e terceiro lugares do ranking dos recursos utilizados para o capital de giro preocupa, indicando que a qualidade do crédito tomado pelas empresas não é a ideal A citação do cartão de crédito e do cheque especial no segundo e terceiro lugares no ranking dos recursos utilizados para o capital de giro preocupa, pois indica que a qualidade do crédito tomado pelas empresas não é o ideal. De acordo com o Banco Central do Brasil, o juros no cartão de crédito (rotativo) para pessoas jurídicas já chega a 211,60% ao ano (dados de março de 2015). No caso do cheque especial, os juros já chegam a 203,90% a.a. Fica clara a falta de conhecimento dos pequenos empresários com relação ao crédito mais adequado, quando comparamos com a taxa de juros para empréstimos destinados a capital de giro: 23,4% a.a. Há também a opção de empréstimos no BNDES, que podem ter juros subsidiados. 8

15% dos micro e pequenos empresários pretendem reduzir o quadro de funcionários nos próximos três meses A pesquisa do SPC Brasil e CNDL indica que 15% dos micro e pequenos empresários ouvidos pretendem reduzir o quadro de funcionários nos próximos três meses (17,7% na região Sudeste). Entre esses, a expectativa é que sejam demitidos, em média, quase 2 funcionários (1,95). Na direção contrária, uma em cada dez empresas (9,3%) anunciam a intenção de contratar nos próximos três meses, sendo que a média de novas contratações é de quase 3 pessoas (2,74). Cenário político-econômico é o principal desafio para crescer Quando os gestores refletem sobre as dificuldades e os desafios enfrentados para fazer a empresa crescer, a preocupação da maior parte recai sobre o cenário político-econômico, citado por 32% dos entrevistados (aumentando param 45,6% na região Sul). Também é difícil conquistar e manter clientes (15,4%) e lidar com a carga tributária elevada (13,6%). Ao lado disso, as condições próprias de cada mercado e os recursos para manter a operação da empresa em dia estão entre as dificuldades e desafios mencionados: para 9,4% dos gestores, o mercado em que atuam é muito concorrido; e para 8%, o problema é a falta capital de giro. 32% citam o cenário político-econômico como dificuldades e desafios enfrentados para fazer a empresa crescer 9

CONCLUSÃO O QUE SIGNIFICA SER MPE NO BRASIL? É um desafio 24% Taxas altas 13% Impressão de que estão sem o apoio do governo 7% Instabilidade do país 5% Empreender, acima de tudo, é um desafio. Essa é a palavra que vem à mente da maior parte (24%) dos entrevistados pelo SPC Brasil e CNDL quando são questionados sobre o que significa ser um micro ou pequeno empresário no Brasil. Entre as preocupações dos gestores também aparecem as taxas altas (13%), além da impressão de que eles operam sem o apoio do governo (7%) e enfrentam dificuldades pela instabilidade do país (5%). Já as dificuldades e desafios impostos para crescer incluem o cenário político-econômico, citado por 32% dos entrevistados, ao lado de conquistar e manter clientes (15,4%) e ter de lidar com carga 10

tributária elevada (13,6%). Também vale destacar a concorrência do mercado em que atuam (9,4%) e a falta de capital de giro (8%). De modo geral os gestores parecem entender que empreender envolve muito mais que sua própria iniciativa. Eles sabem que estão inseridos num contexto social, político e econômico complexo, com inúmeras variáveis que não podem controlar. A respeito de quem é o micro e pequeno empresário brasileiro, a pesquisa ajuda a identificar uma série de características: em sua maioria são homens (61%), com idade entre 35 e 54 anos (54%), renda familiar de 3 a 10 salários mínimos (46,2%) e escolaridade que vai do ensino médio completo ao superior completo (79,5%). O estudo revela ainda que praticamente 4 em cada dez gestores (39,8%) possuem ensino superior completo ou pós-graduação/especialização/mba, aumentando para 46,9% no segmento de serviços. Gestores com mestrado/doutorado faturam quase sete vezes mais do que os que possuem ensino fundamental incompleto: R$ 1.266.100,30 X R$ 186.100,17 De modo geral, aqueles que estudaram mais conseguem um faturamento consideravelmente superior: gestores com mestrado/doutorado faturam quase sete vezes mais do que os que possuem ensino fundamental incompleto (R$ 1.266.100,30 contra R$ 186.100,17). Em média, o micro ou pequeno empresário emprega seis pessoas (5,76), com resultados mais expressivos na capital (6,21) e no Sudeste (7,24). 66% dos entrevistados possuem entre 1 e 4 funcionários em suas empresas, sendo que 89% dos empregados são registrados (5,11), com médias maiores na capital (5,57), Sudeste (6,39) e Sul (5,32) ), e percentuais maiores na capital (89,7%), no Sul (91%) e no Centro-Oeste (91,3%). 11

Grande parte das micro e pequenas empresas brasileiras já acumula quase uma década de atuação, uma vez que 85% dos gestores ouvidos afirmam que suas empresas estão no mercado há mais de nove anos (87,2% no interior). Ao mesmo tempo, a maior concentração de empresas jovens está na região Norte (6,3% com menos de um ano). Na hora de iniciar um negócio, o usual é recorrer ao próprio dinheiro: 62,8% dos entrevistados garantem ter utilizado capital próprio, poupança e/ou investimentos para a abertura da empresa. Também são mencionados a venda de algum bem (14,1%), o empréstimo em banco público (10,5%) e, em menor grau, o empréstimo em banco privado (4,6%). O Simples é o regime de tributação mais adotado nas micro e pequenas empresas brasileiras (81,6%), sendo que a adesão é ainda maior no interior (84,7%) e no segmento do comércio (85%). Nove em cada dez empresas possuem conta em banco (93,5%), mas nem sempre os gestores conseguem separar as contas pessoais daquelas que são do empreendimento: 21,6% admitem que a administração dos recursos próprios e dos que pertencem à empresa é feita conjuntamente. 62,8% garantem ter utilizado capital próprio, poupança e/ou investimentos para a abertura da empresa O comportamento da maioria é o mesmo quando se trata do capital de giro, ou seja: 68% fazem usos de recursos próprios. Por outro lado, a pesquisa do SPC Brasil e CNDL detecta uma estratégia financeira perigosa: provavelmente estimulados pela facilidade de acesso ao crédito, 17% dos gestores ouvidos admitem utilizar o cartão de crédito como fonte de capital de giro, enquanto 13,9% recorrem ao cheque especial. Considerando as altas taxas de juros frequentemente envolvidas nestas duas modalidades, esta é uma situação preocupante e que revela, no mínimo, desconhecimento ou despreparo para buscar melhores modalidades de crédito de parte dos gestores das micro e pequenas empresas no Brasil. 12

Ainda no âmbito das práticas financeiras adotadas, o estudo mostra que entre as mais comuns estão a demonstração mensal de receitas e despesas (82,4%), o livro-caixa (75,5%), os registros financeiros em planilhas eletrônicas ou cadernos (75%) e a gestão de fluxo de caixa (73%). Já entre as ações que costumam ser deixadas de lado estão o balanço patrimonial (24,3%) e o planejamento orçamentário (31,8%). Finalmente, o estudo mostra que nos próximos três meses, enquanto 15% falam em diminuir o quadro de funcionários (em média, quase 2 demissões), (9,3%) falam em contratar (média de quase 3 pessoas). A pesquisa do SPC Brasil e CNDL sugere que o micro e pequeno empresário brasileiro é experiente e está acostumado a passar por muitas adversidades. Com a grande maioria deles acumulando quase dez anos de mercado, pode-se dizer que são empreendedores versáteis, frequentemente dispostos a investir o próprio dinheiro para concretizar seus objetivos e capazes de sobreviver num ambiente político-econômico desfavorável e sujeito a muitas mudanças. Ao mesmo tempo, ainda precisam ampliar seus conhecimentos a respeito de alguns temas, principalmente a educação financeira, o financiamento público e o capital de giro. Empreendedores são versáteis, dispostos a investir o próprio dinheiro para concretizar seus objetivos e capazes de sobreviver num ambiente político-econômico desfavorável e sujeito a muitas mudanças. Ainda precisam ampliar seus conhecimentos sobre educação financeira, financiamento público e capital de giro 13

METODOLOGIA Público alvo: Proprietários ou responsáveis pela gestão financeira de micro e pequenas empresas situadas nos 27 estados brasileiros. Foram consideradas micro e pequenas empresas aquelas que possuem de 1 a 49 funcionários, critério adotado no Anuário do Trabalho do Sebrae/Dieese. Método de coleta: pesquisa realizada via CATI, ou seja via pesquisa telefônica. Tamanho amostral da Pesquisa: 800 casos, gerando margem de erro no geral de 3,5 p.p. para um intervalo de confiança a 95%. 14