PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE ALUMINOSILICATO MESOPOROSO AL-MCM-41 PARA APLICAÇÃO NO REFINO DE PETRÓLEO.



Documentos relacionados
Obtenção de biodiesel por catálise heterogênea utilizando Cr 2 O 3 /Al 2 O 3

SÍNTESE DIRETA DA PENEIRA MOLECULAR MESOPOROSA Al-SBA-15

ARGILA BOFE DESTINADA À APLICAÇÃO COMO CATALISADOR: TRATAMENTO QUÍMICO E TÉRMICO.

CIÊNCIAS PROVA 1º BIMESTRE 9º ANO PROJETO CIENTISTAS DO AMANHÃ

Produção de espuma cerâmica com baixo impacto ambiental para aplicação em petróleo

USO DA CASCA DA BANANA COMO BIOADSORVENTE EM LEITO DIFERENCIAL NA ADSORÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DA PENEIRA MOLECULAR SBA-15: INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA

SO 4 O 2 (120.1) (138.1) (98.1) (180.2) (60.1)

Série: 2º ano. Assunto: Estequiometria

GRAVIMETRIA. Qui-094 Introdução a Análise Química Profa Maria Auxiliadora Costa Matos

6º CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM PETRÓLEO E GÁS

INFLUÊNCIA DA AGITAÇÃO NO MÉTODO HIDROTÉRMICO DA PENEIRA MOLECULAR MCM-41

SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE HIDROTALCITAS COM DIFERENTES RAZÕES DE Mg Al

SÍNTESE DO AL-MCM-41 USANDO COMO FONTE DE SÍLICA O CASCALHO DE PERFURAÇÃO DE POÇOS DE PETRÓLEO.

1. INTRODUÇÃO 2. OBJETIVOS

6º CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM PETRÓLEO E GÁS

É o cálculo das quantidades de reagentes e/ou produtos das reações químicas.

RESISTÊNCIA À OXIDAÇÃO DO AÇO-CARBONO SAE 1020 RECOBERTO POR UM FILME DE Cr 2 O 3

PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE CATALISADORES 10% CO/MCM-41 SINTETIZADOS COM DIFERENTES FONTES DE SÍLICA

6º CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM PETRÓLEO E GÁS

Senador Salgado Filho, 3000-Lagoa Nova, Natal/RN,

Síntese e Caracterização das argilas organofílicas Chocolate A e Chocolate utilizando mistura de sais quaternários de amônio.

ESTUDO DA RELAÇÃO MOLAR IDEAL NA TRANSESTERIFICAÇÃO ETANOL:ÓLEO

Síntese de Peneiras Moleculares Mesoporosas do tipo SBA-15 e MCM-41

Estudo da pirólise de óleo de soja sobre peneiras moleculares micro e mesoporosas

Síntese e caracterização de peneiras moleculares mesoporosas tipo MCM-41 a partir de diferentes direcionadores estruturais

Hugo Sérgio Sousa Vieira. 1. Coordenação de Química Industrial UFPB. Campus I, João Pessoa PB.

DETERMINAÇÃO DO PH DE AMOSTRAS DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE - CÂMPUS CAMBORIÚ. Instituto Federal Catarinense, Camboriú/SC

Mestrados Profissionais em Ensino: Características e Necessidades

Título: Iodometria. Aula Experimental n 16

Síntese de materiais mesoporosos: Um estudo comparativo entre o SBA-15 e o KIT-6

CIÊNCIA E ENGENHARIA DOS MATERIAIS E METALURGIA FÍSICA F DOS MATERIAIS.

SÍNTESE DE BIODIESEL UTILIZANDO ARGILA BENTONÍTICA NATURAL E IMPREGNADA COMO CATALISADOR

Concurso de Seleção 2004 NÚMERO DE INSCRIÇÃO - QUÍMICA

SÍNTESE DE NANOCOMPÓSITOS DE POLIPROPILENO POR POLIMERIZAÇÃO IN SITU COM CATALISADORES ZIEGLER-NATTA

AVALIAÇÃO DE CATALISADORES MESOPOROSOS DO TIPO MCM-41 NA HIDRÓLISE DE CELULOSE MICROCRISTALINA

mais vapores do vinho. É, portanto, uma mistura homogênea.

t 1 t 2 Tempo t 1 t 2 Tempo

SINTONIA DE UM CONTROLADOR PID NO AQUECIMENTO DE UMA CÂMARA TÉRMICA

SUBSTÂNCIAS, MISTURAS E SEPARAÇÃO DE MISTURAS

APLICAÇÃO DA PENEIRA MOLECULAR SBA-15 COMO ADSORVENTE PARA ESPÉCIES POLUENTES DE CÁTIONS METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA.

PREPARAÇÃO DE ÓXIDO DE ALUMÍNIO NANOESTRUTURADO A PARTIR DE REAÇÕES EXECUTADAS EM FASE HOMOGÊNEA

INFLUÊNCIA DA FONTE DE SÍLICA NA ESTABILIDADE DA CTA-MCM-41 UTILIZADA EM TRANSESTERIFICAÇÃO CATALÍTICA

II Correto. Quanto maior a distância entre as cargas, mais fraca é a ligação e menos energia é empregada na sua quebra.

Estudo cinético de decomposição térmica do óleo de girassol suportado em material mesoporoso.

GRAVIMETRIA. Profa. Lilian Silva

AVALIAÇÃO DE DIFERENTES TÉCNICAS DE IMPREGNAÇÃO DE METAIS EM SUPORTE SILICOALUMINOFOSFÁTICO.

Estrutura física e química da Terra

Ar de combustão. Água condensada. Balanço da energia. Câmara de mistura. Convecção. Combustível. Curva de aquecimento

Faculdades Pitágoras - Unidade Divinópolis. Disciplina - Materiais Elétricos e Semicondutores. Professor: Alexandre Dezem Bertozzi

e a parcela não linear ser a resposta do sistema não linear com memória finita. Isto é, a

REMOÇÃO DE METAIS PESADOS DE SOLUÇÃO RESIDUAL DA DETERMINAÇÃO DA DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊNIO

COMPLEXOS DE HIDROGÊNIO ENVOLVENDO N 2 O, COS E CS 2 COM HF: UM ESTUDO AB INITIO

Propriedades dos Precipitados

EFEITO DO ETANOL COMO CO-SOLVENTE NA SÍNTESE DA PENEIRA MOLECULAR MCM-41.

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE LÂMPADAS FLUORESCENTES E LED APLICADO NO IFC CAMPUS LUZERNA

SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE SÍLICAS MESOPOROSAS COM FERRO E COBALTO ASSOCIADOS

AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE OXIDATIVA E PONTO DE ENTUPIMENTODE FILTRO A FRIO DAS BLENDS DE BIODIESEL DE CUPUAÇU/SOJA

Título da Pesquisa: Palavras-chave: Campus: Tipo Bolsa Financiador Bolsista: Professor Orientador: Área de Conhecimento: Resumo

ferro bromo brometo de ferro 40g 120g 0g 12g 0g 148g 7g 40g 0g 0g x g 37g

CAPÍTULO 3 TRATAMENTOS TÉRMICOS EM LIGAS DE ALUMÍNIO. Os tratamentos térmicos têm como finalidade causar modificações nas

9º ANO ENSINO FUNDAMENTAL -2015

ESPUMAS POLIURETÂNICAS OBTIDAS A PARTIR DA RECICLAGEM QUÍMICA DO POLI(TEREFTALATO DE ETILENO).

DESIDRATAÇÃO OSMÓTICA COMO PRÉ-TRATAMENTO À SECAGEM SOLAR NA OBTENÇÃO DO MELÃO CANTALOUPE COM TEOR DE UMIDADE INTERMEDIÁRIA

QIE0001 Química Inorgânica Experimental Prof. Fernando R. Xavier. Prática 01 Reatividade de Metais: Síntese do gás hidrogênio

PROMOVE NOÇÕES DA CADEIA DE PETRÓLEO 2 MEIO AMBIENTE

RENDIMENTO EM ÓLEO DAS VARIEDADES DE GIRASSOL CULTIVADAS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO PARA O PROJETO RIOBIODIESEL

PIRÓLISE TERMOCATALÍTICA DE ÓLEO DE GIRASSOL SOBRE CATALISADOR MESOPOROSO AL-MCM-41

USO DE DIFERENTES ZEÓLITAS NA OBTENÇÃO DE MATERIAL MICRO-MESOPOROSO PARA APLICAÇÃO EM REAÇÃO DE TRANSESTERIFICACÃO

ESTUDO DAS PROPORÇÕES MOLARES DE ETANOL NAS PROPRIEDADES DA PENEIRA MOLECULAR SBA- 15

FORMULÁRIO PARA APRESENTAÇÃO DE PROJETO DE PESQUISA - PIBIC Desenvolvimento de catalisadores nanoestruturados para craqueamento de petróleo

Cálculo Químico ESTEQUIOMETRIA

Síntese e Caracterização de Peneiras Moleculares Mesoporosas do Tipo SBA-15 Impregnadas com Níquel e Molibdênio

Calor Específico. 1. Introdução

a) apenas I. b) apenas I e III. c) apenas II e III. d) apenas I e II. e) todas. Profa. Graça Porto

VI Olimpíada Norte - Nordeste de Química e

EMPREGO DE AGENTES DISPERSANTES CONVENCIONAIS E ALTERNATIVOS PARA DETERMINAÇÃO DA TEXTURA DE SOLOS DO CERRADO DO AMAPÁ

Argamassas Térmicas Sustentáveis: O Contributo dos Materiais de Mudança de Fase

ESTUDO DA SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE UMA Al/SBA-15 ATRAVÉS DO MÉTODO DE AJUSTE DE PH

Steel Cord. Introdução

SÍNTESE DO MATERIAL MICRO-MESOPOROSO ZSM-5/MCM-41 PARA SER DESTINADO A REAÇÃO DE TRANSESTERIFICAÇÃO

EMPREGO DA BIOMODELAGEM EM FIBRAS DE SISAL NA OBTENÇÃO DE Al 2 O 3 VIA INFILTRAÇÃO DE NITRATO DE ALUMÍNIO. V. A. Mancini, J. R. Martinelli, F. F.

Efeito da temperatura de calcinação nas propriedades de ossos bovinos para a fabricação de porcelana de ossos

CARACTERIZAÇÃO DE MASSAS ATOMIZADAS PARA USO COMO PROPANTES. P. Í. Paulin Filho. A. C. M. Vieira. M. D. M. A. Fernandes

Exercícios de Equílíbrio Químico ENEM Resolução Comentada Professora Simone

LUZIA PATRICIA FERNANDES DE CARVALHO GALVÃO

De uma maneira simplificada, a interpretação de uma análise química de uma matériaprima argilosa segundo Más (2002) pode ser descrita abaixo:

Gráfico da tensão em função da intensidade da corrente elétrica.

O EFEITO DO ELETROPOLIMENTO EM SOLDAS DE AÇO INOX E ZONAS AFETADAS PELO CALOR

Aos materiais que a Química usa como matéria-prima podemos classificá-los como:

Resolução da Prova de Química Vestibular Inverno UPF 2003 Prof. Emiliano Chemello

SOLDAGEM DOS METAIS 53 CAPÍTULO 8 SOLDAGEM MIG/MAG

Máscaras de Proteção Facial WP96, H24M, H8A e H4

CURSINHO TRIU QUÍMICA FRENTE B

Síntese e caracterização de materiais do tipo MCM-41sulfatada

INCORPORAÇÃO DE CÉRIO À PENEIRA MOLECULAR MESOPOROSA (MCM-41)

CARACTERIZAÇÃO DO RESÍDUO DE PÓ DE PEDRA ORNAMENTAL ADICIONADO À ARGAMASSA EM SUBSTITUIÇÃO PARCIAL AO CIMENTO

Química Inorgânica Aula 3

Determinação das resistências à esterilização em autoclave, à corrosão e à exposição térmica de um cisalhador de placas de titânio estudo de caso

DETERMINAÇÃO DA MASSA VOLÚMICA DE UM SÓLIDO

Transcrição:

PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE ALUMINOSILICATO MESOPOROSO AL-MCM-41 PARA APLICAÇÃO NO REFINO DE PETRÓLEO. Fabiana Medeiros do Nascimento SILVA 1, Maria Wilma N. C. CARVALHO 2, Rucilana Patrícia B. CABRAL 3 1 Universidade Federal de Campina Grande UFCG, Coordenação de Pós-graduação em Engenharia Química, Bloco CM, Av. Aprígio Veloso, 882, Bodocongó, Campina Grande PB, CEP: 58108-970 - fabymedeirosquímica@hotmail.com 2 Universidade Federal de Campina Grande UFCG, Coordenação de Pós-graduação em Engenharia Química, Bloco CM, Av. Aprígio Veloso, 882, Bodocongó, Campina Grande PB, CEP: 58108-970 wilma@deq.ufcg.edu.br 3 Universidade Federal de Campina Grande UFCG, Departamento de Engenharia Mecânica, Bloco BX, Av. Aprígio Veloso, 882, Bodocongó, Campina Grande PB, CEP: 58108-970- rucilana@dem.ufcg.edu.br RESUMO Peneiras moleculares mesoporosas são foco de estudos para aplicação em processos de refino, que por sua vez exigem catalisadores cada vez mais adequados a seus processos. A peneira molecular MCM-41, com inserção de Al (Al-MCM-41) é um suporte catalítico promissor na indústria de refino por apresentar alta estabilidade térmica e hidrotérmica, alta área superficial, elevados diâmetros de poros. A síntese da Al-MCM-41 pode ser realizada utilizando uma ampla faixa de condições de síntese, a incorporação de alumínio na estrutura hexagonal da MCM-41 é uma condição que permite uma maior geração de alumínio coordenado tetraedricamente, promovendo a compensação da carga negativa do alumínio com H + na estrutura (acidez de Brönsted), proporcionando um aumento das características ácidas do material. Este trabalho foi realizado no LabCAB (Laboratório de Catálise, Adsorção e Biocombustível) na Unidade Acadêmica de Engenharia Química/CCT/UFCG e teve como objetivo a síntese hidrotérmica da peneira Al-MCM-41, com tempo de síntese reduzido e acidez adequada para ser utilizado como suporte catalítico e futura preparação de catalisadores de refino. O suporte foi sintetizado pelo método hidrotérmico a 150 C por 12 horas. Para tanto, os suportes sintetizados foram obtidos com êxito, sob as condições desejadas. As técnicas de caracterizações utilizadas para confirmação da formação do material foram a Difração de Raios-X (DRX), Espectroscopia de Raios-X por energia dispersiva (EDX) e Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV), as quais confirmaram a ordenação, composição química semi-quantitativa e morfologia do material. PALAVRAS CHAVE: Síntese, suporte catalítico, Al-MCM-41. 1 INTRODUÇÃO A composição química do petróleo que atualmente chega às refinarias tem se modificado gradativamente, sendo processadas moléculas de maior massa molar. Esta modificação se dá pela descoberta de petróleo em camadas cada vez mais profundas, fazendo com que surjam novas tecnologias de extração e, principalmente no tratamento de refino do petróleo. Um dos materiais que tem sido muito estudado

com a possibilidade de aplicação em processos de refino são as peneiras moleculares mesoporosas (OLIVEIRA, 2005). A necessidade de materiais que possam suportar moléculas maiores, como os hidrocarbonetos de alto peso molecular, é grande. Essa barreira foi quebrada em 1992 com a descoberta por um grupo de pesquisadores da Mobil Oil Corporation, de uma família de materiais que possuíam propriedades peculiares em relação às peneiras moleculares sintetizadas até ali. A esta família foi denominado o nome M41S (Mobil 41: Synthesiss) (KRESGE, 1992). A descoberta destes materiais com mesoporos altamente ordenados, ou seja, com diâmetro entre 2 e 50 nm (Figura 1) e alta área superficial, de até 1600 m² g -1, introduziu novas perspectivas no desenvolvimento de catalisadores mais eficientes (PINNAVAIA, 2004). Figura 1- Perfil estrutural da MCM-41, (a) perfil estrutural e (b) micrografia. Fonte: WAN e ZHAO (2009). Por suas propriedades catalíticas a MCM-41 é empregada em uma enorme gama de processos químicos. O alumínio é largamente usado para a formação de sítios ácidos da MCM-41. Sítios ácidos são gerados pela incorporação do Al na estrutura da MCM-41 (REDDY & SONG. 1996; MOKAYA & JONES, 1997). As peneiras moleculares puramente de silício possuem uso limitado devido à pequena quantidade de sítios ácidos ativos ou de oxi-redução em suas matrizes (WANG, 2008). Assim, para que esse material seja proveitoso a aplicações catalíticas é essencial que a incorporação de íons metálicos aconteça na sua rede mesoporosa (BRAGA, 2011). Segundo (SMALL, 1998), existe duas formas de incorporar alumínio na estrutura da MCM-41, a incorporação de sítios ativos nas paredes da estrutura e a deposição do Al na superfície interna dos mesoporos. Considerando as

desvantagens da utilização do método de deposição (risco de lixiviação), o método de incorporação do metal durante a síntese tem sido o mais utilizado, pois posiciona o componente inorgânico preferencialmente na superfície do poro (RODRIGUES, 2010). A presença dos grupos hidroxila associados a um metal tetracoordenado como, por exemplo, o alumínio dentro da estrutura da MCM-41, favorece a acidez de Brönsted, melhorando a atividade catalítica dos materiais mesoporosos que possuem estrutura neutra, apresentada na Figura 2 (BARBOSA, 2009). Figura 2- Representação das estruturas: (A) neutra, para a MCM-41 e (B) após introdução do alumínio, Al-MCM-41. Fonte: BARBOSA (2009). A incorporação de alumínio na estrutura hexagonal da MCM-41 pode ser realizada utilizando diferentes reagentes como: aluminato de sódio, isopropóxido de alumínio, sulfato de alumínio e pseudo boemita. Dentre essas fontes, as que apresentam características catalíticas mais apropriadas são o isopropóxido de alumínio e o sulfato de alumínio (BRAGA, 2011), pois permitem uma maior geração de alumínio coordenado tetraedricamente, esse material modificado tem sido utilizado em diferentes aplicações. Segundo (CORMA, 1997), os poros largos da MCM-41 combinados com a acidez das paredes contendo Al tornam o material um bom catalisador para o craqueamento catálitico de moléculas grandes.

Diante do exposto este trabalho teve como objetivo a síntese hidrotérmica da peneira molecular mesoporosa, Al- MCM-41, visando sintetizar um suporte com boa ordenação, tempo de síntese reduzido e acidez adequada para ser utilizado como suporte catalítico em catalisadores de refino. 2 METODOLOGIA Síntese da Al MCM-41. A Al-MCM-41 foi preparada utilizando-se o método descrito por (SAHA, 2008), com pequenas modificações. Os reagentes foram misturados com o objetivo de se obter a seguinte composição molar: 1.0SiO 2 :0.031Al 2 O 3 :0.27Na 2 O:0,089CTMABr:130H 2 O O procedimento consistiu em dissolver o hidróxido de sódio (NaOH) e o Brometo de Cetiltrimetilamônio (CTMABr) em água deionizada a temperatura ambiente, adicionou-se o Tetraetilortosilicato (TEOS), obtendo uma solução homogênea e um pouco turva. Em seguida o sulfato de alumínio (Al 2 SO 4 ) foi dissolvido em água deionizada e adicionado à solução inicial. Após a mistura dos reagentes, a solução obtida foi submetida à agitação contínua por 105 minutos a temperatura ambiente. Após esse período a mistura foi aquecida e agitada por 20 minutos a 80 C. Após este procedimento foi mantida uma agitação contínua por 4 horas em um agitador mecânico, a temperatura ambiente. Ao final a mistura foi transferida para autoclaves, sob pressão autógena e tratamento térmico a 150 C por 12 horas. As amostras foram filtradas, lavadas com água deionizada e secas a 80 C por 8 horas, em seguida foram calcinadas para eliminação do direcionador, sob fluxo de ar a uma taxa de aquecimento de 10 C/min a 500 C por 9 horas. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas Figuras (3) e (4) são apresentados os difratogramas das amostras sintetizada não calcinada e calcinada, respectivamente da Al-MCM-41. A difração de raios-x é uma técnica que permite o estudo da caracterização dos sólidos a nível atômico. Esta técnica foi utilizada para verificar as alterações na ordenação dos suportes antes e após a calcinação. Ao compararmos os difratogramas com os obtidos na literatura por (Beck, 1992), é possível observar que os materiais correspondem à fase da MCM-41. Com base nestes resultados observou-se que o

Intensidade Intensidade método empregado apresentou resultados satisfatórios, observando-se uma boa organização do material formado. Figura 3 - Difratograma de raios- X da amostra Al-MCM-41 não calcinada; 4000 3500 3000 Al-MCM-41 Nao calcinada 2500 2000 1500 1000 500 0 2 4 6 8 10 2 Fonte: própria (2012). Figura 4 - Difratograma de raios- X da amostra Al-MCM-41 calcinada; 4500 4000 3500 Al-MCM-41 calcinada 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 2 4 6 8 10 2 ( ) Fonte: própria (2012).

Outro ponto que se destaca é a boa estabilidade térmica desse material, uma vez que foi submetido à calcinação a 500 C e não houve alterações em sua organização. Além da manutenção da estrutura mesoporosa, houve aumento na ordenação da mesofase hexagonal P 6 mm do material, localizado em aproximadamente 2 (2ɵ), cujo pico de difração se intensificou, conforme também foi observado por (KRUK et al; 2000), que atribuíram tal efeito a contração da estrutura, devido a retirada do direcionador, levando a uma maior ordenação da estrutura, com consequente aumento na intensidade dos picos, além do aumento de área dos mesmos. Os resultados obtidos por fluorescência de raios-x por energia dispersiva (EDX), para o suporte não calcinado e calcinado, encontram-se na Tabela (1), esta análise foi realizada para a determinação da composição química semi-quantitativa do material sintetizado e calcinado respectivamente. Na tabela (1) é possível observar os percentuais de massa de cada composto e elementos presente nas amostras. De acordo com os percentuais elementares são observados altos valores de silício, visto que se trata de um material a base de sílica, além de apresentar um percentual referente ao alumínio, característico da amostra de Al-MCM-41. A percentagem referente a outros elementos pode estar relacionada à presença de contaminantes ou derivados dos reagentes, a percentagem característica ao enxofre identificado no EDX é proveniente da incidência de energia no porta amostra. Tabela 1- Análise semi-quantitativa do suporte não calcinado e calcinado, expressos em óxidos. Amostra SiO 2 Al 2 O 3 SO 3 Outros Al- MCM-41 90,83 8,01 1,12 0,034 (Não calcinado) Al-MCM-41 (Calcinado) 90,22 8,45 1,28 0,032 Fonte: própria (2012).

Nas Figuras (5) e (6) observa-se a micrografia eletrônica de varredura (MEV), aumentada 1000 e 2000 vezes, obtidas para uma amostra de Al-MCM-41 não calcinada com 12 horas de tratamento térmico a 150 C. Esta técnica foi utilizada para análise da morfologia do material, visto que esta não fornece uma resolução favorável que nos mostre os canais mesoporosos hexagonais, a técnica que se observa exatamente a estrutura para esse tipo de material, é a microscopia eletrônica de transmissão (MET), que ainda será realizada, portanto o MEV, é apenas uma complementação dos resultados das caracterizações. Logo foi possível observar que a morfologia dos grãos é homogênea com alguns aglomerados, apresentando forma arredondada. Figura 5 - Micrografia (MEV) Al-MCM-41 não calcinada. (Barras de escala: 10µm). Fonte: própria (2012).

Figura 6 - Micrografia (MEV) Al-MCM-41 não calcinada. (Barras de escala: 5µm). Fonte: própria (2012). 4 CONCLUSÃO Foi possível observar a partir dos resultados obtidos, que a síntese hidrotérmica proposta para o material mesoporoso ordenado foi confirmada com sucesso, porém está sendo feita outras caracterizações (Análise termogravimétrica TG, Espectroscopia na região do infravermelho - FTIR, Análise textural por adsorção de nitrogênio BET, Microscopia eletrônica de transmissão - MET) para melhor análise da peneira molecular formada. Após calcinação da amostra a 500 C, de acordo com a análise por DRX é possível afirmar que a mesma apresenta uma boa estabilidade térmica e hidrotérmica. Pode-se considerar a possibilidade da otimização deste método de síntese, analisando as variáveis tempo e temperatura, visando uma preparação de suportes catalíticos mais econômicos, além da impregnação de metais para a formação de catalisadores industriais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, M.N., Dissertação de Mestrado Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2009. BECK, J. S.; VARTULLI, J.C.; ROTH, W.J. ;Chem.Soc; 1992,114,10834. BRAGA, P.R.S., Tese de Doutorado Instituto de Química/Universidade de Brasília, 2011. CORMA, A.; Chem. Rev.1997, 95, 559. KRESGE, C. T.; LEONOWICZ, M. E.; E. Michael; ROTH, W. J.; VARTULI,J. C., U.S. Patent. 5098684, 1992. KRUK, M.; JARONIEC, M.; SAYARI, A. New insights into pore-size expansion of mesoporous silicate using long-chain amines. Microprous and mesoporous materials, v. 35-36, p. 545-553, 2000. MOKAYA, R.; JONES, W. Journals Catalysis, v.172, p.211, 1997. OLIVEIRA, A. C; RANGEL, M. C.; FIERRO, J. L. G.; REYES, P. E.; M.Oportus. Química Nova, 2005, 28 (1), 37-41. PINNAVAIA,T. J.; KIM, S.; ZHANG,Z.; LIU, Y.; Stud. Surf. Sci. Catal, 2004, 154, 14. REDDY, K. M.; SONG, C. Synthesis of Mesoporous Molecular Sieves: Influence of Aluminum Source on Al Incorporation in MCM-41. Catalysis letter, v.36, p.103-109, 1996. RODRIGUES, L. R.; Tese de Doutorado Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2010.

SAHA, B.; CHOWDHURDY, P.; GHOSHAL, A.K.. Applied Catalysis. 2008, 83, 265-276. SMALL, B.L.; BROOKHART, A. M ; BENNET, A.. Journal of America. CHEMICAL SOCIETY, 1998, 120, 4049. WAN, Y.; ZHAO, D. Ordered mesopouros material. In: JONG, K.P. Synthesis of solid catalyst, 1ª ed. Weinhein: Wiley-VCH, 2009, p. 423. WANG, J.A.; CHEN, L.F.; NORENA; NAVARRETE, L.E. J.; LLANOS, M.E.; CONTRERAS, J.L.; NOVARO O.; Micropouros Mesopouros Mater, 2008,112,61.