1. Trata-se de ação penal intentada contra



Documentos relacionados
LIZANDRA MACEDO BAPTISTA MINISTERIO PUBLICO A C Ó R D Ã O

O julgamento teve a participação dos Desembargadores VIÇO MANAS (Presidente sem voto), ROSSANA TERESA CURIONI MERGULHÃO E IVANA DAVID.

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA EM SALVADOR EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 2ª VARA CRIMINAL DE SALVADOR/BA,

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE COCALZINHO DE GOIÁS

A defesa apresentou pedido de concessão de liberdade provisória, tendo o agente Ministerial opinado a favor.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores PEDRO MENIN (Presidente) e OTÁVIO DE ALMEIDA TOLEDO.

T r i b u n a l d e J u s t i ç a d o Estado do Rio de Janeiro Quarta Câmara Criminal

PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL

Superior Tribunal de Justiça

COMARCA DE PORTO ALEGRE 7ª VARA CRIMINAL DO FORO CENTRAL Rua Márcio Veras Vidor (antiga Rua Celeste Gobato), 10

ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº , da Comarca de São José dos Campos, em que é

A C Ó R D Ã O Nº COMARCA DE CAMAQUÃ NEILA SILVANA JUNQUEIRA ABEL MINISTERIO PUBLICO. Vistos, relatados e discutidos os autos.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

AÇÃO CIVIL EX DELICTO

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Nº /CS

Vistos etc. 1 Relatório

PROCEDIMENTOS PARTE I PROCEDIMENTO ORDINÁRIO

DIREITO AMBIENTAL. Prof.: LEONARDO BARRETO

Audiência de Instrução e Julgamento. Prof. Rafael Menezes

1) Qual a resolução que dispõe sobre a notificação da autuação e defesa da autuação?

Capítulo 1 Notas Introdutórias Capítulo 2 Direito Processual Penal e Garantias Fundamentais... 3

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO COMARCA DE SÃO PAULO FORO CENTRAL - FAZENDA PÚBLICA/ACIDENTES 6ª VARA DE FAZENDA PÚBLICA SENTENÇA

V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA Vara Crime, Júri, Execuções Penais e Infância e Juventude da Comarca de Jeremoabo

CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA VIGÉSIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL/CONSUMIDOR

ANEXO I ENDEREÇO (RUA, AV) N.º COMPLEMENTO DADOS DO VEÍCULO

DOCUMENTOS PARA OBTER PRIMEIRO CREDENCIAMENTO; AUTÔNOMO PESSOA FÍSICA: MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL:

CLEITON LOPES DA SILVA,

PROCESSO SELETIVO SIMPLIFICADO Nº 007/2015/SJC Unidades Prisionais de Blumenau.

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Nº 17599/CS

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL 2ª Câmara de Coordenação e Revisão

RESOLUÇÃO Nº 250, DE 24 DE SETEMBRO DE 2007

'..i. TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL ACÓRDÃO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO N CLASSE 37 SÃO PAULO - SÃO PAULO

(j2 ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO GABINETE DO DES. NILO LUIS RAMALHO VIEIRA

Entenda a atuação do Ministério Público Federal no caso do acidente entre o jato Legacy e o boeing da Gol.

ESTADO DO RIO DE JANEIRO PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 7ª CÂMARA CRIMINAL

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 24ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO

TRT-RO

Informações sobre Multas: (31) NOTIFICAÇÃO DA AUTUAÇÃO e DEFESA DA AUTUAÇÃO

DIAS E HORÁRIO DE ATENDIMENTO PARA A MATRÍCULA: DOCUMENTOS PARA MATRÍCULA E PARA COMPROVAÇÃO DAS POLÍTICAS DE AÇÕES AFIRMATIVAS

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

164/ (CNJ: ) Crimes contra a Administração Pública. Juíza de Direito - Dra. Fernanda Pessôa Cerveira Toniolo

DECRETO N 001/ DEJANEIRO DE 2014

Documentos exigidos para registro de Representante Comercial Autônomo (RCA), pessoa natural, em acordo com o art. 3º da Lei nº 4.886/65 e alterações):

Poder Judiciário do Estado da Bahia JUÍZO DE DIREITO DA VARA CRIME DA COMARCA DE CENTRAL S E N T E N Ç A

DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO DE 1º DE MARÇO DE 2016.

RELATÓRIO DE AÇÕES TRABALHISTAS AJUIZADAS PELO SINDADOS/MG CONTRA A PRODEMGE

Ano É educando. Não: Endereço:... Série 2014:... Identificação do

1. Trata-se de ação penal intentada contra

A indiciada Simone da Silva Gonçalves teria se utilizado de contrato de locação falso para recebimento de ajuda de custo, quando de sua

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA GABINETE DO DESEMBARGADOR LUIZ SILVIO RAMALHO JÚNIOR

OAB GABARITO COMENTADO SEGUNDA FASE EMPRESARIAL. Artigo 9º e 4º do artigo 10 Lei /2005, procuração, CPC e estatuto da OAB.

REQUERIMENTO DE PENSÃO

SEGUNDA PROVA ESCRITA SEGUNDA PARTE: SENTENÇA CRIMINAL

Poder Judiciário Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro Sexta Câmara Criminal

QUESTIONÁRIO SOBRE JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

Escrito por Itacir Schilling Sáb, 08 de Novembro de :21 - Última atualização Sáb, 08 de Novembro de :30

Nº COMARCA DE IGREJINHA VALMIR ANTONIO FERREIRA MINISTERIO PUBLICO A C Ó R D Ã O

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) ELEITORAL RELATOR(A), EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO GRANDE DO SUL:

048/ (CNJ: ) Crimes contra a Administração da Justiça. Andréia Aparecida de Souza

SENTENÇA. Vistos. A denúncia veio acompanhada do inquérito policial e foi recebida em 25 de novembro de 2015 (fls. 56)

Vistos etc. Decido. Não merece prosperar a pretensão punitiva. estatal deduzida em juízo contra a ré

NEILA SILVANA JUNQUEIRA ABEL

Crimes contra a Honra. Juíza de Direito - Dra. Daniela Conceição Zorzi SENTENÇA

Seguradora Centauro Vida e Previdencia S/A Juiz Prolator: Juiz de Direito - Dr. Jairo Cardoso Soares Data: 20/05/2010

INSTRUÇÃO NORMATIVA SAREC Nº 01, de 02 de janeiro de 2014

ACÓRDÃO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

i MUI uni uni um um mil mil iiiii nu mi

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA TRIBUNAL DE JUSTIÇA Quarta Câmara Cível 5ª Av. do CAB, nº Centro - CEP: Salvador/BA ACÓRDÃO

CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL V EXAME UNIFICADO PADRÃO DE RESPOSTA PROVA DO DIA 4/12/2011 DIREITO PENAL

ESTADO DA BAHIA SECRETARIA DE ADMINISTRAÇÃO DEPARTAMENTO ESTADUAL DE TRÂNSITO CHECK LIST DOCUMENTAÇÃO PARA RENOVAÇÃO DE CREDENCIAMENTO DE CFC.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores PEDRO MENIN (Presidente) e ALBERTO MARIZ DE OLIVEIRA.

/2017/ / (CNJ: )

TURMA RECURSAL ÚNICA J. S. Fagundes Cunha Presidente Relator

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

RESOLUÇÃO Nº PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº CLASSE 26 BRASÍLIA DISTRITO FEDERAL

DENUNCIAÇÃO DA LIDE (Artigos 125 a 129 do Código de Processo Civil)

PARECER N.º JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.

Juizados Especiais Cíveis

NOVO CPC: A HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA DE DIVÓRCIO CONSENSUAL

b) o serviço de acesso à internet apresentou sempre falhas e anomalias;

PROCESSO: RTOrd

INDICIAMENTO E FORMAL INDICIAMENTO. DISTINÇÃO.

Vistos etc. O MINISTÉRIO PÚBLICO denunciou o réu MIKAEL ELOIR BARCKFELD, já qualificado, nos seguintes termos:

REQUERIMENTO DE PENSÃO

SEGUNDA PROVA ESCRITA SENTENÇA CRIMINAL

PEDRO TIBÚRCIO LOURIVALDO FILHO foi denunciado no dia 3/2/2004, atribuindo-lhe o Ministério Público a seguinte conduta delituosa:

Código Penal, com as alterações vigentes - artigos: 299, 312 a 327, 356 a 357, 359

Documentos exigidos para registro de Empresa Individual, em acordo com o art. 3º da Lei nº 4.886/65 e alterações:

COMARCA DE PORTO ALEGRE 7ª VARA CRIMINAL DO FORO CENTRAL Rua Márcio Veras Vidor (antiga Rua Celeste Gobato), 10

ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO COMARCA DE CÁCERES PRIMEIRA VARA CRIMINAL

Ele responde a este processo em liberdade.

Livramento condicional

SEGUNDA PROVA ESCRITA SEGUNDA PARTE: SENTENÇA CRIMINAL

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO PROCURADORIA GERAL CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO

Transcrição:

COMARCA DE PORTO ALEGRE 7ª VARA CRIMINAL DO FORO CENTRAL Rua Márcio Veras Vidor (antiga Rua Celeste Gobato), 10 Processo nº: 001/2.13.0018626-5 (CNJ:.0086073-59.2013.8.21.0001) Natureza: Crimes contra a Fé Pública Autor: Justiça Pública Réu: Lizandra Macedo Baptista Juiz Prolator: Juiz de Direito - Dr. Honorio Gonçalves da Silva Neto Data: 14/08/2013 1. Trata-se de ação penal intentada contra LIZANDRA MACEDO BAPTISTA, qualificado à fl. 79, a quem imputa o Dr. Promotor de Justiça a prática da conduta descrita no art. 304, caput, do Código Penal, e no art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro, na forma do art. 69 daquele diploma legal, porque: FATOS DELITUOSOS: 1º Fato: (Falsificação e uso de documento falso) No dia 27 de janeiro e 2012, cerca de 15h40min, na Av. Osvaldo Aranha, via pública, Porto Alegre, a denunciada fez uso de documento público falsificado, consistente em Carteira Nacional de Habilitação CNH (consoante auto de apreensão da fl. 06 do feito policial). Em dia, horário e local incertos, mas anteriormente ao dia acima mencionado, a denunciada falsificou, em parte, documento público, consistente em Carteira Nacional de Habilitação CNH. A denunciada efetuou montagem do documento pelo processo de delaminação, retirando a superfície de um espelho original 1

e colocando em seu lugar uma lâmina de papel comum impresso por meio de impressora do tipo jato de tinta, inserindo dessa maneira seus dados e fotografia na referida carteira (conforme laudo pericial das fls. 15/18). Posteriormente, no dia 27 de janeiro de 2012, a denunciada envolveu-se em acidente de trânsito, razão pela qual foi abordado pela Brigada Militar, tendo então apresentado aos policiais o referido documento falsificado. Examinando os documentos, os policiais militares constaram que não existiam registros em nome da denunciada nos sistemas informatizados do DETRAN. 2º Fato: (Dirigir sem habilitação) No dia 27 de janeiro de 2012, cerca de 15h40min, na Av. Osvaldo Aranha, via pública, Porto Alegre, a denunciada conduzia o veículo marca Fiat/Palio, placas ISP 0795, sem a devida permissão ou habilitação para dirigir, gerando perigo de dano. Na oportunidade, a denunciada envolveu-se em acidente de trânsito com danos materiais, ocasião em que policiais militares compareceram no local e constataram que a denunciada não possuía habilitação para dirigir, uma vez que a Carteira Nacional de Habilitação por ela apresentada era falsificada (conforme descrito no 1º fato). Recebida a denúncia, foi a ré citada, sobrevindo resposta à acusação, seguindo-se a instrução do feito, com a produção da prova oral requerida, exceção feita à oitiva de uma testemunha relacionada pela acusação, objeto de desistência homologada, e interrogatório. Então, substituídos os debates pela apresentação de memoriais, foram estes oferecidos, vindo os autos conclusos para prolação de sentença. 2. Mostra-se incontroverso o fato 2

consistente em que a denunciada conduzia o automóvel Fiat/Palio, placas ISP 0795, oportunidade em que, envolvendose em um acidente de trânsito que ensejou a ação de policiais militares, apresentou a estes falsa Carteira Nacional de Habilitação CNH. Mais, claro está que realizada consulta pelos agentes policiais, constataram esses que a acusada não se encontrava habilitada a conduzir veículo automotor. Tanto resulta da prova oral produzida, assim sintetizada pelo agente ministerial: Ao ser interrogada, a ré admitiu o uso do documento, bem como confirmou seu envolvimento em acidente de trânsito, alegando não ter conhecimento de que sua Carteira Nacional de Habilitação era falsa (fls. 79/81). A testemunha Arnaldo Gomes Ferreira, Policial Militar esclareceu como ocorreu o fato: (...) T: Eu verifiquei a documentação vi que a documentação não tava era falsificada, não era legal. J: Como é que o senhor constatou? O senhor constatou olhando ela? T: Isso, tava bem grotesco. J: E aí? Vamos lá. T: E aí foi encaminhado para a Delegacia de Trânsito onde foram apresentadas as partes lá. Os colegas lá também constataram que a documentação não era verdadeira. J: O senhor não fez consulta nenhuma 3

em T: Foi feito consulta. J: Quando? No momento que o senhor abordou? T: Sim. Foi feita a abordagem, pelo nome dela foi consultado. Por duas vezes o colega lá do Centro de Operações verificou no sistema e não constava ela como sendo pessoa habilitada. J: Como motorista habilitada? T: Sim. J: Mas o que ocorreu primeiro: a sua consulta ou a constatação da falsidade? T: Não, a constatação. Eu vi, não era verdadeira, aí já fiz a consulta pra ter certeza. J: Dada a palavra ao Ministério Público. MP: O senhor lembra se havia acontecido um acidente com danos materiais? T: Não lembro, que aí a gente faz barreira. Periodicamente a gente faz barreira e não lembro se foi feito acidente, foi uma abordagem de rotina ou não. Ah, eu acho que foi feito o acidente sim. Foi um acidente no sentido bairro-centro se não me engano. assinatura? T: É minha assinatura. MP: Na fl. 08 aqui consta sua MP: Consta aqui "Que a participante 2 envolveu-se em acidente de trânsito com danos materiais em data, hora e local supra mencionado juntamente com o participante 3, condutor do veículo dois. Os veículos não estão sendo apresentados. Foram liberados no local." Lembra se isso confere com o que aconteceu? T: Lembro, agora estou me recordando. Eu tava em deslocamento de patrulhamento, não era barreira. Eu tava deslocando pro bairro-centro, aí nos 4

deparamos com um acidente de danos materiais. Perguntamos se tinha alguém machucado e não havia. Foi identificado as partes. Não me lembro se acho que os veículos foram conduzidos por um amigo dela se não me engano. MP: O senhor lembra se a CNH apresentada foi esta aqui cuja cópia consta na fl. 21? T: Não lembro, mas deve ser, não tenho certeza. J: Dada a palavra à Defesa. D: O depoente poderia dizer quem o chamou? T: Eu tava em patrulhamento do bairro-centro e vi o acidente, aí não me lembro se Não, não fui. J: Então o senhor não foi acionado? T: J: O senhor chegou e constatou a existência do acidente? T: Exatamente. Não lembro também se tava a EPTC no local, não me recordo. J: Nada mais. (fls. 71/72). Por sua vez, Felipe Acosta Duarte, à época dos fatos noivo da acusada, apenas acrescentou que foi chamado por Lizandra em razão do acidente de trânsito em que ela se envolveu (fls. 72/73) Some-se a isso a documental comprovação da falsificação (fls. 20/23), afirmando os louvados no laudo oferecido que a superfície que coninha os dados relativos ao condutos de um espelho originalmente autêntico foi subtraída, preservando o verso do documento e as margens impressas calcograficamente. No lugar da superfície subtraída, foi colocada uma 5

lâmina de papel comum, com as cores e os dizeres de preenchimento impressos por meio de impressora do tipo jato de tinta, a qual foi plastificada, e induvidosas existência e autoria das infrações imputadas à denunciada. Não há pois, cogitar da deficiência probatória aventada pela defesa, mesmo porque, se a parcial confissão da acusada, aliada às provas oral, documental e pericial produzidas não se mostra suficiente para ensejar o acolhimento da pretensão acusatória desenvolvida, não vislumbro hipótese de suficiência de elementos probatórios para a condenação de algum denunciado. Por outro turno, não merece guarida a versão apresentada pela ré que, admitindo a posse e a apresentação da CNH falsa, recusa ciência da falsidade do documento. A uma, pois, ao tempo em que ocorreu o fato ora em exame, contrariamente ao que alega, não estava frequentando curso de formação de condutores. A duas, porquanto não se afigura crível que tenha recebido a CNH de pessoa que nem sequer identifica, e que, segundo diz, a estaria sempre dentro do CFC, mesmo porque, como visto, não frequentava centro algum à época do evento, consoante evidenciam os documentos juntados pela própria defesa (fls. 51 e 52). Sem razão o defensor, portanto, na alegação de que se revela ausente dolo no proceder observado pela denunciada que se utilizou, efetivamente, do documento que sabia ser falso. Por derradeiro, não prospera a 6

alegação de atipicidade da conduta (relativamente ao crime de uso de documento falso), em virtude de, segundo afirmado, tratar-se de falsificação grosseira, porquanto nenhum registro a respeito há no laudo pericial, merecendo registro, no particular, a circunstância - afirmada em resposta à acusação - de que a ré já tinha sido abordada anteriormente e liberada, depois de exibir a CNH falsificada. Impositivo, portanto, o acolhimento da pretensão acusatória tal como desenvolvida. 3. Individualização das penas Verifico que a ré tinha consciência da ilicitude das ações praticadas, nada havendo de especial a elevar o grau de reprovabilidade da conduta que observou. Não há dados reveladores de personalidade e conduta social. Não registra antecedentes (certidão, fl. 83). Circunstâncias e motivos, os da espécie. Não houve maiores consequências. Dados tais parâmetros, relativamente ao crime de uso de documento falso, fixo a pena base em dois anos de reclusão, tornando-a definitiva, por ausentes causas outras que determinem alteração. Com respeito ao crime de dirigir veículo automotor sem habilitação, fixo a pena base em seis meses de detenção, tornando-a definitiva, por ausentes circunstâncias outras que ensejem modificação. Presentes os requisitos de que trata o artigo 44 do Código Penal, substituo a pena privativa de 7

liberdade por restritivas de direito, consistentes na prestação de serviços à comunidade, cujas tarefas serão indicadas pela Vara de Execuções Penais e desenvolvidas graciosamente, pelo mesmo tempo estabelecido para a sanção carcerária, e na prestação pecuniária, no valor de um salário mínimo. Com respeito à pena cumulativa, observadas as diretrizes já expostas, fixo-a em dez dias-multa, (uso de documento falso) cada um à razão de um trigésimo do salário mínimo vigente à época do fato, pois não há dados que permitam aferição da situação financeira da denunciada. 4. Daí por que julgo procedente a ação penal e condeno a ré LIZANDRA MACEDO BAPTISTA à prestação de serviços à comunidade, pelo prazo de dois anos e seis meses, à prestação pecuniária, no valor de um salário mínimo, e ao pagamento de dez dias-multa, à razão de um trigésimo do salário mínimo vigente à época do fato, a unidade, por infração ao disposto no art. 304 Código Penal e no art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro, na forma do art. 69 daquele diploma legal. Custas pela apenada. Regime prisional o aberto. cartório: estatístico. Transitada em julgado, deverá o I - Preencher e devolver o boletim II - Comunicar ao TRE (art. 15, III, 8

CF). dos culpados. III - Lançar o nome da apenada no rol IV - Expedir o PEC. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Porto Alegre, 14 de agosto de 2013. Honorio Gonçalves da Silva Neto, Juiz de Direito. 9