Nas cidades brasileiras, 35 milhões de usam fossa séptica para escoar dejetos Presentes em 21,4% dos lares brasileiros, tais instalações são consideradas inadequadas no meio urbano, pois podem contaminar os lençóis freáticos São Paulo, 05 de julho de 2007 Aceitáveis no meio rural, mas nem tanto no urbano, as fossas sépticas proliferam-se mesmo é nas cidades. Dos 39,4 milhões de brasileiros que utilizam-nas para escoar dejetos e esgoto sanitário, 34,9 milhões vivem no meio urbano. No meio rural, onde este tipo de instalação é mais aceitável, 4,5 milhões de usam-nas. Elas são o meio de escoamento em 21,4% dos lares brasileiros maior proporção desde 1999. As fossas sépticas, além disso, estão longe de serem substituídas. Em 2005, 1,3 milhão de novas residências foram construídas no Brasil. Pouco mais de 1 milhão foram erguidas nas cidades. Destas, cerca de 536 mil destas, com 1,8 milhão de, optaram por instalar fossas sépticas. Nas fossas sépticas, o esgoto e os dejetos passam por um processo de tratamento ou decantação. A parte líquida é absorvida pelo próprio terreno ou canalizada para um desaguadouro geral do local, região ou município. As causas da opção por fossas sépticas são variadas. Em alguns casos, trata-se de uma ascensão sanitária. Casas servidas por meios mais rústicos ou sem qualquer tipo de instalação para escoar dejetos podem optar por fossas sépticas. Em outras situações, a construção da casa costuma ocorrer antes da implantação da rede geral de esgoto, principalmente em novos loteamentos urbanos. Depois, o morador não tem disposição para arcar, com recursos próprios, a ligação entre a fossa e a rede geral na rua, quando esta chega aos bairros. Uma terceira explicação é a dificuldade para levar a rede geral em áreas invadidas ou até o impedimento, pela lei, quando são erguidas em áreas de preservação ambiental. Para a Abdib, o meio ideal de escoamento de esgoto nas cidades é a rede geral. No entanto, diante da realidade brasileira, as fossas sépticas podem ser aceitas como uma solução temporária. Newton Azevedo, vice-presidente da Abdib e coordenador do comitê de Saneamento Básico da entidade, acredita que esse retrato mostra que a resolução do problema da
falta de condições adequadas de saneamento está bastante além da simples aprovação de um marco regulatório para o setor. Estados, municípios, cada qual onde couber, agora, precisam rapidamente elaborar políticas públicas, planos de metas e planejar a expansão, utilizando as possibilidades existentes para ampliar o atendimento, sobretudo na coleta e tratamento de esgoto, diz. Azevedo acredita que o ideal é utilizar fossas sépticas somente no meio rural, onde a distância entre as propriedades, muitas vezes, demanda um investimento enorme para a construção de uma rede geral de coleta de esgoto, sem a possibilidade de haver retorno financeiro por meio de cobrança de tarifas. Além disso, a menor quantidade de casas ajuda a evitar um problema ambiental. A situação só não é pior entre aqueles que despejam o esgoto dos banheiros e sanitários em fossas rudimentares conhecidas como fossas negras, buracos ou poços ou diretamente em valas, rios, lagos ou mar. Nessas condições, há, nas cidades brasileiras, 31,8 milhões de residentes em 8,7 domicílios. No meio rural, há 17,4 milhões de em 4,5 milhões de residências nessa situação. Os dados alertam para um descaso antigo que pode criar uma bomba relógio nos centros urbanos. Por mais que as fossas sépticas tragam mais segurança ambiental no escoadouro dos dejetos em comparação a outros métodos mais rústicos, há um risco enorme de contaminação de lençóis freáticos que, mais à frente, abastecem populações que não são atendidas por rede geral de água. Desde 1999, a situação permanece inalterada. Naquele ano, 23,1% das casas nas cidades usavam fossa séptica, 22,5% em 2005. O escoadouro por fossas rústicas ou diretamente em valas e sistemas fluviais e pluviais melhorou também: 21,4% das casas nas cidades usavam essa instalação em 1999, contra 19,5% em 2005. No meio urbano, devido à enorme quantidade de dejetos, esgoto tem de ser coletado e tratado por rede geral, defende o vice-presidente da Abdib. Qualquer outra alternativa é paliativo, resume. ONDE ESTÃO AS RESIDÊNCIAS NO BRASIL Brasil cidades campo 1999 42.851.326 34.870.828 7.980.498 2001 46.507.196 39.613.032 6.894.164 2004 51.752.528 43.794.566 7.957.962 2005 53.052.621 44.860.739 8.191.882 Fonte: IBGE. Elaboração: Abdib.
ONDE ESTÃO AS RESIDÊNCIAS COM FOSSA SÉPTICA 1999 08.072.487 29.417.431 NAS CIDADES 2001 09.123.559 32.610.519 2004 09.555.723 33.118.265 2005 10.092.128 34.890.259 1999 0.942.855 3.618.357 NO CAMPO 2001 0.801.332 2.889.011 2004 1.251.192 4.526.584 2005 1.273.554 4.532.107 QUANTO DAS CASAS USAVAM FOSSA SÉPTICA... 1999 23,1% 11,8% 21,0% 2001 23,0% 11,6% 21,3% 2004 21,8% 15,7% 20,9% 2005 22,5% 15,5% 21,4% ONDE ESTÃO AS RESIDÊNCIAS COM FOSSAS RUDIMENTARES E OUTROS MEIOS 1999 07.472.343 29.509.447 NAS CIDADES 2001 08.346.550 32.080.688 2004 08.863.825 32.898.179 2005 08.747.450 31.825.620 1999 4.046.119 16.151.894 NO CAMPO 2001 3.555.454 13.604.353 2004 4.324.335 16.612.398 2005 4.544.794 17.432.350 QUANTO DAS CASAS ESTAVAM NESTA SITUAÇÃO EM... 1999 21,4% 50,7% 26,9% 2001 21,1% 51,6% 25,6% 2004 20,2% 54,3% 25,5% 2005 19,5% 55,5% 25,1%
ONDE ESTÃO AS RESIDÊNCIAS SEM QUALQUER INSTALAÇÃO PARA ESCOAR ESGOTO 1999 01.002.440 34.870.828 NAS CIDADES 2001 01.241.603 39.613.032 2004 00.823.680 43.794.566 2005 00.776.044 44.860.739 1999 02.628.471 07.980.498 NO CAMPO 2001 02.310.987 06.894.164 2004 02.076.808 07.957.962 2005 02.027.933 08.191.882 QUANTO DAS CASAS ESTAVAM NESTA SITUAÇÃO EM... 1999 2,9% 32,9% 08,5% 2001 3,1% 33,5% 07,6% 2004 1,9% 26,1% 05,6% 2005 1,7% 24,8% 05,3% ONDE ESTÃO AS RESIDÊNCIAS COM REDE GERAL 1999 18.318.875 64.329.749 NAS CIDADES 2001 20.896.297 71.830.546 2004 24.548.662 81.317.147 2005 25.245.117 82.502.786 1999 02.942.855 03.618.357 NO CAMPO 2001 02.224.277 00.840.786 2004 02.305.627 01.100.093 2005 02.345.601 01.289.861 QUANTO DAS CASAS ESTAVAM NESTA SITUAÇÃO EM... 1999 52,5% 04,5% 43,6% 2001 52,8% 03,2% 45,4% 2004 56,1% 03,8% 48,0% 2005 56,3% 04,2% 48,2%
RJ, SP e MG têm 16,6 milhões de sem acesso adequado ao saneamento Priorizados pelos recursos federais, as áreas urbanas dos três estados concentram 3,6 milhões de casas com condições precárias de coleta de esgoto São Paulo, 05 de julho de 2007 Os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, priorizados, em um primeiro momento, para receber recursos federais para obras em saneamento, têm um enorme desafio nesta área. Os três, juntos, concentram 4,7 milhões de residências ou 16,6 milhões de brasileiros sem atendimento à coleta de esgoto ou com acesso precário. Os dados foram extraídos pela Abdib da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2005, do IBGE, lançada em 2006, e mostram o desafio que será universalizar os serviços de saneamento no Brasil, inclusive nas regiões urbanas nestes três estados. Uma análise das condições de saneamento nos três estados mostra que o desafio é enorme. Essa região concentra uma população, urbana e rural, formada por 22,7 milhões de residências (74,8 milhões de ). A zona urbana de SP, MG e RJ concentra grande parte dos desafios. Entre a população urbana paulista, mineira e fluminense, 3,6 milhões de residências (12,4 milhões de ) não contam com condições adequadas de coleta de esgoto. Nas áreas urbanas dos três estados, 1,9 milhão de casas (6,3 milhões de ) são atendidas por fossas sépticas, 1,6 milhão de casas (5,8 milhões de ) são atendidas por fossas rudimentares ou outros meios e 62,5 mil casas (190,7 mil ) são contam com qualquer forma de escoar dejetos. O estado de São Paulo tem o melhor índice de atendimento na zona urbana: 91,3% das casas são atendidos por rede geral de coleta de esgoto. No estado de Minas Gerais, 85,9% das casas localizadas na área urbana são atendidos por rede geral de coleta de esgoto. No estado do Rio de Janeiro, 60,1% das casas localizadas na área urbana são atendidos por rede geral de coleta de esgoto. O estado do Rio de Janeiro é o que concentra a maior proporção de residências que, na área urbana, escoam dejetos por fossas sépticas, fossas rudimentares ou outros meios, como valas. Nas áreas urbanas fluminenses, 39,7% das casas estão nesta situação, contra 8,5% nas cidades paulistas e 13,4% nas cidades mineiras.
A SITUAÇÃO DO SANEAMENTO BÁSICO NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO REDE GERAL casas %/total %/total casas cidade 2.876.099 60,1% 8.568.941 57,7% 4.787.889 14.839.087 RJ campo 13.050 8,3% 46.355 8,8% 156.444 525.140 FOSSAS SÉPTICAS casas %/total %/total casas cidade 1.418.685 29,6% 4.595.255 31,0% 4.787.889 14.839.087 RJ campo 48.648 31,1% 155.783 29,7% 156.444 525.140 FOSSAS RUDIMENTARES E OUTROS MEIOS casas %/total %/total casas cidade 481.789 10,1% 1.639.592 11,0% 4.787.889 14.839.087 RJ campo 92.768 59,3% 318.145 60,6% 156.444 525.140 SEM QUALQUER INSTALAÇÃO casas %/total %/total casas cidade 11.316 0,2% 35.299 0,2% 4.787.889 14.839.087 RJ campo 1.978 1,3% 4.857 0,9% 156.444 525.140 Fonte: PNAD - IBGE - 2006. Elaboração: Abdib.