DISCURSO PROFERIDO PELO DEPUTADO GIVALDO CARIMBÃO (PSB/AL), NA SESSÃO SOLENE REALIZADA EM.../.../..., PELA CÂMARA DOS DEPUTADOS EM HOMENAGEM AOS 188 ANOS DE EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DO ESTADO DE ALAGOAS. Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados, A história de Alagoas, é um relato desse pequeno Estado brasileiro (o segundo menor, depois de Sergipe), que ao longo de quase cinco séculos, vem demonstrando ao país, que tem um povo trabalhador, honesto e sempre esperançoso. O progresso do Sul da Capitania de Pernambuco conhecido como Alagoas, fez com que sua população fosse logo desejando a independência. No início da segunda década do século XVIII, foi criada a Comarca de Alagoas, sob a jurisdição da Capitania de Pernambuco, e nomeado o primeiro Ouvidor Geral: José da Cunha Soares. Por não existir cursos jurídicos no Brasil, esse cargo era destinado a quem fosse mais letrado, com espírito de liderança. Transformava-se em comandante da Justiça, da Política e da Economia. E no período de mais de um século, entre 1711 a 1817, ano de sua emancipação política, Alagoas teve 17 ouvidores-gerais. 1
Orgulhamo-nos de nossa história, rica em fatos marcantes da própria história do Brasil. Aconteceu em Alagoas por volta de 1630, a maior revolta de escravos ocorrida no País, onde se organizou o famoso Quilombo dos Palmares, uma confederação de quilombos organizada sob a direção de Zumbi, o chefe guerreiro dos escravos revoltosos. Palmares chegou a ter população de 30 mil habitantes, distribuídos em várias aldeias, onde plantavam milho, feijão, mandioca, batata-doce, banana e cana-de-açúcar. Também criavam galinhas e suínos, conseguindo extrair um excedente de sua produção, que era negociado nos povoados vizinhos. A fartura de alimentos em Palmares foi um dos fatores fundamentais para a sua resistência aos ataques dos militares e brancos em geral, durante 65 anos. Foi destruído em 1694. Em 1695, Zumbi fugiu e foi morto, acabando assim o sonho de liberdade daqueles ex-escravos, que só viriam a conhecer a sua libertação oficial em 1888. Foi na segunda metade do século XVIII, que surgiu Maceió, de um engenho de açúcar denominado Massayó. A palavra é de origem indígena, significando terra alagadiça, que deu origem ao riacho com o mesmo nome. Em 5 de dezembro de 1815, o povoado é elevado a categoria de Vila, desmembrando-se da Vila de Alagoas (atual Marechal Deodoro). Surgiram as povoações de Anadia, Atalaia, Camaragibe, São Miguel dos Campos, Poxim e Porto de Pedras. A Comarca tinha como sede a vila de Alagoas, atual Marechal Deodoro, uma espécie de capital, já com suas Igrejas monumentais, ainda hoje preservadas. Penedo, Porto Calvo e Santa Luzia do Norte, eram as outras vilas, que continuavam crescendo e atraindo novos moradores. 2
A Comarca de Alagoas provocava ciúmes em meio às lideranças da Capitania de Pernambuco, destacando-se com uma economia consolidada desde o período colonial: produção de açúcar, criação de gado, engenhos. Nas duas primeiras décadas do século XIX, já apresentava-se em condições de se tornar independente. Mas os donatários não aceitavam. Afinal, era de Alagoas que eles abocanhavam uma boa parcela da arrecadação de impostos, além da grande produção de açúcar dos nossos engenhos. Mas a região que já tinha sido submetida ao domínio holandês, invadida por piratas em busca do pau-brasil e outras preciosidades, e que já tinha sofrido a dizimação de grande parte de sua população indígena pelos próprios colonizadores não iria capitular. O povo alagoano soube aproveitar a Revolução Pernambucana, que tinha como objetivo libertar-se de Portugal e, iniciou seu longo plano em busca da emancipação política. O decreto assinado por Dom João VI, em 16 de setembro de 1817, emancipando Alagoas de Pernambuco, transformando a Comarca em Capitania, estabeleceu como capital a vila de Alagoas (atual Marechal Deodoro) e nomeando como primeiro governador, o português Sebastião Francisco de Melo e Póvoas, que acabara de governar a Capitania do Rio Grande do Norte. Alguns historiadores insinuam que a transformação de Alagoas em capitania autônoma foi represália à Revolta Pernambucana. O certo é que com a independência do Brasil, em 1822, Alagoas tornou-se província. Em 1839, Maceió passa a ser capital, em substituição à cidade de Alagoas, 3
hoje Marechal Deodoro, em homenagem a seu mais ilustre filho, que proclamou a República e foi o primeiro presidente do Brasil. Maceió crescia a olhos vistos. Logo surgiram as ruas do Comércio, do Sol, Livramento, Boa Vista, Moreira Lima, Augusta, Nova, Alegria e as praças Dom Pedro II e Martírios. Quando da independência do Brasil, Alagoas já esbanjava progresso, tendo o açúcar, como seu carro-chefe. Dezenas de engenhos produziam e exportavam através do Porto de Jaraguá. Os governadores passaram a ser denominados presidentes. E o primeiro deles, nomeado por Dom Pedro I, foi o pernambucano Nuno Eugênio de Lossio, que instalou o Conselho de Governo e autorizou as eleições para deputados e senadores. O segundo presidente, foi o mineiro Cândido José de Araújo Viana (Marquês de Sapucaí), que ficou no cargo apenas cinco meses, período em que instalou o Correio Provincial. É substituído por Miguel Veloso da Silveira Nóbrega e Vasconcelos, que determinou a criação de câmaras municipais nas cidades e vilas. E novos governantes, chegavam e saiam em pouco tempo. Eram baianos, pernambucanos, mineiros, paulistas, gaúchos e de outras províncias, que não se adaptavam por lá e terminavam renunciando. Em 1831, surge o primeiro jornal impresso de Alagoas, mais precisamente em Maceió: o Iris Alagoense. Depois, o nome foi substituido por O Federalista Alagoense, já impresso em Maceió. A vila já estava com ares de capital. Tinha até jornal, enquanto a capital propriamente dita (Alagoas, atual Marechal Deodoro) entrava em processo de decadência. Em 1849, surge o primeiro estabelecimento de ensino secundário: Lyceu Alagoano, ainda hoje funcionando com nome original. 4
Pulando para os anos 1960, Alagoas passa por uma grande diversificação, beneficiada pelos programas da Sudene, a exploração de sal-gema e pelos investimentos da Petrobrás para a produção de petróleo. Atualmente, os grandes investimentos têm vindo do turismo, tanto na capital, como no interior. Alagoas está localizada em local abençoado no Nordeste Brasileiro, cercado de riquezas incontáveis em belezas naturais. A atividade que mais cresce é o turismo em Alagoas, graças a suas belas praias, variedade de paisagens e diversidade cultural e gastronômica. Nossos parabéns a todos os alagoanos na comemoração dos 188 anos de nossa emancipação política. Que esse exemplo de luta, de participação e de determinação continue a nos orientar em busca de um futuro melhor para todos os alagoanos. Muito obrigado. Sala das Sessões, em de setembro de 2005. Deputado GIVALDO CARIMBÃO PSB/AL 5