NEWSLETTER I LABORAL NEWSLETTER LABORAL I Agosto, 2014 I Legislação em Destaque 2 II Legislação 4 III Jurisprudência 5
NEWSLETTER LABORAL I LEGISLAÇÃO EM DESTAQUE Portaria n.º 149-A/2014. D.R. n.º 141, Suplemento, Série I de 2014-07-24 Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social Foi publicada a Portaria n.º 149-A/2014, de 24 de Julho, que procede à criação da Medida Estímulo Emprego, que consiste na concessão ao empregador de um apoio financeiro à celebração de contratos de trabalho com desempregados inscritos no Instituto do Emprego e da Formação Profissional, I.P. (IEFP, I.P.). O empregador, que poderá ser uma pessoa singular ou colectiva de natureza jurídica privada, com ou sem fins lucrativos, deverá reunir alguns requisitos para poder candidatar-se, designadamente ter a sua situação regularizada em matéria de impostos e de contribuições para a Segurança Social. A atribuição do apoio financeiro subjacente à Medida depende do preenchimento dos seguintes critérios: 1) Celebração de contrato de trabalho, a tempo completo ou parcial, com desempregado inscrito no IEFP, I.P.: a. Beneficiário de prestação de desemprego; b. Beneficiário de Rendimento Social de Inserção (RSI); c. Cujo cônjuge ou pessoa com quem viva em união de facto se encontre igualmente em situação de desemprego, inscrito no IEFP, I.P.; d. Há pelo menos 60 dias consecutivos, nos casos de desempregados com idade inferior a 30 anos ou com idade mínima de 45 anos ou ainda outros desempregados que não tenham registos na Segurança Social como trabalhadores por conta de outrem nem como trabalhadores independentes nos últimos 12 meses que precedem a data da candidatura; e. Que integre família monoparental, vítima de violência doméstica, ou com deficiência ou incapacidade; f. Ex-recluso e aquele que cumpra ou tenha cumprido penas ou medidas judiciais não privativas de liberdade em condições de se inserir na vida activa; g. Toxicodependente em processo de recuperação; h. Inscritos há pelo menos 6 meses consecutivos. 2) Criação líquida de emprego e a manutenção do nível de emprego atingido por via do apoio; 3) Proporcionar formação profissional durante o período de duração do apoio; WWW.CUATRECASAS.COM NEWSLETTER I LABORAL 2/7
4) A remuneração oferecida tem que respeitar a Retribuição Mínima Mensal Garantida e, quando aplicável, o respectivo instrumento de regulamentação colectiva de trabalho. Consoante o tipo de contrato de trabalho que o empregador celebre ao abrigo desta Medida, terá direito aos seguintes apoios financeiros: 80% do Indexante dos Apoios Sociais (IAS = 419,22) multiplicado por metade do número inteiro de meses de duração do contrato, não podendo ultrapassar o valor de 80% do IAS vezes 6. Este apoio financeiro é excepcionalmente calculado com base em 100% do IAS quanto a desempregados: a. Inscritos no IEFP, I.P. há pelo menos 12 meses consecutivos; b. Com idade inferior a 30 anos; c. Com idade igual ou superior a 45 anos; d. Beneficiários de prestações de desemprego; Contratos a Termo Certo e. Que integrem família monoparental; f. Cujo cônjuge ou pessoa com quem vivam em união de facto se encontre igualmente em situação de desemprego, inscrito no IEFP, I.P.; g. Vítimas de violência doméstica; h. Com deficiência e incapacidade; i. Ex-reclusos e aqueles que cumpram ou tenham cumprido penas ou medidas judiciais não privativas de liberdade em condições de se inserirem na vida activa; j. Toxicodependentes em processo de recuperação; k. Beneficiários de RSI. Contratos Sem Termo 1,1 IAS vezes 12 Contratos a Tempo O apoio é reduzido proporcionalmente, tendo por base Parcial um período normal de trabalho de 40h semanais. Esta Medida pode ser cumulada com medidas que prevejam a isenção total ou parcial de contribuições para o regime da Segurança Social, não sendo, contudo, cumulável com outros apoios directos ao emprego aplicáveis ao mesmo posto de trabalho. WWW.CUATRECASAS.COM NEWSLETTER I LABORAL 3/7
Os contratos de trabalho a termo certo apoiados no âmbito da Medida Estímulo 2013 podem beneficiar do prémio de conversão de contratos de trabalho a tempo certo em contratos sem termo previsto na Portaria n.º 106/2013, de 14 de Março. Portaria n.º 149-B/2014. D.R. n.º 141, Suplemento, Série I de 2014-07-24 Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social Foi publicada a Portaria n.º 149-B/2014, de 24 de Julho, que introduz alterações à Medida Estágios Emprego. Os Estágios Emprego passam a poder ser utilizados no desenvolvimento de estágios para acesso a profissões reguladas, sem prejuízo das decisões próprias das Associações Públicas Profissionais. O âmbito de aplicação também foi alargado a outros tipo de desempregados, como exreclusos e toxicodependentes em recuperação. Sublinhe-se que a Medida Estágios Emprego deixa de ser aplicável a autarquias locais e entidades que integram o sector empresarial do Estado ou sector local. A duração destes estágios foi reduzida para 9 meses, pese embora exista a possibilidade de prorrogação até 12 meses em situações devidamente fundamentadas a apreciar pelo IEFP, e que deverão ser suscitadas durante a realização do estágio, em função do cumprimento do plano de estágio ou de situações que sejam relevantes para a empregabilidade futura. Os estágios desenvolvidos no âmbito de projectos reconhecidos pelo IEFP como de interesse estratégico para a economia nacional ou de determinada região podem ter a duração de 6, 9 ou 12 meses. O IEFP deixou de comparticipar integralmente as bolsas de estágio, reduzindo a comparticipação para 80% ou 65%, dependendo da situação abrangida. Prevê-se um acréscimo de 15% em situações especiais identificadas na lei. II LEGISLAÇÃO Lei n.º 48-A/2014. D.R. n.º 146, Suplemento, Série I de 2014-07-31 Assembleia da República Procede à segunda alteração da Lei n.º 23/2012, de 25 de Junho, prorrogando o prazo de suspensão das disposições de instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho e das cláusulas de contrato de trabalho até 31 de Dezembro de 2014, sobre: WWW.CUATRECASAS.COM NEWSLETTER I LABORAL 4/7
a) Acréscimos de pagamento de trabalho suplementar superiores aos estabelecidos pelo Código do Trabalho; e b) Retribuição do trabalho normal prestado em dia feriado, ou descanso compensatório por essa mesma prestação, em empresa não obrigada a suspender o funcionamento nesse dia. III JURISPRUDÊNCIA Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa de 2014-07-02 Sucessão de Contratos a Termo e Prescrição de Créditos Laborais O Tribunal da Relação de Lisboa foi chamado a apreciar o caso de um trabalhador de uma empresa de handling que havia sido sucessivamente contratado a termo pelo mesmo empregador, num total de 3 contratos a termo certo, e que, por último, celebrou um contrato por tempo indeterminado. Na acção que deu entrada a 19 de Novembro de 2012, o trabalhador pretendia que o Tribunal declarasse a progressão automática na carreira da categoria profissional de Operador de Assistência, condenando a empresa no pagamento das diferenças salariais devidas. Em 1.ª Instância, o Tribunal de Trabalho de Lisboa absolveu o empregador do pedido, reconhecendo a prescrição invocada relativamente às pretensões e créditos que o trabalhador reclamava na acção. O Tribunal de Trabalho de Lisboa não acolheu a argumentação do trabalhador de que sempre fora um trabalhador sem termo, e de que se deveria considerar a relação de trabalho como única desde 3 de Junho de 2005, data da celebração do primeiro contrato a termo. De facto, o Tribunal considerou que, para efeitos de créditos decorrentes de eventual invalidade da relação contratual, devia ter-se em conta a data da cessação do segundo contrato. Chamado a pronunciar-se, o Tribunal da Relação de Lisboa começou por analisar a sucessão de contratos, concluindo que entre o primeiro e o segundo contrato a termo não houve qualquer hiato temporal, pois um terminou a 31 de Outubro de 2005 e o outro começou logo no dia seguinte, em 1 de Novembro, tendo-se prolongado até 31 de Outubro de 2006; o terceiro contrato a termo vigorou entre 1 de Dezembro de 2006 e 30 de Novembro de 2007, sendo que a 2 de Fevereiro de 2008 as Partes firmaram um contrato de trabalho por tempo indeterminado. O Tribunal considerou ter havido uma sucessão temporal entre o primeiro e o segundo contrato e um intervalo de 1 mês (Novembro de 2006) e de 2 meses e 1 dia (Dezembro de 2007, Janeiro de 2008 e o 1.º dia de Fevereiro do mesmo ano) entre, respectivamente, o segundo e o terceiro e este e o quarto contratos. WWW.CUATRECASAS.COM NEWSLETTER I LABORAL 5/7
O Tribunal da Relação de Lisboa concluiu que os contratos foram sempre celebrados entre o mesmo trabalhador e o mesmo empregador, nunca tendo havido verdadeiramente uma situação de autonomia e disponibilidade desde 3 de Junho de 2005 até à propositura desta acção relativamente ao empregador, conforme é pressuposto pelo prazo de prescrição de 1 ano. De facto, o Tribunal entendeu que o cenário descrito nos autos nunca criou ao trabalhador as condições mínimas legalmente reclamadas para o exercício dos direitos emergentes dos contratos a termo, afirmando que o início da contagem do prazo prescricional relativamente a esses três contratos a termo, a ter tido lugar no dia 1 de Novembro de 2006 (recorde-se que entre o primeiro e o segundo não houve qualquer interlúdio temporal) se suspendeu com o início da relação laboral radicada no terceiro contrato de trabalho a termo certo (isto é, consumindo somente o período de 1 mês do prazo prescricional de 1 ano), tendo retomado a sua contagem no dia 1 de Dezembro de 2007 para ser suspenso de novo no dia 2 de Fevereiro de 2008 (aí se somando mais dois meses e 1 dia), estando finalmente suspenso desde essa data até então. No entender do Tribunal da Relação de Lisboa, o prazo de 1 ano sobre o termo de qualquer um dos três contratos de trabalho a termo certo nunca transcorreu na íntegra, dado ter sido alvo de suspensão. O Tribunal da Relação de Lisboa considerou ainda que tal suspensão, a não ter ocorrido por força do próprio n.º 1 do artigo 381.º do Código do Trabalho de 2003 (aplicável a este caso), poderia eventualmente radicar-se em motivo de força maior, conforme estipulado pelo artigo 321.º do Código Civil. No entendimento do Tribunal, se se sucedem diversos contratos de trabalho a termo, intervalados entre si, o prazo de prescrição relativamente aos créditos emergentes dos contratos já cessados, sendo certo que se iniciou no dia subsequente ao da respectiva cessação, tem de considerar-se novamente suspenso a partir do momento em que, entre as partes, se celebrou novo contrato, pois a razão de ser que conduziu o legislador a optar pela mencionada especificidade quanto à prescrição dos créditos laborais subsiste. O Tribunal da Relação de Lisboa decidiu, pois, julgar procedente o recurso interposto pelo trabalhador, tendo julgado improcedente a excepção de prescrição arguida pelo empregador. WWW.CUATRECASAS.COM NEWSLETTER I LABORAL 6/7
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