PROVA DE AFERIÇÃO (RNE) Questões de Prática Processual Penal, Direito Constitucional e Direitos Humanos. Teórica. (10 valores)

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Transcrição:

ORDEM DOS ADVOGADOS CNA Comissão Nacional de Avaliação 4 de Maio de 2012 PROVA DE AFERIÇÃO (RNE) Questões de Prática Processual Penal, Direito Constitucional e Direitos Humanos Teórica (10 valores)

I - No dia 15 Maio de 2012 cerca das 14.00 h da tarde, um cidadão de seu nome António Justo dirigiu-se à 26ª Conservatória do Registo Predial de Barbas de Cima, com o intuito de registar uma convenção antenupcial. Sob a circunstância de um alegado mau atendimento prolongado, o cidadão em questão solicitou o livro de reclamações, tendo nele feito constar as seguintes frases: sendo atendido pelo funcionário João Tenebroso, este demonstrou inteira má vontade a partir do momento em que questionei o facto de ter sido chamado para atendimento e ter ido fazer outras coisas, tendo já aguardado 1 hora no local. O referido funcionário impediu mesmo o acto, exigindo outros documentos que anteriormente não foram solicitados a apresentar. Só posso acreditar que, num acto execrável, o funcionário para vingar-se, fez uso de um abuso de poder. No seguimento deste registo, realizado no comummente designado livro amarelo, João Tenebroso, considerando as expressões utilizadas, naquela sede, como difamatórias, intentou acção (procedimento) judicial contra aquele primeiro. Do processo assim nascido, em 1ª instância, a saber o processo nº 0001/122.1TAVVV, resultou a condenação de António Justo pelos crimes de injúria agravada e difamação agravada, esta última, especificamente justificada pela existência do registo escrito da expressão num acto execrável. Responda fundamentadamente às questões seguintes: 1) Ao abrigo de que direito o cidadão em causa apresentou a sua reclamação? (1 valor) 2) Com que direito ou direitos se conexiona o direito exercido por este cidadão? (1,5 valores) 3) Considera que o exercício desse direito foi abusivo? Justifique a resposta que deu. (1,5 valores) 4) No caso de o cidadão se defender em processo crime com base no uso legítimo do seu direito como integrando causa de exclusão da ilicitude do crime de difamação, vindo no entanto, a acusação a ser julgada procedente e a confirmar-se o trânsito

em julgado na ordem jurídica interna da decisão condenatória, a que outra via de tutela jurisdicional poderia vir a recorrer? (1,5 valores) II Explicite o conjunto de regras e princípios que se aplicam a todos os direitos fundamentais (regime geral ou regime comum). (4,5 valores)

ORDEM DOS ADVOGADOS CNA Comissão Nacional de Avaliação 4 de Maio de 2012 PROVA DE AFERIÇÃO (RNE) Questões de Prática Processual Penal, Direito Constitucional e Direitos Humanos Prática (10 valores)

No dia 10 de Janeiro de 2011, ANTÓNIO e BERNARDO encontravam-se com outros amigos, numa esplanada na Praça da Amizade, em Coimbra, a beber cerveja e a discutir sobre futebol. A discussão aqueceu e BERNARDO, já um pouco embriagado, desferiu vários socos e pontapés em ANTÓNIO e apropriou-se de um cachecol e de um gorro da Académica que eram deste. CARLOS E DIANA, que faziam parte do mesmo grupo de amigos, só com muito esforço, conseguiram separá-los e levar BERNARDO para casa. No dia 20 de Janeiro de 2011, ANTÓNIO apresentou queixa por todos os factos descritos. BERNARDO, contra quem apenas o MP deduziu Acusação, exatamente pelos factos descritos antes, foi agora notificado do Despacho que designa dia para a audiência. 1. Explique fundamentadamente quais os meios de reação e defesa de BERNARDO (3 valores). 2. Elabore a defesa escrita completa de BERNARDO, como advogado dele, nos exatos termos em que a enviaria a tribunal (7 valores). Tome ainda em consideração, para os efeitos previstos em 1 e 2 precedentes, que BERNARDO não se conforma com a Acusação, afirmando que o cachecol e o gorro eram dele e não se lembra de ter dado socos e pontapés a ANTÓNIO, e que pretende indicar como testemunhas CARLOS e DIANA e ainda dois outros amigos, ERNESTO e FERNANDO, que não estavam com ele naquele dia, mas que conhecem bem o seu carácter e sabem que ele seria incapaz de praticar os factos de que está acusado.