INTERPRETAÇÃO DE ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE NO MUNICÍPIO DE ALTOS-PI1

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Transcrição:

INTERPRETAÇÃO DE ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE NO MUNICÍPIO DE ALTOS-PI1 Liriane Gonçalves Barbosa Mestranda do programa de pós-graduação em Geografia Universidade Estadual Paulista, campus de Presidente Prudente lirianegeoufpi@gmail.com Larissa Piffer Dorigon Mestranda do programa de pós-graduação em Geografia Universidade Estadual Paulista, campus de Presidente Prudente laridorigon@hotmail.com Renata dos Santos Cardoso Mestranda do programa de pós-graduação em Geografia Universidade Estadual Paulista, campus de Presidente Prudente renatacardoso16@gmail.com INTRODUÇÃO Este trabalho tem como objetivo discutir o conceito de Áreas de Proteção Permanente definido no Novo Código Florestal Brasileiro e sua aplicação hipotética levando em consideração a análise da organização topográfica e fitogeográfica do município de Altos-Piauí. A discussão teórica está centrada nas normativas definidas no Novo Código Florestal Brasileiro, enfaticamente aquelas que dizem respeito às APPs a partir da abordagem sistêmica de paisagem na perspectiva geográfica. O Código Florestal Brasileiro (LEI n. 12.651) é um instrumento legal de ordenamento do território brasileiro reformulado para atender aos anseios e necessidades do país no que diz respeito à questão econômica e de desenvolvimento sustentável. Oferece parâmetros normativos e norteadores de uso e manejo dos bens naturais do país, 1 Esse texto é um ensaio preliminar acerca da discussão de Áreas de Preservação Permanente definida no novo Código Florestal Brasileiro. A pesquisa está em fase de desenvolvimento do interesse das autoras pela interpretação do Código Florestal Brasileiro. 1524

principalmente em relação à proteção da vegetação. Esta lei dispõe de instrumentos legais de proteção da vegetação nativa do país. DISCUSSÃO TEÓRICA A origem normativa do conceito de área de preservação permanente - APP está relacionada à inserção legal do termo preservação permanente no âmbito da Lei nº 4.771/1965, considerada o segundo Código Florestal Brasileiro. O primeiro Código Florestal Brasileiro, Decreto nº 23.793, de 23/01/1934, não classificava as florestas e demais formas de vegetação como de preservação permanente. Com relação à sua definição, de acordo com o Novo Código Florestal, Lei nº 12.651/2012, Artigo 3º, Inciso II, entende-se por área de preservação permanente - APP: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas (BRASIL, 2012). O Novo Código Florestal trouxe novos parâmetros para a definição e delimitação das APPs. Anteriormente, a Lei nº 4.771/65 (BRASIL, 1965) considerava os topos de morros como APP e a Resolução 303/02 do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA apresentava os parâmetros, definições e limites. Após a publicação dessa nova Lei, não somente tais parâmetros foram alterados como também a forma de calcular sua delimitação, uma vez que a linha imaginária que define a base do morro (base legal, que se difere da base hidrológica) agora é dada pela cota do ponto de cela mais próximo à elevação (OLIVEIRA; FERNANDES FILHO, 2013). É importante ressaltar que na legislação revogada, se o morro apresentasse declividade superior à 17º na linha de maior declividade e altura mínima de 50 metros, o seu topo seria considerado como APP. Porém, o Artigo 4º, Inciso IX do Novo Código Florestal estabelece como APP as áreas no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 metros e inclinação média maior que 25, aproximadamente 47%, as áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação sempre em relação à base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho d água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação (BRASIL, 2012). 1525

Com esse novo conceito, grande parte das elevações existentes deixará de ter proteção permanente, pois não será mais considerada como morro. Os novos parâmetros de altura e declividade estabelecidos pelo Novo Código Florestal refletirão significativamente na proteção da paisagem dos relevos ondulados e nas elevações isoladas. Dessa forma, praticamente só as que hoje são consideradas montanhas poderão se enquadrar no novo conceito (AHMAD; RAMOS, 2012). Sobre as áreas de APP de cursos d água, consta no Artigo 4º, Inciso I que foram mantidas as mesmas dimensões da lei anterior, porém, são delimitadas a partir da borda da calha do leito regular e não do seu nível mais alto (BRASIL, 2012). Tendo em vista que o leito maior sazonal compreende o local onde as águas extravasam no período de cheias, correspondentes às planícies de inundação, a proteção dos cursos d água foi drasticamente reduzida, pois a faixa ao longo dos mesmos será alocada onde que se entende ser o próprio corpo d água (AHMAD; RAMOS, 2012). No que se refere às nascentes e olhos d água, tem-se no Artigo 3º, Incisos XVII e XVIII, e Artigo 4º, Inciso IV, o caráter perene para o conceito de nascente, mantendo o de intermitência somente para olho d água, com a definição de APP somente no entorno das nascentes e dos olhos d água perenes, no raio mínimo de 50 m (BRASIL, 2012). De acordo com Ahmad e Ramos (2012), estes aspectos resultarão em menor proteção dos recursos hídricos, pois além da mudança na definição das nascentes, a nova Lei não faz menção à proteção da bacia hidrográfica contribuinte. Esta questão, contemplada na Resolução CONAMA 303/02, possui desdobramento preocupante, uma vez que deixará de ser viabilizada a proteção adequada da área de recarga das nascentes, restringindo-a ao seu entorno imediato. Isso nos leva à conclusão de que as mudanças na legislação ambiental, que deveriam ser no sentido de possibilitar mecanismos para evitar maiores danos aos recursos naturais, na realidade constituem um sério agravante, pois o Novo Código Florestal contém valores mínimos de proteção. No texto atual, por exemplo, as áreas que devem ser obrigatoriamente recuperadas nas APPs foram reduzidas em 50% para os rios com menos de 10 metros de largura e não foram definidas para rios mais largos (SILVA, 2012, p. 27). Os solos e a vegetação nas zonas de influência de rios e lagos são sistemas de reconhecida importância no condicionamento de fluxos, na regulação de nutrientes minerais e condicionamento da qualidade da água, no abrigo da biodiversidade, com seu provimento de serviços ambientais e na manutenção de 1526

canais. Existe consenso científico de que essas faixas precisam ser mantidas o mais próximo possível do seu estado natural (SILVA, 2012, p. 103). Em relação às APPs de topo de morro e de encostas, estas compõem áreas de proteção para a vegetação natural dentro das propriedades. A presença de vegetação protetora em tais circunstâncias aumenta a estruturação do solo e, com isso, a permeabilidade, o que resulta em maior amortecimento do aporte e na infiltração da água e contribui para uma recarga lenta de aquíferos (SILVA, 2012). Nesse contexto, as constantes alterações no uso e cobertura da terra, não respaldadas por uma legislação ambiental coerente com a realidade paisagística do território brasileiro, resultam em impactos ambientais das mais diversas ordens. Logo, o monitoramento das modificações na paisagem, bem como a demarcação das áreas que por Lei devem ser protegidas, é necessário para evitar possíveis degradações ambientais decorrentes de ocupações irregulares e falta de manejo adequado. A vegetação atua como agente regulador de processos atmosféricos e intempéricos do solo e relevo, pois regula os diversos fluxos de troca de matéria e energia. Os fluxos de partículas de água na atmosfera e no solo através dos processos de evapotranspiração e infiltração. Influenciam nas características do solo, através da produtividade e fornecimento de matéria orgânica na sua composição química, textural e volumétrica. Atua ainda regulando os processos, quantidade e velocidade (BARBOSA; AUGUSTIN, 2000), de erosão de encostas. No caso da demarcação de APPs, objeto de estudo nesse trabalho, Oliveira e Fernandes Filho (2013, p. 4443) destacam que a realização desse procedimento em campo demanda conhecimento técnico e instrumentos específicos (GPS, altímetro, mapas topográficos etc.), além de grande esforço por se tratar muitas vezes de áreas de difícil acesso. Se por um lado é impraticável que isto seja feito pelos próprios produtores rurais (em sua grande maioria), por outro, é logisticamente inviável que os técnicos ambientais percorram todas as propriedades para fazê-lo. Como alternativa esse procedimento pode ser viabilizado através da utilização de técnicas de geoprocessamento e sensoriamento remoto. Suas técnicas e métodos possibilitam a identificação e análise de alvos de interesse e a aplicação da legislação que dizem respeito à questão ambiental, o que se torna um meio viável de análise e monitoramento de áreas de preservação ambiental (HOTT et al., 2004; NERY et al., 2013; OLIVEIRA, 2014). 1527

Portanto, a delimitação em sistemas de informação geográfica (SIG) apresenta maior rapidez e padronização nas medições, incluindo um banco de dados georreferenciado. Dessa forma, este trabalho se propõe a apresentar um cenário hipotético de aplicação de APPs no município de Altos-PI, conforme o disposto no Novo Código Florestal, a partir da análise da organização da cobertura vegetal e da topografia do relevo do município. ÁREA DE ESTUDO Altos é um município localizado no estado do Piauí (Figura 1) entre as coordenadas geográficas de 5 º02' Sul de latitude e 42º28' Oeste de longitude e faz parte região urbana da Grande Teresina (IBGE, 2014). Figura 1. Localização do município de Altos. Organização e geoprocessamento: Barbosa; Dorigon e Cardoso (2014). Fonte: Base Cartográfica, IBGE 2011. Encontra-se a 42 km de Teresina, capital do Estado, na zona fisiográfica do Médio Parnaíba, microrregião de Teresina e macrorregião do Meio-norte do Piauí (MORAES et al, 2007). Dentre suas principais características físicas destacam-se a precipitação média 1528

de 1240 mm/ano, concentrada (89%) no período de janeiro a junho, segundo dados médios de 70 anos e o solo classificado texturalmente como areia franca, com baixos valores de ph e índices de fertilidade (MACHADO et al, 2012). A região do município de Altos começou a ser ocupada a partir de 1800, com a chegada, proveniente do Ceará, da família Paiva. A família e seus descendentes ocuparam o lugar denominado de Altos de João de Paiva (IBGE, 2014). Em 1891, o Capitão Francisco Raulino estabeleceu ali a primeira loja de tecidos nacionais e estrangeiros e outras mercadorias, iniciando também, a exportação. Nessa época, o Povoado contava com 9 casas cobertas de palha. O seu desenvolvimento foi pautado no comércio, ou seja, no setor terciário, e em 1922 foi elevado à categoria de município com a denominação de Altos, pela lei estadual nº 1401, de 18-07-1922, desmembrado dos municípios de Teresina, Campo Maior e Alto Longá. Atualmente o município conta com uma área de aproximadamente 958 km2 e população de 38.822 habitantes (IBGE, 2010) e tem o ecoturismo como crescente atrativo turístico e econômico. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A concretização deste artigo ocorreu a partir de duas etapas, uma de ordem prática e a outra teórica, sendo que estas não foram realizadas de formas separadas, estiveram sempre correlacionadas. Iniciou-se com a com a leitura e interpretação do novo Código Florestal Brasileiro, a fim de identificar os elementos e parâmetros a serem mapeados quando se pretende analisar as atuais Áreas de Preservação Permanente (APP). As etapas práticas, ou seja, as delimitações das APP s em topos de morros e em corpos d água foram realizadas através de uma série de processos que localizaram estas áreas com base em funções matemáticas no SIG ArcGIS 10.1. A base de dados utilizada foi o Projeto Topodata com resolução espacial de 30 metros, disponibilizado gratuitamente pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais2, além da base cartográfica do município de Altos obtida junto ao site do Instituto Brasileiro de Cartografia e Estatística (IBGE) 3. Especificamente para a delimitação das áreas de APP em topos de morros foram 2 http://www.dsr.inpe.br/topodata/. 3 http://downloads.ibge.gov.br/downloads_geociencias.htm. 1529

geradas cartas de hipsometria e declividade do município. A hipsometria foi obtida a partir da carta de altitude do projeto Topodata e classificada automaticamente. A fim de auxiliar a visualização das altitudes do relevo foram também extraídas as curvas de nível, a cada 50 metros, através da ferramenta Contour existente no software utilizado. Já a declividade foi extraída a partir da imagem Topodata e também classificada, porém de forma manual, com intervalos de 11,75%,. Com a carta finalizada foi realizado um processamento na ferramenta Raster Calculator, o qual gerou um novo raster contendo somente áreas com declividade inferiores ou superiores à 25 graus. A delimitação das APP s em torno dos corpos d água e das nascentes foi efetuada a partir da extração da drenagem do município e a criação de buffers. Segundo Teixeira e Christofoletti (1997), a ferramenta buffer é uma forma de análise de proximidade, nas quais zonas de uma determinada dimensão são delimitadas em volta de uma feição ou de um elemento geográfico. Sendo assim, para os cursos d água foram criados as delimitações proporcionais à largura aproximada dos mesmos. Para rios com largura inferior a 10 metros os buffers apresentam 30 metros, enquanto que rios cuja largura varia entre 10 e 50 metros foram construídos buffers de 50 metros. As nascentes foram extraídas das drenagens, uma vez que foram criados pontos em cada início de segmento (drenagem) dando origem ao arquivo das nascentes da região e então, aplicou-se novamente o buffer nos pontos, utilizando-se o parâmetro legal de 50 metros. A próxima etapa desse trabalho será a conclusão do mapa fisionômico da vegetação (em estágio de elaboração) do município de Altos, com a delimitação dos padrões de cobertura vegetal e usos e ocupação da terra. Por fim, tendo o mapeamento completo será gerado, a partir do cruzamento dos dados obtidos nos demais mapeamentos, um mapa final das áreas de APPs e a análise textual da realidade encontrada no município de Altos em comparação com a regulamentação de Áreas de Preservação Permanentes presente no Novo Código Florestal Brasileiro. RESULTADOS E DISCUSSÃO O Código Florestal Brasileiro (LEI n. 12.651) define e normatiza, com base em parâmetros geomorfométricos e hidrográficos as áreas prioritárias a preservação ambiental 1530

de maneira permanente em todo território nacional e estabelece normas legais para proteção da vegetação dessas áreas. Perante esta lei, APP é toda área com ou sem cobertura vegetal nativa que cumpri a múltipla função de preservar recursos hídricos e a paisagem, proteger o solo e promover a manutenção da estabilidade geológica e da biodiversidade, facilitando o fluxo gênico da fauna e da flora e assegurando o bem estar da sociedade. Considerando as normas e parâmetros estabelecidos no CFB para delimitação de APPs, os dados preliminares obtidos através do levantamento cartográfico inicial realizado para Altos, apontam a existência de uma quantidade significativa de áreas de APPs no município. Tais dados permitem inferir a identificação de pelo menos quatro categorias de APPs: áreas marginais a cursos d água tanto de nível superior a 10 metros de largura quanto inferior a essa metragem. Reservatórios artificiais resultados de represamento de cursos d água, nascentes e olhos d água e topos de morros. A geomorfologia de Altos obedece a uma organização espacial de formas de relevo esculpidas em terrenos da bacia sedimentar do Parnaíba, constituída de superfícies aplainadas e dissecadas em interflúvios tabulares e degraus e patamares de planaltos residuais esculpidos sobre sedimentos do terciário (CPRM, 2010). A topografia do município oscila entre as altitudes de 100 a 270 metros, predominando superfícies cuja altitude não ultrapassa os 180 metros. O mapeamento hipsométrico e das curvas de nível (fig.2) mostra a concentração de superfícies topográficas de altitudes acima dos 200 metros a oeste do município na direção norte/sul e maior concentração de terrenos com altitudes inferiores a 180 m a leste, norte e nordeste do município.a declividade dos terrenos não ultrapassa o percentual de 45%.A maioria dos terrenos das região são planos e suave ondulados com declives que não superam 3% e 8 %, respectivamente.os maiores percentuais de declividade são apresentados pelos terrenos de maiores altitudes, concentrados ao sul do município, com declividade fortemente ondulada e percentuais de 20 a 45% (fig.3). Na carta de declividade (fig.3) é possível observar a organização espacial das feições de relevo de Altos, de acordo com a declividade.a declividade tem papel importante no controle da erosão do solo, uma vez que a taxa de perda de energia e matéria orgânica do solo é tanto maior quanto maior for a declividade.ricardo et al, (2001) ao avaliarem os efeitos da declividade no solo e da energia cinética decorrente das chuvas, inferiram proporcionalidade nos valores de declividade do terreno e nas taxas de perda de solo e 1531

energia.assim à medida que aumenta os percentuais de declive do terreno, aumentam as taxas de perda do solo e energia da superfície do relevo. O mapeamento fitofisionômico do município, em estágio de elaboração, tem indicado outro fator importante quanto à declividade desse município. Nos patamares de planaltos residuais e interflúvios tabulares de altitude superior a 180 metros predomina um padrão fisionômico de vegetação de floresta arbórea mesclada nos interflúvios, com a vegetação de cocais, indicando que a vegetação dessa região também obedece a fatores morfométricos do relevo. Figura 2. Carta imagem de Hipsometria e Curvas de Nível do município de Altos. Sistema de Coordenada: SIRGAS 2000; Projeção Transversa de Mercator. Banco de Dados: Imagem SRTM TOPODATA (INPE-2009);Malhas Digitais IBGE (2010). Organização e geoprocessamento:barbosa;cardoso; Dorigon (2014). 1532

Figura 3. Carta imagem de Declividade do município de Altos. Sistema de Coordenada: SIRGAS 2000; Projeção Transversa de Mercator. Banco de Dados: Imagem SRTM TOPODATA (INPE-2009);Malhas Digitais IBGE (2010). Organização e geoprocessamento: Passos (2013). Levando em consideração os parâmetros estabelecidos pelo CFB para APPs de encostas, e as condições geomorfométricas apresentadas no mapeamento topográfico, o município não apresenta terrenos que atendam tais critérios. Por outro lado, apresenta quantidade significativa de terrenos com características que se encaixam nos critérios da Lei para delimitação de APPs de topos de morros. O CFB estabelece para delimitação de APPs de topo de morros altitude mínina de 100 metros e inclinação de 25º graus.a carta de declividade geoprocessada em graus (fig.4) mostra concentração de feições topográficas na região sul de Altos, com padrões geomorfométricos que atende aos parâmetros normativos da Lei. Essa área do município apresenta morros com altitudes entre 100 e 270 metros e declividade que chega a 45% e 25, assumindo características de feições fortemente onduladas. Na figura 5, a partir do zoom das imagens SRTM (A), gerada no Global Mapper e imagem 3D (B), do Google Earth é possível inferir os dados demonstrados na carta de 1533

declividade em graus do imageamento de morros residuais testemunhos.a figura mostra a imagem de morro residual testemunho com altitude acima de 200 metros e inclinação média maior que 25, esculpido durante um longo período de geológico.a ilustração da imagem B representa um modelo esquemático de como pode ser feito o cálculo para delimitar o topo de morro para fins de criação de uma APP. A Lei determina que só será APP de topo de morro, o topo ou feição geomorfológica de curvatura de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínina da elevação em relação a sua base com altitude mínima de 100 metros e inclinação média maior que 25, sendo sua base definida pelo ponto de sela mais próximo da elevação para o caso de relevos ondulados como o de Altos.No exemplo esquemático da imagem B (fig.5), em caso de aplicação do CFB naquela região, se cosntitui APP o terço superior do morro com altitude entre 190 e 210 metros. Figura 4. Carta de Declividade em graus do município de Altos. Sistema de Coordenada: SIRGAS 2000; Projeção Transversa de Mercator. Banco de Dados: Imagem SRTM TOPODATA (INPE-2009);Malhas Digitais IBGE (2010). Organização e geoprocessamento: Barbosa;Cardoso;Dorigon (2014). 1534

Figura 5. Imagens SRTM e Google Earth de feição topográfica no município de Altos. SRTM A: padrão do relevo, altimetria e morros testemunhos ao sul de Altos. Google Earth B:morro em destaque com modelo esquemático de delimitação de APP. Banco de Dados: EMBRAPA (2006);STM Global Mapper v 14; Google Earth (2014). Processamento e organização: Barbosa;Cardoso;Dorigon (2014) Outras categorias de APPs constatadas no município de Altos são aquelas que atendem aos parâmetros de drenagem estabelecidos no código.assim, hipoteticamente, 1535

temos, três tipos de APPs de cursos e corpos d água.as APPs que margeiam os cursos de rios com dimensão métrica de 30 e 50 e as caterias de APPs do entorno de lagos, nascentes e olhos d água.ainda não é possível inferir com sem por cento de precisão o quantitativo de APPs dessas categorias no município, mas uma análise breve da sua drenagem permite verificar a existência de cerca de 20 nascentes de córregos e riachos (fig.6), o que requer a delimitação de um número equivalente de APPs para essas áreas.a afirmação precisa dessa informação carece de inferência em campo, uma vez que apenas atende aos critérios da Lei aqueles corpos hídricos perenes, nascentes e olhos d água e reservatórios naturais. É possível constatar ainda, de acordo com a carta de drenagem (fig.6) que a drenagem do município segue o padrão desarranjado e irregular com bacias de 1ªa 6ª ordem.os cursos d água são perenes e intermitentes, logo seu mapeamento preciso e consequentemente, dos reservatórios oriundos do represamento de parte de suas águas ao longo do seu trajeto permitirá a delimitação de quantidade considerável de APPs dessa natureza. 1536

Figura 6. Carta de drenagem do município de Altos. Sistema de Coordenada: SIRGAS 2000; Projeção Transversa de Mercator. Banco de Dados: Imagem SRTM TOPODATA (INPE-2009);Malhas Digitais IBGE (2010). Organização e geoprocessamento: Barbosa;Cardoso;Dorigon (2014). É importante ressaltar que a vegetação em Altos também está, de uma forma ou de outra, relacionada a sua rede de drenagem.no mapeamento inicial da sua vegetação já é possível averiguar essa correlação.um padrão de vegetação predominantemente de cocais aparece quase sempre nas margens dos cursos d água.esse tipo de vegetação se estende geralmente até a alta encosta do relevo, dependendo da declividade do terreno e raramente superam a altitudes superiores a 170 metros.esse padrão é constituido principalmente pela espécie de palmeira babaçu (Attaleyaspeciosa ou Orbygniamartiana).Tipo de vegetação que se desenvolve em ambientes úmidos próximos a lenções freáticos, embora rarammente ocupe áreas inudáveis. A Mata do Cocais é uma vegetação de transição que ocorre nos Estados do Maranhão, Piauí e Ceará, em grande, média e pequena quantidade, respectivamente. A fitofisionomia do município se apresenta conforme três padrões principais: vegetação de floresta arbórea e arbórea- arbustiva densa (padrão I), vegetação de cocais 1537

com predomício quase que absoluto de palmeira babaçu (Attaleyaspeciosa Orbygniamartiana)(padrão II) e vegetação ou arbórea arbustiva e campos abertos (padrão III).Esses padrões fitofionômicos da vegetação estão dispostos conforme a organização das feições geomorfológicas e a drenagem. De noroeste a sudoeste do município se alternam os padrões I e II e de nordeste a sudeste predomina o padrão III com pequenas mesclas dos dois primeiros padrões no entorno de cursos e corpos d água e em morros residuais e colinas. CONSIDERAÇÕES Este trabalho teve como área de estudo o município de Altos e como objetivo discutir o conceito de Áreas de Preservação Permanente definido no Novo Código Florestal Brasileiro e sua aplicação hipotética levando em consideração a análise da organização topográfica e fitogeográfica do município de Altos/ Piauí. A partir dos resultados preliminares obtidos com o mapeamento das formas morfométricas, da drenagem e com os parâmetros estabelecidos no CFB foi possível inferir que o município de Altos possui três categorias de APPs. Num cenário hipotético de aplicação do CFB em Altos ficariam protegidas por Lei, áreas de topos de morros localizadas no sul do município, as áreas de nascentes, cursos e reservatórios d água, representando seguramente menos de um terço da área total de seu território. O município de Altos está localizado numa região de divisor topográfico de três importantes bacias hidrográficas do Estado do Piauí: a bacias do rio Parnaíba e de seus afluentes Poti e Longa. O manejo adequado da cobertura vegetal é importante por se tratar de uma área de recarga de bacias. Portanto, a análise mesmo que hipotética, de uma significativa região vegetacional (vegetação de transição com alternância de manchas de palmeiras, campos abertos e vegetação de floresta) como a de Altos pode servir de embasamento a um planejamento ambiental ou como exemplos para outros ordenamentos territoriais. Do ponto de vista social, a vegetação é um fator de amenidades climáticas e causadora de sensação de bem estar térmico. Cumpri funções fundamentais na dinâmica natural do meio ambiente, na recarga hídrica de reservatórios, lençóis freáticos e cursos d água, na proteção e fertilização do solo, no modelado do relevo, na manutenção e proteção da fauna, na purificação do ar e no controle da erosão. 1538

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