Carga tributária brasileira e desoneração da folha de pagamento
Aumento da carga tributária Carga Tributária sobre o PIB 36,3% 32,6% 33,5% 34,5% 34,9% 35,1% 30,0% Fonte: IBPT 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012
Aumento da carga tributária Carga para as Escolas há 15 anos S/ Receita S/ Salários S/ Pro-Lab. ISS Cofins Pis 2,0% 2,0% 0,65% INSS 23% 0% FGTS 8% Multa/homolog. 40% IRPJ/CSLL 2,3% S/ Lucro 23% CPMF 0,2% Simples 7,2%
Aumento da carga tributária Hoje: O que já era pesado ficou ainda pior S/ Receita S/ Salários S/ Pro-Lab. ISS Cofins Pis 2,0% 2,0% 2.0% 3,0% 0,65% 0,65% INSS 23% 25,5% 0% 20% FGTS 8% 8,0% Multa/homolog. 40% IRPJ/CSLL 2,3% 13,6% 50% S/ Lucro 23% 34% CPMF 0,2% Simples 7,2% 15,3%
Desoneração da folha de pagamento - Setores beneficiados Têxtil Confecções Couro e calçados Plásticos Material elétrico Bens de capital mecânico Ônibus Autopeças Naval Aéreo Móveis TI Hotéis Call Center Design Houses Aves e suínos Pescado Pães e massas Remédios Equipamentos médicos
Setores beneficiados Setores que receberam desoneração fiscal (2): Bicicletas Pneus Papel Vidros Fogões Refrigeradores Lavadoras Cerâmicas Pedras ornamentais Tintas Construção metálica Equipamento ferroviário Fabricação de ferramentas Forjados de aço Parafusos e porcas Brinquedos Instrumentos óticos Suporte de informática Manutenção de aviões Transporte aéreo
Setores beneficiados Setores que receberam desoneração fiscal (3): Transporte marítimo Transporte rodoviário coletivo Locomotivas e vagões Manutenção de equipamentos militares Castanhas de caju Suco de caju Melões e melancias Moluscos e crustáceos Produtos de beleza e higiene Papéis Pias Machados, martelos
Conclusão: Até agora mais de 50 setores foram beneficiados por desonerações fiscais recentes concedidas pelo Governo Federal. Todos esses setores trocaram o INSS sobre a folha por uma alíquota de 1% ou 2% sobre a receita. São setores de variados segmentos da economia, mas nenhum deles tem a importância estratégica da educação.
Quais as razões de a educação não ter sido beneficiada?
Nosso direito constitucional à imunidade
Imunidade Artigo 195, parágrafo 7º, da Constituição Federal: São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. Primeira discussão: isenção ou imunidade?
Imunidade Isenção benefício tributário provisório concedido pelo Governo Federal. Ex. desonerações recentes. Imunidade garantia constitucional perene, que só pode ser mudada com alteração constitucional ou regulamentada por lei complementar à Constituição.
Imunidade Supremo Tribunal Federal, em decisão do Recurso Ordinário Nº 22.192-9: A jurisprudência constitucional do STF já identificou, na cláusula inscrita no art. 195, parágrafo 7º da Constituição, a existência de uma típica garantia de imunidade (e não de simples isenção (...). Tratando-se de imunidade que decorre em função de sua natureza mesma, do próprio texto constitucional -, revela-se evidente a absoluta impossibilidade jurídica de a autoridade executiva, mediante deliberação de índole administrativa, restringir a eficácia do preceito inscrito no art. 195, Parágrafo 7º da Constituição.
Imunidade Parecer do jurista Yves Gandra Martins a respeito: O párágrafo 7º do art. 195 não cuida de isenção, mas de imunidade (...). (...) o constituinte utilizou-se mal do vocábulo isenção, pois pretendeu, de rigor, outorgar uma autêntica imunidade.
Imunidade Apesar disso, o Governo procurou restringir o direito a esta imunidade, tratando-a como se isenção fosse. Em duas leis, uma de 1991 e outra de 2009, estabeleceu restrições à concessão da isenção, tais como: -Reconhecimento de utilidade pública. -Certificação pelo Poder Público. -Exigência de nível mínimo de concessão de bolsas. -Exigência de renovação periódica do certificado.
Imunidade E mais: ambas as leis são ordinárias, e não complementares. Artigo 146, inciso II da Constituição: Cabe à lei complementar regular as limitações constitucionais ao poder de tributar. Parecer de Yves Gandra Martins sobre o assunto:
Imunidade A lei a que se refere o constituinte é a lei complementar (...) pois se outorgasse ao legislador ordinário de um Estado, em dificuldades financeiras, o direito de definir o perfil da imunidade, esta se transformaria em uma desoneração ordinária, deixando de ser uma vedação constitucional ao poder de tributar. Não teria sequer que a lei ordinária determinasse o nível da imunidade (...), visto que, se assim tivesse o constituinte disposto, (...) não seria o legislador ordinário que se submeteria ao legislador Constituinte, mas este que se submeteria ao legislador ordinário.
Imunidade A lei que regulamenta a imunidade, até o momento, é o Código Tributário Nacional (CTN). Artigo 14 do CTN requisitos a serem atendidos pela entidade imune, do ponto de vista fiscal: -Não distribuir renda ou patrimônio a qualquer título. -Aplicar seus recursos integralmente no país. -Manter a escrituração contábil em ordem.
Imunidade Yves Gandra Martins entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade contra a lei 8.212/91 que cria regras de isenção para as entidades imunes. A tese: somente uma lei complementar poderia tratar deste assunto. Ação acolhida há dois anos pelo STF por 10 votos a 1. Previsão de julgamento da causa: segundo semestre de 2013.