PROJETO INTERLOCUTORES MIRINS: UMA RESPOSTA FORMATIVA A UM ACIDENTE AMBIENTAL Deisi Cristina Stella (1) Graduada em História pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos Juliana Alves dos Santos Graduada em Biologia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos Luiz Antônio Castro dos Santos Graduado em Negócios Internacionais e pós-graduado em Gerenciamento Ambiental pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA); especialista em Engenharia de Produção; pós graduado em docência pelo Instituto Educacional do Rio Grande do Sul (IERGS); Master Business Administration (MBA) em Gestão Empresarial na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e especialista em Gestão Empresarial. Avenida Imperatriz Leopoldina, 900 - Bairro Pinheiros - CEP: 93042-030 São Leopoldo-Rio Grande do Sul - Brasil Tel: +55 (51)3592-8007 - e-mail: consorcioprosinos@gmail.com ; edu.ambientalprosinos@gmail.com RESUMO: O primeiro Consórcio Público de Saneamento Básico do Brasil - Pró-Sinos - voltado à recuperação ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos, foi fundado em 16 de agosto de 2006 após a maior tragédia ambiental dos últimos 40 anos no Rio Grande do Sul. O Projeto Interlocutores Mirins foi uma iniciativa do Programa Permanente de Educação Ambiental do Consórcio Pró-Sinos. Teve início em junho de 2013 e tem por objetivo formar um grupo com consciência crítica frente às questões ambientais e através deste, promover e socializar ainda mais ações conscientes, atitudes construtivas, no intuito de preservar a Bacia Hidrográfica onde moram. Até o presente momento, 17 Municípios já realizaram a Capacitação para a formação dos Interlocutores Mirins, tendo atingido diretamente 850 alunos e de forma indireta, aproximadamente, 25.500 pessoas. 1
Palavras-chave: Educação Ambiental, Saneamento Básico, Capacitação, Interlocutores Mirins, Acidente Ambiental, Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos. INTRODUÇÃO: Em outubro de 2006, um dos mais graves desastres ambientais da história do Estado do Rio Grande do Sul, atingiu o Rio dos Sinos. Este acidente resultou de um crime ambiental que atingiu inicialmente o Arroio Portão, no município de Estância Velha, provocando a morte de mais de um milhão de peixes ao longo do arroio e do rio. Considerado como a maior tragédia ambiental dos últimos 40 anos no Rio Grande do Sul, provocou a indignação e uma forte mobilização dos municípios da Bacia, o que resultou na iniciativa de criação do primeiro Consórcio Público de Saneamento Básico do Brasil - Pró-Sinos - voltado à recuperação ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos. O Pró-Sinos é um consórcio de direito público formado por até o momento 26 dos 32 municípios que compõem a Bacia do Rio dos Sinos. As outras nove cidades, o Estado do Rio Grande do Sul e a União (Governo Federal) podem a qualquer momento vir a associarse ao consórcio. Isso ocorre porque o Pró-Sinos é um consórcio interfederativo, ou seja, todos os entes federados que constaram no Protocolo de Intenções para a formação da união podem vir a integrá-lo. O Projeto Interlocutores Mirins está inserido dentro do Programa de Educação Ambiental Permanente do Consórcio Pró-Sinos e surgiu a partir do grupo que integra os interlocutores (representantes do Programa de Educação Ambiental, dos Municípios Consorciados) e o Coletivo Educador dos Municípios conveniados do Pró-Sinos, grupo este, que está a frente das questões de conscientização ambiental em seus Municípios e consequentemente já possuem uma grande bagagem de ferramentas e conhecimento. Considerando a necessidade de construir uma representação de alunos que ajude a promover e a socializar o Programa de Educação Ambiental do Consórcio Pró-Sinos voltada para a preservação e recuperação da Bacia do Rio dos Sinos, surgiu o Projeto Interlocutores Mirins, visando intensificar as atividades em Educação Ambiental através de grupos de alunos que auxiliem e aprofundem ações que visam a melhoria da questão ambiental. Através da necessidade de dar continuidade e inovar em projetos de Educação Ambiental, os Interlocutores Mirins foram e estão sendo uma unidade de ação efetiva. Estes tem uma intensa vivência de equipe e como desafio, a descoberta e aceitação progressiva 2
de responsabilidade, disciplina assumida voluntariamente e capacidade de liberar e cooperar. É neste cenário que a Educação Ambiental se mostra como instrumento condutor de transformação mais adequado às necessidades prementes. Ela se constitui um elemento promotor de mudanças comportamentais e deve ser desenvolvida a partir de múltiplas experiências, em diversos níveis de abrangência, levando em conta a importância de compreender como as pessoas pensam, aprendem e agem no meio que vivem. Estas considerações, bem como o conhecimento sobre o histórico da transformação da paisagem e da construção de espaços habitados, figuram como instrumentos valiosos para a sensibilização (MARIN et al., 2003). Para Sato (2002), a Educação Ambiental deve ser abordada como uma dimensão que permeia toas as atividades escolares, perpassando os mais diversos setores da ação humana. A educação ambiental deve ser critica e inovadora, deve valorizar as diversas culturas e sociedades, e deve transformar valores e atitudes (DINIZ e TOMAZELLO, 2005), visando a formação de uma cidadania ambiental. O objetivo deste estudo foi formar um grupo com consciência crítica frente às questões ambientais e através deste promover e socializar ainda mais ações conscientes, atitudes construtivas, na preservação do meio ambiente, na Bacia Hidrográfica onde moram. METODOLOGIA: O Projeto Interlocutores Mirins teve início em junho de 2013 e está em pleno andamento. Os 26 Municípios Consorciados ao Pró-Sinos podem participar com grupos de até 50 alunos que deverão estar cursando o 5º e 6º ano do Ensino Fundamental e passar por uma seleção no Município de acordo com a proposta da mesma para poder fazer parte do grupo de Interlocutores Mirins. A proposta para a seleção dos alunos é a de que alunos que se destaquem no Município, no bairro, na escola, frente às questões ambientais, tenham a oportunidade de fazer parte deste grupo, bem como alunos de diversas escolas do Município, visando a real multiplicação do conhecimento e conscientização. Nesse sentido, a educação ambiental deve, assim, fornecer instrumentos para a sociedade ampliar discussões e ações concretas em relação às questões ambientais, sobretudo no âmbito das escolas, de modo a ter uma população consciente e educada para tais questões (ALMEIDA et al., 2004). Nas escolas, a educação ambiental pode sensibilizar o professor e o aluno para que construam coletivamente conhecimento por meio de estratégias 3
pedagógicas. Tais práticas podem servir para estimular as competências dos alunos, bem como proporcionar ao professor uma preparação e aplicação dos conhecimentos as temáticas relacionadas ao cotidiano, devendo saber reconstruir o conhecimento e colocá-lo a serviço da cidadania (ARAÚJO, 2004). Sendo assim os Interlocutores Mirins passam pela 1ª etapa da capacitação teórica e prática de 04 horas onde são abordados os assuntos referentes à Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos, o Saneamento Básico: Resíduos, Água, Esgoto e Drenagem Urbana e questões reais de conscientização, ações pontuais passíveis de serem reproduzidas na escola, na casa e no bairro do aluno. Em seguida, os alunos são agraciados com uma navegação ao longo do Rio dos Sinos, onde ocorre a formatura dos mesmos, e na oportunidade é realizada o juramento Henrique Luiz Roessler e José Lutzenberger, além de conferirem in loco a realidade local. Dando seguimento ao Projeto, os alunos participam da 2ª etapa da capacitação na Unidade de Conservação no Parque Natural Municipal Imperatriz Leopoldina em São Leopoldo de 04 horas, onde através da realização de trilhas educativas em área de banhado, ao lado do Rio dos Sinos, podem vivenciar experiências únicas, de troca de conhecimento e o desenvolvimento maior da conscientização. Estes ficam responsáveis em: contribuir na separação e coleta seletiva do resíduo do seu Município, auxiliar e socializar na execução do projeto de Educação Ambiental Voltada para a Preservação e Recuperação da Bacia do Rio dos Sinos Município; promover a construção de hortas comunitárias, jardins, canteiros, pátios e recuperação de Mata Ciliar, reutilização da água (cisternas); tomar uma postura crítico-construtiva frente a problemas ecológicos em seu Município; participar de encontros e saídas de estudo e reflexão; montar e executar projetos e propostas, além de assumir e defender qualquer atitude negativa que venha a agredir o meio ambiente. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Até o presente momento 17 Municípios já realizaram a Capacitação para Interlocutores Mirins, promovido pelo Programa Permanente de Educação Ambiental do Consórcio Pró- Sinos, são eles: São Leopoldo, Nova Santa Rita, Novo Hamburgo, Nova Hartz, Canoas, Dois Irmãos, Portão, Santo Antônio da Patrulha, Igrejinha, Gramado, Campo Bom, Taquara, Estância Velha, Sapucaia do Sul, Sapiranga, Riozinho e Cachoeirinha. Destes Municípios, atingimos aproximadamente 15 escolas, entre municipais e estaduais, totalizando 255 Unidades de Ensino. 4
Com a realização das capacitações podemos afirmar que foram atingidos diretamente 850 alunos. Se pensarmos na comunidade, no bairro e na casa em que os participantes estão inseridos, certamente este número de pessoas atingidas indiretamente, aumentará, mas para dados mais precisos, seria necessária a realização de pesquisas e acompanhamento direto, o que não ocorreu neste Projeto. CONCLUSÃO: O Projeto Interlocutores Mirins, já está no terceiro ano de execução e está cumprindo com seu objetivo de sensibilizar a comunidade escolar acerca da importância da conservação da nossa Bacia Hidrográfica, através do diálogo por meio de atividades educacionais que desenvolvem o senso critico e consequentemente a capacidade de mudança. As crianças ainda são as que melhor conseguem multiplicar seus conhecimentos e convicções. Para tanto, estes projetos precisam contar com certa infraestrutura. No caso do Projeto Interlocutores Mirins, se observou que, em alguns grupos, há dificuldades de transporte para a realização das diversas etapas, inviabilizando desta forma, o desenvolvimento do projeto como um todo. Mas sem dúvida, a determinação dos representantes dos Municípios e o reconhecimento da importância de projetos como este, fez com que um maior número de pessoas fosse privilegiada com as capacitações e com a transmissão de conhecimento e conscientização para que haja a posterior mudança de atitude. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ALMEIDA, L. F. R.; BICUDO, L. R.; BORGES, G. L. A. Educação ambiental em praça pública: relato de experiência com oficinas pedagógicas. Ciência e Educação, v.10, n.1, p. 121 132, 2004. ARAÚJO, M.I.O. A universidade e a formação de professores para a educação ambiental. Revista brasileira de educação ambiental, n.0,p.71 78, 2004. DINIZ, E. M.; TOMAZELLO, M.G.C. A pedagogia da complexidade e o ensino de conteúdos atitudinais na educação ambiental. Revista eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, v.15, jul./dez.,2005. ISSN 1517 1256 5
MARIN, A.A.;TORRES OLIVEIRA, H.; COMAR, V. A educação ambiental num contexto de complexidade do campo teórico da percepção. INCI., v.28, n. 10, out., 2003. ISSN 0378 1844. SATO, M. Educação ambiental. 1 ed. São Carlos: Rima, v1, 2002. 66p. 6