Relação entre cursos presenciais dosinstitutos Federais de Pernambuco e arranjos produtivos locais do estado



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Transcrição:

Relação entre cursos presenciais dosinstitutos Federais de Pernambuco e arranjos produtivos locais do estado LILIANA ANDRÉA DOS SANTOS Universidade Federal Rural de Pernambuco liliana.andrea.santos@gmail.com PAMELA CONSUELO CASTRO E SANT''ANNA Universidade Federal Rural de Pernambuco pamelaconsuelocastro@gmail.com DÉBORA DOS SANTOS FERREIRA PEDROSA UFRPE debora.recife@gmail.com SORAYA GIOVANETTI EL-DEIR Universidade Federal Rural de Pernambuco sorayageldeir@gmail.com ADMILSON JOSÉ DO NASCIMENTO FILHO Instituto de Tecnologia de Pernambuco ITEP gampe.ufrpe@gmail.com

Relação entre cursos presenciais dos Institutos Federais de Pernambuco e arranjos produtivos locais do estado. RESUMO Os municípios do estado de Pernambuco possuem potencialidades econômicas nas mais diversas áreas, podemos citar como exemplo,os setores da agricultura, agropecuária, turismo, tecnologias, artesanato, confecções de vestuário, dentre outros. Para o crescimento econômico das pequenas e médias empresas destes aglomerados, a relação entre os atores sociais, políticos e econômicos, possibilita a externalidade e o fortalecimento do produto. Fatores que corroboram para a caracterização de Arranjos Produtivos Locais APL nestas regiões. Para tanto, é necessária a utilização de mão de obra capacitada para desenvolver tais atividades. A ação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco e do Sertão Pernambucano, frente a esta necessidade, é fundamental para a formação deste capital humano. Diante do exposto, o presente trabalho tem por objetivo analisar a relação dos APL constituídos no estado de Pernambuco com os cursos presenciais ofertados pelos Institutos Federais, a fim de identificar se as capacitações ofertadas pelos Institutos Federais atendem a demanda dos arranjos produtivos locais existentes no estado. Desta análise, conclui-se que novos cursos poderiam ser criados para atender ao mercado local, e que novos arranjos poderiam ser constituídos, tendo em vista o potencial vocacional produtivo e os cursos já ofertados pelos Institutos Federais nestas regiões. Palavras chave: Desenvolvimento Sustentável, Educação, Mercado local. Relationship between classroom courses of the Federal Institutes of Pernambuco and local clusters in the state. ABSTRACT The municipalities of the state of Pernambuco have economic potential in several areas, we can cite as an example, the agriculture, livestock, tourism, technology, crafts, apparel clothing, among others. For economic growth of small and medium-sized companies in these clusters, the relationship between the social, political and economic actors enables the externality and strengthening the product. Factors that support for the characterization of Local Productive Arrangements - APL in these regions. For this, the use of skilled labor to develop such activities is required. The action of the Federal Institutes of Education, Science and Technology and the backlands of Pernambuco, meet this need, is critical to the formation of this human capital. Given the above, this study aims to examine the relationship of the clusters formed in the state of Pernambuco with the classroom courses offered by the Federal Institutes in order to identify whether the training offered by the Federal Institutes meet the demand of existing local clusters in the state. From this analysis, it is concluded that new courses could be created to serve the local market, and that new arrangements could be made, given the productive potential and vocational courses already offered by the Federal Institutes in these regions. Keywords:Development sustainable, Education, Market place.

1. Introdução O apoio a Arranjos Produtivos Locais - APL no Brasil é fruto de uma nova percepção de políticas públicas de desenvolvimento, em que o local passou a ser visto como um eixo orientador de promoção econômica e social. Seu objetivo é orientar e coordenar os esforços governamentais na indução do desenvolvimento local, buscando-se, em consonância com as diretrizes estratégicas do governo, a geração de emprego e renda e o estímulo às exportações (MAAPL, 2006). Para estruturar uma área produtiva, entre tantos fatores necessários, um é essencial: o acesso à mão-de-obra qualificada. Pessoas capacitadas que possam atuar como agentes sociais ativos são de fundamental importância para o êxito de um APL. Portanto, a instalação de Institutos Federais próximos aos polos de desenvolvimento, com a oferta de cursos específicos voltados para área de produção local, é uma estratégia extremamente eficaz para atender as demandas exigidas pelos APL.Os APL constituem empresas organizadas em uma lógica própria de cadeia produtiva e mercado, articuladas para ações de cooperação, capacitação e desenvolvimento mútuo integrado, com apoio de instituições diversas conforme as competências básicas necessárias a esse desenvolvimento (FIRJAN,2009). Segundo o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), um APL deve ter a seguinte caracterização (BUENO, 2006): (i) ter um número significativo de empreendimentos no território e de indivíduos que atuam em torno de uma atividade produtiva predominante e (ii) que compartilhem formas percebidas de cooperação e algum mecanismo de governança. Pode incluir pequenas, médias e grandes empresas. De acordo com o Art. 2 da Lei de n 11. 892 de 29 de dezembro de 2008, os Institutos Federais são instituições de educação superior, básica e profissional, pluricurriculares e multicampi, especializados na oferta de educação profissional e tecnológica nas diferentes modalidades de ensino, com base na conjugação de conhecimentos técnicos e tecnológicos com as suas práticas pedagógicas (...).Um dos objetivos dos Institutos Federais é estimular e apoiar processos educativos que levem à geração de trabalho e renda, e à emancipação do cidadão na perspectiva do desenvolvimento socioeconômico local e regional (PDI,2009). Diante do exposto, o presente trabalho tem por objetivo analisar a relação dos cursos dos Institutos Federais localizados em Pernambuco com os APL existentes no estado, a fim de identificar se os campi atendem as demandas do mercado. Além de analisar a possibilidade de caracterização de novos arranjos, tendo em vista as regiões que possuem aglomerados com potencial produtivo e econômico, bem como, a presença de mão-de-obra capacitada por meio da Rede de Ensino Federal. 2. Arranjo Produtivo Local como foco de análise dos Institutos Federais de ensino O APL pode ser descrito como um grande complexo produtivo, geograficamente definido, caracterizado opor um grande número de firmas envolvidas nos diversos estágios produtivos e, de várias maneiras, na fabricação de um produto, onde a coordenação das diferentes fases e o controle da regularidade de seu funcionamento é submetida ao do mercado e a um sistema de sanções sociais aplicados pela comunidade (BECATTINI, 1999; MAAPL, 2006). De acordo com oapud, Manual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais (MAAPL, 2006), a opção estratégica pela atuação em APL decorre, fundamentalmente, do reconhecimento de que políticas de fomento a pequenas e médias empresas são mais efetivas quando direcionadas a grupos de empresas e não a empresas individualizadas. O tamanho da empresa passa a ser secundário, pois o potencial competitivo advém de ganhos decorrentes de uma maior cooperação entre as firmas.

Conforme o Portal APL, devido à necessidade de articular as ações governamentais com vistas à adoção de apoio integrado a Arranjos Produtivos Locais, foi instituído, em agosto de 2004, pela Portaria Interministerial nº 200, de 02 de agosto de 2004, o Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais GTP APL, envolvendo 23 instituições governamentais e não-governamentais. Em outubro de 2005, foram integradas mais 10 instituições (Portaria Interministerial nº 331, de 24 de dezembro de 2005), totalizando as 33 que atualmente constituem o grupo. Entre essas instituições está o Ministério da Educação MEC, em que sua maior atuação está no eixo estruturante de Formação e Capacitação (Figura 1). Figura 1. Eixo Estruturante de Formação e Capacitação: Mapa Mental. Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais. Fonte: Portal APL (2014). Para atender a demanda do mercado por qualificação profissional, o Governo Federal retomou os investimentos na Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica e o Ministério da Educação (MEC) está investindo mais de R$ 1,1 bilhão na expansão da educação profissional. Atualmente, são 354 unidades e mais de 400 mil vagas em todo o país. Com outras 208 novas escolas previstas para serem entregues até o final de 2014 serão 562 unidades que, em pleno funcionamento, gerarão 600 mil vagas (MEC, sem ano). Segundo Schneider (2009) a educação profissional e tecnológica possui o desafio de renovar-se permanentemente para atender de forma efetiva às necessidades sociais e econômicas nas diferentes regiões do país. O autor ainda afirma ainda que as vocações regionais representam as demandas concretas dos setores produtivos, bem como aquelas vocações que se apresentam sob a forma de potencialidades para futuras demandas devem ser consideradas no planejamento da oferta de Educação Profissional e Tecnológica. O Art. 2 da Lei de n 11. 892 de 29 de dezembro de 2008define os Institutos Federais como: Instituições de educação superior, básica e profissional, pluricurriculares e multicampi, especializados na oferta de educação profissional e tecnológica nas diferentes modalidades de ensino, com base na conjugação de

conhecimentos técnicos e tecnológicos com as suas práticas pedagógicas, nos termos desta lei. O Art. 6da Lei de n 11. 892 de 29 de dezembro de 2008, nos incisos I, II e IV, dispõem a finalidade dos Institutos Federais em detrimento dos Arranjos Produtivos Locais como para I - ofertar educação profissional e tecnológica, em todos os seus níveis e modalidades, formando e qualificando cidadãos com vistas na atuação profissional nos diversos setores da economia, com ênfase no desenvolvimento socioeconômico local, regional e nacional; II - desenvolver a educação profissional e tecnológica como processo educativo e investigativo de geração e adaptação de soluções técnicas e tecnológicas às demandas sociais e peculiaridades regionais; (...) IV - orientar sua oferta formativa em benefício da consolidação e fortalecimento dos arranjos produtivos, sociais e culturais locais, identificados com base no mapeamento das potencialidades de desenvolvimento socioeconômico e cultural no âmbito de atuação do Instituto Federal; (...) Estudos do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC)levantaram143 APL, cujo objetivo esperado é acrescer as unidades de expansão da Rede Federal de Educação Tecnológica em 131 APLs dos 143 indicados (BRASIL,2010). Atualmente Pernambuco possui dois Institutos Federais: o Instituto Federal de Pernambuco- IFPE com nove campi em funcionamento, sete novas unidade acadêmicas e dezoito polos de Educação a Distância; e o Instituto Federal do Sertão Pernambucano-IF-Sertão, o qual possui cinco campi em funcionamento. Os campi do IFPE estão localizados nos municípios de Recife, Garanhuns, Vitória de Santo Antão, Ipojuca, Barreiros, Afogados da Ingazeira, Caruaru, Belo Jardim e Pesqueira. Em outubro de 2014, está previsto o funcionamento de sete novas unidades acadêmicas que estão localizadas nos municípios de Olinda, Paulista, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Igarassu, Palmares e Abreu e Lima. Os campi do IF-Sertão estão localizados em Petrolina, Zona Rural de Petrolina, Ouricuri, Salgueiro e Floresta. Todos os cursos foram criados com o intuito de atender os potenciais produtivos locais. Para os novos campi foram feitos estudos em cada Município com base nos arranjos produtivos locais, para identificar as demandas de formação técnica nos próximos dez anos. A escolha definitiva foi feita pela sociedade civil através da realização de audiências públicas em cada cidade-sede (ACCIOLY, 2014). 3. Metodologia Para realização do trabalho foi realizado um levantamento de dados secundários através de sites oficiais, portais, artigos, manuais e leis com objetivo de (i) identificar os principais Arranjos Produtivos em Pernambuco e as cidades-polo que estão localizados, (ii) verificar os campi dos Institutos Federais existentes nesta localidade ou proximidade, (iii) levantar os cursos existentes nas unidades acadêmicas, (iv) avaliar a relação dos cursos disponíveis com os APL e(v) avaliar a sua atuação como elemento estruturante para o desenvolvimento produtivo local. A partir dos dados levantados, foram propostas novas ações para suprir as demandas originárias da região/local produtivas, visando, inclusive, atender as necessidades de outros polos já difundidos no estado pernambucano.

4. Articulação dos APL de Pernambuco e os Institutos Federais de Ensino De acordo com o Mapa da APL no Nordeste brasileiro, foram identificados os principais APL do estado de Pernambuco e as cidades-polos que estão localizados (Figura 2). Neste sentido destacam-se o Polo da Apicultura, localizado no entre os municípios de Santa Maria de Boa Vista, Dormentes, Afrânio e Petrolina; Polo de Confecções, localizado entre Caruaru, Toritama e Santa Cruz; Polo Gesseiro, localizado na cidade de Araripe; Polo da Tecnologia da Informação Porto Digital, localizado em Recife; Polo Ovino caprino cultura, localizado nos municípios de Salgueiro e Floresta e Polo da Fruticultura, localizado na fronteira entre Petrolina-PE e Juazeiro-BA. Figura 2. Arranjos Produtivos Locais no Nordeste Brasileiro. Fonte: IPEA (2014). Confrontando estes dados com a localização dos campi dos Institutos Federais no estado de Pernambuco (Figura 3), observa-se que dos sete novos campi, seis serão situados na Região Metropolitana do Recife, o que denota uma concentração do saber nesta região em detrimento de uma interiorização de especializações fundamentais para um apoio as atividades dos APL. Entretanto, como polo técnico-científico consagrado, esta região tem papel de difusão do conhecimento para todo o estado, mesmo que localizada distante destas regiões.

Figura 3. Mapa de distribuição dos Campi do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia no estado de Pernambuco. Fonte: MEC (2014). Quanto aos cursos presenciais disponíveis nos campi do IFPE e IF-Sertão (Quadro 1), observa-se que as temáticas que são focais dos APL são em parte atendidas (Quadro 2). Quadro 1. Cursos presenciais ofertados no IFPE. Fonte: IFPE (2014) e IF-Sertão-PE (2014). CURSOS DO INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO Campus Modalidade Curso Recife Química Industrial Segurança do Trabalho Eletrotécnica Eletrônica Mecânica Industrial Refrigeração Saneamento Ambiental Telecomunicações Licenciatura em Geografia Engenharia de Produção Civil Análise e Desenvolvimento de Sistemas Design Gráfico

Vitória de Santo Antão Pesqueira Garanhuns Ipojuca Afogados da Ingazeira Barreiros Belo Jardim Pós- Graduação Proeja Radiologia Gestão Ambiental Mestrado em Meio Ambiente Agricultura Agropecuária Manutenção e Suporte de Informática Zootécnica Licenciatura em Química Bacharelado em Agronomia Eletroeletrônica Eletrotécnica Enfermagem Bacharelado em Física Bacharelado em Matemática Eletrotécnica Auxiliar Administrativo Eletroeletrônica Informática Meio Ambiente Construção Naval Automação Industrial Química Industrial Petroquímica Segurança do Trabalho Licenciatura em Química Eletroeletrônica Saneamento Ambiental Educação, Conservação e Manejo dos Recursos Naturais no Semiárido brasileiro Informática Agropecuária Agricultura Recursos Naturais Hospedagem Zootecnia Licenciatura em Química Tecnologia em Agroecologia Enfermagem

Caruaru Olinda Cabo de Santo Agostinho Abreu e Lima Igarassu Jaboatão dos Guararapes Palmares Paulista Petrolina Zona Rural de Petrolina Informática Licenciatura em Música Segurança do Trabalho Mecatrônica Mecânica Engenharia Mecânica Artes Visuais Controle Ambiental Computação Gráfica Logística Meio Ambiente Cozinha Mecânica Rede de Computadores Segurança do Trabalho Informática para Internet Logística Química Informática para Internet Qualidade Fabricação Mecânica Soldagem Manutenção e Suporte em Informática Redes de Computadores Eletroeletrônica Administração Automação Industrial Mecânica Manutenção e Suporte em Informática CURSOS DO INSTITUTO FEDERAL DO SERTÃO PERNAMBUCANO Eletrotécnica Química Industrial Tecnólogo em Alimentos Licenciatura em Computação Licenciatura em Física Licenciatura em Química Licenciatura em Música Agricultura Agropecuária

Ouricuri Floresta Salgueiro Pós- Graduação Zootecnia Tecnologia e Horticultura Tecnologia em Viticultura e Enologia Tecnologia em Agroecologia Bacharelado em Agronomia Fruticultura no Semiárido Agropecuária Informática Licenciatura em Química Agricultura Agropecuária Zootecnia Informática Gestão da Tecnologia da Informação Licenciatura em Química Agropecuária Informática Licenciatura em Física De acordo com os cursos presenciais ofertados no IFPE, (4) constatamos que para atender os APL sconstituídos temos a demonstração do quadro abaixo: Quadro 2. APL s no Estado de Pernambuco e sua relação com os Cursos ofertados no IFPE. APL's Campus -IFPE Cursos Polo de Apicultura Pesqueira, Belo Jardim, Zona Rural de Petrolina e Petrolina Não há cursos com relação direta aos APL Polo de Confecções Caruaru Não há cursos com relação direta aos APL Polo Gesseiro Ouricuri Polo da TI Recife Análise e Desenvolvimento de Sistemas Polo Ovinocaprinocultura Floresta, Salgueiro Agropecuária Polo da Fruticultura Zona Rural de Petrolina e Petrolina Viticultura e Enologia, Horticultura, Agricultura,, Fruticultura no Semi-árido, Agronomia, Agroecologia, Tecnólogo em Alimentos Observa-se que os campi de Caruaru, Pesqueira, Belo Jardim, Zona Rural de Petrolina e Petrolina não possuem cursos diretamente relacionados com a área de atuação dos APL. Diante disso recomenda-se a inclusão de cursos voltados para área de Moda, Têxteis e Design para o campus de Caruaru, e a inserção de cursos sobre Técnicas de Apicultura para os campi

de Pesqueira, Belo Jardim, Zona Rural de Petrolina e Petrolina. Parece de fundamental importância a exploração de novos polos com potencial produtivo para execução de um Arranjo Produtivo Local no estado de Pernambuco. Há uma série de setores econômicos que podem ser explorados no estado como: Turismos, Jóias, Cerâmica, Petróleo e Gás, Rochas Ornamentais, Madeira e Móveis, Construção Naval, Construção Civil, Fitoterápicos e Fitocosméticos, Álcool, dentre outros que recebem apoio de diversas organizações governamentais se configurado um APL. Novos cursos podem ser implantados em regiões que dispõem de APL já constituídos. Por sua vez, aglomerados que possuem as características e potenciais de um APL e que ainda não são classificados como tal, podem usufruir de capacitação já disponível pela Rede de Ensino Federal em seus municípios. Pode-se citar, como exemplo de aglomerado com potencial econômico, o Polo de Construção Naval e Petróleo e Gás localizado em Suape Ipojuca que dispõem em sua proximidade do IFPE Campus Ipojuca, o qual possui cursos presenciais de Construção Naval, Petroquímica, Química Industrial e Automação Industrial, com potencial para atender as demandas deste polo. Contudo, este município não é considerado um APL, conforme pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada- IPEA. 5. Considerações Finais A implantação de APL proporcionou o desenvolvimento econômico local, principalmente em regiões do semiárido e no sertão pernambucano. Região que outrora fora esquecida surge então com potencialidades econômicas. A formação de aglomerações de pequenas empresas, a participação de capital investidor, o desenvolvimento social e a exportação em grande escala, favorecem o fortalecimento da economia local. O ensino técnico e superior gratuito, por décadas centralizado em centros urbanos, impossibilitou o acesso dos moradores da área rural. A instalação de novos campi proporcionou o acesso a educação e o crescimento da produção local nestas regiões. Não se pode perder de vista a importância da relação dos cursos ofertados pela Rede Ensino Federal com a demanda de mercado local, pois este é um fator decisivo para o progresso dos arranjos produtivos locais. Referências ACCIOLY, Gil. Novos Campi abrem as portas. IFPE-acontece. ed. 59. Ago. 2014. BRASIL. Lei n.º 11.892 de 29 de dezembro de 2008. Institui a Rede Federal deeducação Profissional, Científica e Tecnológica, cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, e dá outras providências.presidência da República, Casa Civil. Brasília DF, 29 dez. 2014. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11892.htm>. Acesso em: 14, jun.2014. BRASIL.Ministério da Educação.Expansão da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica.Disponível em:<http://redefederal.mec.gov.br/expansao-da-redefederal> Acesso em: 14, Jun. 2014. BRASIL.Ministério da Educação. Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica,Processo de Contas Ordinária Anual: Relatório de Gestão do Exercício 2009. Brasília, 2010. Disponível em: <portal.mec.gov.br> Acesso em: 29, set. 2014. BRASIL.Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.Eixo Estruturante de Formação e Capacitação: Mapa Mental. Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos

Produtivos Locais. Disponível em: <http://portalapl.ibict.br/export/sites/apl/menu/itens_menu/gtp_apl/reunioes/links/mapeam ENTO_DEMANDAS_X_OFERTAS_-_GTP_APL_-_MARCOS_OTxVIO.pdf> Acesso em: 14, jun.2014. BRASIL.Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.Grupo de Trabalho Permanente para Arranjo Produtivo Local:Manual de Apoio ao Arranjo Produtivo Local, Brasília, 2006. 108 p. BRASIL.Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.Levantamento Institucional dos APLs no País. Elaboração: IPEA, 2005. Disponível em: <http://desenvolvimento.gov.br/arquivos/dwnl_1222458045.ppt> Acesso em: 13, Jun. 2014. BUENO, Ana Maria.Arranjos Produtivos Locais: Análise Da Caracterização do APL de Ponta Grossa com base nos indicadores. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Ponta Grossa, 2006. Disponível em: <http://www.pg.utfpr.edu.br/dirppg/ppgep/dissertacoes/arquivos/34/dissertacao.pdf> Acesso em: 29, set. 2014. FIRJAN, Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro. Mapa de Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro: 2006-2015. Rio de Janeiro, 2006. Disponível em: <http://www.firjan.org.br/anexos/mapa/mapa_ver1.pdf>acesso em: 30, set. 2014. INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO.Cursos. Disponível em: <http://reitoria.ifpe.edu.br/campus/reitoria/index.jsf> Acesso em: 14, jun. 2014. INSTITUTO FEDERAL DO SERTÃO PERNAMBUCANO. Cursos. Disponível em: <http://www.ifsertao-pe.edu.br/> Acesso em:14, jun. 2014. INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO. Plano de Desenvolvimento Institucional. Recife, 2009. Disponível em: <http://ipojuca.ifpe.edu.br/arquivos/pdf/pdi.pdf> Acesso em: 29 set. 2014. OBSERVATÓRIO BRASILEIRO DE ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS.O Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais GTP APL, 2008. Disponível em: <http://portalapl.ibict.br/menu/itens_menu/gtp_apl/gtp_apl.html> Acesso em: 14, jun 2014. SCHNEIDER,M. C. K. Contribuição dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia para as Organizações Produtivas e o Desenvolvimento Local. In: 4ª Conferência Brasileira de Arranjos Produtivos Locais, 2009.Brasília, 2009. Disponível em:<http://www.desenvolvimento.gov.br/conferenciaapl/modulos/arquivos/mariaclarakaschnyschneider.pdf> Acesso em 14, jun.2014.