No campo profissional, reconhecimento do e-learning, que terá ano,?(c) incerto incremento de 40% neste Mirella Domenich Folha de São Paulo, 16/10/2005 - São Paulo SP Sala de aula, professor com o giz na mão, alunos trocando bilhetes, livros sobre a mesa. Há alguns anos, poucos pensariam em uma cena diferente para um curso. Esse panorama, no entanto, está mudando: hoje, cresce a adesão ao ensino a distância -substituindo o cenário tradicional pela sala de casa, alunos em chats e apostilas na tela do computador. Em 2004, mais de 1,1 milhão de brasileiros optaram por algum curso não-presencial, segundo o Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância 2005, elaborado pelo Instituto Monitor e pela Associação Brasileira de Educação a Distância. Só o número de alunos de graduação e pós-graduação cresceu mais de 100% entre 2003 e 2004. O MEC (Minist?(c)rio da Educação) já conta com mais de 70 instituições credenciadas para a oferta de programas de graduação e de pós lato sensu (especialização). Instituído oficialmente no Brasil pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de dezembro de 1996, o curso a distância vem gerando ceticismo quanto a sua eficácia. Quando o assunto?(c) a relação da educação com o mercado de trabalho, o cenário não?(c) diferente. De acordo com o anuário, 24% das instituições que oferecem educação a distância têm como público-alvo o mercado corporativo (e-learning). Outro estudo, da consultoria Treina E-learning, aponta que o setor de ensino a distância corporativo terá um crescimento de 40% neste ano. Para os especialistas entrevistados pela Folha, a tendência?(c) que as empresas passem a aceitar, aos poucos, profissionais que optaram por esse tipo de ensino. Mas com restrições: "Os cursos reconhecidos pelo mercado são, sobretudo, os de 1 / 6
instituições com tradição no ensino presencial", diz o headhunter (caçador de talentos) João Pedro Caiado, da Human Development Organization. Discórdia - O recurso de apoio a distância mais oferecido aos alunos?(c) o correio eletrônico (existente em 89% das instituições), seguido por telefone (84%), professor presencial (77%) e professor on-line (67%), conforme os dados do anuário. Caiado diz acreditar que os módulos a distância não propiciam a mesma interação entre os alunos. "O contato por canais como chat e e-mail?(c) mais frio do que o pessoal e,? s vezes, os estudantes não levam a rede de relacionamento adiante com o fim do curso." A diretora da ID-Projetos Educacionais, Andr?(c)a Ramal, discorda. Segundo ela, a formação da rede de contatos "se fortalece hoje por meio da web". Outra vantagem apontada pela especialista?(c) que a internet permite uma esp?(c)cie de "invasão" ao território do outro sem necessariamente incomodá-lo. "Ligar para o presidente de uma organização poderia parecer invasor, mas convidá-lo para sua rede do Orkut pode ser at?(c) simpático", diz. Folha de São Paulo, 16/10/2005 - São Paulo SP Presencial e a distância devem somar forças Tendência na educação?(c) mesclar as duas formas de ensino, explorando m?(c)todo oferece de melhor o que cada A disputa entre cursos presenciais e a distância pode tornar-se um debate do passado. Segundo os consultores ouvidos pela Folha, a tendência agora são os cursos híbridos. E esse?(c) um reflexo do que já está acontecendo dentro das próprias empresas. "No começo, as companhias acharam que iriam substituir o treinamento presencial pelo on-line", lembra Almiro dos Reis Neto, presidente da Franquality, consultoria especializada em gestão de pessoas. "Hoje, o conceito está mais claro, e entende-se que um complementa o outro", diz. 2 / 6
Segundo ele, cursos como os de informática, de produtos e de processos industriais, por exemplo, tendem a tornar-se a distância. Mas o treinamento para a aplicação da teoria?(c) presencial -a aprendizagem acontece pela interação entre os estudantes e entre alunos e professores. O coordenador do Crie (Centro de Referência em Inteligência Empresarial), da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Marcos Cavalcanti, não aposta na eficácia de cursos 100% on-line. "O aprendizado presencial?(c) o mais importante. O que não podemos fazer?(c) jogar fora a oportunidade que a tecnologia oferece como meio de comunicação e base de informação", ressalta. "Mas o contato com o mundo não pode ser substituído." Carlos Longo, diretor-executivo do FGV Online, discorda. Segundo ele, os alunos de salas de aula convencionais comparam-se a "indivíduos invisíveis". "Os estudantes chegam dez minutos antes de a aula começar e têm que sair rápido. No programa a distância, a interação se dá pela internet e, se os alunos não trocarem conhecimentos entre si e com o tutor, o curso não acontece." O executivo financeiro D?(c)cio Casarejos Pecin Júnior, 34, apostou na id?(c)ia do aprendizado a distância. Matriculou-se em um curso on-line, por?(c)m não o concluiu. Em seguida, optou por fazer um MBA presencial. "No curso a distância, o estímulo tem de ser só seu e, como o tempo?(c) uma mat?(c)ria escassa, o compromisso com as aulas?(c) menor", afirma Pecin, que, no entanto, diz não dispensar pesquisas na internet. Foco no aluno - Parte dos cursos de graduação e pós-graduação oferecidos por instituições brasileiras já associa o aprendizado presencial com o a distância. Segundo a educadora Andr?(c)a Ramal, a leitura, a pesquisa e a construção do conhecimento devem ser feitas a distância. Os encontros presenciais são utilizados para reforçar o sentimento de grupo, os laços afetivos e as relações interpessoais, al?(c)m de serem uma oportunidade para o esclarecimento de dúvidas, a troca de experiências entre os participantes e a sistematização de conteúdos. O ex-ministro da Educação de Portugal e presidente da EduWeb SGPS, Roberto Carneiro, veio ao Brasil recentemente difundir o conceito do "new learning" (novo aprendizado). Segundo ele, a tendência?(c) o ensino focado no aluno e apoiado por diversas formas de tecnologia, como internet e videoconferência. "É o fim da massificação da educação", diz. Folha de São Paulo, 16/10/2005 - São Paulo SP 3 / 6
Aprendizado a distância requer autodisciplina O Brasil?(c) líder em tecnologia bancária, há mais de dez anos foi instituído o voto eletrônico no país, e quem possui acesso? internet tem presença garantida no Orkut. Ainda assim, será que o brasileiro está culturalmente preparado para o aprendizado on-line? A questão divide especialistas. Na avaliação da doutora em educação pela PUC-RJ Andr?(c)a Ramal, a escola não forma pessoas autodisciplinadas e proativas, o que, segundo ela,?(c) fundamental para o acompanhamento de cursos on-line. "Os estudantes saem da escola ainda dependentes de um currículo pr?(c)-concebido, de aulas "dadas" por um professor, de algu?(c)m que defina o que deve ser estudado e quando. Antes de iniciar o aprendizado on-line,?(c) preciso obter competências que permitam acompanhar o curso com sucesso." Carlos Longo, diretor-executivo da FGV Online, afirma que a atração dos brasileiros pelas inovações tecnológicas facilita sua adaptação ao aprendizado a distância. A mesma opinião?(c) compartilhada pelo coordenador do mestrado em ciência da computação da UFG (Universidade Federal de Goiás) e organizador do livro "Ambientes Virtuais de Aprendizagem", Rommel Melgaço Barbosa. "O curso on-line oferece maior adequação de horário, menor deslocamento físico, e, muitas vezes, permite socializar a aprendizagem por meio de uma troca multicultural, o que?(c) mais difícil em um ambiente presencial", diz. Ele afirma ainda que discussões, tarefas, aulas e todas as participações dos alunos ficam digitalmente arquivadas em bancos de dados. "Isso permite a busca e a análise de tópicos estudados, o que torna a aprendizagem dinâmica e colaborativa." Evasão - O diretor de operações Cláudio Henrique, 40, está cursando o terceiro ano de administração na Aiec (Associação Internacional de Educação Continuada). O módulo?(c) a distância, fator que foi decisivo na escolha. "Posso estudar em horários mais flexíveis e não há problemas quando viajo." Segundo ele, que dedica uma hora por dia ao estudo, ter disciplina, no entanto,?(c) fundamental para o sucesso. "Se falho um dia, reponho no fim de semana", conta. O executivo diz acreditar que pessoas mais experientes tenham mais facilidade para esse tipo de estudos que os jovens. "Já tenho meus objetivos definidos. Acho que, para os mais novos,?(c) mais difícil ter disciplina para acompanhar um curso on-line." Segundo a Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância), a evasão escolar em cursos a distância foi de 30% em 2004. 4 / 6
Portal Universia, 17/10/2005 Para faciiitar o acesso? faculdade, estabelecimentos de ensino do educação a distância País oferecem De acordo com o Minist?(c)rio da Educação (MEC), apenas 11% da população brasileira, na faixa etária de 18 a 24 anos, tem acesso ao Ensino Superior. Para mudar esse quadro, a Educação a Distância - feita por meio de carta, rádio ou internet - já está sendo oferecida em 54 estabelecimentos de ensino em todo o País. No Distrito Federal, três centros dispõem da modalidade. De acordo com o diretor de Política de Educação? Distância, H?(c)lio Chaves, em 30 dias o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinará o decreto que vai regulamentar os cursos, permitindo a equivalência geral e irrestrita entre diplomas presenciais e a distância. O decreto vai dizer quais são as implicações da oferta da qualidade da educação a distância. Aprendizado Para Chaves, o m?(c)todo de ensino a distância propõe inserir mais elementos na relação de aprendizagem e aumenta a possibilidade de agregar outras fontes de conhecimento. O professor passa a ser um guia amigável, facilitando o acesso a educação. Já o aluno, por sua vez, precisa ser disciplinado para concluir um curso dessa natureza, ressalta ele, acrescentando que, sem uma sistemática de estudo, o aluno passivo fica para trás. Ele disse, ainda, que o programa Pró-licenciatura - criado para formação de professores - pretende at?(c) o final de 2006 preencher 50 mil vagas para licenciatura, principalmente nas disciplinas de Matemática e Ciências, áreas mais deficitárias em termos de professores. Apesar de 88% do total de cursos superiores a distância serem destinados aos cursos de formação de professores para educação básica. Importância O diretor ressaltou tamb?(c)m a importância do projeto, principalmente, para aquelas pessoas que, pela necessidade de trabalhar, acabam se afastando dos estudos. Este m?(c)todo quebra a barreira do tempo e flexibiliza a possibilidade de estudo. Mesmo com tempo curto, com um pouco de dedicação qualquer pessoa pode retomar os estudos e concluir o Ensino Superior, ganhando mais capacidade de disputar uma vaga no mercado de trabalho, avalia. Chaves alerta os interessados em cursar o ensino a distância que procurem junto? Secretaria de Ensino a Distância do Minist?(c)rio da Educação informações sobre o credenciamento da instituição que está oferecendo o curso. Pela atual legislação, a educação a distância não deverá ser utilizada na Educação Infantil e Ensino Fundamental. É preciso ter cautela na hora da escolha da 5 / 6
entidade que oferece o curso, diz. 6 / 6