Aspectos motivacionais para a prática do basquetebol na iniciação esportiva de crianças de 9 a 14 anos da cidade de Castro/PR



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Transcrição:

64 Educação Física em Revista - EFR 2013, v. 7, n. 3, p. 64-73 Artigo Original Aspectos motivacionais para a prática do basquetebol na iniciação esportiva de crianças de 9 a 14 anos da cidade de Castro/PR André T. Soares 1, Cleiton P. Reis 2, Fernanda M. F. B. Perufo 1 Faculdade Sant Ana 1, UFMG 2 Contato: cleitonpreis@yahoo.com.br RESUMO: Pretendeu-se com esta pesquisa verificar e comparar os aspectos mais influentes e motivadores para a prática do basquetebol pelas crianças da cidade de Castro - PR, dentro das três categorias: competência desportiva, amizade e lazer, saúde, apresentadas por Gaya e Cardoso (1998) através do Inventário de Motivação para a Prática Esportiva. Para tanto uma amostra deste inventário foi respondida por 40 crianças de 09 a 14 anos, do sexo masculino, praticantes das escolinhas de basquetebol ofertadas pelo município (média de idade de 11,32± 1,98). Observou-se que as três categorias são fundamentais na motivação das crianças para a prática do basquetebol; porém, destacou-se a categoria competência desportiva, o que tornou evidente o nível de competitividade das crianças participantes do projeto. Palavras chaves: Motivação; Motivação Esportiva; Basquetebol; Iniciação Esportiva; Questionário.. Data de aceite: 12/2013

65 Introdução A motivação é considerada também como uma atitude psicológica resultante de alguma necessidade ou de algum desejo não satisfeito. Portanto, o comportamento é estimulado a algum tipo de mudança, o que leva a adquirir aprendizagem sobre determinado assunto, diminui a ansiedade e aumenta a satisfação, o sentimento de prazer. Com isso, ao conseguir o desempenho que se espera, haverá um aumento de desejo específico dos resultados, o que acaba por aumentar a satisfação, implicando em aumentar sua motivação (KNIJNIK; GREGUOL; SILENO, 2001). A motivação é um fenômeno de complexo entendimento por relacionar-se com diversos fatores e ainda, por estar presente nas atividades humanas (SILVA, 2007). Knijnik, Greguol, Sileno (2001) descrevem que motivação é ponto de referência quando um sujeito pretende realizar algo, ou simplesmente manter sua vontade, pois indica uma série de condições que satisfaçam o desejo da pessoa e incentiva a continuar a fazer alguma coisa. Dessa maneira, motivação aparece como uma predisposição interna que leva o sujeito a agir em direção a determinado objetivo, focando uma atitude psicológica do indivíduo em direção aos seus objetivos, tendo como resultado de alguma necessidade ou desejo não satisfeito. Assim, o comportamento é estimulado a algum tipo de mudança, o que implica na aquisição de aprendizagens, fazendo com que se reduza a ansiedade e aumente o sentimento de prazer. Assim, ao falar-se de motivação inserida no meio esportivo, essa passa a ser utilizada para explicar comportamentos de sucesso e fracasso dos atletas, ou ainda para justificar estratégias usadas pelos treinadores que fazem com o intuito de incentivar seus atletas frente às competições (SERPA, 1998). A motivação interfere na seleção e na aderência à atividade, no esforço e na qualidade do desempenho em qualquer que seja a situação. Diante disso, tem-se que diversos fatores podem interferir na motivação de um atleta. Assim, pode-se citar como exemplo: o resultado de um jogo anterior, a importância da partida, o número de espectadores, as críticas da imprensa e até mesmo a arbitragem. Dessa forma, a primeira fonte de recompensa deve ser interna e os treinadores devem passar a reforçar a persistência e o envolvimento dos atletas nas tarefas do esporte (BARRETTO, 2008). Ainda referindo-se à motivação no esporte, pode-se expor que Scalon (2004) ao analisar a aderência e o abandono nos programas de iniciação esportiva, focando a faixa etária de 9 a 12 anos, conclui que em relação à aderência, toda criança que começa a participar desses programas, tem como principal incentivo o divertir-se, o prazer. Expõe ainda que essa criança preocupa-se com sua saúde, buscando atividades que propiciem força e um bom desenvolvimento, principalmente físico. Outro fator explicado por ele refere-se à busca, pela criança, de aprimoramento em suas técnicas e habilidades esportivas,

66 indo ao encontro de seus amigos, por gostar de participar desse meio e desejar tornar-se membro de um grupo esportivo. Machado (2003) investigou sobre os fatores motivacionais que influenciam os adolescentes a efetivarem sua iniciação em algum esporte. Tal estudo concluiu que o motivo que leva os meninos a treinar está direcionado aos aspectos relacionados à saúde. Já para as meninas são os aspectos vinculados à diversão. A mesma autora ainda menciona que os aspectos valorizados pelos treinadores e educadores não vão de encontro aos expostos pelos adolescentes, sugerindo que a atenção destes seja focada à saúde e ao divertimento, relacionando os motivos individuais com os objetivos a serem alcançados, garantindo a adesão dos adolescentes ao esporte. A motivação é importante para que o indivíduo ingresse no esporte e permaneça na idade adulta. Há uma carência na literatura de estudos que investigaram os motivos pelo qual atletas de categoria de base permanecem na prática do basquetebol. Visto isso, o objetivo deste estudo foi verificar e comparar os aspectos mais influentes e motivadores para a prática do basquetebol pelas crianças da cidade de Castro - PR, dentro das três categorias: competência desportiva, amizade e lazer, saúde. Materiais e Métodos Participantes Em vista dos objetivos da pesquisa foram convidados a responder o questionário, 40 crianças e adolescentes, do sexo masculino, de faixa etária entre 9 e 14 anos (média de idade de 11,32± 1,98), participantes de escolinhas de basquete disponibilizadas no contra turno escolar, na cidade de Castro, ofertadas pela Prefeitura Municipal. Assim, segundo os referidos autores Marconi e Lakatos (2003) o número de pessoas entrevistadas passa a ser uma amostra do que pode ser um retratado da população em geral. Instrumento Usou-se como instrumento para coleta de dados o Inventário de Motivação para a Prática Esportiva Adaptado de Gaya e Cardoso (1998), sendo que o citado inventário foi adaptado para a iniciação esportiva de crianças e adolescentes de faixa etária entre nove e quatorze anos, praticantes da modalidade basquetebol. Este é composto por 19 perguntas que buscam averiguar os aspectos motivacionais que os levam, em sua iniciação esportiva, à prática do basquetebol (apêndice). Cada afirmativa foi respondida conforme o nível de importância de cada item, referentes aos motivos que os levam a prática esportiva, sendo estes: 1- nada importante; 2- pouco importante; 3- muito importante. Procedimento de coleta de dados A natureza da pesquisa foi esclarecida aos participantes e ao responsável pelo pesquisador. No Termo de Consentimento Livre e Esclarecido estavam presentes as explicações a respeito dos objetivos e procedimentos do estudo e detalhamento a respeito do

67 método a ser utilizado. Os participantes ficaram cientes que os dados de pesquisa eram sigilosos e seriam utilizados apenas com fins científicos, e que poderiam se retirar do estudo a qualquer momento sem nenhum tipo de constrangimento. O questionário foi respondido na instituição esportiva no qual o atleta treinava, em um local silencioso e tranquilo, em um momento que não atrapalhou a rotina de treinamento. Alguns participantes levaram o questionário para casa, entregando ao pesquisador posteriormente. A partir da análise descritiva dos dados, analisaram-se as categorias, obtendo o número de respostas referente a cada pergunta abordada na pesquisa. Além disso, através da mediana das respostas dadas a cada aspecto, foi possível verificar o que os atletas de basquetebol atribuía de importância aos respectivos itens. Resultados Os Gráficos 1, 2 e 3, apresentam a frequência de respostas de acordo com cada aspecto, exposto a resposta a cada pergunta. Análise de dados Gráfico 1. Frequência de respostas para cada pergunta para o Item Competência p: Pergunta; NI: Nenhuma Importância; PI: Pouca Importância; M.I: Muita Importância que responderam muito importante foi No Gráfico 1, 2, 3, grande parte diminuta. Para todas as outras perguntas dos atletas atribuíram as perguntas o valor de todas as categorias, houve uma maior de muito importante para os aspectos porcentagem de atletas que responderam pesquisados. Apenas no gráfico 2, para como muito importante tal item. duas perguntas a porcentagem de atletas

68 Gráfico 2. Frequência de respostas para cada pergunta para o Item Amizade e Lazer p: Pergunta; NI: Nenhuma Importância; PI: Pouca Importância; M.I: Muita Importância Gráfico 3. Frequência de respostas para cada pergunta para o Item Saúde p: Pergunta; NI: Nenhuma Importância; PI: Pouca Importância; M.I: Muita Importância De acordo com o Gráfico 4, o item Competência Esportiva tem o maior valor de mediana, o que significa que para o grupo estudado, em sua maioria, considera este aspecto muito importante na motivação para prática do basquetebol. Para os aspectos Amizade, Lazer e Saúde, consideram para a motivação a prática do esporte um valor entre pouco importante e muito importante, dando uma importância relativa aos aspectos. Sendo assim, de acordo com a interpretação da mediana das respostas, os atletas de basquetebol do presente estudo consideram que a competência para prática o aspecto mais

69 importante que os motivam a praticar o esporte. Gráfico 4. Valor da mediana de acordo com cada item do questionário Discussão Categoria Competência Desportiva Conforme exposto na primeira categoria, que se refere á Competência Desportiva, podemos afirmar que os atletas de basquetebol das escolinhas municipais de Castro são extremamente competitivos, onde a questão que obteve menor percentual das afirmativas de número 3 = Muito Importante, alcançou 67,5% (27), dando destaque para duas questões em especial p4 e p9 que obtiveram 95% (38) das afirmativas equivalentes a Muito Importante. Teve-se apenas uma resposta de número 1 que significa Nada Importante. Levando em consideração que apenas 15 dos 40 atletas participantes são federados o que corresponde a 37,5%. A de ressaltar essa competitividade compreendendo que mesmo os outros 25 atletas não sendo federados optaram pelos fatores principais de sua prática a competência desportiva. O basquetebol no Brasil alcança o seu mais alto nível de competição nos eventos organizados pelas federações estaduais ou pela confederação brasileira de basquete. No estudo de Guedes e Neto (2013), com atletas de diversas modalidades da faixa etária de 12 aos 18 anos de idade, verificou-se também que a competência para prática foi citado pelos participantes com um fator imprescindível para que estes adolescentes se motivem a praticar o esporte. Vale lembrar que o estudo supracitado foi feito com adolescentes, ou seja, com um público em geral mais velho que no presente estudo.

70 Com o avanço da idade os atletas de categoria de base tendem a ser mais competitivos (COTÊ, 1995; PAES; OLIVEIRA, 2004). Esta competitividade na iniciação esportiva é saudável para o desenvolvimento geral dessas crianças? Pode-se obter através do sentimento de alto nível de competitividade das crianças, tanto aspectos positivos, quanto negativos. O lado positivo engloba alguns fatores importantes para o desenvolvimento da criança, tais como aumento da alta estima, da confiança, o desenvolvimento de perfis positivos como de liderança, busca do sucesso e alto realização, sociabilização, diversão através da competição e do prazer em competir (PAES; OLIVEIRA, 2004). Em contra partida, esta competitividade exacerbada, abrange inúmeros fatores negativos como: atitudes de exclusão ao voltar o pensamento apenas a vitória, agressão, baixa alta estima com a frequência de derrotas nos jogos, levando a criança a um sentimento de perdedor, aspecto que pode a traumatizar para a vida toda quando não orientado corretamente pelo professor, frustação ao não desempenhar de forma a suprir suas expectativas e expectativas de treinadores, pais e até mesmo dos dirigentes das instituições desportivas (PAES; OLIVEIRA, 2004). Esta cobrança e pressão sobre as crianças, ao induzi-las a competitividade e o sentimento costumeiro de vencer a qualquer custo, pode prejudicar a criança em todos os âmbitos. Denominamos também este processo, principalmente quando se foca a criança em apenas uma modalidade, como especialização precoce. Esta especialização precoce refere-se ao processo de ensino aprendizagem, e a identificação do momento correto da criança iniciar-se a prática esportiva, de especializar a mesma em apenas uma modalidade, e também a especialização de posicionamento técnico-tático referentes ás posições pertencentes de tal modalidade antes do período aconselhado em estudos realizados por pesquisadores da área. Este processo quando não realizado da forma adequada, como sugere algumas literaturas, podem ocasionar prejuízos ao atleta tanto a longo, quanto á curto prazo. Prejuízos estes que podem afetar não só fisicamente a criança, mas também psicológica e socialmente (FECHIO et al., 2012). Categoria Amizade e Lazer No segundo gráfico, Amizade e Lazer, pode-se concluir que a categoria foi a mais homogenia, na qual as crianças pesquisadas não consideraram estes aspectos tão motivadores quanto os das outras categorias. Mas que ainda assim obteve maior número de respostas nas perguntas p3, p12 e p13 relacionados ao nível de motivação equivalente a Muito Importante. Em compensação as outras duas perguntas da categoria se dividiram em p7 o maior número de respostas sendo Pouco motivador e p9 o maior número de resposta sendo nada motivador. Esse resultado surpreendeu o pesquisador, onde se esperava que este fosse um dos principais motivos que levassem as crianças a estarem praticando a modalidade. Ao comparar estes resultados,

71 com outras pesquisas que utilizaram do mesmo inventário de motivação, não se obtém muita diferença, pois na maioria destes, a categoria amizade e lazer encontrasse como um dos aspectos menos motivadores da prática esportiva das dos participantes. De acordo com Weinberg e Gould (2008), um dos principais aspectos motivacionais da prática desportiva para as crianças é a amizade. Estes mesmo autores ainda dizem que, as crianças ao participarem dos programas de prática esportiva, vêm nesta uma oportunidade não apenas de encontrar seus amigos, mas também de fazer novas amizades. Dando continuidade ao tema amizade e prática esportiva, Paes e Oliveira (2004) realizaram uma pesquisa com o objetivo de verificar os aspectos positivos e negativos da motivação relacionada á amizade e prática esportiva de crianças na faixa etária entre oito e dezesseis anos. Os aspectos positivos nessa pesquisa obtiveram grande destaque, sobressaindo aos aspectos negativos. Aspectos positivos tais como: aumento da autoestima, companhia, ajuda e orientação, intimidade, comportamento pró-social, apoio emocional, lealdade, ausência de conflitos e resolução de conflitos. Já nos aspectos negativos, foram encontrados apenas os conflitos, qualidades pessoais não atraentes, inacessibilidade e traição. Categoria Saúde Na categoria Saúde, volta-se a dar destaque para a resposta Muito Importante, o que confirma, que os aspectos relacionados á saúde, também mostram ser motivadores para os pesquisados. Atribuindo essa motivação aos atletas participantes das escolinhas de basquetebol do município, que em cinco perguntas o maior número de respostas foi Muito Importante, levando em consideração as questões p2 e p5 que obtiveram 90% (36) das respostas. Por fim, esta categoria apresentou apenas uma questão onde o menor número de resposta foi Muito Importante, tendo maior porcentagem de respostas corresponderam ao nível 2 Pouco Importante. Relacionando os aspectos motivacionais de saúde para a prática esportiva, podemos verificar a grande preocupação dos atletas atuais com a qualidade de vida e saúde. No estudo de Nascimento e Gress (2013), com escolares com faixa etária de 13 aos 15 anos de idade, a preocupação com a saúde também se mostrou como um fator muito importante para que estes indivíduos de motivem a fazer atividades físicas. Porém, há de se compreender que somente a atividade física não fará com que a criança obtenha uma saúde excelente, ou seja, tal atividade não é necessariamente sinônimo de saúde, mas será um ótimo meio de prevenir algumas doenças. Nos últimos anos a evolução tecnológica, a urbanização e o alto índice de violência e criminalidade, geraram uma restrição de acesso e apoio às práticas esportivas, o que levou a um menor nível de atividade física realizadas pelas crianças na atualidade. Automaticamente esta diminuição da atividade física leva ao sedentarismo e aumenta o risco de doenças como: Obesidade, infarto do

72 miocárdio, acidente vascular cerebral, angina, hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo II, osteoporose, asma, depressão, ansiedade, entre outras doenças que podem desenvolver com maior frequência e se agravar com a falta do exercício físico (ALVES, 2003). Além disso, há importância do educador físico incentivar a prática de exercícios físicos de um modo geral, não discriminando as crianças menos aptas, com o objetivo de desenvolver maior interação e prazer com a atividade praticada. Por tanto é de grande valia a transmissão desses fatores positivos da atividade física para a saúde da criança, sendo dever dos profissionais da área, mas também tornando muito importante que este conhecimento seja passado adiante, aos familiares e aos ciclos sociais desta criança, para que ocorra uma melhoria na qualidade de vida destas e automaticamente, uma maior obtenção de aspectos positivos relacionados à saúde infantil, não apenas a curto mais também em longo prazo. Considerações Finais A presente pesquisa teve como principal objetivo identificar os aspectos motivacionais que impelem as crianças a participarem das escolinhas de basquetebol do município de Castro. Através dos resultados obtidos concluiu-se em tese que os motivos que mais importam para estas crianças pesquisadas estarem frequentando aos treinamentos de basquetebol das escolinhas da cidade estão totalmente relacionados ao esporte de rendimento, tendo como maior número de respostas equivalentes ao grau de intensidade de seus sentimentos costumeiros a categoria competência desportiva, que corresponde a um nível de competitividade muito grande, onde os fatores primordiais são a busca de uma carreira vitoriosa como atleta, visando aspectos como vencer, ser jogador profissional entre outros. Porém pôde-se observar que os outros fatores como Saúde, que engloba questões de aspectos físicos, como, o desenvolvimento de um bom aspecto físico, manter a saúde exercitando-se entre outros, obteve-se um nível alto de respostas correspondentes a aspectos que também se enquadram em um grau de importância elevado para a prática da modalidade. Amizade e Lazer também são um dos aspectos motivadores para que estas crianças estejam treinando o basquetebol, obtendo ainda uma porcentagem acima da média de respostas correspondentes a muito importante que diz que é sim um aspecto importante para estarem praticando a modalidade. Por fim, recomendam-se novas pesquisas com um número maior de participantes, abrangendo outras cidades e regiões brasileiras, pois com isso, pode-se indicar um panorama de outras realidades. Referências Bibliográficas ALVES, J. G. B., Atividade Física em crianças: promovendo a saúde do adulto. Revista Brasileira Saúde Mater. Vol. 3, n. 1, Jan/Mar, 2003. BARRETTO, L. C. P., Estudo de Caso de Abandono Esportivo na Modalidade de

73 Basquetebol. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto de Biociências da UNESP. Rio Claro, 2008. CÔTÉ, J. The influence of the family in the development of talent in sport. The Sport Psychologist. v. 13, p. 395-417, 1999. FECHIO, J. et.al. Especialização esportiva precoce: uma revisão. Revista Digital, n. 169, ano 17. Janeiro, 2012. GAYA, A.; CARDOSO, M.. Os fatores motivacionais para a prática desportiva e suas relações com o sexo, idade e níveis de desempenho desportivo. Revista Perfil. Porto Alegre: Editora da UFRGS, v.2, n.2, p.40-51, 1998. GUEDES, D.P.; NETTO, J.E. Motivos para a prática de esportes em atletas jovens e fatores associados. Revista da Educação Física/UEM, v. 24, n. 1, p. 21-31, 2013. KNIJNIK, J. D.; GREGUOL, M.; SILENO, S. Motivação no esporte infanto-juvenil: uma discussão sobre razões de busca e abandono da prática esportiva entre crianças e adolescentes. Revista do Instituto de Ciências da Saúde, São Paulo, v. 19, n. 1, 2001. MACHADO, C.S. Fatores Motivacionais que Influem na Aderência de Adolescentes aos Programas de Iniciação Desportiva. Trabalho de Conclusão do Curso de Educação Física. ULBRA, Canoas, 2003. NASCIMENTO, L.S.; GRESS, F.A. Nível de motivação para a prática de atividade física em escolares do 7º e 8º ano de escolas estaduais de Ji-Paraná-RO. Biomotriz, v. 7, n.2, 2013. PAES, R.R. Aprendizagem e competição precoce: O caso do Basquetebol. Campinas: Unicamp. 1992. PAES, R.R., OLIVEIRA, V. O processo de desenvolvimento do talento: "um estudo no basquetebol". Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR, v. 7, n. 1, p. 63-64,2004 SCALON, R. M. Fatores motivacionais que influem na aderência e no abandono dos programas de iniciação desportiva pela criança.1998. Dissertação (Mestrado em Educação Física/UEM Maringá, v. 16, n. 1, p. 59-66, 1. sem. 2004. SERPA, S.,. Psicologia do Desporto. Manual do treinador. Edições Psicosport, Lisboa, 1998. SILVA, A. F. Projeto dança criança e a motivação para o aprendizado da dança na escola. Cadernos FAPA, Porto Alegre, n. especial, 2007. WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos da Psicologia do Esporte e do Exercício. Porto Alegre: Artmed, 2008. MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2003.