VIOLÊNCIA NO ESPAÇO ESCOLAR: UMA ANÁLISE A PARTIR DA ESCOLA CAMPO



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Transcrição:

VIOLÊNCIA NO ESPAÇO ESCOLAR: UMA ANÁLISE A PARTIR DA ESCOLA CAMPO Franscimere Cordeiro de Souza franscimere@gmail.com Nayara Katiucia de Lima Domingues Dias nanalima1923@hotmail.com Maria Geralda de Almeida Moreira maria.geralda@ueg.br RESUMO: O presente texto tem como objetivo identificar os diferentes tipos de violência presente na escola e analisar os motivos que levam os alunos a cometer atos de violência. A violência nas escolas tem crescido nesses últimos tempos, porém, tais práticas estão presentes em todos os lugares e não somente no ambiente escolar. Na escola o comportamento violento não é diferente dos demais espaços sociais. Por ter a escola papel fundamental na formação dos indivíduos torna-se necessário que compreendamos como a violência se processa neste espaço para com base nesse diagnóstico enfrentar tal problema. As reflexões presentes neste texto foram possibilitadas pelas atividades do Projeto Convivendo com a Diversidade: Construindo Cidadania, projeto participante do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID) da Capes. A partir da analise das produções de textos dos alunos e da vivência na escola, possibilitada pelas ações desenvolvidas diretamente com os alunos a partir dos grupos de estudos, dos filmes, dos encontros, foi possível perceber que, a maioria dos sujeitos participantes das atividades do projeto, percebe a violência somente na sua dimensão física, desconsiderando como violência as práticas do âmbito do simbólico. PALAVRAS-CHAVE: Violência, Escola, Sociedade. Introdução As reflexões presentes neste relato de experiência são resultantes de dez meses de atividades desenvolvidas na escola campo com alunos e comunidade escolar. As atividades desenvolvidas no Colégio Osório Raimundo de Lima, com o subprojeto de História da UEG Unidade de Iporá, Convivendo com a Diversidade: Construindo Cidadania, subprojeto esse participante do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID) da Capes. Todavia, neste texto, centraremos nossas reflexões em um eixo do subprojeto que é Violência nas escolas. As atividades desenvolvidas pelas bolsistas do PIBID tinham como finalidade criar espaços de diálogos sobre violência com os alunos, discutir com eles os diferentes tipos de PrG/UEG Vol. I, Nº 1 169

violência, suas conseqüências e, fatores impulsionadores dos atos violentos. A partir das discussões com os alunos, buscamos identificar os diferentes tipos de violência presentes na escola e, ao mesmo tempo contribuir com a escola no processo de conscientização e formação de sujeitos conscientes de sua função social. A violência em suas diversas formas se faz presente na sociedade contemporânea, desde a família até a escola. Não importa se pública ou privada, em todos os ambientes de sociabilidades presenciamos gestos, ações e palavras que ferem a integridade física e mental das pessoas. Todavia, se faz necessário definir o que entendemos por violência, em especial a violência escolar que é o nosso foco. Para embasar nossas discussões partiremos das analises de autores como: Pereira e Williams (2010), Viana (2004) e Souza (2008). De acordo com Pereira e Williams (2010), definir violência escolar, não é uma tarefa fácil, devido aos diversos elementos que contribuem direta ou indiretamente para a concretização da violência. Segundo os autores contribuem para desencadear a atitude de violência aspectos culturais, históricos ou/e individuais. Culturais quando se trata da imposição de cultura, de elementos simbólicos ou concretos de um povo/sujeitos sobre outros. Históricos ao observar a presença da violência em todo o processo histórico, no caso do Brasil, desde a colonização até os dias atuais. Viana (2004), também destaca como sendo violência as imposições sofridas pelo Brasil, desde a sua formação enquanto Estado Nação. A escola é composta por pessoas que viveram e vivem essas imposições culturais e sociais, por isso a violência está presente, na escola e em outros espaços e contextos. O aspecto individual, para Pereira e Williams (2010), se configura quando se tratam de uma violência isolada entre dois indivíduos, o agressor e o agredido. Pereira e Williams, (...) compreende que a violência escolar incorpora tanto a perspectiva mais explícita da violência, como agressão entre indivíduos, quanto a violência simbólica que ocorre por meio das regras, normas e hábitos culturais de uma sociedade desigual (PEREIRA E WILLIAMS, 2010 p. 45). As pessoas são diferentes, cada um possui seu modo de pensar, de agir, suas crenças e costumes que influenciam na concepção de violência de cada sociedade. A desigualdade social, a discriminação em todos os seus sentidos, também gera violência. A partir do momento em que os indivíduos não se respeitam os mesmos já estão praticando a violência. A (...) violência pode ocorrer em qualquer relação PrG/UEG Vol. I, Nº 1 170

interpessoal, ainda que costume ocorrer com maior frequência e intensidade quando há desigualdade de condições de poder entre os indivíduos (Pereira, Williams, 2010, p. 49). Segundo Pereira e Williams (2010) a escola é um lugar de aprendizado e não de violência, um espaço onde os indivíduos estão em processo de se relacionarem e aprenderem com esse processo. Na escola eles deveriam aprender a conviver em sociedade e obter (...) os meios para a construção de uma sociedade mais igualitária. (Pereira, Williams, 2010, p. 47). A violência está presente em todos os lugares, nas escolas, nas ruas, no ambiente doméstico, ou seja, é algo real que a sociedade vivencia e devido ao seu aumento nos últimos anos tem sido motivo de preocupação de pesquisadores. Segundo (VIANA, 2004) a causa desse crescimento da violência é que a sociedade está cada dia mais individualista e autônoma. Viana (2004) em seu artigo, Escola e Violência, afirma que violência é uma relação social de imposição. Esta imposição é realizada por um indivíduo ou grupo social a outro indivíduo e grupo social contra sua vontade ou natureza. Assim, a agressão física, a agressão verbal, a imposição cultural, o assassinato, a repressão social, seriam, entre outros exemplos, atos de violência (VIANA, 2004, p. 628). O autor descreve dois tipos de violência a visível e a invisível. A visível é caracterizada como agressões físicas, assassinato, agressões, tapas e a invisível como imposições culturais, ou seja, agressões verbais, exclusões dentre outros. A violência analisada nesse texto é aquela que ocorre no interior da instituição escolar, ou seja, aquela que envolve o indivíduo e a escola, a devastação do espaço escolar e a agressão entre professores e alunos, entre alunos e alunos. De acordo com Viana (2004), é fundamental reconhecer a historicidade da violência, a multiplicidade de forma que ela assume, bem como o seu processo de gênese social. A violência não é algo natural, inevitável, imutável. Ela é um fenômeno social e histórico. (VIANA, 2004, p. 629). E é com base nessa historicidade que a violência intra-escolar deve ser compreendida e analisada, pois como observa Viana (2004), a violência nas escolas está ligada às mudanças capitalistas que impõe ao individuo novas formas de sociabilidades, de organização, de trabalho, de mercado dentre outras que se evidenciam em um meio PrG/UEG Vol. I, Nº 1 171

social de imposições. Essas relações invisíveis de poder inserem-se na dinâmica da escola, pelas ações dos próprios sujeitos, refletindo na convivência dos indivíduos. Partindo da perspectiva apresentada por Souza (2008) em seu artigo Violência nas escolas: causas e conseqüências, a escola é um espaço social que prepara os indivíduos para viverem em sociedade. Todavia, mesmo sendo um espaço de formação a escola vivencia os dilemas e problemas sociais. A violência se apresenta com o convívio de indivíduos indiferentes e que se vêem melhores em tudo. Segundo Souza, a violência pode ser caracterizada como imposição de algo realizado por um indivíduo/grupo social a outro indivíduo/grupo social contra a sua vontade. Dependendo do local e da maneira como ocorre a violência, ela pode ser classificada como criminal, policial, estatal, institucional; pode também ocorrer na forma física ou psicológica, doméstica, rural, urbana, escolar dentre outras classificações, podendo ser aparente ou não (SOUZA, 2008. p. 120). A violência se expressa muitas das vezes em: atos, atitudes, gestos, falas e comportamentos que as pessoas praticam sem consciência efetiva do seu significado e de suas conseqüências. No ambiente escolar ela pode ser observada em atos como a falta de respeito aos colegas e professores, agressões verbais (ameaças e xingamentos), abandono e negligência dentre outras formas de violência (SOUZA, 2008). A VIOLÊNCIA ESCOLAR E SUAS FACES Nossas atividades com os sujeitos envolvidos no subprojeto de História do PIBID objetivavam contribuir com a escola no processo de conscientização dos alunos acerca dos diferentes tipos de violência existente no meio escolar, bem como dos elementos que contribuem para que os indivíduos se tornem violentos. As ações foram propostas acreditando que refletir sobre as atitudes violentas observadas no espaço escolar permite aos sujeitos compreenderem que ações, às vezes consideradas inofensivas, configuram-se como violência. Com esse intuito foram realizadas diversas atividades com os alunos, tais como: seminários, análise de letras de músicas, produção de textos reflexivos, concurso de redação e participação em eventos na escola campo. Todo o material produzido pelos alunos foi analisado e sistematizado a fim de identificar os tipos de violência existentes no espaço escolar, bem como para verificarmos como estes sujeitos compreendem a violência. PrG/UEG Vol. I, Nº 1 172

A partir da observação do cotidiano escolar percebemos que os alunos se separam por grupelhos durante o intervalo e nas atividades fora da sala de aula. A convivência cotidiana uns com ao outros apresentam características como: individualismo e superioridade. Na maioria das vezes essas posturas, que por si só já configuram como um tipo de violência acabam por influenciam a violência física ou verbal, as mais visíveis aos olhos dos alunos. Identificamos no cotidiano escolar a violência nas suas diversas dimensões (física, verbal, simbólica, cultural, psicológica e etc.), como analisados pelos autores: Pereira e Wiliams (2010) e Viana (2004), sendo esta violência resultado das relações e desigualdades sociais que influenciam as ações dos sujeitos. A partir da análise dos textos produzidos pelos alunos, percebemos que estes identificam como sendo violência agressões físicas e verbais, e embora, apareça em alguns textos atos que se configuram como violência simbólica, a maioria deles desconsideram a violência nesse âmbito, tanto no espaço escolar como na sociedade. O aumento das práticas violentas no espaço escolar é uma preocupação dos alunos. Segundo eles, hoje em dia a violência nas escolas tem aumentado bastante não só verbal, mas também física, são alunos contra-alunos, contra professores, contra qualquer um e o pior e que na maioria das vezes isso acontece por motivos banais (ALUNA, A). Essa fala é comum entre os alunos que enfatizam a constância com que esse tipo de violência acontece, bem como a não necessidade de fatores motivadores para que a mesma aconteça. A violência como sendo resultado das relações desiguais entre os sujeitos, da desigualdade social produzidas pelo sistema capitalista, tal como proposto por Viana (2004), também é observado nas falas dos alunos(as). A violência nas escolas se tornou um grande problema na sociedade, pois atinge o psicológico das crianças e adolescentes, movidos principalmente pela desigualdade social (ALUNA, B). Uma metodologia usada pelas bolsistas foi à análise de letras de músicas atuais, com os alunos. A partir dessa dinâmica os alunos produziram textos analisando a relação entre violência e música. Os alunos(as) apresentaram ter clareza, ao analisar as letras de música, que esse tipo de produto da industria cultural influencia a prática da violência. Segundo estes sujeitos, as músicas atuais (...) gera violência verbal e estimula o alcoolismo e também a violência física para com as pessoas (ALUNA, C). PrG/UEG Vol. I, Nº 1 173

Os sujeitos participantes das atividades do subprojeto de História do PIBID compreendem que antigamente as músicas não eram assim, eram menos obscenas, tinham um sentido (ALUNO, D). Outra diz (...) antigamente se cantassem essas músicas seria um falatório enorme (ALUNA, E). As letras das músicas atuais perderam a capacidade de falar do cotidiano de forma lúdica. A grande maioria das músicas não são de de boa qualidade, enfatizando que, as músicas do tempo dos seus avôs falavam de histórias vividas em suas letras e devido a isso ensinavam lições para a vida e não instigavam a violência. Foi possível perceber que os sujeitos envolvidos têm consciência de que a violência esta presente na sociedade nos seus diferentes espaços e contextos e, que está é resultante das desigualdades sociais, que influencia a construção de relações de imposições entre indivíduos. Essas relações podem ser observadas nas letras de músicas, na TV, na internet, no cotidiano em geral e os alunos caracterizam a violência como sendo prejudicial para o convívio em sociedade. Consideramos que as atividades desenvolvidas visando debater a violência escolar com os alunos, tiveram resultados positivos, junto ao grupo participante das atividades. A análise das produções escritas dos alunos permitiu perceber que houve um profícuo dialogo entre os sujeitos sobre a temática. Esse diálogo, bem como o trabalho com a temática não foi produtivo somente para os alunos da escola, mas também para as bolsistas responsáveis pela temática que tiveram que estudar para preparar e executar cada atividade com os alunos. Debruçar sobre os autores que conceituam e analisam violência foi primordial para executar as atividades. A violência não é um problema somente da escola, pois as suas causas e conseqüências extrapolam seus muros, mas identificar o tipo de violência mais comum neste espaço, ter consciência dessa prática e ampliar os espaços de discussão são ações que certamente contribuirão para o estabelecimento de relações mais amistosas neste espaço que se propõe ser de formação de sujeitos conscientes e participativos. As atividades desenvolvidas proporcionaram o contato sistemático das bolsistas com a realidade, nem sempre colorido, da escola, ampliando o espaço de formação e de vivencia escolar das licenciandas bolsistas. Os problemas se apresentaram em diferentes dimensões: relações humanas (entre comunidade escolar), recursos (falta de equipamentos de multimídia para realizar diversas atividades), orientações da SEE/GO dentre outros, dificultando a dinâmica dos PrG/UEG Vol. I, Nº 1 174

trabalhos e mostrando como o espaço escolar é dinâmico, exigindo dos sujeitos envolvidos mais do que formação, mas a capacidade de se reinventar a cada situação, de ir além do discurso, vivenciando-o, experimentando-o num continuo processo de aprender- ensinar-aprender. AGRADECIMENTOS A equipe do PIBID do Subprojeto de História da UEG Unidade de Iporá agradece ao fomento do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência PIBID da CAPES, pela bolsa. REFERÊNCIAS SOUZA, Mirian Rodrigues de. Violência nas Escolas: Causas e Consequências. Caderno do Discente do Instituto Superior de Educação, Ano 2, n.2, Aparecida de Goiânia, 2008. Disponível em: http://www.faculdadealfredonasser.edu.br. Acesso em: 15. abr. 2013. STELKO-PEREIRA, A. C., & WILLIAMS, L. C. Reflexões sobre o conceito de violência escolar e a busca por uma definição abrangente. Universidade Federal de São Carlos 2010. Disponível em: http://www.sbponline.org.br. Acesso em: 14. maio.2013. VIANA, Nildo. Escola e Violência. Brasília, 2004. Disponível em: http://www.academia.edu/2632596/a_violencia_nas_escolas. Acesso em: 14. Mai. 2013. PrG/UEG Vol. I, Nº 1 175