PERFIL BRASILEIRO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA DA FISIOTERAPIA EM ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO: REVISÃO SISTEMÁTICA

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Transcrição:

PERFIL BRASILEIRO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA DA FISIOTERAPIA EM ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO: REVISÃO SISTEMÁTICA DE CARVALHO, P. E.; SALVADOR, C. A.; MIRANDA, T. T.; LOPES, J. Resumo: O acidente vascular encefálico (AVE) é o principal diagnóstico na produção científica da fisioterapia neurofuncional. O objetivo deste estudo foi analisar o perfil das publicações científicas brasileiras sobre abordagem fisioterapêutica no AVE. Foi realizada uma revisão sistemática de 2998 estudos conforme delineamento e categoria temática. Houve predomínio de estudos de avaliação e temática capacidade funcional. A produção científica do fisioterapeuta sobre AVE é desproporcional a sua atuação. Palavras-Chave: Acidente vascular encefálico; Fisioterapia; Pesquisa. Abstract: Stroke is the primary diagnosis in scientific production of neurofunctional physiotherapy. The aim of this study was to analyze the profile of Brazilian scientific publications on physiotherapy approach in stroke. It was performed a systematic review of 2998 studies as design and theme category. The majority of studies was about assessment and functional capacity. The scientific production of the physiotherapist on Stroke is disproportionate to his performance. Keywords: Stroke; Physiotherapy; Research. Introdução O acidente vascular encefálico (AVE) constitui o maior problema de saúde pública mundial sendo causa líder de incapacidade em adultos. Indivíduos acometidos pelo AVE apresentam uma variabilidade de comprometimentos físicos, cognitivos e/ ou comportamentais dependendo da área cerebral atingida, razão pela qual representam a maioria dos usuários dos serviços de reabilitação neurológica como os prestados por fisioterapeutas configurando um grande desafio em virtude da variabilidade de limitações clínicas impostas. Assim, os programas de reabilitação fisioterapêutica neurológicos direcionados ao AVE sempre estão em busca de formas padronizadas de avaliação e estabelecimento

de protocolo com resultados baseados no melhor prognóstico funcional através da realização de pesquisas científicas. A Fisioterapia neurofuncional ocupa o 3º. lugar nas áreas de produções fisioterapêuticas após fisioterapia musculoesquelética e cardiorrespiratória e dentre estas, a temática AVE representa o primeiro lugar nas produções científicas em neurologia. O desenvolvimento de pesquisas na fisioterapia é fundamental, pois permite a construção de um corpo de conhecimento próprio, melhora a assistência fisioterapêutica ao paciente, embasada em conhecimento científico e enriquecimento do profissional e da sua prática (FILIPPIN; WAGNER, 2008, p.432). Considerando o caráter incapacitante do AVE, sua demanda em serviços fisioterapêuticos brasileiros e o desconhecimento das temáticas que estão sendo abordadas sobre esta doença pelo fisioterapeuta, o presente estudo teve por objetivo analisar o perfil das publicações científicas brasileiras sobre a abordagem fisioterapêutica no AVE. Seguindo o delineamento de revisão sistemática como metodologia, este estudo teve como procedimento a realização de uma pesquisa computadorizada, em bases de dados bireme, lilacs, medline, physiotherapy evidence database, pubmed, scielo no período de 1980 a agosto de 2012. Com a utilização do operador booleano e foram cruzados os descritores da doença (acidente vascular encefálico, derrame, acidente vascular cerebral) com os descritores da fisioterapia (fisioterapia, reabilitação, exercícios, avaliação neurofuncional). Foram incluídos apenas artigos com dados conclusivos, provenientes de estudos em humanos, com delineamento de pesquisa do tipo pesquisa aplicada, produção científica de fisioterapeutas brasileiros. Para análise das produções, as publicações foram divididas em relação ao tipo de delineamento e categoria temática abordada com apresentação dos dados de forma descritiva. Referenciais teórico-metodológicos A Organização Mundial da Saúde define AVE como um episódio de início rápido e abrupto, de origem vascular, que reflete em uma perturbação focal ou generalizada da função encefálica, excluindo deficiências isoladas e persistindo

por mais de 24 horas (GIRIKO et al., 2010, p.216). Trata-se de uma patologia que acarreta alterações no nível de consciência; disfunções somatossensitivas; déficits motores; distúrbios de cognição, de linguagem e do sono e alterações funcionais (BENINATO; PORNEY; SULLIVAN, 2009, p.817). Na população brasileira, o AVE está entre as principais causas de doenças crônicas não transmissíveis com maior incidência após os 65 anos sendo uma das principais causas de internações e mortalidade, causando, em cerca de 90% dos sobreviventes algum tipo de deficiência parcial ou total (GIRIKO et al., 2010, p.214). Grande parte dos pacientes com AVE evolui com incapacidades e prejuízos sensório-motores, tendo como consequência um impacto significante em seu nível de independência funcional, razão da procura por serviços de reabilitação fisioterapêutica (COSTA; SILVA; ROCHA, 2011, p.1084). Sridharan et al. (2009, p.1116) indicam o diagnóstico de AVE como maior indicador de consultas aos serviços ambulatoriais de fisioterapia. Assim, investir em pesquisas e na fisioterapia baseada em evidências em AVE, mais que um mérito dedicado à ciência, é uma condição de extrema relevância e necessidade para abordagem deste acometimento. Em razão da escolha do delineamento metodológico ser uma revisão sistemática foi adotada a metodologia proposta por Mancini e Sampaio (2007, p.87) para seleção e categorização dos estudos em abordagens de delineamento como este. Conclusão Na busca sistematizada foram encontrados 2998 artigos científicos, destes apenas 36 estudos foram selecionados de acordo com os critérios preconizados para o delineamento revisão sistemática (MANCINI; SAMPAIO, 2007, p.85). Dos 2962 artigos eliminados, 37% são estudos com delineamento de revisão bibliográfica ou sistemática, 35% estudos com dados inconclusivos e 28% são guidelines e propostas de tratamentos com delineamento de estudo de caso não passível de generalizações. Apesar da extensa produção científica apontada pelo número de artigos encontrados, a qualidade dos estudos evidenciados pelos

dados inconclusivos e a extensa reprodução de dados já existentes devido ao número considerável de revisões conduz ao apontamento da necessidade de mais pesquisas com a temática fisioterapia em AVE devido às lacunas que podem ser explicadas pelo número reduzido de artigos presentes nesta revisão. Os 36 estudos selecionados compõe uma amostra total de 832 indivíduos, sendo que, em média, os estudos utilizaram casuísticas de 62 ± 8.2 pacientes com AVE. Os temas abordados pelos 36 estudos selecionados estão apresentados na figura 1. Avaliar os indivíduos com AVE foi uma das principais preocupações vigentes pela produção científica fisioterapêutica. Observa-se que a maioria dos fisioterapeutas preocupa-se muito mais em estudar métodos de avaliação a estratégias de tratamento, pois 23 estudos abordam avaliação e/ou desenvolvimento de métodos, procedimentos e escalas para avaliação de pacientes com AVE. Figura 1. Categorização temática da produção científica brasileira em AVE E: estudos experimentais; O= estudos observacionais. A maioria dos estudos é observacional, destes 40% apresentam delineamento transversal, 20% caso-controle, 10% estudos de caso e 30% estudos de validação de instrumentos de avaliação. Dentre os estudos experimentais, todos eram ensaio-clínicos, sendo apenas 30% deles aleatórios. A predominância do delineamento observacional pode ser atribuída aos indicadores

de produção vigente, a falta de recursos para pesquisas do tipo ensaio clínico e abordagem fisioterapêutica mais voltada para avaliação dos indivíduos com AVE. Conclui-se que a produção científica do fisioterapeuta sobre AVE é desproporcional a sua atuação. O perfil brasileiro de produção científica da fisioterapia em AVE é limitado e os indicadores de produção estão centrados na avaliação de apenas uma parte diante da variedade da problemática clínica manifestada pelos indivíduos com AVE. Referências BENINATO, M.; PORTNEY, L.G.; SULLIVAN, P.E. Using the International Classification of Functioning, Disability and Health as a framework to examine the association between falls and clinical assessment tools in people with stroke. Physical Therapy, USA, v.89, n.8, p.816-25, aug., 2009. COSTA, F.A.; SILVA, D.L.A.; ROCHA, V.M. Estado neurológico e cognição de pacientes pós-acidene vascular Cerebral. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v.45, n.5, p.1083-8, 2011. FILIPPIN, L.I.; WAGNER, M.B. Fisioterapia baseada em evidência: uma nova perspectiva. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Paulo, v.12, n.5, p.432-3, set./out., 2008. GIRIKO, C.H.; AZEVEDO, R.A.N.; KURIKI, H.U.; CARVALHO, A.C. Capacidade funcional de hemiparéticos crônicos submetidos a um programa de fisioterapia em grupo. Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v.17, n.3, p.214-9, jul./set., 2010. SAMPAIO, R.F.; MANCINI, M.C. Estudos de revisão sistemática: um guia para síntese criteriosa da evidência científica. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Carlos, v.11, n.1, p.83-89, jan./fev., 2007. SRIDHARAN, S.E.; MPHIL, U.; SUKUMARAN, S.; SYLAJA, P.N.; DINESH, N.S.; SARMA S. et al. Incidence, types, risk factors, and outcome of stroke in a developing country. Stroke, England, v.40, p.1112-8, 2009.