Jornal do Commercio - PE Microcefalia e zika cada vez mais juntas



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Transcrição:

Jornal do Commercio - PE 04/02/2016-08:17 Microcefalia e zika cada vez mais juntas MOSQUITO Entre os 153 bebês com anomalia em Pernambuco, 12 apresentaram anticorpo que ratifica a associação com o vírus Pouco mais de dois meses após o Ministério da Saúde confirmar a relação entre o zika e a microcefalia com a identificação da presença do vírus em amostras de sangue e tecidos em um bebê nascido no Ceará apresentando a malformação, Pernambuco ratifica essa associação ao informar que, entre os 153 bebês com o diagnóstico de microcefalia confirmado no Estado, 12 foram submetidos a um novo exame e todos apresentaram existência do anticorpo IgM para zika no líquido cefalorraquidiano (LCR), aquele que circula na medula e vai até o cérebro. "É um achado sugestivo de que o vírus se replicou no sistema nervoso central. É uma resposta de infecção recente", explica a virologista Marli Tenório Cordeiro, pesquisadora do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM), unidade da Fiocruz Pernambuco. Ela acrescenta que a instituição já começou a testar outras 28 amostras do LCR. A confirmação dos 12 casos de microcefalia relacionados à zika foi divulgada ontem pela Secretaria Estadual de Saúde, que também apresentou boletim revelando como tem sido acelerado o avanço das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti (dengue, chicungunha e zika). A identificação da presença do zika em bebês com microcefalia nascidos em Pernambuco foi possível porque o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) disponibilizou reagentes para os testes. "Três pesquisadores do laboratório de Fort Collins, nos Estados Unidos, estiveram no Instituto Evandro Chagas, em Belém, de 17 a 22 deste mês, passaram as técnicas usadas no CDC e disponibilizaram alguns reagentes. Com eles, testamos os LCRs", informa Marli. A secretária-executiva de Vigilância em Saúde de Pernambuco, Luciana Albuquerque, lembra que a técnica diagnóstica disponível hoje para investigar zika é o PCR (biologia molecular). Mas todos esses exames feitos até hoje, nos bebês que foram notificados, tinham dado negativo para zika. "Era de se esperar porque o PCR só capta infecção recente. Com a sorologia disponibilizada pelo CDC, conseguiu-se achar o vírus em todos os 12 recém-nascidos em que foi feita a coleta de LCR. É uma evidência bastante importante, que nos leva a acreditar na relação da zika com a microcefalia", frisa Luciana. A secretária lembra que já estão sendo desenvolvidos estudos científicos para confirmar de forma categórica essa associação. "Os novos achados são um forte indício de que a microcefalia pode ter como agente causal o vírus zika", completa Marli.

Tríplice epidemia avança mais Jornal do Commercio - PE 04/02/2016-08:17 Não para de crescer o número de pessoas que adoecem com sintomas de dengue, chicungunha e zika em Pernambuco. Já são 9.695 casos suspeitos das três doenças transmitidas pelo Aedes apenas nas três primeiras semanas epidemiológicas deste ano. O volume de notificações de dengue, por exemplo, mais do que duplicou em sete dias: são 7.120 casos 4.100 a mais do que na última semana. Também se observa um crescimento das confirmações de dengue: 723 um número três vezes maior do que o apresentado há sete dias, quando o Estado tinha confirmação de 243 casos. A curva ascendente da chicungunha também preocupa. Em uma semana, o número de suspeitas saltou de 701 para 1.507 casos. As notificações da doença estão distribuídas por 87 municípios (eram 69 cidades com registros de casos há sete dias). E volume de pessoas que tiveram o diagnóstico confirmado de chicungunha foi praticamente

multiplicado por três entre a segunda e a terceira semana epidemiológica do ano: saiu de 36 para 100. O salto da zika acende, cada vez mais, o alerta das autoridades de saúde. Desde 10 de dezembro do ano passado, já se acumulam 2.454 casos suspeitos e 1.068 deles foram registrados apenas nas três primeiras semanas deste ano. Ontem, em apelo para que a sociedade brasileira se engaje no enfrentamento ao Aedes, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o combate ao zika é uma luta que deixou de ser um pesadelo distante para se transformar em ameaça real. Não podemos admitir a derrota porque a vitória depende da nossa determinação em eliminar os criadouros, disse. A presidente pediu cuidado contínuo aos cidadãos: em nossas casas, em nosso trabalho, nas nossas escolas, nos logradouros públicos, em todos os lugares, para que estes não se transformem em lares para o mosquito transmissor do vírus zika. Latinos se unem contra síndrome Jornal do Commercio - PE 04/02/2016-08:17 Doze países da América Latina deverão passar a comprar conjuntamente medicamentos caros como os usados no tratamento da síndrome de Guillain-Barré, doença neurológica associada ao vírus da zika. A decisão foi tomada em reunião dos ministros da Saúde realizada ontem, em Montevidéu. O encontro fora pedido pela presidente Dilma Rousseff para determinar uma ação unificada no combate às doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Entre as medidas adotadas também estão a criação de um grupo emergencial para monitorar se as recomendações estão sendo seguidas e a capacitação recíproca de profissionais para realizar o diagnóstico. Ainda no encontro em Montevidéu ficou definido que técnicos do Centro de Controle e Combate a Doenças dos Estados Unidos chegarão ao Brasil no próximo dia 11 para definir um cronograma para o combate ao vírus zika. Ontem, a Organização Mundial da Saúde pediu aos países europeus que coordenem entre si uma ação para evitar a proliferação do mosquito. Peço aos países europeus que tomem medidas coordenadas para controlar os mosquitos, através do envolvimento das pessoas, e para eliminar os focos, espalhando inseticida e matando as larvas, escreveu em um comunicado a diretora Europa da OMS, Zsuzsanna Jakab. A resposta para este problema está na luta contra o mosquito que transmite o vírus, afirmou a diretora da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Carissa Etienne. Quando perguntada se considera a possibilidade de usar o fumacê (inseticida) nas zonas afetadas, a responsável pela Opas lembrou que a medida não elimina as larvas do mosquito, apenas os adultos, portanto tem valor limitado. Voz do Leitor Frase Jornal do Commercio - PE 04/02/2016-08:17 Gostaria de saber da Secretaria de Saúde de Pernambuco em que laboratório público é possível fazer o exame de zika, solicitado pelo médico. Nenhum plano de saúde

particular autoriza. Nos laboratórios paga-se R$ 500 pelo procedimento. Como querem combater a doença, se a maioria das pessoas sequer consegue comprovar?. Célia Porto, por telefone Idosos sem prioridade no Sassepe A dificuldade para marcar consulta no Sassepe é uma queixa recorrente dos servidores estaduais. Tentei, semana passada, marcar um cardiologista, das 7h às 9h, e não consegui. Fui forçada a trocar de médico depois de ter ligado inúmeras vezes, dentro do horário, para agendar uma consulta. Ao chegar ao IRH para fazer exame laboratorial, me deparei com outro problema: como passei muitas horas sem comer para fazer o exame, o resultado poderia ser comprometido. Prioridade para idosos no IRH é piada. A responsabilidade do descaso é do governo do Estado de Pernambuco, por ter cortado a rede credenciada e não repassar ao Sassepe a quantia de dinheiro que deveria repassar. Elaborei um relatório e entreguei à ouvidoria. Com a palavra, o governo do Estado. Severina Porpino, por e-mail Diario de Pernambuco - PE 04/02/2016-08:05 Exames confirmam zika em 12 crianças Teste realizado em Pernambuco, numa parceria com os Estados Unidos, detectou anticorpo que sinaliza a infecção pelo zika ALICE DE SOUZA Exames de sorologia realizados em amostras do Líquido Cefalorraquidiano (LCR) de 12 crianças pernambucanas com microcefalia - malformação que altera o desenvolvimento do cérebro - identificaram a presença de anticorpo que sinaliza a infecção pelo zika vírus. Os testes foram feitos pelo centro de pesquisas Aggeu Magalhães com reagentes enviados pelo Centro de Controle de Doenças (CDC), dos Estados Unidos. Outros 28 bebês estão em análise e os resultados devem sair até o fim da semana. Pernambuco tem atualmente 1.447 casos de microcefalia notificados e 153 confirmados. Os testes foram realizados depois de reunião dos pesquisadores pernambucanos e norteamericanos no Instituto Evandro Chagas, no Pará, em janeiro. Foi usada uma metodologia ainda não disponível no país, mas que está em desenvolvimento por aqui, para analisar amostras de 11 crianças nascidas no Imip e uma no Barão de Lucena. Em todas elas, foi identificada a presença da molécula IgM no líquido, que se localiza na medula óssea. Toda vez que encontramos o IgM positivo no recém-nascido significa que ele sofreu a infecção e produziu anticorpos, esclareceu a chefe do setor de infectologia do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), Ângela Rocha. Se você encontra o IgM é indicativo de que o vírus se replicou no sistema nervoso central, acrescentou a virologista e pesquisadora do Aggeu Magalhães Marli Tenório. O IgM pode ficar no sangue por cerca de dois meses. No LCR, de seis meses a até um ano, estimam os especialistas. Os bebês analisados nasceram todos no ano passado. Sete

deles já foram notificados, outros cinco a Secretaria Estadual de Saúde está em busca ativa para encontrar. Não é evidência científica, mas o achado fortalece muito a relação da microcefalia com o zika vírus, afirmou a secretária executiva de Vigilância em Saúde, Luciana Albuquerque. Números As arboviroses permanecem crescendo em Pernambuco. A dengue saltou 190% na última semana, em relação ao mesmo período do ano passado. O estado tem 7,1 mil casos notificados. O zika tem 1.086 casos notificados neste ano. A SES não descarta que os dados estejam duplicados - para mais de uma arbovirose - e irá analisar as notificações. Depois do carnaval, os agentes de saúde começarão a atuar na sensibilização da população. Um aplicativo foi criado para transmitir em tempo real os dados coletados por eles à secretaria. Presidente pede que brasileiros se unam Diario de Pernambuco - PE 04/02/2016-08:05 A presidente Dilma Rousseff pediu, em pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV na noite de ontem, que os brasileiros se unam no combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika vírus. Convoco cada um de vocês para lutarmos juntos contra a propagação do mosquito transmissor do vírus zika. Este vírus, de presença recente no Brasil e na América Latina, deixou de ser um pesadelo distante para se transformar em ameaça real aos lares de todos os brasileiros, afirmou. No discurso de seis minutos, que foi acompanhado por panelaços em cidades como São Paulo, Brasília e Curitiba, Dilma se dirigiu também às mães e gestantes. Faremos tudo para apoiar as crianças atingidas pela microcefalia e suas famílias, afirmou. A presidente falou ainda sobre como enfrentar o zika. Enquanto não desenvolvermos uma vacina contra o vírus, precisamos combater o mosquito. E a maneira mais eficaz é não deixando ele nascer, destruindo os seus criadouros, que em mais de dois terços estão dentro das nossas residências, disse. Em Montevidéu, Uruguai, uma reunião de emergência entre 12 ministros latinoamericanos para tratar do combate unificado ao zika terminou com a aprovação de 16 medidas ou orientações. O documento propõe buscar mais recursos, trocar experiências sobre bebês com microcefalia e negociar compras conjuntas de medicamentos de alto custo. O texto cita os indicados para a Síndrome de Guillain-Barré. Os pontos mais concretos foram a criação da comissão para monitorar os casos de zika e a distribuição de informação sobre a doença em portos, aeroportos e postos de fronteira.

Opas quer multiplicar investimentos Diario de Pernambuco - PE 04/02/2016-08:05 A diretora da Organização Pan-Americana de Saúde, Carissa Etienne, afirmou ontem que a entidade precisa multiplicar por 10 seu investimento no combate ao zika vírus no continente e chegar a US$ 8,5 milhões. Ela participou nesta quarta-feira, 3, da reunião com ministros de Saúde em Montevidéu. Caso confirmado na Argentina Diario de Pernambuco - PE 04/02/2016-08:05 Um segundo caso de zika foi registrado na Argentina em um paciente que voltou de uma viagem à Venezuela, informou o ministro da Saúde da província de Córdoba (centro), Francisco Fortuna. É um caso importado de um homem que vive na pequena cidade de Durazno, no Vale de Punilla. Ele fez recentemente uma viagem à venezuelana Isla Margarita, declarou Fortuna à rádio La red. O primeiro caso foi observado em uma paciente colombiana de 23 anos. 12 casos de microcefalia por zika ESTADO confirmou, pela primeira vez, a relação do vírus com a malformação em bebês. Outras 28 análises estão sendo feitas O zika foi encontrado no flíuido cefalorraquidiano (LCR) da medula de 12 bebês pernambucanos diagnosticados com microcefalia. Essa é mais uma prova da relação do vírus com a ocorrência da malformação em fetos, que no Brasil já soma 4,7 mil casos suspeitos sendo 1.447, a maioria, em Pernambuco. O exame foi realizado por uma equipe do Aggeu Magalhães do Estado após a entrega de antígeno para o vírus pelo Centro de Controle de Doença (CDC) dos Estados Unidos. Os cientistas estrangeiros estiveram no Brasil entre o dia 17 e 22 de janeiro para a transferência de tecnologia na realização da sorologia. Outras 28 amostras de LCR estão sendo avaliadas para zika e o resultado deve sair após o Carnaval. Mas a projeção é de que as comprovações aumentem, uma vez que testes para outros agentes causadores da anomalia, como toxoplasose e citomegalovírus, têm dado negativo. Os 12 bebês que tiveram o diagnóstico da malformação passam bem. Para nós essa é uma evidência muito importante. E que fortalece a relação com o zika, avaliou a secretária executiva de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Luciana Albuquerque. Ela destacou que esse não é um estudo científico ainda. Mas reforça a tese da infecção da transmissão vertical do vírus - transmissão de mãe para o bebê. A secretária relatou que os exames de biologia molecular (conhecido por PCR) tinham dado negativo para os 12 bebês - esse teste só tem eficiência no período em que o vírus está ativo no organismo. Esse período compreende entre cinco e sete dias, quando o zika está se replicando nas células e os sintomas da infecção são mais claros. Luciana destacou que, apesar de Pernambuco dispor dos antígenos para a sorologia no Aggeu, não há condições de fazer, no momento, o exame para todas as crianças com microcefalia.

TESTES A pesquisadora do Aggeu, Marli Tenório, adiantou que a escolha da testagem no líquido cefalorraquidiano não é aleatória. É nesse material que se encontram as células do sistema nervoso central. Se encontramos o vírus no sistema nervoso central é porque ele atravessou a barreira e foi para o cérebro. Esse é um forte indício que a microcefalia tem como agente causal o vírus zika, reforçou a cientista. Segundo ela, foi encontrada nas amostras a imunoglobulina IGM, que representa uma infecção recente. E não a imunoglobulina IGG que são os anticorpos ao vírus, o mesmo que a imunidade tardia. No LCR, o IGMpode ser detectado por exames por períodosmaiores, entre 6 meses e 1 anos após a infeção. Devidos a essa plasticidade, não foi possível precisar em que período da gestação se deu a infecção no feto, mas acredita-se que isso aconteceu no primeiro trimestre da gravidez. Marli ainda destacou que o zika, apesar de ter preferência por atingir os neurônios, pode também causar lesões em outros tecidos do feto, como, por exemplo, no fígado. BALANÇO Com 1.447 notificações de microcefalia, Pernambuco tem 153 casos confirmados e 135 descartados. As gestantes que apresentaram doença exantemática (com manchas na pele) e estão sendo acompanhadas pela SES somam 994 mulheres. O número cresceu 202 casos a mais em uma semana. Entre as grávidas, dez tiveram o diagnóstico de microcefalia intraútero. Já as mortes suspeitas de bebês microcéfalos não sofreram alteração - 12 continuam em investigação. O boletim de arboviroses - zika, dengue e chikungunya - apontou que a dengue teve um aumento de 190% em relação ao mesmo período do ano passado e agora contabiliza 7.120 casos suspeitos, com 723 casos confirmados e 337 descartados. Nove mortes estão em investigação. Entre os dias 3 e 23 de janeiro, foram notificados 1.507 casos suspeitos de chikungunya em 87 municípios. Desses, 100 foram confirmados e 188 descartados. Há um óbito em apuração. No mesmo período foram 1.068 casos suspeitos de zika. Bolsas de sangue descartadas O surto de doenças infecciosas transmitidas pelo Aedes aegypti fez com os mutirões externos de doações de sangue em alguns municípios do Estado fossem cancelados. A decisão foi tomada pela Fundação de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco (Hemope), que adotou essa medida após dois casos de coletas em Caruaru nos quais os doadores apresentaram uma das viroses - dengue, zika ou chikungunya - e alertaram o hemocentro, levando ao descarte do material. Tivemos que descartar as bolsas após os doadores comunicarem que estavam apresentando sintomas. No entanto, ainda não sabemos que doenças esses doadores contraíram, disse a diretora e Hemoterapia, Anna Fausta, adiantando que está havendo uma redução na doação de sangue no Agreste por conta do surto.

Segundo ela, a suspensão da campanha ocorreu em municípios como Limoeiro, no Agreste do Estado, Timbaúba, Tracunhaém e Carpina, na Mata Norte pernambucana. Tivemos o cuidado de evitar que as bolsas de sangue coletadas fossem descartadas por conta do surto nesses municípios. Decidimos, então, suspender o mutirão externo que fazemos neste período do ano para reforçar o banco dos hemocentros do Interior, disse. CONTAMINAÇÃO São Paulo registrou o segundo caso de transmissão do zika vírus por meio de uma transfusão de sangue. A doação ocorreu em Campinas, no início de 2015. O diretor da Divisão de Hemoterapia do Hemocentro da Unicamp, Marcelo Addas Carvalho, explicou que o homem recebeu mais de 100 bolsas de sangue no período em que ficou internado, entre fevereiro e maio. Em abril, foi identificada uma queda de plaqueta. Encaminhou-se então uma amostra de seu sangue para o instituto Adolfo Lutz. A suspeita era de que ele estava com dengue. O teste deu negativo, mas o Adolfo Lutz, nos casos negativos para dengue, e com suspeita química de arbovirose (infecção viral por arbovírus, como zika e chikungunya), prossegue na investigação de acompanhamento epidemiológico. Vírus ainda não é considerado DST As autoridades de saúde de Pernambuco indicaram que por enquanto não há mudanças nas estratégias de prevenção ao zika diante da confirmação de transmissão sexual em Dallas, nos Estados Unidos. Ainda não podemos dizer que o zika é uma DST. São apenas três casos relatados no mundo, avaliou o gerente de Informações Estratégicas em Vigilância Epidemiológica da SES, Romildo Assunção. Sobre a possibilidade de transmissão via leite materno, o gestor disse que não há registros comprovados na literatura médica. Portanto, não há motivo para desestimular a amamentação. Diante do achado americano, a OMS demonstrou preocupação e pediu mais investigações sobre essa possibilidade de contágio. Certamente, compreendemos a preocupação. Isso precisa ser mais investigado para que se entenda a condição, a frequência e a probabilidade da transmissão sexual, além de averiguar se outros fluidos corporais estão implicados. Essa é apenas o segundo caso controverso de transmissão sexual, afirmou o porta-voz da OMS, Gregory Hartl. No México a notícia também foi recebida com cautela. É preciso aguardar mais evidências científicas. A transmissão sexual é pouco eficiente, disse Cuitláhuac Ruiz, diretor de Epidemiologia da Secretaria de Saúde do país. A pesquisadora do Aggeu em Pernambuco, Marli Tenório, comentou que a constatação sobre a propagação sexual do vírus ainda não é objeto de estudo em Pernambuco. Declarou ainda que pode ser difícil rastrear o contagio sexual no Brasil uma vez que a transmissão via picada de Aedes é maior e mais comum.

Índia próxima das vacinas Um laboratório indiano anunciou que está próximo de desenvolver a primeira vacina do mundo contra o vírus zika. Bharat Biotech, um fabricante de medicamentos da cidade de Hyderabad, declarou que há um ano prepara duas vacinas contra o vírus e que já está pronto para testá-las em animais. Nós somos os primeiros no mundo a solicitar uma licença para uma vacina contra o zika, afirmou à Rajarshi Dasgupta, chefe do setor de propriedade intelectual do laboratório, acrescentando que o processo foi aberto um ano atrás. A Índia não registrou qualquer caso de infecção pelo vírus zika. Bharat Biotech fez o anúncio um dia depois de o grupo farmacêutico francês Sanofi Pasteur declarar ter iniciado a preparação de uma vacina contra o mesmo vírus. No Brasil, o diretor do Instituto Butantan, Jorge Kalil, indicou que a tecnologia desenvolvida na formulação da vacina brasileira contra a dengue pode ser adaptada para criar um imunizante contra o zika. Editorial Zika: emergência internacional A Organização Internacional da Saúde (OMC) considerou, segunda-feira, em Genebra, emergência de saúde pública de âmbito internacional para o aumento dos casos de microcefalia, que estão sendo relacionados ao zika vírus e à Síndrome de Gillain-Barré. A última vez que assim aconteceu foi em 2014, visando alertar para a epidemia de ebola, na África. Para a diretora-geral da OMS, Margareth Chan, ainda é preciso comprovar cientificamente a ligação entre infecções causadas pelos vírus em gestantes e casos de microcefalia em recém nascidos e respectivas situações neurológicas, apesar de as evidências serem consideradas fortes, conforme texto da repórter Renata Coutinho, desta FOLHA DE ERNAMBUCO. Mais ainda, ao avaliar o grau de ameaça, os peritos e consultores da OMS analisaram a intensa associação, no tempo e no espaço, entre a infecção pelo vírus zika e o aumento nos casos detectados de malformações congênitas e complicações neurológicas. Segundo eles, é preciso uma resposta internacional coordenada para diminuir a ameaça nos países afetados e reduzir o risco de propagação internacional. Quando a Organização Mundial de Saúde recorre a uma medida daquela espécie, o objetivo é que todo o mundo fique em estado de alerta, ajudando os ministérios da saúde a captar mais recursos financeiros internacionais.

Quando a Organização Mundial de Saúde recorre a uma medida daquela espécie, o objetivo é que todo o mundo fique em estado de alerta, ajudando os ministérios da saúde a captar mais recursos financeiros internacionais. Consciente da gravidade do problema, o Governo federal buscando conter a tríplice epidemia de dengue, zika vírus e da chikungunya, além do vetor Aedes Egipty, editou uma Medida Provisória, autorizando os agentes responsáveis, pelo enfrentamento, à entrada forçada nos imóveis onde existem riscos de focos. A norma se estende a todos os estados e municípios e já começou a vigorar, atingindo domicílios abandonados ou aqueles que os agentes de endemias não conseguem entrar por causa da ausência dos proprietários. Para que se realize a entrada, os imóveis devem ser visitados duas vezes sem sucesso. As ocorrências precisam ser notificadas. As inspeções acontecerão em dias e períodos adequados no intervalo de dez dias. Além disso, as autoridades federais, estaduais e municipais do SUS podem ingressar de maneira forçada, com a ajuda, se necessário, da polícia. Essa decisão do Governo federal lembra-nos que, nas primeiras décadas do século XX, o médico sanitarista e cientista Oswaldo Cruz liderou a campanha de vacinação contra a varíola, no Rio de Janeiro, utilizando o mesmo procedimento forçado para o ingresso dos agentes sanitários, amparados em uma lei criada especificamente para tal ação que os autorizava a entrar em imóveis residenciais, mesmo que os residentes ou proprietários não concordassem. A então capital da República experimentou uma rebelião sem precedentes, inclusive com a participação de cadetes do Exército da Praia Vermelha (Urca), com tamanha dimensão que o presidente da República adotou o Estado de Sítio, logo depois revogado. Mas, a vacinação prosseguiu e a varíola foi erradicada no Rio de Janeiro. É o que pretende conseguir o Governo federal nos próximos dias com o zika vírus, mesmo que não consiga alcançar totalmente o objetivo pretendido. Homem Camisinha leva prevenção à festa A preocupação com a saúde trará um personagem inusitado para o meio da folia. Tratase do Homem Camisinha. A iniciativa pioneira do Ministério da Saúde trará um rapaz vestido com a tradicional embalagem roxa do preservativo, que levará mensagens de prevenção e distribuirá mais de 360 mil preservativos entre os foliões que forem brincar o Carnaval de Olinda e Recife. O personagem marcará presença amanhã, na festa oficial de abertura do reinado de Momo no Recife, no Marco Zero. Na capital pernambucana, a ação prosseguirá no Sábado de Zé Pereira, durante o desfile do Bloco do Galo da Madrugada, e também no próximo dia 8, nos pontos de ônibus e nas ruas paralelas do Bairro do Recife. Ainda na segunda-feira de Carnaval, o personagem seguirá em direção às ladeiras de Olinda. Ele vai marcar presença no Camarote Mansão do Bonfim, em frente à prefeitura do município e na entrada do Carmo, além de desfilar junto aos Bonecos Gigantes de Olinda. A ação integra a campanha de prevenção com foco no Carnaval, cujo slogan é Deixe a camisinha entrar na festa.