Biografia Charles Rennie Mackintosh nasceu dia 7 de Junho de 1868, em Glasgow. No período em que frequentou a escola pública Reid e a Allan Glen s School, demonstrou pouco domínio sobre o estudo mas se mostrou excepcionalmente habilidoso no campo artístico. Começou a estudar arquitetura própriamente aos 16 anos se tornou aprendiz de John Hutchinson em 1884 e, em seguida, passou a trabalhar para Honeyman & Keppie em 1889, frequentando também a Escola de Arte de Glasgow sob a tutoria de Francis Newbery. A partir de então, fez de viagens de estudo pela Europa, ganhou prêmios e participou de grandes exposições internacionais em Turin e Moscow. Ganhou prestígio ao longo dos anos e seu primeiro maior projeto foi o Glasgow Herald Building, localizado onde atualmente é o The Lighthouse. Suas maiores realizações incluem a Escola de Arte de Glasgow, as villas Windyhill e The Hill House, Scotland Street School, e uma série de casas de chá no centro da cidade. Como muitos dos seus contemporâneos, acreditava que o arquiteto deveria ser responsável não só pela construção de um edifício, mas por cada detalhe do seu interior. Foi um dos mais sofisticados expoentes da teoria de que o interior de um cômodo deveria ser uma obra de arte, e criou mobiliários originais de elevada sofisticação formal.
The Four No período em que estudou na Escola de Arte de Glasgow, conheceu sua esposa Margaret MacDonald. Junto com sua irmã e Herbet Macnair, mais um aprendiz de Hoenymann & Keppie, formaram o grupo The Glasgow Four. Os projetos do grupo The Four of Glasgow demonstram influência do Art Nouveau do final do século 19 com desenhos de mobiliário, trabalhos em metal, relevos em gesso, designs têxteis, desenhos de painéis e ilustrações, contribuindo bastante para a consolidação do estilo de Glasgow, que combina Arts & Crafts, ornamentos celtas e elementos Art Noveau Além disso, o grupo participou de uma mostra de arte Arts and Crafts em 1896 e também exibiram seus trabalhos em pinturas, móveis e designs em 1900, em Viena, e em 1902, em Turin.
Pós-guerra e morte Devido às situações econômicas desfavoráveis que se seguiram após a Primeira Guerra, Mackintosh se mudou para o sul da França em 1923, abandonando o grupo The Four e a sua carreira de arquiteto. Lá, Mackintosh dedicou-se mais à pintura, produzindo trabalhos de flores e paisagens locais em lápis e aquarela, incluindo obras que foram expostas em Chicago e Paris. Em 1927, Mackintosh adoeceu e retornou à Londres, onde foi diagnosticado com câncer. Após um ano de tratamento, Mackintosh morreu no dia 10 de Dezembro, com 60 anos. The Charles Rennie Mackintosh Society Em 1973, The Charles Rennie Mackintosh Society foi fundada com o objetivo de promover e preservar o trabalho do arquiteto, exercendo um grande papel na manutenção de suas obras e de seu legado.
A arte é a flor. A vida é a folha verde. Deixe que cada artista se esforçe por fazer da sua flor um lindo organismo vivo, algo que vá convencer o mundo de que existem coisas que são mais preciosas, mais bonitas, mais duráveis que a própria vida.
Influência Japonesa Estudou a arte japonesa na Escola de Glasgow e criou um estilo diferente do Europeu Formas mais leves, simplificadas Uso restrito de cores Estilo Escocês feudal Formas volumosas das casas em pedra como fonte nacional de inspiração: padrões geométricos, quadrados Utilização da pedra Art Nouveau Curvas derivadas das formas naturais Os artistas devem buscar inspiração nas formas da natureza para criar um design original Integração entre os elementos; interior e exterior, busca da arte total Atenção aos detalhes: ferragens de janelas Arts and Crafts Proximidade da Inglaterra Apreço pelo trabalho manufaturado A arquitetura deveria reunir as artesanias Decoração entrelançada da arte celta Influências
Escola de Arte de Glasgow
Sobre a Escola de Arte de Glasgow: Localizada na atual maior cidade da Escócia, no lado norte de um terreno íngreme Fundada em 1845 pelo governo para ser um centro de estudos avançados em Belas Artes, design e arquitetura Mackintosh estudou nesta escola Seu crescimento a obrigou a mudar para um local mais afastado do centro O novo local era muito poluído, e em 1885 o novo diretor da escola fez um concurso e Mackintosh foi escolhido para projetar um novo campus Erguido em duas fases: a primeira de 1897 a 1899, e a segunda de 1907 a 1909 Falta de recursos financeiros Completada com doações privadas Continua a ser utilizado para seu propósito original, impulsionando novos artistas, designers e arquitetos
Materiais: Estrutura em aço Complementos da estrutura em concreto Entalhes decorativos em ferro Vidros largos para iluminação natural(bom para pintura) Pedra nas fachadas - recurso nacional Inovação tecnológica: energia elétrica Mesmo projetado com iluminação elétrica, o edifício aproveita extensamente a iluminação natural Influências da Art Nouveau, da decoração japonesa e do estilo tradicional escocês O interior é bem espaçoso e funcional
Biblioteca Parte mais marcante do edifício Iluminada por três oriel windows em fileira com 7,6 mestros de altura que ocupam três pavimentos Na biblioteca, há balaustradas coloridas e lustres quadrados pendem do teto Projetou móveis e luminárias que harmonizassem com o padrão dominante de verticais e horizontais das janelas e do balcão do mezanino Incêndio em maio de 2014 Restaurá-la completamente ao seu estado original ou utilizar o design de Mackintosh para recriar um espaço mais moderno, a ser elaborado pelos alunos?
The Willow Tearooms (1902-1904) The Willow Tea Rooms 217 Sauchiehall Street Glasgow G2 3EX Glasgow, Escócia De 1897 a 1906, Mackintosh dedicou-se a modelar as Casas de Chá de sua fiel cliente, Miss Cranston. O The Willow Tearooms - em português, Salas de chá O Salgueiro - foi a quarta casa de chá encomendada por Miss Cranston, porém é a primeira em que o arquiteto conquista controle total sobre o projeto, o que possibilitou a realização plena do ideal de arte total. Mackintosh remodelou totalmente o exterior e o interior, incluindo a mobília, a decoração, os talheres, o uniforme das garçonetes e até mesmo a própria barricada que protegia a obra durante o período de construção. A inspiração do arquiteto advém, inicialmente, do nome da rua, Sauchiehall, que deriva da palavra escocesa saugh, traduzindo willow tree em inglês e em português remete à árvore Salgueiro. O local funcionou como restaurante até 1919, quando Miss Cranston abandonou o seu negócio e o edifício foi vendido. Entretanto, em 1983, pela iniciativa de Anne Mulhern a casa de chá foi reaberta e restaurada de acordo com o projeto original.
Local de intervenção Uso Inicial: Restaurante/Casa de chá (1902-1919) Atual: Restaurante/Casa de chá (1983-) Térreo: Loja de souvenirs e museu Primeiro piso e mezanino: Restaurante Segundo piso, terceiro piso e subsolo: Escritórios, depósitos e museu
Fachada Norte - Sauchiehall St A fachada norte se destaca entre os demais edifícios na rua principalmente pela sua assimetria e bipartição. Dividida horizontalmente por uma espécie de beiral, a fachada na parte de baixo contém um design totalmente novo, enquanto que na parte de cima apenas a estrutura e o tamanho das janelas foi modificado. As longas aberturas moldadas em chumbo e vidro são possíveis devido à uma estrutura semelhante à de uma trave de gol: duas barras de aço laminado, uma em cada lado da fachada, sustentam uma outra barra de aço e concreto a qual carrega a fachada dos pisos superiores. No térreo as janelas e a entrada são recuadas em relação à calçada e também são de vidro moldadas em chumbo com a utilização de uma técnica semelhante à da produção de vitrais. Uma outra folha de vidro se projeta um pouco mais frente, contendo dois grandes ornamentos circulares forjados em ferro.
Fachada Sul - Sauchiehall Ln Nessa fachada, Mackintosh projetou quarto janelas em vidro e madeira com lintels de ferro. As duas de cima iluminam o mezanino e possuem um design semelhante ao da janela do primeiro piso, na fachada norte, enquanto que as duas de baixo iluminam o ambiente do térreo. No telhado, Mackintosh abriu uma pequena abertura também em vidro e alongou a chaminé pré-existente, tornando-a ainda mais a esbelta e afunilada que a original. O revestimento nessa fachada é em reboco cru e escuro, enquanto que na fachada norte o revestimento é mais claro e leve.
Mezanino
Room de Luxe Primeiro piso
Loja de souvernires/museu Térreo
Uso Inicial: Restaurante/C asa de chá (1902-1919) Atual: Restaurante/C asa de chá (1983-) - Térreo: loja de souvenires - Primeiro piso e mezanino: restaurante - Segundo piso, terceiro piso e subsolo: escritório, depósito e museu
1916-17 Em 1917, Mackintosh, já em Londres, projetou novos cômodos ao subsolo conhecidos como Dug Out onde, em homenagem à Primeira Guerra Mundial, decorou o ambiente de forma dramática incluindo uma lareira simbólica que incorpora em seu design as bandeiras dos países envolvidos no conflito. Aparentemente, o local não foi muito fotografado e, além dos desenhos, pouco se sabe sobre o seu interior.
Da esquerda para a direita, de cima para baixo: Planta atual do subsolo Corte longitudinal Planta atual do térreo
Da esquerda para a direita: Planta original do térreo Planta original do primeiro piso Planta original do mezanino
Da esquerda para a direita: Corte longitudinal Corte transversal
House for anart Lover Ano do projeto: 1901 Construção*: 1989-1996 (aberta ao público) Local: Bellahouston Park, Glasgow, Escócia Uso: inicialmente residencial (projeto), mas atualmente é um centro de atrações, abrigando galerias e estúdios de arte, um café e espaços para eventos. Competição para projetar uma grande Haus Eines Kunstfreundes ( Casa para um Amante da Arte), proposta pela revista de design alemã Zeitschrift Fur Innendekoration. Colaboração de Mackintosh com sua esposa, Margaret Macdonald. A ela foram atribuídos os painéis de gesso em várias paredes e detalhes do mobiliário.
Exterior Residência de três andares; Planta essencialmente retangular; Volumetria bem geométrica; Algumas áreas projetam-se para fora do edifício; Paredes brancas de textura rugosa e com poucos ornamentos; Materiais: espécie de concreto para as paredes, arenito para os ornamentos e muito vidro para as janelas; Em todas as fachadas, é marcante o arranjo e a escolha das janelas. Mesmo que todas sejam formadas por pequenos quadrados de vidro, a forma total varia muito: há janelas dispostas horizontalmente, outras extremamente verticalizadas (fachada norte), janelas claramente retangulares ou quase quadradas, outras em formato de parábola (fachada sul). Porém, especialmente nas fachadas principais (norte e sul), é criado certo ritmo entre as janelas de mesma natureza.
Planta baixa do térreo e do 1º piso
Fachada Sul Detalhe da fachada
Fachadas leste (à esquerda) e oeste (à direita) Fachada norte
Interior Há uma grande surpresa ao passar do meio externo para o meio interno do edifício: ao passo que o exterior é relativamente simples e pouco ornamentado, muito mais geométrico, o interior é completamente detalhado, apresentando elementos muito diferentes entre si. Alguns dos principais cômodos: O Salão de Recepção/Música: muito claro e iluminado; cores suaves como branco, azul, verde e rosáceo. A Sala de Jantar: grande presença de objetos em madeira; A Sala Oval: seu formato, para Mackintosh, é símbolo de feminilidade (a sala seria, inicialmente, a Ladies Room, para as mulheres). Todos recebem muita iluminação natural e têm o teto abobadado. A casa apresenta claramente o conceito de arte total. Nos desenhos originais, o artista detalha não só os espaços físicos em si quanto o mobiliário (cadeiras, mesas, armários), acessórios de iluminação, papéis de parede, tapeçarias. Praticamente tudo foi construído conforme o projeto original. Elementos decorativos: bem alongados, longilíneos. Ocorre a mistura de linhas retas e linhas curvas, sempre muito delicadas. Há grande inspiração na natureza ( rosa de Glasgow, folhas, pássaros) e na arte exótica (figuras humanas).
Perspectivas da sala de música (desenho original acima e configuração atual abaixo)
Vistas interiores do lado oeste (área de música) e leste (área de recepção) do salão, respectivamente Vista interior para o lado sul do salão
Perspectiva da sala de jogos Perspectivas da sala de jantar (desenho original acima e configuração atual abaixo
Considerações As obras analisadas de Charles Mackintosh refletem a postura de um profissional que, mesmo influenciado por estéticas diversas, é capaz de se libertar e criar um estilo próprio. É interessante também que, mesmo tendo sua arte classificada como Art Nouveau, Mackintosh ainda mantém sua essência, tanto que sua obra difere muito das obras dos primeiros artistas estudados, não apresentando aquele rebuscamento tão acentuado dos detalhes. Outro ponto importante é a capacidade que o artista têm, como pertencente ao movimento Art Nouveau, de projetar todos os elementos necessários à construção de um edifício e de seus espaços interiores, desde a volumetria ao mobiliário, papéis de parede, acessórios para o ambiente, pequenos objetos etc. Como legado, Mackintosh deixa sua arte única, forte pelas formas alongadas e exóticas, espaços ornamentados sem exagero, mas harmonia, elementos da natureza estilizados (a famosa rosa de Glasgow, por exemplo), uso de cores para alegrar os ambientes, maior limpeza de elementos nas fachadas externas. Destaca-se não só na arquitetura, mas também no design de mobiliário, na pintura e pela tipografia característica. Percebe-se também a influência de Mackintosh, dentro do Grupo do Quatro, sobre a Art Déco, movimento posterior ao Art Nouveau e diferenciado por linhas mais retilíneas e geométricas.
Referências Bibliográficas CRM Society, Charles Rennie Mackintosh. Disponível em: <http://www.crmsociety.com/crmackintosh.aspx> Acesso em: 10 de setembro de 2015 Scotcities, Glasgow buildings. Disponível em: <http://www.scotcities.com/mackintosh/> Acesso em 10 de setembro de 2015 Levi Newman and Wilson Yau, Biography: Charles Rennie Mackintosh and the Four. Disponível em: <https://www.architecture.com/explore/exhibitionsandevents/mackintosh/explore/biography.aspx>acesso em 10 de setembro de 2015 University of Glasgow, Mackintosh Architecture. Disponível em: <http://www.mackintosharchitecture.gla.ac.uk/catalogue/essay/?eid=clients> Acesso em 10 de setembro de 2015 The Willow Tea Rooms, Charles Rennie Mackintosh. Disponível em: <http://www.willowtearooms.co.uk/charlesrennie-mackintosh/> Acesso em 10 de setembro de 2015 Architect-Designers from Pugin to Mackintosh. Exhibition catalogue. London: The Fine Art Society with Haslam & Whiteway Ltd., 1981
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