_DIA DOS NAMORADOS: sexualidade e erotismo na história do Brasil, os grandes romances do cinema e a origem da data _ALAMEDA FASHION: mais de 500 pessoas assistiram ao desfile que teve Fernanda Vasconcellos e Rodrigo Hilbert como modelos CAMPINAS 12 DE JUNHO DE 2011 CORREIO POPULAR METRÓPOLE Agora feito com os melhores chocolates e ingredientes nobres, o popular brigadeiro ganha versões gourmets e vira a mais doce novidade da confeitaria brasileira Das festas infantis à alta gastronomia
GASTRONOMIA Tipicamente brasileiro: doce deixou de ser privilégio dos aniversários infantis para transformar-se em protagonista de eventos luxuosos e ganhar lojas só para ele O brigadeiro ficou chique Produtos da Quituteria Delícias Caseiras levam chocolate belga no preparo: segredo do sucesso Adriana Giachini amaral@rac.com.br Carolina Cunha carolina.cunha@rac.com.br O brigadeiro não é mais o mesmo. Tipicamente brasileiro, o doce deixou de ser privilégio das festas infantis e exclusividade das famílias que o produzem há anos. Transformou-se em protagonista de eventos luxuosos e opção criativa para presentear. Tudo graças ao conceito gourmet, que trouxe mais exigência à tradicional e deliciosa mistura de leite condensado, chocolate e manteiga. Provas desta tendência são as brigaderias, lojas exclusivas para a venda do doce, onde o cliente encontra até 40 sabores, com preços que chegam a R$ 300 o cento. Tem de limão, pimenta, vinho do Porto, damasco, pistache... e por aí vai. 4 DOMINIQUE TORQUATO/AAN 40 metrópole campinas 12/6/11
GASTRONOMIA Variedade é muito grande, mas a base continua sendo a combinação de chocolate, leite condensado e manteiga Isabela Ferracini: cacau belga, manteiga francesa e chocolate importado ajudam a fazer a fama dos doces DOMINIQUE TORQUATO/AAN Camila Ribeiro, Tatiana Duarte e Stella Terassi: receita é o carro-chefe da Quituteria Uma realidade (inclusive financeira) bem diferente daquela vivenciada há alguns anos, quando as mulheres da família reuniam-se para enrolar as bolinhas e cobri-las com granulado para as festas de aniversário. O brigadeiro feito em casa continua delicioso, mas o gourmet é realmente diferenciado, avisa Vanessa Jace, dona do Senhor Brigadeiro, de Campinas. Basicamente, o brigadeiro gourmet seleciona melhor os ingredientes. O cacau, por exemplo, é belga e a manteiga, francesa. E não usamos granulados, só chocolate importado. Por isso é que o preço também muda, justifica Isabela Ferracini, proprietária do Madame Formiga (ex-dona Formiga), também de Campinas. O espaço é uma declaração de amor ao doce e um paraíso para seus fãs. Além do formato tradicional, ele é vendido em minipanelinhas e caixinhas para presente (as embalagens são verdadeiros mimos). A loja está aberta há um ano e meio e já se prepara para mudar de endereço, para melhorar o atendimento. A ideia inicial, explica Isabela, era atender mais por encomendas.
Mas percebemos que muitas pessoas adoram sair no meio da tarde para comer um brigadeiro, justifica. Foi de tanto ouvir os amigos dizerem que seu brigadeiro era um senhor brigadeiro que Vanessa trocou o cargo de gerente de marketing em uma multinacional para comandar sua brigaderia, em funcionamento há pouco mais de um ano, no Bosque. Ela oferece 30 variações do doce além do tradicional, são bastante famosos o de cachaça, o meio-amargo, o de limão-siciliano e o de pistache. 4 LEANDRO FERREIRA/AAN
GASTRONOMIA Pistache, uísque, cachaça, vinho do Porto, avelã e limão-siciliano estão entre as novas versões LEANDRO FERREIRA/AAN Sempre gostei de brigadeiros e acho que agora estamos fazendo justiça ao potencial do doce, analisa. Vanessa trabalha só com encomendas e garante que a procura é alta. A equipe cresceu consideravelmente desde a inauguração, afirma. Para as sócias da Quituteria Delícias Caseiras, Tatiana Duarte, Stella Terassi e Camila Ribeiro, o grande segredo é a matéria-prima diferenciada no caso do brigadeiro, o chocolate belga. O sabor é outro e a textura fica bem mais macia e cremosa. Para o acabamento, usamos ingredientes como castanhas, amêndoas e o próprio chocolate belga, informa Tatiana. Apesar de vender outras guloseimas com açúcar, o carro-chefe da loja, instalada no Cambuí, é mesmo o brigadeiro. O campineiro ainda está se acostumando com esse novo doce, até porque ele acaba sendo um pouco mais caro, comenta a sócia da casa, que comercializa versões de pistache, uísque e limão-siciliano, entre muitas outras. A base de sempre Apesar de tanta novidade no mercado, a 44 metrópole campinas 12/6/11
Além do formato tradicional, brigadeiro é vendido em charmosas panelinhas base do doce continua a mesma, já que não se pode fugir do trio leite condensado, chocolate e manteiga. Esse é o desafio maior: criar sabores mantendo a base, ressalta Isabela, que vende 33 opções em sua loja, entre elas Nutella com avelã, vinho do Porto e massala (mix de temperos comum na Índia). Tudo é mais valorizado e mais apurado quando falamos nessa proposta gourmet, que eu também chamo de brigadeiro especial. O cuidado, além do preparo, está também nas embalagens, que valorizam ainda mais o produto, enfatiza. 4 campinas 12/6/11 metrópole 45
GASTRONOMIA Receita foi usada na campanha presidencial do brigadeiro Eduardo Gomes e ganhou o nome atual Vanessa Jace: "Acho que agora estamos fazendo justiça ao potencial do doce" SÓ PROVANDO PRA SABER Quando chegou a Jaguariúna, há um ano e meio, o Le Petit Brigadeiro (hoje Maria Baunilha) assustou a clientela com o preço, bem diferente do mercado. Só experimentando para as pessoas entenderem a diferença. O sabor é outro, argumenta Ana Paula Andrade Melo, que conseguiu enxergar um outro filão envolvendo o doce. Além de fazer os produtos para festas, especializou-se em lembranças, especialmente para maternidade. Em seu ateliê, há charutos de chocolate recheado de brigadeiro com vinho do Porto, caixinhas personalizadas com quatro unidades (custam R$ 10 cada) e bisnagas de brigadeiro. CÉSAR RODRIGUES/AAN
DOCE FORMA DE GANHAR A VIDA Há três anos, em São Paulo, a jornalista Juliana Motter trocou a carreira bem-sucedida em uma revista de circulação nacional pelo sonho de ter um ateliê especializado no doce. Abriu o Maria Brigadeiro (esse é seu apelido de infância), considerado o primeiro do País especializado na receita e grande difusor dessa vertente gourmet, com inspiração na pâtisserie internacional. A doceira gosta de contar que sempre foi apaixonada pelo produto, segundo ela, até então menosprezado em potencial. Juliana recorda que, antes de mudar de vida, costumava testar novas receitas, inventando sabores como forma de aliviar o estresse do trabalho. Hoje, vende cerca de 5 mil unidades por dia e cobra R$ 300 o cento. Entre as versões, destaque para as de manjericão, gergelim, massala e wasabi. A ORIGEM O Livro do Brigadeiro, escrito pela doceira e jornalista Juliana Motter, conta que a guloseima já existia em 1925 no Sul do Brasil e era conhecida como negrinho. A mudança de nome ocorreu em 1945. Por ser relativamente barato, o doce foi usado na campanha para presidente do brigadeiro Eduardo Gomes e era conhecido como o preferido do brigadeiro. O candidato perdeu a eleição, mas a sua patente batizou a receita. Uma das possibilidades consideradas para a origem é que surgiu após a Segunda Guerra Mundial, quando o leite estava em falta no País. QUANTO CUSTA? RS 300 Maria Brigadeiro, em São Paulo, f. (11) 3085-3687 R$ 280 Madame Formiga (exceto o de pistache, que custa R$ 320), em Campinas, f. 3032-7844 R$ 200 Senhor Brigadeiro, em Campinas, f. 3342-7285 R$ 165 Maria Baunilha, em Jaguariúna, f. 8238-3481 R$ 150 Quituteria Delícias Caseiras, em Campinas, f. 3396-6762 * Valores referentes ao cento do doce. campinas 12/6/11 metrópole 47