II- 447 - IMPACTOS GERADOS EM UMA LAGOA FACULTATIVA PELO DERRAMAMENTO CLANDESTINO DE ÓLEOS E GRAXAS (ESTUDO DE CASO)



Documentos relacionados
PALAVRAS-CHAVE: Desafios operacionais, reator UASB, Filtro Biológico Percolador, geração de odor.

PALAVRAS-CHAVE: Nitrificação, lodos ativados convencional, remoção de amônia, escala real

Mestrando em Engenharia do Meio Ambiente na EEC/UFG.

Simone Cristina de Oliveira Núcleo Gestor de Araraquara DAAE CESCAR Coletivo Educador de São Carlos, Araraquara, Jaboticabal e Região HISTÓRICO

RECIRCULAÇÃO DE EFLUENTE AERÓBIO NITRIFICADO EM REATOR UASB VISANDO A REMOÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA

SISTEMA DE TRATAMENTO DE EFLUENTES DA INDÚSTRIA TEXTIL

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

SISTEMA DE CAPTAÇÃO, ARMAZENAMENTO, TRATAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA DE CHUVA Francisco Pereira de Sousa

ENGENHARIA DE PROCESSOS EM PLANTAS DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL

II DESEMPENHO DO REATOR UASB DA ETE LAGES APARECIDA DE GOIÂNIA EM SUA FASE INICIAL DE OPERAÇÃO

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DO REAGENTE DE FENTON NO TRATAMENTO DO EFLUENTE DE LAVAGEM DE UMA RECICLADORA DE PLÁSTICOS PARA FINS DE REUSO

AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DE AÇÃO ANTROPOGÊNICA SOBRE AS ÁGUAS DA CABECEIRA DO RIO SÃO FRANCISCO

XII-024 GERENCIAMENTO DE DADOS EM LABORATÓRIO POR PLANILHAS ELETRONICAS VISANDO A GESTÃO DE INFORMAÇÃO

III DESAGUAMENTO DE LODO DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUAS ETAS POR LEITO DE DRENAGEM COM MANTAS GEOTÊXTEIS ESCALA REDUZIDA

TRATAMENTO DE ESGOTO DOMÉSTICO POR DISPOSIÇÃO NO SOLO. SPSD / DVSD - Sandra Parreiras Pereira Fonseca

22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. 14 a 19 de Setembro Joinville - Santa Catarina

V AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA A MONTANTE E A JUSANTE DE RESERVATÓRIOS LOCALIZADOS NA BACIA DO RIO SANTA MARIA DA VITÓRIA

Avaliação da Qualidade da Água do Rio Sergipe no Município de Laranjeiras, Sergipe- Brasil

REMOÇÃO DE NITROGÊNIO EM SISTEMAS BIOLÓGICOS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES

I EFICIÊNCIA NA REMOÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA SOB A FORMA DE DBO E DQO TOTAL E SOLÚVEL NO SISTEMA TS-FAN

EFICIÊNCIA DO TRATAMENTO DE EFLUENTE DE FECULARIA POR MEIO DE LAGOAS

COMPARAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA EM PONTOS DETERMINADOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CAMBORIÚ

II Avaliação de uma Estação de Tratamento de Esgoto Compacta, do tipo Discos Biológicos Rotativos DBR

VALIDAÇÃO DO MODELO DE ELETROCOAGULAÇÃO FLOTAÇÃO NO TRATAMENTO DE EFLUENTE TÊXTIL VISANDO À REMOÇÃO DE DQO, UTILIZANDO REATOR EM BATELADA.

INATIVAÇÃO DE INDICADORES PATOGÊNICOS EM ÁGUAS CONTAMINADAS: USO DE SISTEMAS COMBINADOS DE TRATAMENTO E PRÉ-DESINFECÇÃO

II-149 TRATAMENTO CONJUNTO DO LIQUIDO LIXIVIADO DE ATERRO SANITÁRIO E ESGOTO DOMESTICO NO PROCESSO DE LODOS ATIVADOS CONVENCIONAL

I MODIFICAÇÃO DA POPULAÇÃO MICROBIANA DE UMA LAGOA FACULTATIVA TRATANDO EFLUENTE LÍQUIDO DE ABATEDOURO DE FRANGO

IMPLANTAÇÃO DE ETE COMPACTA EM ARAGUARI-MG

SOBRE OS SISTEMAS LACUSTRES LITORÂNEOS DO MUNICÍPIO DE FORTALEZA

Utilização da Fibra da Casca de Coco Verde como Suporte para Formação de Biofilme Visando o Tratamento de Efluentes

EFICIÊNCIA DO LEITO DE DRENAGEM PARA DESAGUAMENTO DE LODO DE ETA QUE UTILIZA SULFATO DE ALUMÍNIO COMO COAGULANTE

Eixo Temático ET Tratamento de Efluentes Sanitários e Industriais

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUIMICA E MICROBIOLOGICA DA QUALIDADE DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS EM DIFERENTES LOCALIDADES NO ESTADO DA PARAÍBA

SOLUÇÃO PARA FILTRAÇÃO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS. Filtro rotativo autolimpante. Com sistema de descarga automática como opcional.

Esgotamento Sanitário

CARACTERIZAÇÃO E TRATABILIDADE DO EFLUENTE DE LAVAGEM DE UMA RECICLADORA DE PLÁSTICOS

INFLUÊNCIAS DE UM ATERRO SANITÁRIO, EM TERMOS DE CARGA POLUIDORA, NAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO DE DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊNIOE FÓSFORO TOTAL PELO FILTRO BIOLÓGICO DE ESPONJA VEGETAL

ENGENHARIA CIVIL INTEGRADA

I TRATAMENTO DE EFLUENTES DE FÁBRICA DE PAPEL POR PROCESSOS FÍSICO-QUÍMICOS EMPREGANDO FLOTAÇÃO POR AR DISSOLVIDO E OZÔNIO

Estudo do Tratamento Tradicional e Alternativo do Esgoto Gerado pela Uniritter bem como seu Reuso

USO DA FOTÓLISE NA DESINFECCÃO DE ESGOTOS DOMÉSTICOS

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA MEC UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ UFPI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PRPPG

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

REMOÇÃO DE NITROGÊNIO DE UM EFLUENTE ANAERÓBIO DE ORIGEM DOMÉSTICA POR MÉTODO DE IRRIGAÇÃO EM SULCOS RASOS

III-123 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL EM ATERROS DE RESÍDUOS SÓLIDOS A PARTIR DE ESTUDOS DE REFERÊNCIA

I AVALIAÇÃO DA REMOÇÃO DOS MACRONUTRIENTES SÓDIO, POTÁSSIO, CÁLCIO E MAGNÉSIO EM DISPOSIÇÃO CONTROLADA EM SOLO

II FILTROS BIOLÓGICOS APLICADOS AO PÓS-TRATAMENTO DE EFLUENTES DE REATORES UASB

II IMPACTO DE CARGAS TÓXICAS DE DERIVADOS DE PETRÓLEO EM REATORES UASB OPERANDO COM FLUXO INTERMITENTE EM ESCALA PILOTO

O EMPREGO DE WETLAND PARA O TRATAMENTO DE ESGOTOS DOMÉSTICOS BRUTO

ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DA RECUPERAÇÃO DE UMA ÁREA DEGRADADA POR EFLUENTE INDUSTRIAL

V ESTUDO TEMPORAL DA QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO GUAMÁ. BELÉM-PA.

III-109 CO-DIGESTÃO ANAERÓBIA DE RESÍDUOS SÓLIDOS ORGÂNICOS

Lagoa aerada superficialmente: uma solução de baixo custo para o aumento de eficiência

TRATAMENTO DE ESGOTO EM OBRAS DE PEQUENO PORTE

CORRELAÇÃO ENTRE OS VALORES DE DBO E DQO NO AFLUENTE E EFLUENTE DE DUAS ETEs DA CIDADE DE ARARAQUARA

Tratamento de Efluentes na Aqüicultura

ESTUDO DE INCORPORAÇÃO DO LODO CENTRIFUGADO DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA PASSAÚNA EM MATRIZES DE CONCRETO, COM DOSAGEM DE 3%

Apresentação ECTEL S T A R T

ESTUDO DE DISPOSITIVOS DE SEPARAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA COMO UNIDADES DE PRÉ-TRATAMENTO PARA EFLUENTE DE CURTUME

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA ANEEL AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS - ANA RESOLUÇÃO CONJUNTA Nº 03, DE 10 DE AGOSTO DE 2010

Licença de Operação Corretiva. INTEGRAL ZONA DE AMORTECIMENTO USO SUSTENTÁVEL X NÃO BACIA FEDERAL: Rio Paraná BACIA ESTADUAL: Rio Grande UPGRH: GD4

II-030 DESEMPENHO DE PRODUTOS QUÍMICOS NO PROCESSO CEPT: TESTE DE JARRO E ESCALA PILOTO

TRATAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO

IMPACTO DE UM LIXÃO DESATIVADO NA QUALIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS LOCAIS

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

RELATÓRIO ANUAL DO SISTEMA DE TRATAMENTO DE ESGOTOS

DEFERIMENTO Portarias de Outorgas: - APEF Nº: - Reserva legal Nº: - Empreendimento: Carvalho & Veldhuizen Tratamento de Resíduos Ltda

LABORATÓRIO DE ANÁLISES DE ÁGUA E ESGOTO REGISTRO NO C.R.Q. - 9ª REGIÃO SOB N.º 01938

PVIC/UEG, graduandos do Curso de Ciências Biológicas, UnU Iporá UEG. Orientador, docente do Curso de Ciências Biológicas, UnU Iporá UEG.

AVALIAÇÃO DA REMOÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS NATURAIS NA ÁGUA DO RESERVATÓRIO DA BARRAGEM DO RIBEIRÃO JOÃO LEITE

Missão do Grupo Cervantes. Missão da GCBRASIL Ambiental / Igiene

II AVALIAÇÃO DA REMOÇÃO DO NITROGÊNIO AMONIACAL EM UMA SÉRIE DE LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO NO NORDESTE DO BRASIL

SISTEMA DE MONITORAMENTO E CONTROLE DA BACIA METROPOLITANA DE FORTALEZA-CEARÁ-BRASIL

MANUAL DE ORIENTAÇÃO PARA COLETA DE ÁGUA E AMOSTRAS AMBIENTAIS

20/11/2013. Efluente Industrial. Efluente doméstico PROBLEMAS DA POLUIÇÃO EM AMBIENTES AQUÁTICOS A POLUIÇÃO EM AMBIENTES AQUÁTICOS

ETE Sustentável. Eugênio Álvares de Lima e Silva

Introdução ao Tratamento de Esgoto. Prof. Dra Gersina Nobre da R.C.Junior

AVALIAÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO ANAERÓBIO DE DEJETOS SUÍNOS

EFICIÊNCIA DE TRATAMENTO DE ÁGUA CINZA PELO BIOÁGUA FAMILIAR 1

Gerenciamento de Resíduos Líquidos e Sólidos. Profa. Samara Monayna

RELATÓRIO ANUAL DE QUALIDADE DAS ÁGUAS DE ABASTECIMENTO

Licenciamento de fossas séticas com sistemas de infiltração

feam FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE

IMPERMEABILIZAÇÃO DE LAGOAS PARA TRATAMENTO DO ESGOTO DE LAGOA DA PRATA COM GEOMEMBRANA DE PEAD NEOPLASTIC LAGOA DA PRATA - MG

I CARACTERIZAÇÃO DE ÁGUA SUBTERRÂNEA DE POÇOS TUBULARES EM COMUNIDADES RURAIS NA AMAZÔNIA SUJEITAS À INUNDAÇÃO PERIÓDICA

DECRETO EXECUTIVO Nº 087/2015.

II AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE TRATAMENTO DE EFLUENTE DE UMA INDÚSTRIA SUCRO-ALCOOLEIRA

Anexo IX. Ref. Pregão nº. 052/2011 DMED. ET Análises de Água e Efluentes

ESTADO DO PARANÁ SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ

Relatório de Teste. Monitoramento em tempo real da COR DA ÁGUA FINAL

RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO E MONITORAMENTO AMBIENTAL RAMA. a) Empreendedor: b) CPF ou CNPJ: c) d) Endereço: e) Telefone e celular:

Licenciamento e Controle Ambiental em Abatedouros de Frangos

Ministério dos Petróleos

IMPORTÂNCIA DA PURIFICAÇÃO DA ÁGUA NA COMUNIDADE INDIGENA XERENTE

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO PARAÍBA DO SUL NA CIDADE DE LORENA - SP, BRASIL

Instrução Normativa nº 017, de 23 de outubro de 2014.

RESUMO DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

Controle de Qualidade do Efluente e Monitoramento da ETE

RELATORIO DE ATENDIMENTO

Transcrição:

II- 447 - IMPACTOS GERADOS EM UMA LAGOA FACULTATIVA PELO DERRAMAMENTO CLANDESTINO DE ÓLEOS E GRAXAS (ESTUDO DE CASO) Sandra Parreiras Pereira Fonseca (1) Doutora em Recursos Hídricos e Ambientais e Mestre em Irrigação e Drenagem pela Universidade Federal de Viçosa. MBA em Gestão de Negócios pela UNIVIÇOSA. Graduada em Engenharia Civil pela Escola de Engenharia Kennedy. Coordenadora de Operação de Estações de Tratamento de Esgoto da Divisão de Tratamento de Efluentes DVTE, da Companhia de Saneamento de Minas Gerais - COPASA. Sirlei Geraldo de Azevedo Especialista em Engenharia Sanitária e Meio Ambiente pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. Especialista em Engenharia da Qualidade (PUC Minas). Graduado em Engenharia Química pela UFMG. Engenheiro Químico e Coordenador do Laboratório de Esgoto da Divisão de Tratamento de Efluentes DVTE, da Companhia de Saneamento de Minas Gerais - COPASA. Luciano Ferreira Abreu Graduando em Engenharia Ambiental pela Fundação Educacional Monsenhor Messias. Técnico em Química. Supervisor de Operação de Estações de Tratamento de Esgoto da Divisão de Tratamento de Efluentes DVTE, da Companhia de Saneamento de Minas Gerais - COPASA. Diego Henrique Carvalho da Silva Graduando em Engenharia Ambiental pela Fundação Educacional Monsenhor Messias. Operador da Estação de Tratamento de Esgoto ETE CONFINS da Divisão de Tratamento de Efluentes DVTE, da Companhia de Saneamento de Minas Gerais - COPASA. Vandeir Geraldo da Mota Técnico em Química e Eletrônica pela Escola Técnica POLIMIG. Técnico em Tratamento de Esgoto da Divisão de Tratamento de Efluentes DVTE, da Companhia de Saneamento de Minas Gerais - COPASA. Endereço (1) : Rua Gomes Barbosa, 79- Apto 200 Centro - Viçosa - MG - CEP: 36570-000 - Brasil - Tel: (31) 3891-1044 - e-mail: sandra.parreiras@copasa.com.br ou sarsan2006@hotmail.com RESUMO O presente trabalho teve como objetivo apresentar a tomada de decisão operacional e de monitoramento do derramamento clandestino de óleo na lagoa facultativa da ETE Confins do Aeroporto Internacional Tancredo Neves. Parte do material retido na grade do tratamento preliminar foi removido, mesmo assim, ocorreu alteração na coloração da lagoa facultativa com manchas de óleo e algas mortas em suas bordas. Foi instalado anteparo na saída do efluente da lagoa facultativa para impedir a passagem de sobrenadante para a lagoa de maturação. O material acumulado na superfície da lagoa foi removido com limpeza natural conciliada com remoção manual, bombeamento a vácuo e com a recirculação do efluente da lagoa de maturação para a lagoa facultativa. O controle operacional da ETE Confins foi realizado com a avaliação visual das condições da lagoa facultativa e o monitoramento por intermédio de coletas do afluente e efluente da lagoa facultativa e efluente da lagoa de maturação submetidas às análises de Oxigênio Dissolvido OD. Verificou-se que a concentração de OD após o lançamento clandestino de óleo na lagoa facultativa foi inferior a 0,1 mg.l -1, levando a morte de algas, porém, devido à tomada de decisão imediata e à recirculação do efluente da lagoa de maturação para a facultativa a eficiência da ETE Confins não foi afetada pelo derramamento clandestino de óleo, atendendo a legislação vigente. PALAVRAS-CHAVE: lagoa facultativa, óleos e graxas, impactos ambientais ABES Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 1

INTRODUÇÃO Os recebimentos clandestinos de efluentes contendo óleos e graxas nas redes coletoras é um grande desafio operacional. Podem provocar entupimentos constantes na rede, devido a aderência de resíduos sólidos e partículas em suspensão na parede do conduto e a sua redução, provocando rompimentos de redes coletoras de esgoto, transbordamento de poços de visita e maus odores, e também, retorno de esgoto para as residências, a insatisfação dos clientes das empresas de saneamento e alto custo operacional. Quando estes efluentes orgânicos de difícil decomposição chegam à estação de tratamento de esgoto ETE, interferem na disponibilidade de oxigênio para as bactérias decomporem a matéria orgânica e redução da eficiência da ETE, além de impactos visuais. Existem diferentes metodologias de remoção de contaminantes oriundos de óleos e graxa do ambiente, e a escolha da técnica adequada depende das situações e condições ambientais e da disponibilidade de recursos. As técnicas mais freqüentes utilizadas são a limpeza natural, remoção manual, uso de materiais absorventes, bombeamento a vácuo, skimmers equipamento desenvolvido para remover o óleo da superfície da água utilizando discos giratórios e cordas absorventes, jateamento com água a diferentes pressões, corte de vegetação, biorremediação e produtos dispersantes (CANTAGALLO et. al., 2007). O presente trabalho teve como objetivo apresentar a tomada de decisão operacional e de monitoramento do derramamento clandestino de óleo e graxas na lagoa facultativa da ETE Confins, visando conter impactos na biomasa microbiana da lagoa e redução na sua eficiência. MATERIAIS E MÉTODOS O trabalho foi conduzido na Estação de Tratamento de Esgoto ETE Confins (Figura 1), constituída de tratamento secundário pelo processo de lagoas: facultativa seguida de maturação, localizada no município de Lagoa Santa, MG. Figura 1 Vista aérea da ETE Confins. A ETE Confins é situada na Área da INFRAERO próximo do Aeroporto Trancredo Neves, no município de Lagoa Santa, com coordenadas geográficas 610966,55 e 7828268 S, temperatura média anual de 25,15 o C. Seu principal acesso a é feito através da rodovia MG-010. O esgoto afluente da lagoa facultativa é proveniente do Aeroporto Internacional Tancredo Neves e após tratado é lançado no Córrego Olhos D agua, afluente do córrego do Jaque, tributário do Rio das Velhas. A lagoa facultativa possui uma área de 2,2 ha, correspondente ao volume máximo de 55.000 m 3 e profundidade de 2,5 m. Já a lagoa de maturação possui uma área 0,41 ha correspondente ao volume máximo de 5.105 m 3 e profundidade de 1,25 m. Ambas as lagoas com tempo de detenção de 11 dias Os impactos gerados com o lançamento de óleo no afluente da ETE Confins e acompanhamento operacional do sistema, durante o período de abril até agosto de 2010, foram avaliados seguindo os procedimentos: 2 ABES Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental

A Identificação e retirada do lançamento de óleo na ETE Confins No dia 28/04/2010 o operador da Estação de Tratamento de Esgotos ETE Confins identificou uma grande quantidade de resíduo escuro denso, com odor e característica de óleo chegando à grade de retenção de sólidos grosseiros da ETE (Figura 2). Parte do material foi retido na grade e removido utilizando caminhão de sucção (Figura 3) e, posteriormente, encaminhado para o leito de secagem da Estação de Tratamento de Esgoto ETE Vespasiano, localizada no município de Vespasiano, não sendo possível avaliar o volume que passou para a lagoa facultativa. Figura 2 Óleo retido no gradeamento da ETE Figura 3 Sucção do óleo retido no gradeamento da ETE. No dia 29/04/2010 foi possível observar alterações da coloração da lagoa facultativa com manchas de óleo (Figura 4) e algas mortas nas bordas da lagoa (Figura 5). Figura 4 Manchas de óleo na Lagoa Facultativa Figura 5 Algas mortas na Lagoa Facultativa No dia 30/04/2010 foi instalado um tubo de PVC na saída do efluente da lagoa facultativa para impedir a passagem de sobrenadante para a lagoa de maturação (Figura 6). Era possível a visualização da alteração da turbidez do efluente da lagoa facultativa (Figura 7). ABES Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 3

Figura 6 Tubo para retenção de sobrenadante no vertedouro da lagoa facultativa. Figura 7 Alteração turbidez na lagoa facultativa. B Operação e monitoramento da estação Foi avaliado junto a algumas empresas de recuperação de impactos ambientais, metodologias de alternativas para a revitalização da lagoa facultativa utilizando as técnicas de biorremediação, absorventes e produtos dispersantes. A falta de referências bibliográficas no mercado, sobre a aplicação de produtos biodegradáveis de óleos e suas conseqüências, em longo prazo de aplicação, e além aos receios desses causarem uma disfunção biológica no tratamento, ou mesmo, uma eventual multiplicação de uma cadeia bacteriológica diferente aquelas existentes na lagoa facultativa e, até mesmo, se tornarem predadora de toda a cadeia bacteriológica existente, optou-se pela biorremediação In situ. Tal técnica consistiu da limpeza natural conciliada com remoção manual das algas e placas de óleo, e a recirculação do efluente da lagoa de maturação para o poço de visita de chegada do efluente da lagoa facultativa, por meio de bombeamento a vácuo com caminhão de sucção. O controle operacional da ETE Confins foi realizado com a avaliação visual das condições da lagoa facultativa e coletas simples do efluente da lagoa facultativa, diariamente as 9 e 15 horas e submetidas as análises de Oxigênio Dissolvido OD. Quando o valor da variável OD da lagoa facultativa atingia a concentrações inferiores a 0,5 mg.l -1 efetuava-se a recirculação do efluente da lagoa de maturação para a facultativa, sendo que a variável foi determinante para tomada de decisão de quando recircular o efluente. As algas mortas e placas de óleo foram removidas manualmente, utilizando peneiras, perfazendo um total de 0,64 m 3 16 tambores; e o material sobrenadante aderido ao óleo foi removido por meio de bombeamento a vácuo, 112 m 3 16 caminhões de sucção. As recirculações se deram nos dias 14, 19 e 20 de maio, correspondente aos volumes de 28 m 3 4 caminhões de sucção, 35 m 3 5 caminhões e 63 m 3 9 caminhões, respectivamente. Para análise da eficiência da ETE e atendimento à legislação foram realizadas coletas compostas mensais de Demanda Bioquímica de Oxigênio DBO, Demanda Química de Oxigênio DQO e Sólidos Suspensos Totais SST no afluente e efluente da ETE Confins. As análises foram realizadas conforme recomendações do Standard Methods... APHA (2005). RESULTADOS E DISCUSSÃO 4 ABES Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental

Nas Figuras 8 e 9 estão representados os resultados da variação da concentração de oxigênio dissolvido do efluente da lagoa facultativa no período de abril/2009 a agosto/2010. Observa-se na Figura 8, que do dia 28 de abril a 14 de maio a lagoa facultativa no período da manhã a concentração de OD foi igual a zero, demonstrando alteração na atividade da lagoa e ocasionando a morte de algas. Neste mesmo período da manhã do ano 2009 a concentração de OD variou de 0,4 a 2,4 mg.l -1. No período da tarde (Figura 9) reduziu de zero a 3,7 mg.l -1 e no ano de 2009 de 0,9 a 16,2 mg.l -1, Após a recirculação no dia 14, até o dia 19 de maio, observa-se um ligeiro aumento da concentração de OD de zero para 1,6 mg.l -1 no horário da manhã e a tarde de zero a 5,8 mg.l -1. Devida a baixa evolução da atividade da lagoa; nos dias 19 e 20 de maio intensificou a recirculação, consequentemente, constatou-se a elevação da concentração de OD, atingindo valores até 5,5 mg.l -1 pela manhã e uma queda no dia 26, e após esta data, tendendo a pequenas variações da concentração do OD e ligeiramente abaixo aos valores obtidos no ano de 2009. Já no período da tarde ocorreu maior estabilização da concentração de OD, porém mantendo concentrações inferiores ao ano de 2009. Figura 8 Variação do OD da lagoa facultativa Figura 9 Variação do OD da lagoa facultativa Os resultados da concentração de DBO, DQO e SST do afluente e efluente e a eficiência da ETE Confins, são apresentados na Tabela 1, nos anos de 2009 e 2010. Em termos de DBO com média anual igual ou superior a 70%, atendendo aos padrões de lançamento de efluentes nos corpos receptores (COPAM 001/2008), nos anos de 2009 e 2010. Para o parâmetro DQO no ano de 2009 não atendeu a eficiência anual de 65% provavelmente devido à inversões térmicas e no ano de 2010 atendeu em 74%. Considerando a concentração de lançamento de 150 mg.l -1 de SST a ETE atendeu aos lançamento nos período de estudo. Tabela 1 - Valores médios da eficiência da ETE Confins, período de abril/2009 a agosto/2010 DBO DQO SST Ano afluente efluente eficiência afluente efluente eficiência afluente efluente eficiência ---------- mg.l -1 ------- % -------- mg.l -1 ------- % --------mg.l -1 ------ % 2009 298 114 63 24 78 78 678 121 352 185 48 35 242 101 51 35 79 65 2010 359 118 41 9 89 92 732 264 192 84 74 68 305 124 39 24 87 80 ABES Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 5

CONCLUSÕES Pode-se concluir que devido à tomada de decisão imediata e à recirculação do efluente da lagoa de maturação para a facultativa a eficiência da ETE Confins não foi afetada pelo derramamento clandestino de óleo, atendendo a legislação vigente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION APHA. Standard methods for the examination of water and wastewater. 21º. ed. Washington. D.C.: APHA s.n.p, 2005. 1600p. 2. CANTAGALLO, C.; MILANELI, J. C. C.; BRITO, D. D. Limpeza de ambientes costeiros brasileiros contaminados por petróleo: uma revisão. PANAMJAS: Pan-American Journal of Aquatic Sciences. v. 2, n.1: p.1-12. 2007. 3. MINAS GERAIS. Deliberação Normativa Conjunta COPAM/CERH-MG N.º 1, de 05 de Maio de 2008. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Minas Gerais. Conselho Estadual de Política Ambiental. 2008. 6 ABES Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental