PAULO AFONSO DA SILVA ANÁLISE DE BALANÇO COMO FERRAMENTA DE INFORMAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE PAGAMENTO DAS EMPRESAS

Documentos relacionados
Professor conteudista: Hildebrando Oliveira

Princípios Fundamentais Contabilidade

ANÁLISE E APLICAÇÃO DOS ÍNDICES DE LIQUIDEZ APLICADOS AS EMPRESAS EM GERAL COM BASE EM SEUS EMONSTRATIVOS CONTÁBEIS

Contas. Osni Moura Ribeiro ; Contabilidade Fundamental 1, Editora Saraiva- ISBN

10. Balanço Patrimonial Plano de Contas

GLOSSÁRIO DE TERMOS CONTÁBEIS

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL. FASF - Faculdade Sagrada Família - Curso de Administração - Disciplina Contabilidade Geral - 3º periodo

INDICADORES FINANCEIROS NA TOMADA DE DECISÕES GERENCIAIS

CAPITAL DE GIRO: ESSÊNCIA DA VIDA EMPRESARIAL

Lista de Exercícios ENADE

Unidade II CONTABILIDADE. Prof. Jean Cavaleiro

CONTABILIDADE BÁSICA

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS ANÁLISE DOS DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS

ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS UNIDADE VI - ÍNDICES DE RENTABILIDADE

Demonstrações Financeiras Externas

Boletim. Contabilidade Internacional. Manual de Procedimentos

AUTOR(ES): ARIANE BUENO DOS SANTOS, ANA PAULA CILOTTI, CLARISSA REIS SILVA

Unidade III. Existe uma técnica própria para a construção de padrões para a Análise de Balanços, e tal se encontra neste capítulo.

CONTABILIDADE GERAL. Adquira esta e outras aulas em CONCURSO PÚBLICO PARA TÉCNICO DA RECEITA FEDERAL

PLANEJAR, ELABORAR E CUMPRIR METAS

EXEMPLO COMPLETO DO CÁLCULO DO FLUXO DE CAIXA COM BASE EM DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS

6/8/2012. Contabilidade Intermediária. Aula 1 Apuração do Resultado do Exercício. Objetivos. Objetivos. Profa. Ma. Simone Maria Menezes Dias

TÓPICO ESPECIAL DE CONTABILIDADE: IR DIFERIDO

GESTÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA I

GESTÃO FINANCEIRA UMA ANÁLISE SIMPLIFICADA

Introdução. Graduanda do Curso de Administração - FACISA/UNIVIÇOSA. geisesilva_3@yahoo. com.br. 2

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ BACHARELADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS LIQUIDEZ: A CAPACIDADE DE PAGAMENTO DAS EMPRESAS

Neste contexto, o Fluxo de Caixa torna-se ferramenta indispensável para planejamento e controle dos recursos financeiros de uma organização.

Obrigações. Fornecedores Salários a pagar Impostos a recolher Patrimônio Líquido. Capital Social Reservas 30.

Vamos à prova: Analista Administrativo ANEEL 2006 ESAF

Previsão da Necessidade de Capital de Giro utilizando os preceitos do Modelo de Entrada- Saída de Leontief

Administração Financeira

ASPECTOS AVANÇADOS NA ANÁLISE

Questões de Concursos Tudo para você conquistar o seu cargo público ]

Como elaborar o fluxo de caixa pelo método indireto? - ParteI

PASSO 8 IMPLANTANDO OS CONTROLES

Fundação Biblioteca Nacional ISBN

Elementos Operacionais e Não Operacionais nas Demonstrações Contábeis

ÍNDICES DE LUCRATIVIDADE E DESEMPENHO: IMPORTANTES FERRAMENTAS PARA ANÁLISE FINANCEIRA DA EMPRESA

UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA - SP CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Prof. Izilda Lorenzo. Resumo 3

Aula 2 - Técnicas contábeis e Demonstrações Financeiras. Prof Adelino Correia

ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS: ESTUDO DE CASO DA EMPRESA MA PROMOTORA DE EVENTOS LTDA. Luciana da Silva Moraes 1. Moisés Araújo Guarda 2

COMPONENTES DA ESTRUTURA DO PLANO DE NEGÓCIO

DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA: UM INSTRUMENTO AO PROCESSO DECISÓRIO

Contabilidade Geral e Avançada Correção da Prova AFRFB 2009 Gabarito 1 Parte 1 Prof. Moraes Junior CONTABILIDADE GERAL E AVANÇADA

PARECER DE ORIENTAÇÃO CVM Nº 17, DE 15 DE FEVEREIRO DE 1989.

COMO CONVERTER DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS BRASILEIRAS PARA A MOEDA AMERICANA (FAS 52)

Sistema de contas. Capítulo 2 Sistema de contas

Tópicos Especiais de Análise de Balanços

CONCEITO BALANÇO PATRIMONIAL 24/8/2012. Renato Tognere Ferron

ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL

Análise Econômico-Financeira

CURSOS ON-LINE CONTABILIDADE GERAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR ANTONIO CÉSAR AULA 11: EXERCÍCIOS (CONTINUAÇÃO)

UNIVERSIDADE PAULISTA CURSOS SUPERIORES DE TECNOLOGIA

Aulas 13 e 14 BALANÇO PATRIMONIAL

Sumário. 1 Introdução. Demonstrações Contábeis Decifradas. Aprendendo Teoria

DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

QUESTÕES POTENCIAIS DE PROVA TROPA DE ELITE CURSO AEP PROF. ALEXANDRE AMÉRICO

Unidade II. Unidade II

AVALIAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Como representar em termos monetários a riqueza de uma organização em determinado momento?

mhtml:file://c:\documents and Settings\6009\Meus documentos\glossário DE T...

Contabilidade Básica

CPF DO CANDIDATO (A): DATA: 17/11/2014. NOME DO CANDIDATO (A): PROVA ESCRITA

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS» ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA «

ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇO FINANCEIRO DA EMPRESA COCAMAR - COOPERATIVA AGROINDUSTRIAL DE MARINGÁ RESUMO

Análise das Demonstrações Financeiras

Curso: Ciências Contábeis. Disciplina: ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Entrega dia 30 de Novembro

ASPECTOS CONCEITUAIS OBJETIVOS planejamento tomada de decisão

VARIAÇÕES DE PREÇOS NOS ESTOQUES E SEUS IMPACTOS NO FLUXO DE CAIXA DE EMPRESAS COMERCIAIS

A IMPORTÃNCIA DO CAPITAL DE GIRO E ALGUMAS SOLUÇÕES PARA O PROBLEMA DE CAPITAL DE GIRO

ATIVO IMOBILIZADO

se o tratamento foi adequado, ficaremos curados e felizes por termos solucionado a doença que estava nos prejudicando. No campo empresarial a

Terminologias Introdutórias de Custo: Uma Pesquisa Exploratória Na Universidade Federal de Pernambuco Nos Cursos de Ciências Contábeis e Administração

1 Introdução Caros (futuros) colegas.

Prof. Cleber Oliveira Gestão Financeira

O TÊRMOMETRO DA EMPRESA

RELATÓRIOS GERENCIAIS

Análise demonstrações financeiras instrumento de grande utilidade; Previsão de insolvência; Análise de informação objetiva do desempenho.

Relatório da Gestão da Empresa Sadia S/A.

FACULDADE DE TECNOLOGIA DE JUNDIAÍ

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA ORÇAMENTÁRIA

Balanço Patrimonial. Flavio Mangili Ferreira. mangiliferreira.com

Análise das Demonstrações financeiras

Análise Financeira. Universidade do Porto Faculdade de Engenharia Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores Economia e Gestão

1º CASO Cia. INVESTIDORA S.A.

Fundação Amazonas Sustentável Demonstrações financeiras em 31 de dezembro de 2008 e parecer dos auditores independentes

AS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS REFERENTES AOS INDICADORES ECONÔMICO- FINANCEIROS: IMPORTANTE CONHECIMENTO NAS TOMADAS DE DECISÕES.

FAQ: Parametrização para Contabilização

FAPAN Faculdade de Agronegócio de Paraíso do Norte

ELABORAÇÃO DE PROJETOS

Exercício 1 Investimentos Permanentes MC e Valor justo

Fundamentos de Contabilidade. Formação do Patrimônio. Professor Isnard Martins

Simulado: Análise das Demonstrações Contábeis p/ TCU

Unidade: Decisão de Investimento de Longo Prazo. Unidade I:

Demonstração dos Fluxos de Caixa - DFC. Renato Tognere Ferron

Transcrição:

PAULO AFONSO DA SILVA ANÁLISE DE BALANÇO COMO FERRAMENTA DE INFORMAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE PAGAMENTO DAS EMPRESAS

PAULO AFONSO DA SILVA ANÁLISE DE BALANÇO COMO FERRAMENTA DE INFORMAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE PAGAMENTO DAS EMPRESAS Artigo apresentado como requisito parcial de avaliação da disciplina de TCC II, para obtenção do título de bacharel em Ciências Contábeis, da faculdade Padrão. Prof.ª MS. Uianã Cruvinel Borges (Orientadora) Prof. Convidado(a)

SUMÁRIO Introdução...4 1 Balanço Patrimonial...7 1.1 Plano de Contas...7 1.2 Conceito das Contas do Balanço Patrimonial...8 2 Introdução as Análises do Balanço Patrimonial...10 3 Principais Formas de Análises do Balanço Patrimonial...12 3.1 Análise Horizontal e Vertical...12 3.2 Análises através de Índices...16 Considerações finais...21 Referências Bibliográficas...23 Anexos...24

4 ANÁLISE DE BALANÇO COMO FERRAMENTA DE INFORMAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE PAGAMENTO DAS EMPRESAS 1 Paulo Afonso da Silva 2 Resumo: Este artigo volta-se para o estudo de questões referentes à análise do Balanço Patrimonial. Primeiramente explica o que é o Balanço Patrimonial e como é formado. Após esse conhecimento, será possível obter as principais formas de análises utilizadas no mercado. O presente trabalho é de natureza bibliográfica e foi desenvolvido a partir da leitura das obras de autores que discorrem sobre esse tipo de assunto, numa abordagem que compreende o surgimento, a forma de desenvolvimento e os resultados obtidos. O estudo nos permitirá observar que o Balanço Patrimonial é uma ferramenta indispensável para uma importante tomada de decisão por parte de acionistas, investidores e fornecedores. É um tipo de análise que está ligada diretamente aos resultados da empresa e oferece assim uma visão ampla do desenvolvimento dela desde o passado e, inclusive, permitindo aos interessados fazer uma provisão futura através das análises horizontais e verticais. Por meio de índices será possível concluir se a empresa terá dificuldades ou folgas para pagar suas obrigações em curto ou longo prazo e quais são as possibilidades de pagamento a vista (imediato). O Balanço Patrimonial também é útil para se verificar os riscos no caso de falência da empresa. Todas as análises estão demonstradas neste trabalho com explicações, exemplos e citações importantes. Os índices são fórmulas simples e de fácil entendimento, mesmo no caso de pessoas leigas no assunto, mas que tem a força de explicar a grandeza de seus resultados para a tomada de decisão. Há, no entanto, a necessidade de procurar um analista, pois o entendimento é fácil, mas as interpretações devem ser cuidadosamente avaliadas, como, por exemplo, o ramo da empresa. Neste caso o profissional deverá obter resultados de outras empresas e compará-las a fim de obter um resultado eficaz. Palavras-chave: Análises. Resultados. Tomada de decisão. Introdução O termo Contabilidade surgiu, segundo o Professor Hélio de Paula, há cerca de 2.000 anos antes da Era Cristã (Apud Hastings, 2010, p. 3), entre os chineses. Para Hastings (2010), a Escrituração Contábil é uma forma de demonstrar 1 Artigo apresentado como um dos requisitos para obtenção do título de graduação em ciências contábeis, sob a orientação da prof.ª Ms. Uianã Cruvinel. 2 Discente do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Padrão.

5 contabilmente os registros das movimentações ocorridas, registrando os fatos de compras e vendas ou até mesmo de trocas de mercadorias ou serviços prestados, ou seja, é um Raio-X da empresa. A contabilidade é tão antiga quanto o comércio. Devido à necessidade de se registrar a movimentação entre os clientes, busca assim uma forma de se anotar os procedimentos para a apresentação das informações e mesmo para que haja um controle de tudo que foi comercializado. Segundo Hastings (2010, p.3), O importante é firmar-se um registro, entendido e aceito por ambas as partes. O Balanço Patrimonial é dividido em duas partes: o Ativo, que representa os bens e direitos de uma organização e o Passivo, que, por sua vez, está constituído das obrigações. As demonstrações são interdependentes, ou seja, dependem uma da outra, pois todo lançamento deve-se ter uma contrapartida sendo os valores do Ativo e Passivo iguais. Por exemplo, uma entrada deve ter uma saída ou vice-versa denominada partidas dobradas, ou seja, todo lançamento tem origem e destino. A história da contabilidade está ligada às necessidades das pessoas de manter registradas as movimentações financeiras como as vendas, compras, despesas em geral, fornecedores, investimentos, bens, entre outros. A contabilidade sempre existiu e com o passar do tempo foi evoluindo e adquirindo conhecimentos. Os números era um destes conhecimentos adquiridos, Segundo Hastings (2010, p.3): A invenção de sistemas numerais, por um lado, e a de formas de escrita, em tabletes de argila, em folhas de papiro ou em rolos de pergaminho, por outro, ajudaram a desenvolver os registros contábeis que, apesar de não mais saírem correndo, continuaram por longo tempo a ser meros lembretes. Com isso os registros passam a ser por meio de anotações, as quais eram guardadas para comprovar a existência de patrimônios e a movimentação de compras e vendas. Isso resulta de um contexto no qual já se concluía ser impossível manter o controle da empresa apenas na cabeça. Era, pois, inviável conduzir um negócio sem qualquer tipo de registro ou anotação em decorrência das grandes movimentações que no decurso do tempo só evoluíam. Outro motivador da recorrência aos registros foi o fato de as operações terem se tornado bem mais complexas em face da necessidade de arrecadação de impostos que, via de regra, está agregada ao comércio de mercadorias e serviços. Desses registros é que se

6 obtém uma forma de provar ao governo o que teria sido realmente comercializado, tanto para o consumo, compra/venda e troca, podendo assim se obter um controle de gastos e ganhos, como para ver com isso a necessidades de se refinar os controles financeiros. O tema deste artigo é Análise de Balanço como ferramenta de informação das condições de pagamento das empresas assim descrevemos o Balanço Patrimonial como forma de análise em empresas. O que problematizamos neste artigo diz respeito a importância da análise da estrutura do Balanço Patrimonial como forma de demonstração da capacidade de pagamento aos fornecedores e a evolução da empresa. O objetivo geral é o de demonstrar por meio da análise do Balanço Patrimonial o desenvolvimento da empresa e a capacidade de pagamento, podendo servir como uma ferramenta importante para tomada de decisões tanto para administradores, gestores, investidores, acionistas, como para qualquer outra pessoa interessada nos resultados de determinadas empresas. E os objetivos específicos são o de demonstrar os principais métodos de análises e o de justificar as possibilidades de sua aplicação na gestão da empresa, mostrando assim os possíveis erros na elaboração de valores, como por exemplo, o valor das vendas de produtos ou serviços. Também é possível detectar através da análise as possibilidades de se obter um melhor resultado na lucratividade de uma empresa. Outro objetivo é o de demonstrar em que consiste a análise de balanço e qual sua importância para a Contabilidade, mostrando assim as diversas formas de se interpretar o Balanço Patrimonial. A metodologia utilizada para o desenvolvimento deste artigo é, basicamente, por meio de fontes de pesquisas de conhecimento público como, no caso, os livros que serviram de base para as análises elaboradas aqui. Outra metodologia utilizada e que esteve presente neste estudo foi a pesquisa documental, com vistas à ampliação dos conhecimentos acerca da temática. E com base nesses instrumentos de estudo, foi possível obter um domínio de informações que é transmitida como fonte de amostragem.

7 Revisão Bibliográfica O objetivo do trabalho é o de demonstrar resumidamente, através de pesquisas bibliográficas, as principais formas de análises do Balanço Patrimonial e suas utilidades para uma organização, sendo útil também às pessoas relacionadas à organização como acionistas, administradores, bancos, fornecedores, clientes ou a quem tiver interesse. 1. Balanço Patrimonial Conforme Hastings (2010), o Balanço Patrimonial é a escrituração contábil mais importante, pois é nele que estão todos os registros de uma empresa. No Balanço Patrimonial, podemos identificar os bens, direitos e obrigações da empresa. Essa ideia é justificada por Hastings (2010, p. 6), ao afirmar que os valores colocados à esquerda indicam Bens ou Direitos da organização (ou, em outras palavras, os usos dos recursos), enquanto os valores colocados à direita referem-se a Obrigações (ou as fontes dos recursos). Com isso, pode-se identificar que o Balanço Patrimonial está dividido em duas colunas. Do lado esquerdo, com o nome Conta do Ativo, ficam as anotações divididas em grandes contas na ordem decrescente de grau de liquidez e seus valores são aumentados através de débitos. E, do lado direito, como Conta do Passivo e Patrimônio Líquido aparecem os valores que são aumentados através de créditos. Para se obter uma visão do Balanço Patrimonial acompanhe no anexo 1 (Balanço Patrimonial). No princípio contábil débitos referem-se a entradas e créditos referem-se a saídas ou pagamentos. 1.1 Plano de Contas O Plano de Contas é a montagem do Balanço Patrimonial em si. É no Plano de Contas que aparecem descriminadas todas as contas necessárias para os devidos lançamentos, que são chamados de elementos das contas. Cada conta possui um código (número) para facilitar a procura e ordená-las conforme sua

8 liquidez ou exigibilidade, como mostra o anexo 2 (Plano de Contas). De acordo com Ferrari (2011, p.167): O PLANO DE CONTAS é o conjunto composto pela relação ordenada e codificada das contas utilizadas pela entidade, bem como de todas as normas e procedimentos adotados pelo seu sistema contábil, objetivando servir como guia e meio de padronização, a fim de facilitar a análise e elaboração dos registros e demonstrações contábeis. O esqueleto ou estrutura de um plano de contas é elaborado conforme a necessidade de cada empresa, ou seja, é o ramo de atividades de cada empresa que vai determinar qual será a forma mais ampla e ordenada de suas contas. 1.2 Conceito das Contas do Balanço Patrimonial Seguindo o raciocínio de Neto (2010), serão demonstrados neste tópico os conceitos e as funções das Contas do Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido. O Ativo diz respeito a todas as disponibilidades da empresa e é dividido em duas subcontas. A primeira é o Ativo Circulante, composta de todos os valores disponíveis da empresa como, por exemplo, o dinheiro em caixa, banco, valores a receber em curto prazo entre outros. A segunda é o Ativo Não Circulante, que se compõe de todos os valores não disponíveis no momento, mas transformados em bens da empresa, como veículos, marcas e patentes, estoques de mercadorias, valores a receber em longo prazo, entre outros. Todas as contas que compõem o Ativo são colocadas em ordem decrescente de liquidez, ou seja, contas que são movimentadas com maior frequência, o caixa ou o banco, por exemplo. Estes vêm em primeiro lugar na elaboração do Plano de Contas. Já o Passivo diz respeito às obrigações da empresa, sendo que estas podem se encontrar investidas no Ativo. Assim como o Ativo, o Passivo também está dividido em duas subcontas. A primeira é o Passivo Circulante, composta de todas as obrigações que a empresa tem em curto prazo como, por exemplo, os salários a pagar, contas de telefone, energia, entre outros. A segunda é o Passivo Não Circulante, por sua vez, composta de todas as obrigações de longo prazo, ou seja, todas as dívidas da empresa que irão ultrapassar o exercício seguinte, como, por

9 exemplo, fornecedores a pagar, consórcios a pagar, entre outros. Conforme Neto (2010, p. 48): Para efeito de identificação de curto prazo e longo prazo, a legislação baseou-se no exercício social da empresa. Assim, todos os direitos e obrigações vencíveis no exercício seguinte ao encerramento do balanço serão classificados como curto prazo. Em caso contrário, serão considerados como longo prazo. Assim, pois, todas as contas que compõem o Passivo são colocadas em ordem decrescente de exigibilidade, ou seja, de acordo com a necessidade de pagamento como, por exemplo, os salários a pagar, fornecedores, entre outros. Estes vêm em primeiro lugar na elaboração do Plano de Contas. O Patrimônio Líquido, por sua vez, diz respeito à diferença do Ativo entre o Passivo e são os recursos da organização, que podem ser representados por meio de capital investido na empresa pelos proprietários e/ou lucros não distribuídos do exercício anterior. Conforme Neto (2010, p. 48), o Patrimônio Líquido é constituído por Capital Social, Reserva de Capital, Ajustes de Avaliação Patrimonial, Reserva de Lucros, Ações em Tesouraria e Prejuízos Acumulados. Conforme o raciocínio de Neto (2010), podemos dizer que o Ativo nasce do Passivo, ou seja, a origem do Ativo é o Passivo, conforme mostram os exemplos: a) Quando a empresa adquire um veículo financiado, o registro contábil é feito da seguinte forma: registra-se o veículo no Ativo Imobilizado e o financiamento é registrado no Passivo Circulante. Caso seja um financiamento em curto prazo (encerramento do financiamento em até no máximo o fim do exercício seguinte); ou pode-se registrar a dívida no Passivo Não Circulante, caso seja um financiamento em Longo Prazo (encerramento do financiamento após o término do exercício seguinte). b) Quando a empresa paga o salário do mês de seus funcionários, o registro contábil é feito da seguinte forma: retira-se dinheiro do Ativo (Caixa ou Banco) para quitar a provisão feita no Passivo Circulante (Salários a Pagar). c) Quanto o sócio investe dinheiro na empresa distribuindo o numerário no Caixa ou depositando na conta bancária da empresa, o registro contábil é feito da seguinte forma: registra-se a entrada do dinheiro no Caixa ou

10 Banco (Ativo Circulante) e faz-se uma Integralização de Capital (Patrimônio Líquido). Nota-se que, no exemplo a, a empresa adquiriu um veículo. O registro do Ativo (Imobilizado) teve origem do Passivo (Financiamento). No exemplo b, o registro é feito no Ativo (Caixa ou Banco) devido à provisão feita no Passivo (Salários a Pagar). E no exemplo c, o sócio fez um investimento na empresa, integralizando (Capital Social) um certo valor em espécie no Caixa ou Banco (Ativo Circulante) da empresa, geralmente feito na abertura de uma empresa. 2. Introdução as Análises do Balanço Patrimonial O surgimento da Análise de Balanço, conforme explica Matarazzo (2010), teria como base a necessidade dos Bancos, isso por volta dos meados do século XIX, de realizar análises das empresas que necessitavam de empréstimos e consecutivamente evitar ou diminuir as inadimplências no ramo. A análise do Balanço Patrimonial é importante para profissionais, direta ou indiretamente interessados. É necessária aos investidores e profissionais de contabilidade, auditoria e fiscalização, pois leva a estes a compreensão da situação financeira líquida de uma empresa. Por meio do Balanço Patrimonial é possível dizer se a empresa vem sendo bem administrada, se tem ou não condições de pagar suas dívidas, se é ou não lucrativa. É possível saber como é a sua evolução, exercício após exercício, e quais são os riscos de ela entrar em falência. Dessa maneira, a análise pode apresentar os pontos positivos e negativos para a tomada de decisões. O Contador escritura o Balanço Patrimonial fornecendo vários números, que o Analista Contábil chama de dados que são transformados por ele em informações. Justifica assim Matarazzo (2010, p. 3-4): Dados são números ou descrições de objetos ou eventos que, isoladamente, não provocam nenhuma reação no leitor. Informações representam, para quem as recebe, uma comunicação que pode produzir reação, frequentemente acompanhada de um efeitosurpresa.

11 Conforme a figura a seguir. Fatos ou eventos econômicofinanceiros Demonstrações financeiras = dados Informações financeiras para a tomada de decisões Processo Contábil Técnicas de Análise de Balanços Fonte: Matarazzo (2010) O resultado das análises feito pelo Analista Contábil pode ser tanto favorável ou não para quem tem o interesse em saber do resultado econômico-financeiro da organização. As análises podem apontar problemas com a elaboração das contas, outro ponto positivo a se retirar da análise do Balanço Patrimonial que é útil para administradores de empresas. É a forma de se mapear ou acompanhar a evolução de determinado elemento patrimonial, ou de acompanhar resultados como receitas e despesas em determinados períodos, a exemplo das vendas. Permite também efetuar comparações em relação a outras empresas, obtendo o ponto em que seja possível verificar com mais atenção, no caso da necessidade de uma tomada de decisão importante para a empresa. De acordo com Neto (2010), o analista é o profissional responsável por orientar e exercer as tarefas ligadas às análises. Ele elabora relatórios conforme a necessidade de cada exigência ou a quem é de interesse, como os investidores, credores, concorrentes, governo, etc. Além disso, espera-se que o profissional seja objetivo e possua conhecimento específico para cada ramo de empresa. Ele deve estar atento quanto à natureza Jurídica da empresa, quanto ao ramo de negócios, levando em conta a dimensão e alcance da empresa, as condições de giro, o processo de formação do resultado, as condições legais e as condições econômicas. Desse modo, cada profissional tem uma experiência com determinados ramos de empresas e cada empresa possui uma peculiaridade, sendo que para cada peculiaridade existe um roteiro específico. O profissional, após analisar cuidadosamente o Balanço Patrimonial, deve relatar a posição econômico-financeira da empresa. Nesses relatos pode partilhar informações passadas, presentes e futuras de uma empresa.

12 Geralmente as Escriturações Contábeis são de difícil entendimento, enquanto os relatórios das Análises Contábeis tendem a ser de mais fácil compreensão. De acordo com Matarazzo (2010, p. 5): Ao contrário das demonstrações financeiras, os relatórios de análise devem ser elaborados como se fossem dirigidos a leigos, ainda que não sejam, isto é, sua linguagem deve ser inteligível por qualquer mediano dirigente de empresa, gerente de banco ou gerente de crédito. A Análise do Balanço Patrimonial tem como objetivo posicionar uma empresa em relação ao mercado. Caso uma pessoa com pouco conhecimento tenha o interesse de investir em ações, por exemplo, ela poderá através do relatório do analista que, em palavras simples, irá posicionar ao investidor o conhecimento do andamento da empresa na qual irá investir, mostrando através de índices os problemas econômico-financeiros e a evolução. 3. Principais Formas de Análises do Balanço Patrimonial 3.1 Análise Horizontal e Vertical O ponto a que o analista deve alcançar é o do conhecimento acerca da principal atividade da organização para que possa obter uma conclusão óbvia e poder apontar os aspectos econômico-financeiros, de modo a poder mostrar com exatidão os pontos negativos e positivos, avaliando o todo das movimentações exercidas na empresa. Temos como aprofundamento de análise do Balanço Patrimonial a Análise Horizontal e Análise Vertical que são nada mais que comparações. Estas podem ser feitas com base em anos anteriores ou relacionando valores com base nas contas patrimoniais. A Análise Horizontal tem como objetivo mostrar a quem for de interesse a evolução da empresa em determinados períodos, buscando sempre em relação aos anos anteriores e mostrando assim o caminho feito pela empresa ano após ano. A respeito disso assim cita Neto (2010, p. 93):

13 A análise horizontal é a comparação que se faz entre os valores de uma mesma conta ou grupo de contas, em diferentes exercícios sociais. É basicamente um processo de análise temporal, desenvolvido por meio de números-índices. Segue abaixo exemplos para acompanhamento da explicação: a) Vamos pegar a conta vendas do Balanço Patrimonial de uma empresa qualquer. No ano de 2010, essa empresa teve como vendas o registro no valor de R$ 100.000,00 e, no ano de 2011, teve o registro das vendas no valor de R$ 122.000,00. No caso, iremos mostrar a evolução tendo como base o ano de 2010, comparando com o ano de 2011. Segundo Assaf Neto (2010), a análise horizontal é feita da seguinte forma: valor do ano que se deseja comparar, dividido pelo valor do ano base multiplicado por 100. Do cálculo obtém-se o número-índice que representa o ano que se deseja comparar, como é possível observar na seguinte formula: 2011 122.000,00 Número Índice = ------- x 100 = ---------------- x 100 = 122 2010 100.000,00 Fonte: Neto (2010) Temos o seguinte resultado: se o ano de 2010 é o ano base, podemos dizer que é representado por 100%. E o ano de 2011, que é o ano que se deseja comparar, representado pelo número índice é de 122%. Então o ano de 2011 teve um aumento de 22% nas suas vendas em comparação ao ano de 2010. b) Seguindo por base o exemplo anterior, sabemos que o resultado é 22% em comparação ao ano de 2011/2010. Mas fazendo a comparação de dois anos após a data base como, por exemplo, vendas de 95.000,00, no ano de 2012, ter-seá o seguinte resultado: 2012 95.000,00 Número Índice = ------- x 100 = --------------- x 100 = 95 2010 100.000,00 Fonte: Neto (2010)

14 Nesse caso, observa-se que o ano base é maior que o ano que se deseja comparar (ano base 2010 = 100% e o ano que se deseja comparar 2011 = 95%). A empresa teve uma queda em suas vendas de 5% em comparação ao ano de 2010. Deve-se atentar ao resultado quando se representa uma diminuição ou um aumento em seus valores. De acordo com Neto (2010, p. 97), a base pode ser alterada da maneira que se desejar, positiva ou negativa, que o número índice não se altera. É uma questão de interpretação (leitura) dos valores. Conforme foi demonstrado, a análise horizontal pode informar também uma posição futura da organização. Fazendo comparações com anos anteriores, obtémse uma projeção futura de suas movimentações. A análise horizontal tem como objetivo maior mostrar qual é a metodologia da empresa, se ela está investindo em máquinas de produção, veículos, como é seu estoque ano após ano, qual a sua movimentação bancária e aplicações dos ativos. Através da análise horizontal dos passivos se obtém as informações de como andam seus fornecedores, empréstimos, financiamentos, duplicatas a pagar. Já no Patrimônio Líquido tem-se a situação do capital da empresa e os lucros acumulados. A Análise Vertical tem como objetivo mostrar em percentuais (%) o valor de cada conta, tendo como base um valor que representa os totais das contas mais conhecidos, como conta grupo que é fixada em cem por cento (100%). Matarazzo (2010, p. 170), quanto a isso, afirma que o percentual de cada conta mostra sua real importância no conjunto. A análise vertical torna-se um processo de comparações como a análise horizontal. Enquanto esta análise é feita horizontalmente, analisando a mesma conta período após período, a análise vertical é feita verticalmente, analisando assim uma conta em relação ao grupo de contas do mesmo período, obtendo assim um resultado. A partir deste ponto pode-se relacionar um período com outro para comparar conta por conta ou grupo por grupo, analisando assim as evoluções por período. Para se obter um esclarecimento mais amplo observe o exemplo a seguir: BALANÇO 31 / 12 / XX VALOR (R$) A. V. (%) 100% ATIVO 155.500,00 ATIVO CIRCULANTE 5.500,00 3,54%

15 DISPONÍVEL 5.500,00 3,54% Caixa 2.000,00 1,29% Banco 3.500,00 2,25% ATIVO NÃO CIRCULANTE 150.000,00 96,46% IMOBILIZADO 150.000,00 96,46% Terrenos 150.000,00 96,46% PASSIVO 155.500,00 100% PASSIVO CIRCULANTE 15.000,00 9,65% OBRIGAÇÕES COM TERCEIROS 15.000,00 9,65% Fornecedores 15.000,00 9,65% PASSIVO NÃO CIRCULANTE 5.000,00 3,22% EMPRESTIMOS E FINANCIAMENTOS 5.000,00 3,22% Emp. Bancários a Pagar L. Prazo 5.000,00 3,22% PATRIMONIO LIQUIDO 135.500,00 87,13% CAPITAL 135.500,00 87,13% Capital Social Subscrito 133.500,00 85,84% Capital a Integralizar LUCROS OU PREJUIZOS ACUMULADOS 2.000,00 1,29% Lucro e/ou Prejuízo 2.000,00 1,29% Fonte: Neto (2010) Observa-se que os grupos (Ativo e Passivo) são indicados com 100%, pois são representados através das contas de lançamento que, somados os percentuais relativos a cada conta, se obtém o total do grupo. Neste exemplo, o Ativo é 100%. O Ativo Circulante representa 3,54% do Ativo. Já o Ativo não Circulante representa 96,46% do Ativo total. Então a parte maior do Ativo está no Ativo não Circulante. Para ser mais preciso, a disponibilidade da empresa está no Imobilizado, já analisando o passivo que representa 100%. Em relação a ele, o Passivo não Circulante representa 9,65%. O Passivo não Circulante representa 3,22% e o Patrimônio Líquido faz parte de 87,13% do Passivo Total e é representado pelo capital da empresa. Observa-se que nas análises Horizontal/Vertical de acordo com Matarazzo (2010, p. 175):

16 É recomendável que estes dois tipos sejam usados conjuntamente. Não se deve tirar conclusões exclusivamente da Análise Horizontal, pois determinado item, mesmo apresentando variação de 2.000%, por exemplo, pode continuar sendo um item irrelevante dentro da demonstração financeira a que pertence. Tem-se assim um modo completo de se analisar, pois uma determinada conta do Balanço Patrimonial pode representar um percentual pequeno em relação a uma conta sintética. Analisando verticalmente a conta do Ativo, por exemplo, e a mesma conta que foi analisada, mas fazendo na forma de Análise Horizontal, pode-se representar um aumento ou diminuição considerada em relação aos anos anteriores. 3.2 Análises através de Índices O analista deve se atentar para a capacidade que a empresa tem de pagar seus compromissos, como fornecedores, por exemplo. Ou seja, deve fornecer um resultado seguro para uma tomada de decisão. Índices de Liquidez, segundo Marion (2010, p. 73), são utilizados para avaliar a capacidade de pagamento da empresa, isto é, constituem uma apreciação sobre se a empresa tem capacidade para saldar seus compromissos. No raciocínio de Marion (2010), os índices são técnicas utilizadas para apontar e conhecer a situação da empresa. Através desta técnica pode se avaliar a capacidade de pagamento em longo prazo, curto prazo ou prazo imediato (dinheiro). A capacidade que a empresa tem em liquidar seus pagamentos no curto prazo é feita através de Índice de Liquidez Corrente (LC), por meio da fórmula: LC = Ativo Circulante / Passivo Circulante Fonte: Marion (2010) Segundo Matarazzo (2010, p. 102), indica: quanto a empresa tem no Ativo Circulante para cada R$ 1,00 de Passivo Circulante. Então quanto maior for o Ativo Circulante, melhor para a empresa. Com base na fórmula acima, seguem alguns exemplos: 900.000 a) LC = ------------- = 1,2 750.000

17 620.000 b) LC = ------------- = 1 620.000 210.000 c) LC = ------------- = 0,75 280.000 Vemos 3 tipos de exemplos, onde o exemplo a teve um resultado positivo, pois a empresa tem R$ 1,2 para liquidar cada R$ 1,00. No exemplo b já ocorre um resultado neutro, pois a empresa tem R$ 1,00 para liquidar cada R$ 1,00. É um caso pouco provável (Ativo Circulante = Passivo Circulante), mas que demonstra que o risco da empresa contrair um empréstimo para poder liquidar suas dívidas é grande. Já o exemplo c significa que a empresa não está indo muito bem, pois ela tem R$ 0,75 para quitar cada R$ 1,00. Tudo deve ser considerado, o ramo de atividade e as exceções da empresa e compará-las a outras do mesmo ramo. Como diz Marion (2010, p. 76): Com isso, introduzimos o conceito de índices-padrão, que representam índices médios de diversas empresas do mesmo ramo de atividade, e que servirão de parâmetros para comparação de índices que iremos calcular (cuja empresa pertença ao mesmo ramo de atividade). O índice LC (Liquidez Corrente) torna-se assim importante para que o analista posicione uma empresa em relação às condições de pagamento em curto prazo. Outra formula utilizada para se analisar o Balanço Patrimonial é do Índice de LS (Liquidez Seca), representada pela formula a seguir: LS = Ativo Circulante Estoque / Passivo Circulante Fonte: Marion (2010) A função, segundo Neto (2010, p. 164), essencialmente, a liquidez seca determina a capacidade de curto prazo de pagamento da empresa mediante a utilização das contas do disponível e valores a receber. É a capacidade de uma empresa liquidar o Passivo tendo como pagamento itens do Ativo Circulante menos o seu estoque. Por que diminuir o estoque para obter o resultado do LS? Porque o estoque é um investimento de risco, segundo Matarazzo (2010, p. 109):

18 Estoques: correm o risco de roubo, obsoletismo, deterioração e de não serem vendidos e, portanto, de não serem convertidos em dinheiro, não servindo para pagamento de dívidas. É um risco que depende da empresa, do mercado e da conjuntura econômica. O resultado da fórmula segue o mesmo raciocínio da Liquidez Corrente, ou seja, demonstra que a empresa possui R$ X valor para cada R$ 1,00 de Passivo Circulante. Observe os exemplos a seguir: 900.000 12.000 a) LS = ------------------------ = 1,22 725.000 620.000 10.000 b) LS = ------------------------- = 0,94 650.000 Observando o exemplo a, sabe-se que a empresa possui R$ 1,22 de Ativo Circulante menos estoques para quitar cada R$ 1,00 de Passivo Circulante. É um resultado positivo. Já no exemplo b, pode-se dizer que a empresa não tem um bom resultado, pois ela possui apenas R$ 0,94 para quitar cada R$ 1,00. Mas o analista não pode se basear apenas neste índice, mas, sim, conjugá-lo a outros índices, o de Liquidez Corrente, por exemplo. Veremos agora a Capacidade de pagamento em longo prazo através do Índice de LG (Liquidez Geral), que é representado pela formula: Ativo Circulante + Ativo Não Circulante LG = ---------------------------------------------------------------- Passivo Circulante + Passivo Não Circulante Fonte: Marion (2010) Esse índice mostra a capacidade total que a empresa tem para quitar os seus deveres e, conforme raciocínio de Marion (2010, p. 79), mostra a capacidade de pagamento da empresa a Longo Prazo, considerando tudo o que ela converterá em dinheiro (a Curto e Longo Prazo), relacionando-se com tudo o que já assumiu como dívida (a Curto e Longo Prazo). A ideia é a mesma comparada aos índices anteriores. O resultado do LG representa a capacidade de liquidar os compromissos a cada R$ 1,00, vejamos os exemplos: 960.000 + 340.000 a) LG = --------------------------- = 2,55 210.000 + 300.000

19 270.000 + 290.000 b) LG = --------------------------- = 0,93 285.000 + 320.000 É visível que no exemplo a, a empresa possui R$ 2,55 para quitar todo seu Passivo, ou seja, paga seus débitos e ainda possui uma folga de R$ 1,55 para cada R$ 1,00. Já no exemplo b, a empresa não consegue quitar seus débitos com a utilização de todo seu Ativo, pois possui R$ 0,93 de Ativo para cada R$ 1,00 de Passivo registrado. Entretanto, um LG negativo não quer dizer que a empresa entrará em falência e, sim, que necessita de um estudo detalhado para verificação de possíveis investimentos como marketing, para que possa aumentar suas vendas e reverter o resultado. O LG também deve ser comparado a outros exercícios e obter uma análise precisa do andamento da empresa exercício após exercício. Um índice pouco usado é o LI (Liquidez Imediata), que significa a capacidade que a empresa tem para pagar suas dívidas de curto prazo, o mais breve, utilizando recursos disponíveis na empresa como Caixa, Banco, entre outros. Geralmente o resultado do índice é baixo, pois normalmente as empresas não deixam grandes numerários nos Caixas ou Bancos. É recomendável investir para que possa ter uma outra forma de receitas, como por exemplo aplicações Bancárias. Ao invés de ficar com o dinheiro parado este poderá render juros. Como diz Neto (2010, p. 163), a LI revela a porcentagem das dívidas a curto prazo (circulante) em condições de serem liquidadas imediatamente. A fórmula utilizada é: LI = Disponível / Passivo Circulante Segue exemplos: 15.000 a) LS = ------------ = 0,06 270.000 Fonte: Neto (2010) 50.000 b) LS = ------------ = 0,23 220.000 Observando os resultados, percebe-se que os valores obtidos estão abaixo da média, se comparados aos índices anteriores. No caso do exemplo a, a empresa tem R$ 0,06 de disponibilidade para quitar cada R$ 1,00. No exemplo b, tem R$ 0,23 para quitar cada R$ 1,00 de dívidas de curto prazo. Porém, é

20 importante ressaltar que esse resultado não diz que a empresa é impossibilitada de pagar suas contas, porque o importante não é deixar dinheiro no caixa e sim investilo. Marion (2010), cita ainda uma forma importante para que o analista informe uma nota média para a empresa. Esta nota representa o risco de falência e também avalia a empresa se está em equilíbrio financeiro. Este meio é dado por combinações de índices e é chamado de Fator de Insolvência, cujo resultado pode ser obtido através da fórmula: Fator de Insolvência = X1 + X 2 + X3 X4 X5 Onde: Lucro Líquido X1 = -------------------------- x 0,05 = Patrimônio Líquido X2 = Liquidez Geral x 1,65 = X3 = Liquidez Seca x 3,55 = X4 = Liquidez Corrente x 1,06 = Passivo Total X5 = -------------------------- x 0,33 = Patrimônio Líquido Fonte: Marion (2010) Os resultados obtidos dessa fórmula têm uma regra básica e descomplicada. Segundo Marion (ibidem, p. 181), se a nota da empresa for positiva (de zero a 7,0), pode-se dizer que há um equilíbrio na administração do tripé, sendo melhor quanto mais se aproximar do 7,0. Entende-se, então, que, se o resultado da nota for positivo (+), a empresa vai bem. Mas, caso se obtenha uma nota negativa ( ), o risco de a empresa entrar em falência é grande. Vejamos o exemplo: 10.000 X1 = ------------ x 0,05 = 0,001 500.000 X2 = 0,62 x 1,65 = 1,02 X3 = 0,15 x 3,55 = 0,53 X4 = 2,65 x 1,06 = 2,81

21 600.000 X5 = ------------ x 0,33 = 1,20 500.000 FI (Fator de Insolvência) = X1 + X 2 + X3 X4 X5 FI = 0,001 + 1,02 + 0,53 2,81 1,20 = (2,46) Observa-se que o resultado foi negativo (-2,46). Nesse caso a empresa está com um pequeno risco de falência. Conforme explica Marion (2010, p. 181), se a nota for menor que (-) 3,0, a situação tende à falência. Entre (-) 3,0 e zero, é uma situação nebulosa, podendo a empresa tanto sair da situação difícil, como também podendo falir. Lembrando que todas as análises não devem ser realizadas separadamente e sim em conjunto para que se obtenha um resultado mais preciso e repassando informações coerentes e livres de erros, através de laudos emitidos por um analista competente. Considerações finais Este artigo teve como objetivo mostrar que o Balanço Patrimonial é uma escrituração contábil muito importante, pois é nele que estão todos os registros de uma empresa, podendo identificar os bens, direitos e obrigações, esclarecendo suas estruturas de lançamento, tornando-se uma ferramenta de informações das condições de pagamento da empresa. A pesquisa foi realizada através de livros que abordava o assunto proposto. A análise de Balanço Patrimonial tem o intuito de apresentar pontos importantes para tomadas de decisões. O artigo buscou apresentar pontos importantes para seus diferentes usuários, como investidores, fornecedores, administradores, entre outros. A utilização desta ferramenta possibilita tanto usuários internos ou externos a perceber diversos pontos positivos e negativos das empresas, pois esta apresenta numa linguagem simples, dados da empresa que as outras demonstrações não abordam como o desenvolvimento da empresa, ano após ano, através das análises horizontais e verticais e sua capacidade de pagamento a longo e curto prazo ou sua possibilidade de pagamento imediato (a vista) através das análises de índices, podendo assim comparar uma empresa com

22 outras do mesmo ramo demonstrando seu poder de investimento. Desta forma, conclui-se que as análises do Balanço Patrimonial é mais uma ferramenta que faz parte das tomadas de decisões das empresas, pois tais informações trazem informações coerentes e bastante úteis. Mas para que estas análises consigam atingir a sua devida importância, faz-se necessário a sua elaboração com um profissional da área de análises, pois é ele quem vai avaliar o ramo da organização comparando-a com outras e analisando com eficácia se os resultados dos índices são positivos ou negativos e emitindo um relatório de fácil entendimento, assim poderá atender de forma satisfatória e consiga alcançar os objetivos para qual foi solicitada uma análise, trazendo informações simples mas objetivas, atendendo os mais diversos usuários que necessitam da análise.

23 Referências Bibliográficas FERRARI, Ed. Luiz. Contabilidade geral: teoria e 1.000 questões. 11.ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2011. HASTINGS, David F. Bases da Contabilidade: uma discussão introdutória. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2010. NETO, Alexandre Assaf. Estrutura e Análise de Balanços: um enfoque econômicofinanceiro 9.ed. São Paulo: Atlas, 2010. MARION, José Carlos. Análise das demonstrações contábeis: contabilidade empresarial. 6.ed. São Paulo: Atlas, 2010. MATARAZZO, Dante Carmine. Análise financeira de balanços: abordagem gerencial. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2010.

24 ANEXO 1 (BALANÇO PATRIMONIAL) 1. ATIVO 1.1 ATIVO CIRCULANTE 1.1.1 DISPONÍVEL 1.1.1.001 Caixa 1.1.1.002 Banco 1.1.2 CRÉDITOS EM CURTO PRAZO 1.1.2.001 Duplicatas a Receber C. Prazo 1.1.2.002 (-) Duplicatas Descontadas 1.1.3 INVESTIMENTOS 1.1.3.001 Aplicações 1.1.4 ESTOQUES 1.1.4.001 Insumos 1.1.4.002 Material P/ Consumo 1.1.5 IMPOSTOS A RECUPERAR 1.1.5.001 Imp. Federais a Recuperar 1.1.5.002 Imp. Estaduais a Recuperar 1.2 ATIVO NÃO CIRCULANTE 1.2.1 CRÉDITOS EM LONGO PRAZO 1.2.1.001 Duplic. a Receber a L. Prazo 1.2.1.002 Depósitos Judiciais 1.2.2 PERMANENTE 1.2.2.001 Participações Societárias 1.2.2.002 Aplicações em Ouro 1.2.3 IMOBILIZADO 1.2.3.001 Terrenos 1.2.3.002 Obras de Infraestrutura 1.2.3.003 Veículos 1.2.4 IMOBILIZADO EM FORMAÇÃO 1.2.4.001 Obras em Andamento 2. PASSIVO 2.1 PASSIVO CIRCULANTE 2.1.1 OBRIGAÇÕES COM TERCEIROS 2.1.1.001 Fornecedores 2.1.1.002 Empréstimos Bancários 2.1.2 IMPOSTOS A PAGAR 2.1.2.001 Contribuição Social 2.1.2.002 IRPJ 2.1.3 SALÁRIOS E ENCAR. S/ FOLHA 2.1.3.001 Salários a Pagar 2.1.3.002 IRRF a Pagar 2.1.4 CONTAS A PAGAR 2.1.4.001 Energia a Pagar 2.1.4.002 Telefone a Pagar 2.1.5 PROVISÕES 2.1.5.001 Férias a Pagar 2.1.5.002 FGTS s/ 13º Salário a Pagar 2.2 PASSIVO NÃO CIRCULANTE 2.2.1 EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS 2.2.1.001 Emp. Banco a Pagar L. Prazo 2.2.1.002 Financ. a Pagar a L. Prazo 2.3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 2.3.1 CAPITAL 2.3.1.001 Capital Social Subscrito 2.3.1.002 Capital a Integralizar 2.3.2 LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS 2.3.2.001 Lucro e/ou Prejuízo Fonte: Matarazzo (2010)

25 ANEXO 2 (PLANO DE CONTAS) 1. ATIVO 1.1. ATIVO CIRCULANTE 1.1.1. DISPONÍVEL 1.1.1.01 Caixa 1.1.1.002 Banco 1.1.2. CRÉDITOS EM CURTO PRAZO 1.1.2.001 Duplicatas a Receber a Curto Prazo 1.1.2.002 (-) Duplicatas Descontadas 1.1.3. INVESTIMENTOS 1.1.3.001 Aplicações 1.1.4. ESTOQUES 1.1.4.001 Insumos 1.1.4.002 Materiais para Consumo 1.1.5. IMPOSTOS A RECUPERAR 1.1.5.001 Impostos Federais a Recuperar 1.1.5.002 Impostos Estaduais a Recuperar 1.2. ATIVO NÃO CIRCULANTE 1.2.1. CRÉDITOS EM LONGO PRAZO 1.2.1.001 Duplicatas a Receber a Longo Prazo 1.2.1.002 Depósitos Judiciais 1.2.2. PERMANENTE 1.2.2.001 Participações Societárias 1.2.2.002 Aplicação em Ouro 1.2.3. IMOBILIZADO 1.2.3.001 Terrenos 1.2.3.002 Obras de Infraestrutura 1.2.3.003 Veículos 1.2.4. IMOBILIZADO EM FORMAÇÃO 1.2.4.001 Obras em Andamento 2. PASSIVO 2.1. PASSIVO CIRCULANTE

26 2.1.1. OBRIGAÇÕES COM TERCEIROS 2.1.1.001 Fornecedores 2.1.1.002 Empréstimos Bancários 2.1.2. IMPOSTOS A PAGAR 2.1.2.001 Contribuição Social 2.1.2.002 IRPJ 2.1.3. SALÁRIOS E ENCARGOS SOBRE FOLHA 2.1.3.001 Salários a Pagar 2.1.3.002 IRRF a Pagar 2.1.4. CONTAS A PAGAR 2.1.4.001 Energia a Pagar 2.1.4.002 Telefone a Pagar 2.1.5. PROVISÕES 2.1.5.001 Férias a Pagar 2.1.5.002 FGTS sobre 13º Salário a Pagar 2.2. PASSIVO NÃO CIRCULANTE 2.2.1. EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS 2.2.1.001 Empréstimos Bancários a Pagar a Longo Prazo 2.2.1.002 Financiamentos a Pagar a Longo Prazo 2.3. PATRIMÔNIO LÍQUIDO 2.3.1. CAPITAL 2.3.1.001 Capital Social Subscrito 2.3.1.002 Capital a Integralizar 2.3.2. LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS 2.3.2.001 Lucro e/ou Prejuízos Fonte: Ferrari (2011)