UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ ASPECTOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS E SOCIOECONOMICOS DOS PONTOS ALAGÁVEIS DO CANAL JOSÉ LEAL MARTINS, BELÉM-PA.



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Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ ASPECTOS HIDROGEOMORFOLÓGICOS E SOCIOECONOMICOS DOS PONTOS ALAGÁVEIS DO CANAL JOSÉ LEAL MARTINS, BELÉM-PA. Rafaela Braga da Silva 11190002701 Roberta Pena Fortes 11035002801 Stalin Braga de Lima 11035002501 Resumo Belém é uma península localizada entre dois rios de grande porte abaia Guajará e o rio Guamá, ambos afluentes do rio Pará, que nesta configuração colocam as terras alagadas e cortadas por essa bacia hidrográfica, suscetível a grandes influencias dos rios e das suas águas, uma vez que os canais, furos e alagados correspondem a uma parte considerável do território da cidade, com isso não podemos deixar de fazer a ligação entre a estrutura urbana de Belém e a sua relação com a malha hídrica que corta toda a cidade. No que tange o processo de urbanização da cidade de Belém podemos observar os mais diversos modelos de antropização desses corpos hídricos para possibilitar a habitação e construção da estrutura física da cidade, uma delas é a abertura de canais concretizados, que por sua vez condiciona o curso do rio e transforma tanto a paisagem quanto a dinâmica daquele rio, porém como toda obra humana, está vulnerável a intempéries naturais das mais variadas fontes e todas esses elementos de modificação do espaço antes natural deve ser planejado, estruturado e mantido de maneira que não cause efeitos negativos para a cidade, para a população local e para a dinâmica natural do rio. O enfoque de nosso trabalho esta localizado em uma área que compreende a um canal que corta de três ruas no bairro do marco, a Barão do Triunfo, Mauriti e Mariz e Barros, ambas que possuem um contraste socioeconômico bastante ligado a proximidade do canal e a opinião dos moradores dessas ruas são divergentes em relação ao canal de acordo com os preços das casas e padrão de vida dos moradores, todas essas observações forem retiradas a partir da observação destas ruas e da aplicação de um questionário semiestruturado, portanto, a observação da dinâmica do canal antropizado e a sua influência tanto física, com as áreas de alagamento e o comprometimento com as estruturas das casas, quanto social e econômica em relação a população que esta a sua margem é o foco da pesquisa.

Palavras chaves: Alagamento; Geomorfologia Urbana; Bacia Hidrográfica. Objetivo: Observar de um âmbito físico e social das áreas de influência do canal, dando foco nos reflexos dos pontos de alagamento nesta área. Objetivos específicos: Descrever a origem do canal em questão e as principais implicações físicas no que diz respeito ao fluxo hídrico e a influência pluviométrica no local; Observar o desenho urbano produzido nesta área de pesquisa e fazer as devidas correlações com o canal. Analisar sucintamente os resultados da aplicação do questionário socioeconômico, no que diz respeito a satisfação e mazelas oriundas do processo de alagamento das margens do canal. Introdução A água é um dos agentes modeladores mais eficazes na modificação da paisagem. Ao atingir a superfície em uma área com cobertura vegetal, Botelho (2011), diz que esta água pode tomar diversos rumos (interceptação por copa de árvores; escoamento pelo tronco, evapotranspiração; infiltração; escoamento superficial; absorção da água; atc) e por isso modela a paisagem de forma e intensidade distinta. Em contra partida a água em áreas urbanizadas, não possui tal diversidade de destinos, sendo limitado a escoamento e infiltração pela falta de cobertura vegetal aliada aos elementos adicionados pelo homem como asfalto, construções, elevação do nível de terrenos, canalização e retificação de rios que favorecem as enchentes, além do lançamento de esgoto não tratado e lixo nos mesmos. Botelho (2011), afirma que os diversos fatores acima citados, fazem com que uma bacia hidrográfica urbana subam de nível 6 vezes mais do que uma bacia em condições naturais, isso se deve as diversas modificações a que são submetidas como canalização,

retificação, alargamento, afundamento, desvio, entre outros processos que anulam a curso d agua natural, alterando o equilíbrio dinâmico. Os rios canalizados passam realizar seus processos geomorfológicos básicos (erosão, transporte e deposição) de forma intensificada, pois está em um curso reto e sem barreiras naturais, o que acelera seu escoamento. O CANAL JOSÉ LEAL MARTINS A geomorfologia da cidade de Belém deve ser levada em conta, no que diz respeito aos pontos alagáveis no bairro do Marco. Para França (2001) as principais bacias de drenagem da cidade são a bacias do Una, Armas, Reduto, Tamandaré, São José, Tucunduba e Estrada Nova, que atravessam duas unidades morfológicas: os planaltos costeiros e os terraços e planícies sedimentares de inundação. A área delimitada para estudo, está localizada na bacia do Tucunduba, com uma área de 10,55 km2, onde 5,75 km2 (54,50%) são de área alagável. As moradias se localizam a margem de rios e igarapés, essa ocupação de bairros como o do Marco, se deu por volta da segunda metade do século XIX, quando a cidade de Belém recebeu serviços considerados urbanos, como bonde elétrico, forno crematório e iluminação das ruas. Esses benefícios se deram no período da borracha, o que levou a ocupação para o interior da cidade, assim como no bairro do Marco onde nossa pesquisa foi realizada (anexo 01). No bairro do Marco as residências têm características heterogêneas, pois nas áreas mais altas topograficamente, possui casas de alto padrão, ruas pavimentadas, iluminação pública e serviços, por outro lado, também percebemos casas em condições precárias, geralmente nas áreas mais baixas do terreno. A ocupação desordenada do bairro acarretou uma serie de problemas ambientais tanto para a área ocupada como para a comunidade local, como o assoreamento do leito diminuindo suas profundidades. Esses aterros causaram também a dificuldade de escoamento das águas de precipitação, formando as conhecidas áreas alagadas que sofrem as ações das marés, como podemos perceber no trabalho de campo onde o canal José Leal Martins, estava cheio, assim como a falta de educação ambiental dos moradores acabam por prejudicar eles próprios, onde o lixo e jogado diretamente no canal. As baixadas são áreas com uma cota altimétrica de quatro metros e por estarem pertos de cursos d água, estão sujeitas a alagar principalmente quando as precipitações elevadas e as

mares altascoincidem. A combinação dos alagamentos com a grande concentração de lixo no local resulta na proliferação de doença. A população que ocupa essa área geralmente possui renda baixa e habitações precárias. Informações obtidas através de questionários aplicados (anexo 02) com moradores locais revelaram que meia hora de chuva equivale a três horas isolamento para os moradores, que precisam esperar a água baixar para poder trafegar normalmente. Os moradores apontam o descaso do poder público e evidenciaram que tentam muitas maneiras de solucionar o problema como aterrar a frente das casas com entulho, sobe o batente ou elevar o piso da casa, mas nada adianta. Segundo eles, a limpeza e dragagem dos canais feito pela prefeitura não resolve o problema, pois o material retirado é deixado nas margens do canal por alguns dias até os agentes de limpeza retirarem, ou seja, se chover antes, volta tudo para o canal. O questionário aplicado também perguntava a respeito do lixo doméstico. Alguns moradores disseram que uma boa drenagem no canal seria a solução, pois os moradores não jogam lixo no canal, contudo outros moradores assumiram que jogam lixo na frente de suas casas (já que a coleta de lixo não é feita todos os dias) e as chuvas acabam arrastando para o canal. As fotos coletadas em trabalho de campo confirmam o segundo relato, pois vê-se o aglomerado de pedaços de madeira, galhos de árvores, sacos de lixo, papel, ferro por toda a extensão do canal, os entulhos e o acúmulo de lixo doméstico já começavam a surtir efeito. Os moradores também evidenciaram o aumento dos alagamentos nos últimos anos, após os serviços de elevação do nível do asfalto na Mariz e Barros, por ter provocado o desnível da travessa comas vias que ficam nos trechos próximos. Continuamente as ruas mais próximas ao canal ficam intrafegáveis. Os moradores que tem condições financeiras melhores elevam o nível de suas casas.

Fotos do trabalho de campo: LIMA, S.B. 2013. A POPULAÇÃO LOCAL E A QUESTÃO DOS ALAGAMENTOS O bairro em questão, como foi descrito, não foge aos moldes de urbanização que fazem parte do segundo cinturão patrimonial de Belém, que a partir dos anos de 1950 esforçaram-se para desenvolver e ocupar com o população de baixa renda os bairros da zona norte e sul, que segundo Silva (2013) apud Penteado (1968) são compostos pelos bairros da Sacramenta, Pedreira, Marco, Sousa, Marambaia, Guamá, Condor, Cremação, Jurunas E Batista Campos. Segundo Santos (2013) Historicamente a urbanização de Belém vem acompanhando um processo de ocupação guiada pela segregação dos mais pobres e manutenção da hegemonia econômica nas proximidades do centro, reflexo desta urbanização aos moldes do capitalismo é a ocupação da várzeas e igapós que tornaram-se áreas constante habitação aglomerados urbanos. Os bairros da zona norte trazem uma característica peculiar, que é a de

serem bairros quase que restritamente residenciais, com pouca presença de serviços e formas de lazer. Com o passar dos anos mudanças nas dinâmicas no ciclo imobiliário e urbano de Belém ocasionaram mudanças drásticas em setores de várzea em Belém, as antigas áreas de baixadas ganharam um novo valor agregado, pela proximidade com o centro e pelo enorme crescimento populacional da cidade. Como as áreas de baixada de Belém se encontram em áreas centrais, elas passam a ser vistas pelos investidores urbanos, como alvo estratégico à especulação imobiliária. Essa política se tornou usual até o fim da década de 1990, o que foi confirmado pela própria paisagem dessas áreas que atualmente demonstram que, após a remoção de seus antigos moradores, novos serviços foram implantados, criando a face da renovação urbana (SANTOS, 2013 apud TRINDADE JR.,2009) Nessa conjuntura que se instaura nesta zona da cidade podemos observar claramente na área de estudo em questão, toda as modificações a cima descritas, uma vez que hoje, o bairro do Marco é um dos que apresentam o valor dos imóveis mais caros de Belém e desfruta de uma localização privilegiada, por estar próximo do centro e das áreas de expansão da cidade, além de desfrutar de uma excelente gama de meios transportes como varias linhas de ônibus que atendem a população do bairro, porém, pode-se observar na pesquisa a disparidade socioeconômica que acompanha a proximidade com o canal, fatores como o numero de assaltos torna-se mais frequente com a proximidade do canal, a população próximo ao canal, também apresenta uma renda média diferenciada em relação aqueles que estão mais distantes do canal (ver imagem 01). Nas residências observadas no que diz respeito aos seus valores, possuem dois fatores diferenciais de relevância a nossa pesquisa, à distancia do canal e a distancia das principais vias de locomoção da cidade, Avenida Almirante Barroso e Avenida João Paulo segundo, onde aquelas que estão caracterizadas na 3 quadra a esquerda do canal apresentam um valor imobiliário elevado e um padrão arquitetônico com características que denotam um alto valor aquisitivo da família que reside( ver imagem 02). Já aquelas que estão da 3 quadra da

margem direita do canal, possuem um valor imobiliário menor e as casas mostram um padrão semelhante aos encontrados às margens do canal. Tabela com relação entre Valor dos Imóveis e Situação de Alagamento Localização das Valor médio dos Transtorno pelos Satisfação com o quadras das imóveis: alagamentos: local da margens do canal: residência: 3 quadra 150 mil Baixo Bom esquerda 2 quadra 100 mil Baixo Regular esquerda 1 quadra 60 mil Alto Insatisfeito esquerda 3 quadra direita 60 mil Médio Regular 2 quadra direita 70 mil Alto Insatisfeito 1 quadra direita 80 mil Alto Insatisfeito Elaboração:LIMA, S.B. 2013. Após a elaboração do questionário, pontos como o preço das casas, se eles são imóveis alugados ou próprios, os efeitos do alagamento para os imóveis e para o bem estar das famílias que ali residem, e por fim, se os moradores estão satisfeito com as ações da prefeitura para a manutenção e melhoramento da situação de alagamentos no bairro. CONSIDERAÇÕES FINAIS O resultado da aplicação do questionário esta descrito nesta tabela informativa, esta por sua vez, trás elementos como a localização da quadra de acordo com o canal, o valor doimóvel e as variantes em relação aos transtornos com doenças, degradação da estrutura do imóvel, dificuldade de mobilidade e outros motivos, que se apresentam com as representações qualitativas em forma de: Alto, médio ou baixo. O quarto elemento da tabela diz respeito à

satisfação com o poder público e coletivo dos moradores para com a área em questão, partindo dos determinantes como: coleta seletiva, limpeza do canal, melhoramento da drenagem, políticas públicas de conscientização da população e as próprias ações coletivas para o melhoramento local, cujo grau de satisfação foi mostrado pelas gradações entre insatisfeito, regular, bom e excelente. BIBLIOGRAFIA BOTELHO, R. G. M.. Bacias Hidrográficas Urbanas. In: Antonio José Teixeira Guerra. (Org.). Geomorfologia Urbana. 1ed.Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011, v., p. 71-115. MATOS, F. C. ; Batista, Getulio Teixeira ; Dias, Nelson Wellausen ; Targa, Marcelo dos Santos. Análise temporal da expansão urbana no entorno do Igarapé Tucunduba, Belém, PA, Brasil. Revista Biociências (Taubaté), v. 17, p. 07/593-16, 2011. PIMENTEL, M.A.S ; Santos, Viviane Correa ; SILVA, F. A. O. ; GONCALVES, A. C.. A ocupação das várzeas na cidade de Belém: causas e consequências socioambientais. Revista GeoNorte, v. 2, p. 34-45, 2012. SANTOS, V. C. ; PIMENTEL, Márcia A.. A Vila da Barca no contexto de ocupação das várzeas de Belém: uma análise socioambiental.. In: Janete Marília Gentil Coimbra de Oliveira. (Org.). Espaço, natureza e sociedade: olhares e perspectivas..1ed.belém: GAPTA/UFPA, 2013, v. 1, p. 173-190. SILVA JÚNIOR, J. A. ; COSTA, Antônio Carlos Lôla da ; Pezzuti, J. C. B. ; COSTA, Rafael Ferreira da ; Carvalho, S. P.. EVENTOS DE PRECIPITAÇÃO E ALAGAMENTOS NA CIDADE DE BELÉM-PA. In: Simpósio Internacional de Climatologia, 2011, João Pessoa. ANAIS - IV SIC, 2011.

Anexo 1 Mapa da área de estudo.

Anexo II Questionário aplicado no trabalho de campo. 1 Qual o seu nome? 2 A quanto tempo mora nesta residência? 3 O seu imóvel é alugado ou próprio, qual o valor aproximado que está avaliado o seu imóvel? 4 Você já presenciou algum alagamento nas proximidades de sua residência? 5 Qual a relação que você atribui entre o canal e esses alagamentos? 6 As pessoas costumam jogar lixo no, ou próximo, ao canal? Se sim, quais as ações da prefeitura ou dos moradores para efetuar a limpeza do mesmo? 7 Os alagamentos já causaram algum dano ao seu imóvel? E a você e sua família, já houve casos comprovados de doenças ocasionados pelos incidentes?