UTILIZAÇÃO DE FARELO DE MACARRÃO NA ALIMENTAÇÃO DE FRANGOS DE CORTE DE LINHAGEM CAIPIRA



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Transcrição:

UTILIZAÇÃO DE FARELO DE MACARRÃO NA ALIMENTAÇÃO DE FRANGOS DE CORTE DE LINHAGEM CAIPIRA João Paulo Silva Paes 1, Henrique Jorge de Freitas 2, Marcelo Bastos Cordeiro 3 1. Graduando do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Acre, Rio Branco AC (mbcordeiro@gmail.com); 2. Professor Doutor do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Acre, Rio Branco AC; 3. Pesquisador PNPD Mespa/Universidade Federal do Acre, Rio Branco AC Recebido em: 31/03/2015 Aprovado em: 15/05/2015 Publicado em: 01/06/2015 RESUMO O objetivo deste experimento foi avaliar o desempenho de frangos de corte de linhagem caipira, criados de modo intensivo, alimentados com ração contendo farelo de macarrão em diferentes níveis. Foram utilizados 300 aves da linhagem caipira Pedrês, machos e fêmeas, em galpão avícola disposto em 30 boxes. O delineamento estatístico utilizado foi o inteiramente casualizado apresentando 5 tratamentos e 6 repetições, sendo cada repetição com 10 aves. Os tratamentos são representados conforme a porcentagem de Farelo de Macarrão, assim discriminados: T1 = 0% (testemunha); T2 = 5%; T3 = 10%; T4 = 15% e T5 = 20%. O farelo de macarrão utilizado na alimentação de frangos de corte não comprometeu o peso vivo, o rendimento de carcaça e a quantidade de gordura abdominal nas diferentes fases de criação. A substituição parcial do milho pelo farelo de macarrão não apresentou resultados satisfatórios sobre o consumo de ração das aves. Quanto maior a quantidade de farelo de macarrão na ração, maior é o seu consumo. A análise de regressão apresentou efeito linear para todas as características de desempenho, mostrando-se a necessidade de testar níveis maiores de farelo de macarrão (FM) na alimentação de frangos de corte. PALAVRAS-CHAVE: alimentação alternativa, avicultura, nutrição animal NOODLE USE IN COUNTRY CHICKEN FEED ABSTRACT This study aimed to evaluate the performance of country broiler, created intensively, fed with feed containing noodle at different levels. We used 300 birds of the rustic lineage Pedrês, male and female from a poultry building in 30 boxes. The statistical design was completely randomized presenting 5 treatments and 6 repetitions, each repetition with 10 birds. The treatments are represented as the percentage of noodle: T1 = 0% (control); T2 = 5%; T3 = 10%; T4 = T5 = 15% and 20%. The noodle used in feed for broiler chickens did not affect body weight, carcass yield and the amount of abdominal fat in different stages of creation. The partial substitution of corn to noodle did not show satisfactory results on the feed intake of the birds. The greater the amount of noodle in the feed, the greater is their consumption. Regression analysis showed a linear effect for all performance characteristics, showing the need to test higher levels of noodle in the feed of broilers. KEYWORDS: alternative food, poultry, animal nutrition ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.11 n.21; p. 1897 2015

INTRODUÇÃO No Estado do Acre a moderna criação do frango de corte industrial não tem se mostrado vantajosa devido à incapacidade do Estado em competir com os grandes estados produtores do país, que oferecem esse produto a um preço mais barato que o produzido na região norte. Porém, com a maior procura por produtos naturais e orgânicos, a criação de frangos caipiras tem se desenvolvido, atingindo um preço compensador para o produtor. Devido à grande rusticidade e resistência das aves em relação ao frango de granja de escala industrial, este tipo de produção permite algumas adaptações no sistema de criação tradicional (SOUZA et al., 2011), permitindo o uso de alimentos alternativos para baratear o custo. A alimentação representa cerca de 70 % do custo da produção das aves, com isso, devem-se buscar fontes alternativas de alimentos, principalmente energéticos e proteicos, que atendam às necessidades qualitativas e econômicas de produção da galinha caipira (BARBOSA et al., 2007). Acredita-se que este custo da alimentação possa ser maior na região norte do Brasil pelo fato dessa região não ser produtora de grãos suficiente para abastecer os produtores. Assim, a única alternativa é comprar os grãos de regiões produtoras do Centro-oeste, o que acaba encarecendo ainda mais os produtos. Uma das características da avicultura é permitir giro rápido de capital e permitir a conversão de alimentos pobres, em proteína de origem animal. Assim, há uma busca incessante por matérias-primas alternativas que possam minimizar o custo das rações sem prejudicar o desempenho zootécnico (COSTA et al., 2007). O milho é o cereal mais utilizado na elaboração de ração para aves. Esta utilização se deve ao fornecimento de energia, uma vez que o grão apresenta três quartos de amido. As principais características do milho são: elevado teor energético; rico em lipídeos, caroteno e fósforo. No entanto, é deficiente em fibra bruta, o que o torna mais digestível e possui baixa quantidade de proteína (FREITAS, 2009). Além do fubá de milho e do farelo de soja, que são os mais largamente utilizados em dietas na avicultura, outras opções de alimentos podem ser utilizadas desde que tenham composição química adequada e sejam isentos de substâncias antinutricionais que possam dificultar a digestibilidade e a absorção de nutrientes (BARBOSA et al., 2007). Existe uma considerável quantidade de resíduos da indústria de biscoitos e massas disponíveis para serem utilizados na alimentação animal, incluindo produtos não comercializados ou que ultrapassaram o prazo de validade (COSTA, 2014). Na indústria, o macarrão que se quebra nas máquinas de empacotamento não pode ser destinado ao consumo humano e é descartado como resíduo. Esse resíduo depois de triturado pode se tornar um importante componente altamente energético nas dietas de frangos. Assim, o objetivo deste experimento foi avaliar o desempenho de frangos de corte de linhagem caipira, criados de modo intensivo, alimentados com ração contendo farelo de macarrão em diferentes níveis. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na granja de frangos do Centro de Ciências Biológicas e da Natureza da Universidade Federal do Acre, localizada nas dependências do campus, em Rio Branco, Acre, no período de abril a junho de 2011. Foram utilizadas 300 aves da linhagem caipira Pedrês, machos e fêmeas, em ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.11 n.21; p. 1898 2015

galpão avícola disposto em 30 boxes. O delineamento estatístico utilizado foi o inteiramente casualizado apresentando 5 tratamentos e 6 repetições, sendo cada repetição com 10 aves. Os tratamentos foram representados conforme a porcentagem de Farelo de Macarrão, assim discriminados: T1 = 0% (testemunha); T2 = 5%; T3 = 10%; T4 = 15% e T5 = 20%. O galpão experimental possuía 17m de comprimento por 5m de largura, disposto no sentido Leste-Oeste do terreno. Apresentava piso em alvenaria de tijolos com muretas laterais de 0,30m, cobertura em telha de fibrocimento e 30 divisórias internas de madeira medindo 2m x 1,5m. Possuía pé direito de 2,8m e cercado com tela de arame. Foram utilizados comedouros tipo bandeja e bebedouros automáticos tipo pendular. Nos 20 primeiros dias de vida, as cortinas permaneceram fechadas e as luzes acesas para aquecimento das aves. Após esse período, as cortinas foram sendo abertas até a total retirada. A partir dos 30 dias de vida, as aves recebiam apenas luz natural durante o dia e escuro durante a noite. O preparo das rações fornecidas na fase inicial foi realizado manualmente misturando as porções de milho, concentrado e o farelo de macarrão, conforme pré-estabelecido. As aves foram sexadas e distribuídas em lotes uniformes de machos e fêmeas. Os mesmos foram divididos em cinco tratamentos e seis repetições. Cada unidade experimental recebeu dez pintinhos sendo cinco machos e cinco fêmeas. A cada 14 dias, pesava-se a sobra de ração nos comedouros e procedia-se a pesagem das aves para que se pudesse avaliar o peso vivo e o consumo de ração. Com esses dados, calculava-se o ganho de peso, a conversão alimentar e a eficiência alimentar das aves. Ao final do experimento, foi retirada uma ave de cada repetição para determinar o rendimento de carcaça e a porcentagem de gordura abdominal. As aves, em total de seis por tratamento, foram insensibilizadas e sacrificadas pelo método de secção da jugular sendo, então, escaldadas, depenadas, evisceradas, pesadas e resfriadas. No preparo da ração foi usado o fubá de milho, concentrado para frangos de corte (inicial, crescimento e final) e farelo de macarrão. A quantidade de ração fornecida foi calculada para atender as necessidades das aves nas respectivas fases de criação. Os ingredientes foram pesados em balança digital com precisão de 0,01kg e misturados manualmente de modo a ficarem homogêneos. As porções contidas em um quilo de ração podem ser observadas na Tabela 1. TABELA 1 - Quantidade de Ingredientes (Kg) por quilo de ração fornecida, de acordo com a exigência nutricional das aves. Tratamento Ingrediente Milho Concentrado FM 1 0,600 0,400 0,000 2 0,550 0,400 0,050 3 0,500 0,400 0,100 4 0,450 0,400 0,150 5 0,400 0,400 0,200 Para a análise estatística foi utilizado o programa computacional Sistema para Análise de Variância, SISVAR, e as médias, comparadas pelo teste de Tukey com 5% de probabilidade. Foi realizada análise de regressão com os dados referentes a criação de 1 a 70 dias de vida das aves. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.11 n.21; p. 1899 2015

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados relativos ao peso vivo (Kg), consumo de ração (Kg) e conversão alimentar, das aves em todas as fases de criação, encontram-se na Tabela 2. TABELA 2 Peso vivo (Kg), consumo de ração (Kg) e conversão alimentar das aves dispostos nos diferentes tratamentos, durante todas as fases de criação Tratamento Fases de criação (dias de vida das aves) 1-14 15-28 29-42 43-56 57-70 Peso Vivo (Kg) 1 0,182 0,526 0,905 1,385 1,837 2 0,199 0,539 0,923 1,412 1,906 3 0,206 0,567 0,963 1,467 1,991 4 0,198 0,563 0,970 1,473 2,000 5 0,202 0,545 0,924 1,381 1,855 CV (%) 8,10 7,99 7,95 7,27 7,33 Consumo de ração (Kg/ave) 1 0,464a 1,157 2,224ab 3,786 5,024 2 0,485b 1,182 2,182a 3,881 5,226 3 0,492b 1,192 2,375b 4,127 5,373 4 0,496b 1,191 2,274ab 3,992 5,353 5 0,490b 1,179 2,179a 3,786 5,307 CV 2,33 1,70 9,74 8,22 13,04 Conversão Alimentar 1 2,55 2,20 2,46ab 2,73 2,74b 2 2,44 2,19 2,36b 2,75 2,74ab 3 2,39 2,10 2,47ª 2,81 2,70b 4 2,51 2,11 2,34ab 2,71 2,68b 5 2,43 2,16 2,36b 2,74 2,86a CV (%) 8,26 8,61 7,11 11,10 9,43 * Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferenciam entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade Não foi observado efeito significativo (P>0,05) dos tratamentos sobre o peso vivo das aves em todas as fases de criação. Observou-se efeito linear dos níveis de substituição do milho pelo farelo de macarrão, em relação ao peso vivo das aves, no período de 1 a 70 dias. SANTOS et al. (2012) usando diferentes níveis de energia (3000, 3100, 3200 e 3300 kcal de EM/kg) não encontraram diferença para desempenho zootécnico em frango caipira. FILHO et al. (2004), avaliando o efeito do nível energético da ração sobre o desempenho de frangos de corte no período de 22 a 42 dias de idade, verificaram que não houve efeito significativo (P>0,05). Foi observado efeito significativo (P<0,05) dos tratamentos sobre o consumo de ração das aves nos períodos de 1 a 14, 29 a 42 e 1 a 70 dias. O controle do consumo de alimento é regulado pela densidade energética da ração ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.11 n.21; p. 1900 2015

(NASCIMENTO et al., 2011). O farelo de macarrão tem cerca de 3.790 kcal/kg de EB, enquanto que o fubá de milho apresenta EB em torno de 3.925 kcal/kg. Logo, na medida em que se aumenta a quantidade de farelo de macarrão, diminui-se a energia da ração aumentando o consumo pelas aves. O consumo de ração não influenciou na conversão alimentar no período de 1 a 14 e 1 a 70 dias de vida. Na análise de regressão, observou-se efeito linear dos níveis de substituição do milho pelo farelo de macarrão sobre a variável consumo de ração das aves, no período de 1 a 70 dias. MENDES et al. (2004), avaliando os efeitos da energia da dieta sobre o desempenho de frangos de corte industrial, observaram que o aumento dos níveis de energia da dieta afetou o consumo de ração nos períodos de 1 a 21 dias, 21 a 42 dias e 1 a 42 dias, de forma que, a medida que se aumentou o nível de energia da ração, houve redução no consumo. Foi observado efeito significativo (P<0,05) dos tratamentos sobre a conversão alimentar das aves nos períodos de 29 a 42 e 57 a 70 dias. Na análise de regressão, observou-se efeito linear dos níveis de substituição do milho pelo farelo de macarrão sobre a variável conversão alimentar das aves, no período de 1 a 70 dias. LITZ et al. (2014) não encontraram diferença para ganho de peso e conversão alimentar nos tratamentos com médio e alto nível de energia em ração para frango de corte. Na Tabela 3 estão apresentados os valores de gordura abdominal e rendimento de carcaça das aves nos diferentes tratamentos. TABELA 3- Gordura abdominal (%) e rendimento de carcaça (%) das aves nos diferentes tratamentos, aos 70 dias Tratamento Gordura abdominal (%) Rendimento de Carcaça (%) 1 2,293 88,576 2 2,448 88,735 3 2,331 88,869 4 2,472 87,775 5 1,991 88,773 CV (%) 57,10 1,84 Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferenciam entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade Não foi observado efeito significativo (P>0,05) dos tratamentos sobre o rendimento de carcaça e teor de gordura abdominal das aves. Segundo SANTOS et al. (2012), diferentes níveis de energia nas dietas não interferiram no rendimento de carcaça de frango de corte caipira. DUARTE et al. (2012) avaliando diferentes níveis energéticos para frango de corte não encontraram diferença para características de carcaça para frango de corte. CONCLUSÃO O farelo de macarrão utilizado na alimentação de frangos de corte de linhagem caipira não compromete o peso vivo, o rendimento de carcaça e a quantidade de gordura abdominal nas diferentes fases de criação. A substituição parcial do milho pelo farelo de macarrão, não apresentou resultados satisfatórios sobre o consumo de ração das aves. Quanto maior a ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.11 n.21; p. 1901 2015

quantidade de farelo de macarrão na ração, maior é o seu consumo. A análise de regressão apresentou efeito linear para todas as características de desempenho, mostrando-se a necessidade de testar níveis maiores de farelo de macarrão na alimentação de frangos de corte. REFERÊNCIAS BARBOSA, F.J.V.; NASCIMENTO, M.P.S.C. B; DINIZ, F.M. Sistema alternativo de criação de galinhas caipiras. Teresina: Embrapa Meio-Norte, 2007. 68p. COSTA, D.S. Resíduo da indústria alimentícia como substituto ao milho na dieta de tilápia-do-nilo. Dissertação. Programa de Pós Graduação em Ciências Ambientais. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. 2014. 47p. COSTA, F. G. P., SOUZA, W.G., SILVA, J.H., GOULART, C.C. Avaliação do feno de maniçoba na alimentação de aves caipiras. Revista Caatinga, v. 20, n.3, 2007. DUARTE, K.F., JUNQUEIRA, O.M., BORGES, L.L., SANTOS, L.T. Desempenho e morfometria duodenal de frangos de corte submetidos a diferentes níveis de energia e programas de alimentação de 42 a 57 dias de idade. Ciência Animal Brasileira, v.13, n.2, p. 197-204, 2012. FILHO, O. L. S. Efeito do nível energético da ração sobre o desempenho e avaliação de carcaça de frangos de corte no período de 22 a 42 dias de idade. Revista da FZVA, v. 11, n.1, 2004. FREITAS, H. J. Avicultura. Criação de frangos de corte. UFAC, 2009. 56p. LITZ, F.H., SILVA, M.C., MORAIS, C.A. SILVEIRA, M.M. Efeito de diferentes níveis de energia e proteína na ração sobre o desempenho de frangos de corte da linhagem Cobb Avian 48. Vet. Not., v.20, n. 1, p.52-60, 2014. MENDES, A. A. Efeitos da energia da dieta sobre desempenho, rendimento de carcaça e gordura abdominal de frangos de corte. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 33, n.6, 2004. NASCIMENTO, G. A. J.; RODRIGUES, P. B.; FREITAS, R. T. F.; REIS NETO, R. V.; LIMA, R. R.; ALLAMAN, I. B. Equações de predição para estimar valores da energia metabolizável de alimentos concentrados energéticos para aves utilizando a metaanálise. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 63, p. 222-230, 2011. SANTOS, M.S.V., VIEIRA, S.S., TAVARES, F.B., ANDRADE, P. DE A., MANNO, M.C., Desempenho, carcaça e cortes de frangos caipira francês Barré. Archivos Zootecnia, v. 61, n. 234, p. 287-295, 2012. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.11 n.21; p. 1902 2015