União Europeia quer ampliar políticas culturais com o Brasil Relatório da Comissão Europeia debatido em conferência internacional mapeou os principais instrumentos de política cultural do Brasil. O objetivo foi identificar potencial de cooperação entre a União Europeia e os agentes públicos e privados brasileiros. Os resultados da pesquisa foram debatidos durante a conferência internacional Cultura nas Relações Exteriores da União Europeia, realizada em Bruxelas, cidade-sede do Parlamento Europeu, entre os dias 7 e 8 de abril. Elaborado ao longo do segundo semestre de 2013, por meio de entrevistas e levantamento de dados, o relatório recomenda uma série diretrizes para fomentar a cultura como estratégia de desenvolvimento econômico e social entre o Brasil e os 28 Estados-membros que compõem a União Europeia. Além de mapear as ações já existentes entre os países, sugere medidas para aumentar a relação entre as indústrias culturais e criativas brasileiras e europeias. O relatório propõe, por exemplo, o estabelecimento de convênios entre universidades para desenvolver projetos em política cultural, gestão cultural, preservação do patrimônio
e planejamento urbano. Também estimula a cooperação direta entre cidades e regiões europeias e brasileiras, além de ações a serem realizadas pelas representações diplomáticas e instituições europeias que atuam no Brasil, com foco nos jovens. Protagonismo brasileiro Ao fazer um inventário das principais políticas e instituições que fomentam a cultura no Brasil, o relatório foca nas ações do Ministério da Cultura e suas vinculadas, como o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), a Ancine (Agência Nacional do Cinema) e a Funarte (Fundação Nacional das Artes). Menciona o esforço do governo brasileiro, sob a liderança do MinC, para projetar a cultura como estratégia de inserção internacional do país, refletindo a importância que o país agora atribui a este domínio. O relatório se refere especificamente a aprovação do Plano Nacional de Cultura (PNC), que prevê aumentar as atividades de difusão cultural e intercâmbios internacionais em 70%. Para o secretário da economia criativa, Marcos André Carvalho, que foi a principal autoridade do MinC entrevistada para o relatório, são inúmeras as possibilidades de expansão das relações culturais entre o Brasil e a União Europeia. Ainda de acordo com o relatório, uma série de fatores têm acelerado a decisão do governo em preparar um nova estratégia de internacionalização da cultura, como o aumento do interesse ao redor do mundo, especialmente após a definição do Brasil como sede da Copa e das Olimpíadas, que obriga as autoridades a decidir sobre a marca e a imagem do país. Outro fator, explica o estudo, tem a ver com o protagonismo político e econômico, especialmente no contexto de configuração dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Além de Brasil, a Comissão Europeia publicou estudos sobre cultura e relações internacionais com outros 26 países. A
íntegra dos relatórios do Brasil e demais países estão disponíveis somente em inglês por meio do endereço: http://cultureinexternalrelations.eu/main-outcomes/ Fonte: Ministério da Cultura Região com vestígio mais antigo de habitante das Américas, no Piauí, ainda é pouco visitada Vista do Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí. Joaquim Neto/AFP
Os vestígios mais antigos de habitantes das Américas remontam a 50.000 anos e teriam vindo da África. Assim afirma a arqueóloga franco-brasileira Niede Guidon, que dedicou sua vida a pesquisar a Serra da Capivara, no Piauí (nordeste), repleta de pinturas rupestres e celebrada em uma exposição em Brasília. Dificilmente exista um sítio com concentração tão grande arte rupestre, declarou à AFP esta arqueóloga de 80 anos que desde os anos 1970 chefia a missão franco-brasileira que realizou as grandes escavações no parque situado no interior do Piauí. Antiga fronteira entre as florestas amazônica e atlântica, a Serra da Capivara atraiu uma civilização de caçadores e coletores que deixou um incrível acervo de arte no local. Turismo A Serra da Capivara foi declarada Patrimônio da Humanidade em 1991 pela Unesco, mas apenas alguns milhares de turistas a visitam a cada ano. Depois de muito esforço, temos 20.000 visitantes por ano. Qualquer patrimônio da Humanidade recebe milhões, e nós estamos preparados para receber milhões, explicou Guidon, desanimada com a falta de recursos para promover o imenso parque, próximo à cidadezinha de São Raimundo Nonato, que há anos tenta concluir a construção de um aeroporto. Uma centena de peças do sítio arqueológico estão expostas desde quarta-feira em Brasília: cerâmicas, pinturas, restos de flechas e de animais extintos como a mandíbula de uma preguiça-gigante e restos do haplomastodonte, um parente do elefante. A ideia é promover um turismo cultural, histórico e natural que pode ajudar o desenvolvimento de áreas próximas aos grandes parques do Brasil, e especialmente a Serra da Capivara, que tem as infraestruturas mais modernas, com 172
sítios para visitar, uma natureza exuberante, um grande museu e laboratórios avançados, mas ainda pouco conhecido, explicou Jerome Poussielgue, encarregado de cooperação da delegação da União Europeia (UE). A UE patrocina a exposição e um ciclo de conferências com a Unesco, o Instituto de Parques e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico brasileiros. Guidon lembrou que o interior do Piauí é uma região extremamente pobre que ganharia muito com o turismo. A fundação que lidera as pesquisas no parque impulsiona projetos de desenvolvimento como uma fábrica de cerâmica que reproduz as pinturas rupestres que dão prioridade às mulheres. Queríamos ajudar o desenvolvimento de uma região onde as mulheres sofrem uma violência enorme, disse Guidon. Hoje as guaritas de acesso ao parque são guardadas por mulheres. América Cenas de animais, cerimônias, representações de caça, luta e até a vida sexual desses antigos povoadores americanos foram eternizadas em pinturas rupestres em 940 sítios arqueológicos situados entre os impressionantes cânions da Serra. O primeiro vestígio humano restos de carvão de fogueiras estruturadas data de mais de 50.000 anos, explicou Guidon, filha de pai francês e nascida em São Paulo. Até hoje é a data mais antiga de vestígios humanos nas Américas, destacou. A teoria é de que teriam chegado da África. A representação de arte rupestre mais antiga da Serra tem 29.000 anos, isto é, quando começava na Europa e na África, começava aqui também. A pedra polida, com lascas, e a cerâmica, afirmou, orgulhosa. As descobertas nesta serra ajudaram a questionar a teoria tradicional de que o homem teria chegado das Américas há 12
mil anos, vindo da Ásia, cruzando o estreito de Bering rumo ao Alasca. Outros sítios nas Américas, como Valsequillo no México e Monte Verde no Chile, com indícios de populações com dezenas de milhares de anos, levaram os arqueólogos a supor que os moradores das Américas chegaram por várias vias e em várias épocas, explicou à AFP a arqueóloga Gisele Daltrini Felice. AFP Fonte: Folha de S. Paulo União Europeia lança campanha no Brasil Uma campanha de comunicação internacional vai destacar a diversidade do patrimônio cultural e natural da Europa em qualquer época do ano. A campanha Europa Em todos os momentos, que será realizada até dezembro de 2013, é projetada para convidar turistas, em especial do Brasil, Rússia, Índia, China, Chile e Argentina, a descobrir o velho continente e desfrutar de uma experiência única de viagem. A campanha visa mostrar as diversas oportunidades que a Europa tem para oferecer aos turistas, apresentando roteiros turísticos tradicionais e obrigatórios, bem como os destinos menos visitados dentre as cidades europeias. Além do vídeo e site oficial, as mídias sociais serão um importante recurso para atrair novos visitantes. Há muito para se descobrir na Europa: estão disponíveis pacotes temáticos e itinerários, abrangendo todos os quatro
cantos do continente. O turista brasileiro pode encontrar roteiros que envolvem vários países e passeios regionais que destaquem o patrimônio religioso, cultural e gastronômico como o vinho e as rotas do azeite, assim como aspectos históricos e naturais, considerados patrimônios da humanidade, diz o vice-presidente da Comissão Europeia, responsável pela Indústria e o Empreendedorismo, Antonio Tajani. É fácil viajar para a Europa com sua moeda única, fronteiras abertas, infraestrutura bem projetada e a garantia dos direitos dos passageiros. É uma experiência de vida descobrir a rica herança cultural da Europa e sua beleza natural deslumbrante, comenta ainda o executivo. Financiada pela Comissão Europeia, a campanha Europa Em todos os momentos é realizada em parceria com a Comissão Europeia de Turismo (CET), a organização que abrange todas as agências de turismo na Europa. A campanha tem como objetivo agregar valor às atividades promocionais dos Estados-membros e à indústria do turismo europeu. Turismo na Europa O turismo tem um papel importante na restauração do crescimento econômico na Europa. Países da UE representam mais de 39% das aterrissagens globais, fazendo da região o destino turístico número 1 do mundo. Em 2011, a indústria do turismo na UE registrou taxas de crescimento positivas na maioria dos países-membros, em comparação com o mesmo período em 2010. Essa tendência é confirmada tanto pelo número diárias em hotéis e acomodações similares, quanto pelas taxas de ocupação líquida desses estabelecimentos. Comparando os valores mensais entre o verão de 2011 com o ano anterior, quase 35 milhões de diárias a mais (alta de 4,8%) foram gastas em hotéis e estabelecimentos similares na União
Europeia. A indústria do turismo é responsável por mais de 5% do PIB do bloco, possui cerca de 1,8 milhão de empresas e gera aproximadamente 9,7 milhões de empregos². Para 2012, a Organização Mundial do Turismo (OMT) prevê um aumento no turismo internacional em todo o mundo de 3% a 4%³. Fonte original da notícia Itália tem dificuldade para manter patrimônio cultural Devido à crise, país é obrigado a pedir ajuda ao setor privado e União Europeia. Partes se desprenderam outra vez do Coliseu de Roma. Crédito: AFP Quarto destino turístico mundial, a Itália sempre teve orgulho de seu patrimônio cultural, enriquecido por séculos de história da era romana ao barroco, passando pelo Renascimento. Atualmente, no entanto, o país, estrangulado pelo peso de sua dívida colossal e pelos planos de austeridade em sequência, não tem conseguido manter seu tesouro, e vem sendo obrigado a pedir ajuda ao setor privado e ainda à União Europeia. Em Roma, partes se desprenderam pela enésima vez do Coliseu, monumento que simboliza a capital, apesar de cercado pelo trânsito e enegrecido pela poluição. E, assim, o maior anfiteatro romano recebe, cada vez pior, seus seis milhões de visitantes. Por falta de dinheiro, o governo fez um apelo ao
setor privado para patrocinar a restauração desta construção excepcional, e foi atendido pelo proprietário do grupo Tod s, Diego Della Valle, que prometeu investir 25 milhões de euros. Mas Della Valle ameaçou no dia 12 de janeiro retirar-se do projeto, após a abertura de uma investigação sobre possíveis irregularidades. O assunto ainda está longe do final, enquanto que a restauração, divulgada há três anos, teria começado em março. Além do Coliseu, todo o patrimônio italiano precisa atenção, advertiu a associação nacional de arqueólogos italianos pedindo recursos adequados. Desabamentos em Pompeia É o caso perto de Nápoles, onde o célebre sítio arqueológico de Pompeia, classificado como patrimônio mundial da Humanidade pela Unesco desde 1997, foi palco, em dois anos, de uma série de desmoronamentos, com o último deles destruindo a casa de Loreius Tiburtinus, uma das mais belas da cidade. Aguardando uma solução do tipo Coliseu, Roma obteve uma ajuda de 105 milhões de euros da União Europeia, como parte de um plano de manutenção e restauração, programados para pelo menos quatro anos. Esta situação gravíssima pode piorar, uma vez que o estado italiano dedica apenas 0,21% de seu orçamento à cultura, contra, por exemplo, 1% na França, ao mesmo tempo em que a península assegura possuir a metade do patrimônio cultural mundial. O orçamento anual de 1,8 bilhão de euros não serve senão para preencher brechas, deixando para as artes a parte mais pobre. Em 2011, La Scala e o Piccolo Teatro de Milan, duas instituições prestigiosas de nível internacional, se viram, assim, com 17 milhões de euros a menos. O administrador francês do La Scala, Stéphane Lissner, fez um apelo ao governo de Mario Monti para não sacrificar a cultura ao pacote de austeridade, destacando que o percentual consagrado ao setor pelo governo italiano é um dos mais
baixos da Europa. O Fundo Único para o Espetáculo (FUS), que subvenciona os teatros italianos, atingiu, em 2011, um teto histórico: 231 milhões de euros, ou seja, uma queda de 50% em relação a 2010. Só para a cidade de Roma, 31 estabelecimentos podem fechar. Em relação ao cinema, há uma verdadeira debandada: a associação profissional de autores para o cinema e a televisão 100autori expressou no dia 13 de janeiro grave preocupação com as novas reduções de orçamento e cancelamentos de projetos. Uma situação confirmada por Gustav Hofer, um jovem documentarista que, para seu segundo trabalho, precisou ir ao exterior para buscar financiamentos. Na Itália, são dedicadas apenas algumas migalhas para os documentários, lamentou. AFP Fonte original da notícia Itália - Comissão da UE aprova fundos para restaurar Pompeia A Comissão da União Europeia (UE) aprovou hoje os fundos para apoiar a restauração das ruínas de Pompeia. O projeto de preservação, manutenção e melhoria do sítio arqueológico poderá contar com um investimento de 105 milhões de euros (cerca de R$ 254 milhões) entre contribuições da UE e nacionais, anunciou a Comissão. O objetivo do investimento europeu é preservar o local como uma atração turística sustentável para a região. A contribuição da UE segue uma solicitação da Itália e um plano de ação acordado com o
Executivo europeu, que comprovou o escopo das obras necessárias para a reabilitação de Pompéia. O local foi danificado após as chuvas torrenciais de fins de outubro de 2011, que se somaram aos prejuízos provocados pelas violentas tempestades de 2010. Nós demos a nossa aprovação para esta obra importante de restauração não só no interesse da Itália, mas de todo o patrimônio histórico europeu, explicou o Comissário da UE para Política Regional, Johannes Hahn. No período de 2000 a 2006, a política regional europeia apoiou 22 projetos de restauração no sítio de Pompeia no valor de 7,7 milhões de euros (cerca de R$ 18 milhões), com base no cofinanciamento de 50% do custo total. (ANSA) Fonte original da notícia