II-364 CONTRIBUIÇÃO DE ÁGUAS PLUVIAIS EM SISTEMAS DE ESGOTO SANITÁRIO NO ESTADO DE SÃO PAULO



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Transcrição:

II-364 CONTRIBUIÇÃO DE ÁGUAS PLUVIAIS EM SISTEMAS DE ESGOTO SANITÁRIO NO ESTADO DE SÃO PAULO Milton Tomoyuki Tsutiya (1) Engenheiro Civil pela Escola Politécnica da USP (1975). Mestre em Engenharia pela Escola Politécnica da USP (1984). Doutor em Engenharia pela Escola Politécnica da USP (199). Professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da USP. Engenheiro da Sabesp desde 1976, com experiências nas áreas de Planejamento, Projeto, Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico. Engenheiro da Assessoria para Desenvolvimento Tecnológico. Rui Cesar Rodrigues Bueno Químico Industrial pela Escola Superior de Química Osvaldo Cruz (1989). Especialização em Saúde Pública pela FMRP da USP (1992). Mestre em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP (2). Gerente do Setor de Tratamento de Esgotos de Franca. Endereço (1) : Rua Palestina 531, Apto 74 Vila Mascote São Paulo SP - CEP: 4367-3 - Brasil - Tel: (11) 33888265 - e-mail: mtsutiya@sabesp.com.br RESUMO Os sistemas de esgotos urbanos podem ser de três tipos: sistema unitário, sistema separador parcial e sistema separador absoluto. No sistema unitário, as águas residuárias, as águas de infiltração e as águas pluviais veiculam por um único sistema; no sistema separador absoluto, as águas residuárias e as águas de infiltração veiculam em sistema separado das águas pluviais; e no sistema separador parcial, as águas pluviais provenientes de telhados e pátios são encaminhadas juntamente com as águas residuárias e águas de infiltração para um único sistema de coleta e transporte de esgotos. No Brasil é adotado o sistema separador absoluto, de modo que as águas pluviais não deveriam chegar aos coletores de esgoto, mas na realidade sempre chegam, não somente devido a defeitos das instalações e também devido às ligações clandestinas. Tem sido observado na grande maioria dos sistemas de esgotos que parcela significativa de águas pluviais afluem ao sistema, de modo que, na prática, os nossos sistemas funcionam como separador parcial. Pelos dados levantados neste trabalho, a contribuição de águas pluviais variam de 26 a 283% sobre a vazão máxima de período seco e taxa de infiltração de,15 a 12 l/s.km. Recomenda-se, como meta, um aumento de cerca de 3% sobre a vazão máxima de esgoto no período seco, com taxa de contribuição de águas pluviais de 3 l/s.km. Acima desses valores o esgoto deve ser extravasado para não prejudicar o funcionamento do sistema de esgoto, e para isso há necessidade de mudança na legislação ambiental. É importante que seja revisto o sistema atualmente utilizado em nosso país, definindo novos parâmetros decorrentes das contribuições de águas pluviais em sistemas de esgoto sanitário, pois o mesmo não retrata a realidade nacional. PALAVRAS-CHAVE: Sistema Unitário, Sistema Separador Parcial, Sistema Separador Absoluto, Coletores de Esgoto, Águas Pluviais. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA COLETA E TRANSPORTE DE ESGOTO A Cloaca Máxima de Roma, construída no século 6 antes de Cristo, é o mais conhecido canal subterrâneo para o esgotamento sanitário. Nessa época, a conexão direta das residências a esse canal ou conduto, não era prática generalizada, devido o fato de que a saúde pública era pouco reconhecida e o saneamento obrigatório era considerada como uma violação do direito privado. Estruturas similares aos drenos Romanos foram utilizados na Europa medieval, porém, o lançamento de excretos humanos nesses condutos era terminantemente proibido, de modo que, os excretos eram dispostos nas ruas, até que a chuva, ou lavagem das ruas os levasse para condutos de drenagem pluvial e os descarregassem no curso de água mais próximo. Ao longo do tempo, com o crescimento das comunidades, particularmente na Inglaterra e no continente europeu levou a uma situação em que a disposição dos excretos das populações se tornou impraticável. Isto levou ao uso de privadas onde os excretos se acumularam apresentando problemas de odores e vetores. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 1

Embora a privada com descarga hídrica tivesse sido inventada em 1596, o seu uso generalizado demorou bastante a ocorrer. O seu uso, juntamente com as epidemias ocorridas no século 19, foram fatores fundamentais para que a coleta e afastamento de esgotos merecessem a adequada atenção das autoridades. Seguindo a prática Romana, os primeiros sistemas de esgotos, tanto na Europa como nos Estados Unidos foram construídos para coleta e transporte de águas pluviais. Foi somente em 1915 que se autorizou, em Londres, o lançamento de efluentes domésticos nas galerias de águas pluviais e, em 1847 tornou-se compulsório o lançamento de todas as águas residuárias das habitações nas galerias públicas de Londres. Surgiu, então, o sistema combinado ou unitário de esgotamento, uma rede única de esgotos para águas servidas e águas pluviais. Desenvolvida essa técnica de esgotamento, os ingleses procuravam aplica-las em cidades de outros países, como: Rio de Janeiro e Nova Iorque, em 1857; Recife em 1873; Berlim em 1874 e São Paulo em 1883. Também foram implantados em diversas cidades européias e americanas, o mesmo sistema desenvolvido pelos ingleses. O sistema de esgotamento unitário teve bom desempenho, em regiões frias e subtropicais, com baixo índice de pluviosidade, atendendo cidades com ruas pavimentadas e com bom nível econômico, no entanto, em regiões tropicais, devido às elevadas precipitações pluviais, baixa densidade demográfica, falta de pavimentação e limitação de recursos financeiros, os ingleses encontraram dificuldades intransponíveis para a aplicação do sistema unitário. Por essa razão foi idealizada e aplicada uma solução intermediária, ou seja, o sistema separador parcial que foi implantada no Rio de Janeiro. Neste caso os esgotos recebiam os esgotos domésticos mais a parcela de águas pluviais que se originava nas áreas construídas das habitações (áreas cobertas e áreas pavimentadas). Em 1879, visando aspectos práticos e econômicos, surgiu nos Estados Unidos o sistema separado, posteriormente denominado de separador absoluto, no qual a rede de esgotos recebe exclusivamente águas residuárias, de modo que, as águas pluviais são coletadas por outra rede independente. O tanque fluxível com descargas periódicas, destinadas à limpeza foi proposto com o objetivo de facilitar a aceitação do sistema separador absoluto. Em 1912, a cidade de São Paulo adotou esse sistema em substituição ao sistema separador parcial. Em 1943, foram iniciadas experiências em São Paulo cujos resultados permitiram abandonar a adoção generalizada de tanques fluxíveis. TIPOS DE SISTEMAS DE ESGOTOS Os sistemas de esgotos urbanos podem ser de três tipos: Sistema unitário; Sistema separador absoluto; Sistema separador parcial. SISTEMA UNITÁRIO Sistema de esgotamento unitário, ou sistema combinado é o sistema em que as águas residuárias (domésticas e industriais), águas de infiltração (água de subsolo que penetra no sistema através de tubulações e órgãos acessórios) e águas pluviais veiculam por um único sistema (Figura 1). ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 2

Figura 1: Sistema unitário. Fonte: Adaptado de Von Sperling (1995). A Figura 2 apresenta as vazões veiculadas em um sistema unitário, cuja curva inferior mostra oscilações típicas, dia a dia, na vazão de esgoto de uma rede coletora durante tempo seco e cuja curva superior exemplifica uma oscilação na vazão após uma chuva intensa, continuando mais elevada que a curva de tempo seco. Figura 2: Variação típica de vazão, em período seco e úmido, em um sistema unitário. Fonte: Tchobanoglous (1985). Em períodos chuvosos, com contribuições pequenas e contínuas de águas pluviais, a curva de vazão no período chuvoso é aproximadamente paralela a curva de vazão de esgotos em período seco, com defasagem no tempo, maior ou menor, dependendo do ponto de observação. A Figura 3 apresenta uma variação típica semanal de vazões, tanto para o período seco como úmido, em um sistema unitário. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 3

Figura 3: Variações típicas diárias e semanais das vazões de esgoto em sistema unitário. Fonte: Metcalf & Eddy (1981). A maioria das cidades na Europa e na América do Norte construiram as suas redes de esgotos em épocas anteriores à invenção do sistema separador e, por isso possuem sistemas unitários. O mesmo acontece no Japão, cuja Figura 4 refere-se ao sistema de esgoto em Kanda, próximo de Tóquio, cujo coletor foi construído em 1884. Figura 4: Coletor de esgoto em Kanda (Japão) construído em 1884. Fonte JSWA (23). O sistema unitário foi desenvolvido para as condições européias, onde as precipitações atmosféricas são bem inferiores aos países de clima tropical como o Brasil. Conforme se observa na Figura 5, de um modo geral, a intensidade da chuva em cidades européias são aproximadamente três vezes menores que a intensidade de chuva observada em cidades brasileira, de modo que, a vazão de águas pluviais é muito menor na Europa do que no Brasil. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 4

Figura 5: Comparação de intensidade de chuva em cidades européia e brasileira. Intensidade da chuva (mm/h) 13 Legenda 12 Inglaterra - Londres 11 Alemanha - Berlim 1 França - Paris Brasil - São Paulo 9 Brasil - Rio de Janeiro Brasil - Curitiba 8 Brasil - Belo Horizonte 7 6 5 4 3 2 1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 11 Duração da chuva (min) A Tabela 1 apresenta o nível de utilização do sistema de esgotamento unitário em alguns países europeus, e a época de construção das redes de esgotos. Tabela 1: Uso do sistema unitário em países europeus. Fonte: Lens et al (21). País França Alemanha Itália Holanda Espanha Inglaterra Porcentagem da área urbana servida com o sistema 75-8 67 6-7 74 96 7 unitário Época de sua construção (quando conhecida)? 74% após 1945 6% após 1963 4% após 1965 5% após 1955? 5% após 1945 No sistema unitário, a mistura de esgoto com águas pluviais prejudicam e oneram consideravelmente o tratamento de esgotos. Mesmo em países europeus, onde a vazão de águas pluviais é bem menor que o Brasil, o pico de vazão durante a chuva intensa pode alcançar centenas de vezes maior do que a vazão de esgoto durante o período seco. Nenhum sistema de tratamento de esgoto pode funcionar adequadamente com uma variação de 1 para 1. Torna-se necessária a construção de grandes sedimentadores para uma grande parte da vazão que deixa de sofrer a depuração biológica, enquanto que a outra parcela submetida ao tratamento secundário se apresenta com variados graus de diluição, o que é prejudicial. Devido ao custo elevado dos tanques de equalização de águas pluviais, os países que utilizam o sistema unitário, de modo geral, limitam a vazão afluente às estações de tratamento de esgoto (ETEs) sendo que, o valor típico situa-se na faixa de 2 a 1 vezes a vazão de período seco. A vazão que excede esse limite é extravasado para os corpos de água. A Tabela 2 apresenta os limites de vazão afluentes às estações de tratamento de esgotos em diversos países europeus, quando se utiliza o sistema unitário. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 5

Tabela 2: Vazões máximas afluentes às ETEs, durante o período das chuvas. Fonte: Lens et al (21). País Vazões máximas Bélgica 2-5 x QMPS Dinamarca 8-1 x QMPS França 4-6 QMPS Alemanha 7 x QMPS Grécia 3-6 x QMPS Irlanda 6 x QMPS Itália 3-5 x QMPS Portugal 6 x QMPS Espanha 3-5 x QMPS Inglaterra 6 x QMPS *QMPS = Vazão Máxima de Período Seco. No sistema unitário há outros fatores que devem ser considerados (Tsutiya e Alem Sobrinho, 1999): O sistema exige desde o início investimentos elevados, devido às grandes dimensões dos condutos e das obras complementares; A aplicação dos recursos precisa ser feita de maneira mais concentrada, reduzindo a flexibilidade de execução programada por sistema; As galerias de águas pluviais, que em nossas cidades são executadas em 5% ou menos das vias públicas, terão de ser construídas em todos os logradouros; O sistema não funciona bem em vias pública não pavimentadas, que se apresentam com elevada freqüência em nossas cidades; As obras são de difícil e demorada execução; Em municípios operados pelas companhias estaduais de saneamento, a responsabilidade da drenagem urbana é da prefeitura municipal e o sistema de esgoto da companhia estadual. SISTEMA SEPARADOR ABSOLUTO As águas residuárias (domésticas e industriais) e as águas de infiltração (água do subsolo que penetra através das tubulações e órgãos acessórios), que constituem o esgoto sanitário, veiculam em um sistema independente, denominado sistema de esgoto sanitário. As águas pluviais são coletadas e transportadas em um sistema de drenagem pluvial totalmente independente (Figura 6). Figura 6: Sistema separador absoluto. Fonte: Adaptado de Von Sperling (1995). Rede de esgotos Rede pluvial E.T.E. No Brasil utiliza-se o sistema separador absoluto, por orientação de Saturnino de Brito, sendo que, a cidade de São Paulo, em 1912, adotou o sistema separador absoluto em substituição ao sistema separador parcial. As principais vantagens do sistema separador absoluto são (Tsutiya e Alem Sobrinho, 1999): ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 6

Custa menos, pelo fato de empregar tubos de diâmetros bem menores e de fabricação industrial (manilhas, tubos de PVC, etc); Oferece mais flexibilidade para a execução por etapas, de acordo com as prioridades (prioridade maior para a rede sanitária); Reduz consideravelmente o custo do afastamento das águas pluviais, pelo fato de permitir o seu lançamento no curso de água mais próximo, sem a necessidade de tratamento; Não se condiciona e nem obriga a pavimentação das vias públicas; Reduz muita a extensão das canalizações de grande diâmetro em uma cidade, pelo fato de não exigir a construção de galerias em todas as ruas; Não prejudica a depuração dos esgotos sanitários. Por outro lado, para o sucesso do sistema de esgoto sanitário é necessário um eficiente controle para evitar que a água pluvial seja encaminhada, junto com as águas residuárias, para esse sistema de esgoto. SISTEMA SEPARADOR PARCIAL Nesse sistema, uma parcela das águas de chuva, proveniente de telhados e pátios das economias são encaminhadas juntamente com as águas residuárias e águas de infiltração do subsolo para um único sistema de coleta e transporte de esgotos. Portanto, no sistema separador parcial o sistema de esgotos urbanos é, também, constituído de redes de esgoto e de galerias de águas pluviais. DETERMINAÇAO DE MAGNITUDE DA CONTRIBUIÇÃO DE ÁGUAS PLUVIAIS EM SISTEMAS DE ESGOTO NO BRASIL Apesar de que, no Brasil, adota-se o sistema separador absoluto, as pesquisas apresentadas a seguir, demonstram que o sistema de grande parte das cidades brasileiras é de fato, sistema separador parcial. De um modo geral, a avaliação das vazões devido a contribuição de águas pluviais no sistema de esgoto foram feitas comparando-se hidrogramas obtidos em dias próximos, um em tempo seco e em tempo chuvoso. Dados nacionais levantados por Azevedo Netto Azevedo Netto (1979) fez um levantamento muito importante a respeito das contribuições de águas pluviais em sistemas de esgoto, cujos dados mais significativos são: ETE Jesus Netto São Paulo: os dados obtidos mostraram acréscimos de vazão da ordem de 3% sobre os caudais máximos em tempo seco; Emissário da Vila Leopoldina São Paulo: nesse emissário foram feitas medições em várias ocasiões, podendo-se mencionar as seguintes: - 1952 - Estudos elaborados pela empresa Greeley & Hansen observaram um aumento de 32% sobre as vazões máximas de esgotos; - 1965 - Estudos a cargo da empresa Hazen & Sawyer mostraram que a vazão em períodos chuvosos aumentava 4%; Região Metropolitana de São Paulo: a antiga SANESP, em 1973, realizou estudos abrangendo cinco subbacias e apresentaram resultados que atingiram o valor de 6, l/s.km de rede, como vazão máxima em dias de chuva, o que correspondem a aumentos de 2% sobre os valores de tempo seco; Rio de Janeiro: o antigo DES (Sursan) realizou medições em uma pequena área de Copacabana, em 1959, onde eram freqüentes as contribuições pluviais para a rede de esgotos e obtiveram o valor de 6, l/s.km. Esse valor foi incluído na norma da ABNT, em 1972, e permanece na norma NBR 1227 Projeto de Interceptores de Esgoto Sanitário, promulgado em abril de 1992, com a seguinte redação: A contribuição pluvial parasitária deve ser determinada com base em medições locais. Inexistindo tais medições, pode ser adotada uma taxa cujo valor deve ser justificado e que não deve superar 6 l/s.km do coletor contribuinte ao trecho em estudo. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 7

Pesquisas efetuadas na RMSP em sistemas operados pela SABESP Programa de monitoramento no sistema de esgotos da RMSP Esse programa foi implementado em 1988, em oito bacias, onde foram avaliados os postos de monitoramento naquela época existentes, assim como propostas alterações nas estruturas e aparelhos de medição de vazão e a implantação de novos postos. As conclusões desse estudo foram apresentadas por Alonso et al (199), de modo que na Tabela 3 e Figura 7 estão resumidas as contribuições de águas pluviais observadas. Tabela 3 Taxa de contribuição pluvial em bacias da RMSP. Fonte: Alonso et al (199). Ponto de controle Bacia Taxa de contribuição pluvial (l/s.km) 661 PI 2 - Traição 2,72 662 PI 2 - Traição 6,88 663 PI 2 - Traição 1,94 671 PI 18 - Uberaba 4,6 672 PI 18 Uberaba 1,57 673 PI 18 - Uberaba 12,1 Figura 7: Contribuições de esgotos e águas pluviais nas bacias de Traição e Uberaba da RMSP. Fonte: Alonso et al (199). 33 297 264 Vazão ( /s) l 231 198 165 132 99 66 33 2 4 6 8 1 12 14 16 18 2 22 24h Legenda Dia com chuva Primeiro dia após a chuva Segundo dia após a chuva Terceiro dia Dia sem chuva Tempo (h) Pesquisas efetuadas na bacia do Guarapiranga da RMSP Esta pesquisa foi feita pelo eng. Dante Ragazzi Pauli, cujos dados constam da sua Dissertação de Mestrado Impacto das Vazões Incontroladas na Operação das Redes Coletoras de Esgotos Sanitários, apresentado à Universidade Mackenzie para obtenção do título de Mestre em Saneamento Ambiental, em 1998. A pesquisa foi efetuada na sub-bacia F, localizada na margem esquerda da represa Guarapiranga. Essa subbacia faz parte da bacia do córrego Guavirutuba, em cujas margens localiza-se a estação elevatória de esgoto Talamanca. As principais conclusões dessa pesquisa no que se refere as contribuições de águas pluviais, foram: ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 8

Em dias de chuva houve um aumento de vazão de 242% em relação à vazão média ou 143% em relação à máxima horária; A taxa de contribuição pluvial foi de 3,9 l/s.km; O sistema voltou a apresentar vazões tipicamente domésticas horas após o término das precipitações, o que indica ser pequena a influência das vazões retardadas e de água armazenada no solo que afluem ao sistema. Pesquisas efetuadas no município de Santo André. Essa pesquisa foi feita nas bacias dos córregos Araçatuba e Itororó, no Bairro Bom Pastor, no município de Santo André, pela empresa BBL, contratada pela SEMASA Serviço Municipal de Água e Saneamento de Santo André (Mello, 22). Foram utilizados para a medição de vazão de esgotos, medidores eletromagnéticos portáteis introduzidos nos poços de visita, onde foram registrados as vazões contínuas ao longo dos dias secos e chuvosos dos meses de abril, maio e junho de 1995, cujos principais resultados são apresentados nas figuras relacionadas a seguir. A Figura 8 apresenta as medições realizadas em domingos secos e chuvosos. Na sub-bacia A, no poço de visita 79, do córrego Itororó. Figura 8: Influência de águas pluviais no sistema de esgotos de Santo André Bacia do córrego Itororó. Fonte: Mello (22). 12 12 1 1 Vazão (l/s) 8 6 4 8 6 4 Altura pluviométrica (mm) 2 2 Tempo (hora) Domingo chuvoso 7/5/95 Domingo seco 14/5/95 Domingo seco 28/5/95 Na Figura 8, pode ser observado um padrão característico nas variações da vazão ao longo de domingos secos, como a diminuição da vazão durante a madrugada quando o consumo de água é menor e, conseqüentemente, a produção de esgotos também; um aumento mais acentuado da hora do almoço, devido ao maior consumo de água nesses períodos. No domingo chuvoso, é evidente a relação entre o aumento da vazão e a ocorrência da chuva, pois os picos praticamente coincidem. Há ainda um reflexo da chuva no comportamento da vazão de esgoto no restante do dia, se comparado com o comportamento da vazão em domingos secos. A Figura 9 apresenta as medições realizadas na sub-bacia F do córrego Araçatuba, cujas medições foram realizadas no poço de visita 27. Neste caso, a influência da chuva na vazão de esgoto ocorre principalmente no período da precipitação, não havendo muita influência no restante do dia. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 9

Figura 9: Influência de águas pluviais no sistema de esgotos de Santo André Bacia do córrego Araçatuba. Fonte: Mello (22). 12 12 1 1 Vazão (l/s) 8 6 4 8 6 4 Altura pluviométrica (mm) 2 2 Tempo (hora) Quarta chuvosa 1/5/95 Quarta seca 17/5/95 Quarta seca 24/5/95 Pesquisas efetuadas no sistema de esgoto sanitário da cidade de Tatuí Com o objetivo de caracterizar, de forma quantitativa e qualitativa, o esgoto sanitário da cidade de Tatuí, procedeu-se a determinação de dados locais, através de levantamentos efetuados na ETE existente nas proximidades da CEAGESP, principal sistema da cidade. As vazões de esgoto, inclusive as contribuições pluviais foram determinadas na calha Parshall, localizado à montante das lagoas de estabilização. A Figura 1 apresenta a média das vazões afluentes à ETE, no período seco e período úmidos, referente ao mês de setembro de 1992. Observa-se nessa figura que houve um aumento no pico de vazão de cerca de 31% devido às águas pluviais. Figura 1: Medições realizadas no sistema de esgoto sanitário da cidade de Tatuí Sistema CEAGESP. Fonte: AMPI (1993). 2 18 Vazão com chuva Vazão ( l /s) 16 14 12 1 8 6 4 2 Tempo (h) Vazão sem chuva 2 4 6 8 1 12 14 16 18 2 22 24h ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 1

Pesquisas efetuadas no sistema de esgoto sanitário da cidade de Franca A pesquisa efetuada por Tsutiya e Bueno (23) no sistema de esgoto sanitário da cidade de Franca demonstrou que quantidades significativas de águas pluviais são introduzidas nos coletores de esgoto, de modo que, esse aumento de vazão pode comprometer o processo de tratamento de esgotos provocando o arraste de sólidos, ou é extravasado e enviado aos corpos receptores, provocando problemas ambientais. As principais conclusões dessa pesquisa são: O acréscimo de vazão no período úmido em relação ao tempo seco foi de 26,76%; Foi obtida uma taxa de contribuição de esgoto mais águas pluviais afluentes à ETE Franca de 2,6 a 2,72 l/s.km e exclusivamente para águas pluviais, descontando-se a vazão média de esgoto tratado de 2,13 a 2,26 l/s.km; Os coefientes de variação de vazão foram: K 1 = 5,5 e K 2 = 3,73, o que demonstra a existência de grandes variações de vazões e por sua vez do volume afluente à ETE, sendo muito superiores aos valores recomendados pela norma NBR 9649 da ABNT. RESUMO DAS PESQUISAS APRESENTADAS A Tabela 4 apresenta um resumo dos principais dados levantados nas pesquisas relacionadas neste trabalho. Tabela 4: Contribuições de águas pluviais em sistemas de esgoto sanitário. Taxa de contribuição de Autor Local Ano Dados originais águas pluviais (l/s.km) Greeley & Hansen São Paulo 1952 32% sobre QMPS,15 Hazen & Sawyer São Paulo 1965 35% sobre QMPS,16 Des, Sursan Rio de Janeiro 1959 6, l/s.km 6, SANESP São Paulo 1973 4, l/s.km 4, Alonso et al RMSP 199 1,57 a 12,1 l/s.km 1,57 12,1 Pauli São Paulo 1998 242% sobre QMPS 3,9 Mello Santo André 22 1 a 283% sobre nd QMPS AMPI Tatuí 1992 31% sobre QMPS 2,27 Tsutiya e Bueno Franca 23 26,76% sobre QMPS 2,13 2,2 ABNT Brasil 1992 6, l/s.km 6, *nd = não disponível. *QMPS = Vazão Máxima de Período Seco. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES As principais conclusões e recomendações deste trabalho são: Quando se considera uma área muito extensa não se pode considerar um acréscimo grande generalizado incidindo sobre toda a extensão de coletores, pois a intensidade de chuva é variável, e não apresenta características de simultaneidade. O acréscimo percentual sobre a vazão máxima em tempo seco, dependerá da atuação da prestadora de serviços de saneamento em controlar as ligações de águas pluviais no sistema de esgoto sanitário. Os dados desta pesquisa demonstram que os sistemas de esgotos sanitários não funcionam como previsto nas normas brasileiras, que estabelece o sistema separador absoluto, na realidade, os sistemas operam como sistema separador parcial. A contribuição de águas pluviais em sistemas de esgoto sanitário é muito variável, atingindo valores que variam de 26 a 283% sobre a vazão máxima de período seco e taxa de infiltração de,15 a 12 l/s.km. A norma da NBR 1227 da ABNT recomenda o valor de 6 l/s.km para a contribuição de águas pluviais, sendo o maior valor observado nas pesquisas realizadas e obtido há 45 anos no Rio de Janeiro. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 11

A ligação de esgoto, principalmente em residências, deve ser revista. Mesmo em bairros considerados como de ocupação recente, é perceptível que a introdução de águas de chuvas na rede coletora é substancial, e portanto, a sistemática de inspeção e liberação da ligação tem demonstrado ser incapaz de evitar a ligação considerada clandestina de água de chuva na rede de esgoto. Como recomendação deste trabalho, pode-se admitir, como meta, um aumento de 3% sobre a vazão máxima de esgoto no período seco, e taxa de contribuição de águas pluviais de 3 l/s.km, ou seja, metade do valor preconizado pela norma NBR 1227 da ABNT. Valores acima devem ser extravasados para não prejudicar o funcionamento do sistema de esgoto, de modo que o projeto já deve prever essa contribuição adicional. Recomenda-se modificação na legislação ambiental para permitir o extravasamento das contribuições de águas pluviais, de modo semelhante ao que ocorre em países europeus. Devem ser incentivados medições em outros sistemas de esgotos, para que se possa definir novos parâmetros decorrentes das contribuições de águas pluviais, de modo a subsidiar a comunidade técnica a discutir e rever o sistema atualmente utilizado, pois o mesmo não retrata a realidade nacional. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ALONSO, L.R. et al Sewage System Improvement by Operational Parameters Research. Water Environment & Techinology. Vol. 2, nº 12. December, 199. 2. AMPI Revisão do Estudo de Concepção para o Sistema de Esgotos Sanitários de Tatuí. Relatório R1. Volume I, Textos. Julho de 1993. 3. AZEVEDO NETTO, J.M. Contribuições Indevidas para a Rede de Esgotos. Revista DAE, nº 12, 1979. 4. AZEVEDO NETTO, J.M Sistemas de Esgotamento Unitário e Separador. Capítulo 2. Curso por Correspondência. Sistema de Coleta e Transporte de Esgotos Sanitários. CETESB. São Paulo, 1987. 5. JSWA Making Great Break throughs. Japan Sewage Works Association. 23. 6. LENS, P. Et al Decentralised Sanitation and Reuse. Concept. Sustems and Implementation. IWA Publishing. 7. MELLO, G.S.L. Investigação das Oscilações Diárias e Transientes de Vazão e Qualidade em Esgotos Urbano no Estado de São Paulo. Relatório Científico. Instituto Mauá de Tecnologia. São Caetano do Sul. 22. 8. METCALF & EDDY Wastewater Engineering: Collection and Pumping of Wastewater. McGraw- Hill. New York, 1981. 9. PAULI, D.R. Impacto das Vazões Incontroladas na Operação das Redes Coletoras de Esgotos Sanitários. Dissertação de Mestrado. Universidade Mackenzie. São Paulo, 1998. 1. TCHOBANOGLOUS, G.; SCHROEDER, E.D. Water Quality: Characteristic, Modeling, Modifications. Addison Wesley. London, 1985. 11. TSUTIYA, M.T.; ALEM SOBRINHO, P. Coleta e Transporte de Esgoto Sanitário. Esgoto Sanitário. Escola Politécnica da USP. São Paulo, 1999. 12. TSUTIYA, M.T.; BUENO, R.C.R. Contribuição de Águas Pluviais em Sistemas de Esgotos Sanitários. Estudo de Caso da Cidade de Franca, Estado de São Paulo. 22 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Joinville, Santa Cataria. Setembro, 23. 13. VON SPERLING, M. Introdução à Qualidade das Águas e ao Tratamento de Esgotos. Volume 1. Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental. UFMG. Belo Horizonte, 1995. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 12