BPC NA ESCOLA: FREQUÊNCIA ESCOLAR POR CRIANÇAS E JOVENS BENEFICÁRIOS DO PROGRAMA EM PRESIDENTE PRUDENTE/SP Magda Campos Curcino¹ Marli de Oliveira Rodrigues² Ariane Lopes Toledo Cesar³ Eliane Ferrari Chagas¹ Faculdade de Ciências e Tecnologia - FCT-UNESP - Presidente Prudente ¹ Secretaria Municipal de Educação ² e de Assistência Social ³ Eixo Temático: Política educacional inclusiva Palavras-chave: Pessoas com deficiência, Inclusão Educacional, Programa BPC na Escola Introdução O Programa Benefício de Prestação Continuada (BPC) é um benefício da Política de Assistência Social, individual, não vitalício e intransferível, com garantia a transferência mensal de 1 salário mínimo ao idoso, com 65 anos ou mais e à pessoa com deficiência, de qualquer idade, com impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, que comprovem não possuir meios para prover a própria manutenção por si mesma ou pela família (BRASIL, 2011). No município de Presidente Prudentes/SP, em 2012, o BPC contemplava 1210 pessoas com deficiência (DEEPASK). Com o intuito de verificar o acesso e permanência na escola de crianças e jovens que já recebiam este benefício foi criado o Programa BPC na Escola (BPC na Escola), sendo um programa de acompanhamento e monitoramento vertente do BPC (SILVA, 2012). Este programa prevê ações articuladas intersetoriais entre políticas públicas das Secretarias Municipais de Assistência Social, Educação, Saúde e Direitos Humanos, tendo em vista principalmente, a promoção do acesso à educação e elevação da qualidade de vida, e demais compromissos estabelecidos pela portaria (SÃO PAULO, 2010). O Programa BPC na Escola se baseia em quatro eixos principais: 1) identificar, entre os beneficiários do BPC até 18 anos, aqueles que estão na escola e aqueles que estão fora da escola; 2) identificar as principais barreiras para o acesso e a permanência na escola das pessoas com deficiência beneficiárias
do programa; 3) desenvolver estudos e estratégias conjuntas para superação dessas barreiras; e 4) manter acompanhamento sistemático das ações e programas dos entes federados que aderirem ao programa (MDS, 2010). Na prática, o município realizou a aplicação do questionário do Programa BPC na Escola, que é multidimensional e possui questões relacionadas à educação, saúde, reabilitação, trabalho, moradia, lazer, dentre outros dados (MDS, 2010). Desde 2008, Presidente Prudente aderiu ao BPC na Escola e vem participando deste diagnóstico no município juntamente com as Secretarias Municipais de Educação, Assistência Social e Saúde. No último diagnóstico, realizado em 2015, foi aplicado o questionário para esta população e, a partir deste, este estudo realizado com o propósito de analisar os dados coletados pelas Secretarias Municipais e apresentar seus resultados para nortear discussões sobre seus resultados. Objetivo O presente trabalho teve como objetivo analisar as questões do BPC na Escola com vistas à frequência escolar por diferentes tipos de deficiência. Método Para o presente trabalho, os dados foram coletados a partir de análise direta dos Questionários para Identificação das Barreiras de Acesso e Permanência na Escola das Pessoas com Deficiência beneficiárias do BPC, aplicados pelo Centro de Estudos e Mapeamento da Exclusão Social e Políticas Públicas (CEMESPP), em conjunto com Secretaria Municipal de Educação, da Assistência Social e da Saúde de Presidente Prudente/SP. A pesquisa foi uma parceria do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) com as Secretarias do Município e a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR). Como procedimento, foram analisados os dados dos questionários aplicados referentes aos aspectos relacionados à educação e saúde, de crianças e jovens, de 0 a 18 anos incompletos, de ambos os sexos, moradores do Município de Presidente Prudente/SP. Os resultados foram organizados em planilhas Excel e apresentados de forma descritiva em números absolutos.
Resultados A análise dos dados demostrou que dos 117 casos analisados, 64 beneficiários frequentavam escola comum, 23 escola especial, 23 já frequentaram, mas não frequenta mais e 7 nunca frequentou. Quadro 1: Representação dos tipos de deficiência e a frequência ou não à escola (n=117) Tipos de dificiência Frequentam Não frequentam Total Escola comum Escola especial Já frequentou Nunca frequentou Deficiência múltipla 17 5 11 4 37 Deficiência mental 19 9 7 1 36 Deficiência física 10 5 2 0 17 Síndrome de Down 5 1 1 1 8 Doenças crônicas/degenerativas¹ 5 1 1 1 8 Transtornos globais do desenvolvimento² 3 2 1 0 6 Baixa visão 4 0 0 0 4 Deficiência auditiva 1 0 0 0 1 Total 64 23 23 7 117 ¹Doenças crônicas/degenerativas: câncer, doenças cerebrais e do coração, hemofilia, diabetes. ²Transtorno globais do desenvolvimento: Autismo e Psicose Infantil, Síndrome de Kanner, Síndrome de Rett, Síndrome de Asperger, bem como outros transtornos globais não especificados do desenvolvimento. De modo geral, 87 beneficiários frequentam a escola, no entanto 23 já frequentou, mas não frequentava mais e destas, a deficiência múltipla foi a que mais compareceu. Discussão O número total de beneficiários do programa BPC na escola no município de Presidente Prudente/SP foi de 157 individuos, porém o número de questionários aplicados foi de 117, pois muitos tinham mudado de endereço ou mesmo falecido dentre outros problemas. Dos 117, verificou-se uma taxa de 74% de frequência à escola neste município o que assemelha-se ao diagnóstico obtido pelo mesmo programa no que diz respeito ao Estado de São Paulo (75,7%). Estes dados também estão disponibilizados no site da Deepask que confirma as taxas verificadas neste trabalho e, especificamente para crianças e jovens de 4 a 17 anos. No entanto, uma outra preocupação diz respeito aos que não frequentaram (7) ou os que
frequentaram, porém não estão mais na escola (23). Neste último, o percentual é acima da cidade de São Paulo que constatou 14,6% (SÃO PAULO, 2010). O monitoramento pelo programa BPC na escola possibilitou verificar as várias questões envolvidas no fato destes beneficiários não frequentarem a escola. Dentre elas, apontaram não ter mobiliário adequado na escola, não ter como levá-la na escola ou ainda alguém que pudesse acompanhar na escola dentre outros motivos que o questionário possibilitou verificar. Estas situações foram apontadas por Rebelo (2014) e Fernandes (2015) tais como dificuldades na mobilidade, no transporte, barreira arquitetônica e inclusive comprometimentos graves da deficência. Nesse sentido, o BPC na escola cumpre com seus propósitos, ou seja, verificar as barreiras que impedem a frequência e a permanência desta população na escola (MDS, 2010). Com especial atenção na Educação, o programa BPC na Escola possibilitou levantar muitas questões ligadas ao diagnóstico da situação dos beneficiários, mas também permitiu avançar nas discussões e estratégias de ação para buscar meios para que estes jovens permaneçam e tenham acesso à escola. Os demais temas fazem parte de uma pesquisa maior com dados que servirão para discutir políticas públicas intersetoriais no município e que ainda serão informações a serem exploradas. Conclusão O BPC na escola possibilitou verificar que a maioria dos beneficiários frequentam a escola, em sua maioria, em escola comum. No conjunto, ainda houve um grande número que não estão na escola. Referências BRASIL. Ministério do desenvolvimento social e combate à fome. Beneficio de prestação continuada BPC. MDS, 2010. Disponível em <http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/beneficiosassistenciais/bpc>. Acesso em: 15 dez. 2014. BRASIL. Ministério do desenvolvimento social e combate à fome. BPC na escola. MDS, 2010. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/beneficiosassistenciais/bpc/bpc-na-escola>. Acesso em: 15 dez. 2014.
BRASIL. Ministério do desenvolvimento social e combate à fome. BPC na escola. MDS, 2010. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/beneficiosassistenciais/bpc/bpc-na-escola>. Acesso em: 15 dez. 2014. Deepask. BPC na Escola: Veja número de deficientes matriculados por cidade do Brasil Presidente Prudente, SP. Disponível em: <http://www.deepask.com/goes?page=presidente- prudente/sp-bpc-na-escola:-veja-numero-de-deficientes-matriculados-por-cidade-do- Brasil>. Acesso em 02 de abril de 2016. FERNANDES, A. P; CAIADO. K. R. M. Evasão de alunos com necessidades educacionais especiais em escolas ribeirinhas: limites e desafios do atendimento educacional especializado. Revista Cocar. Belém/Pará, 2015. REBELO, A. S. O atendimento educacional especializado no Brasil (2003-2014). Revista Educação Online, 2015. SÃO PAULO. Programa BPC na escola: uma experiência inovadora na cidade de São Paulo. São Paulo: SMADS, 2010. SILVA, A. C. V. Direito de ir e vir: a acessibilidade ao ambiente escolar e o programa BPC na escola. 2012. 64f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Serviço Social). Instituto de humanas, Universidade de Brasília. Brasília.