A UTILIZAÇÃO DOS MÉTODOS DE FLAUTA DOCE NO CONSERVATÓRIO ESTADUAL DE MÚSICA CORA PAVAN CAPPARELLI: A PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES 1



Documentos relacionados
Copos e trava-línguas: materiais sonoros para a composição na aula de música

AS CONTRIBUIÇÕES DAS VÍDEO AULAS NA FORMAÇÃO DO EDUCANDO.

A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE PEDAGOGIA DA FESURV - UNIVERSIDADE DE RIO VERDE

LEITURA E ESCRITA NO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA PROPOSTA DE APRENDIZAGEM COM LUDICIDADE

CASTILHO, Grazielle (Acadêmica); Curso de graduação da Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Goiás (FEF/UFG).

SIGNIFICADOS ATRIBUÍDOS ÀS AÇÕES DE FORMAÇÃO CONTINUADA DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DO RECIFE/PE

Indicamos inicialmente os números de cada item do questionário e, em seguida, apresentamos os dados com os comentários dos alunos.

INTERPRETANDO A GEOMETRIA DE RODAS DE UM CARRO: UMA EXPERIÊNCIA COM MODELAGEM MATEMÁTICA

EXPRESSÃO CORPORAL: UMA REFLEXÃO PEDAGÓGICA

Necessidade e construção de uma Base Nacional Comum

UM ESTUDO DAS POSSIBILIDADES DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA ESCOLAR DE JOVENS E ADULTOS NA PERSPECTIVA DO NUMERAMENTO

ÁLBUM DE FOTOGRAFIA: A PRÁTICA DO LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 59. Elaine Leal Fernandes elfleal@ig.com.br. Apresentação

Gráfico 1 Jovens matriculados no ProJovem Urbano - Edição Fatia 3;

USO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES PRESENCIAL E A DISTÂNCIA

Universidade Estadual de Maringá Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes

ESTÁGIO EDUCAÇÃO MUSICAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL

O PROCESSO DE INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL: UM ESTUDO DE METODOLOGIAS FACILITADORAS PARA O PROCESSO DE ENSINO DE QUÍMICA

Palavras-chave: Metodologia da pesquisa. Produção Científica. Educação a Distância.

ELABORAÇÃO DE PROJETOS

JOGOS ELETRÔNICOS CONTRIBUINDO NO ENSINO APRENDIZAGEM DE CONCEITOS MATEMÁTICOS NAS SÉRIES INICIAIS

Educação Musical: Criação, Linguagem e Conhecimento

LICENCIATURA EM MATEMÁTICA. IFSP Campus São Paulo AS ATIVIDADES ACADÊMICO-CIENTÍFICO-CULTURAIS

OS SABERES PROFISSIONAIS PARA O USO DE RECURSOS TECNOLÓGICOS NA ESCOLA

OS PROJETOS DE TRABALHO E SUA PRODUÇÃO ACADÊMICA NOS GT07 E GT12 DA ANPED ENTRE OS ANOS 2000/2013

PROBLEMATIZANDO ATIVIDADES EXPERIMENTAIS NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES/AS

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES 1

7 Conclusões e caminhos futuros

A DANÇA E O DEFICIENTE INTELECTUAL (D.I): UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA À INCLUSÃO

RESULTADOS E EFEITOS DO PRODOCÊNCIA PARA A FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES DO INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS RESUMO

1 Um guia para este livro

A INCLUSÃO DOS DIREITOS HUMANOS NAS TURMAS DO EJA POR MEIO DAS NOVAS TECNOLOGIAS

O professor que ensina matemática no 5º ano do Ensino Fundamental e a organização do ensino

FILOSOFIA. 1. TURNO: Vespertino HABILITAÇÃO: Licenciatura. PRAZO PARA CONCLUSÃO: Mínimo = 4 anos

ISSN ÁREA TEMÁTICA: (marque uma das opções)

Recomendada. A coleção apresenta eficiência e adequação. Ciências adequados a cada faixa etária, além de

Título: O moodle como ambiente virtual de aprendizagem colaborativa: o caso do Curso Introdutório Operacional Moodle na UEG.

O COORDENADOR PEDAGÓGICO COMO FORMADOR: TRÊS ASPECTOS PARA CONSIDERAR

prática instrumental acontece pelo exercício de repetição e logo estrutura-se na linguagem formal da escrita musical - a partitura musical.

compreensão ampla do texto, o que se faz necessário para o desenvolvimento das habilidades para as quais essa prática apresentou poder explicativo.

PAINEL A MÚSICA NA LINGUAGEM DOS PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS

X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador BA, 7 a 9 de Julho de 2010

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO: ELABORAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE PROJETOS PEDAGÓGICOS NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

5 Conclusão. FIGURA 3 Dimensões relativas aos aspectos que inibem ou facilitam a manifestação do intraempreendedorismo. Fonte: Elaborada pelo autor.

DOENÇAS VIRAIS: UM DIÁLOGO SOBRE A AIDS NO PROEJA

Coleta de Dados: a) Questionário

Colégio Pedro II Departamento de Filosofia Programas Curriculares Ano Letivo: 2010 (Ensino Médio Regular, Ensino Médio Integrado, PROEJA)

PIBIC 05/06. Departamento de Educação

INTEGRAÇÃO DE MÍDIAS E A RECONSTRUÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA

Profa. Ma. Adriana Rosa

Estatística à Distância: uma experiência

PROJETOS DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: DO PLANEJAMENTO À AÇÃO.

O uso de tecnologia digital na educação musical

FORMANDO PEDAGOGOS PARA ENSINAR CIÊNCIAS NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

PEDAGOGIA ENADE 2005 PADRÃO DE RESPOSTAS - QUESTÕES DISCURSIVAS COMPONENTE ESPECÍFICO

DIÁLOGO COM A CULTURA A PARTIR DO ENSINO SOBRE FITOTERAPIA PARA ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM DE FACULDADES PARTICULARES

Crenças, emoções e competências de professores de LE em EaD

REGULAMENTO ESTÁGIO SUPERVISIONADO CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA FACULDADE DE APUCARANA FAP

ESTATÍSTICA BÁSICA NO CURSO DE TÉCNICO INTEGRADO DE SEGURANÇA DO TRABALHO

5 Considerações finais

SEQUÊNCIA DIDÁTICA: ORALIDADE

PROFESSORES DE CIÊNCIAS E SUAS ATUAÇÕES PEDAGÓGICAS

Cultura Juvenil e as influências musicais: pensando a música afro-brasileira e a sua utilização entre os jovens na escola

REPRESENTAÇÕES DE AFETIVIDADE DOS PROFESSORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL. Deise Vera Ritter 1 ; Sônia Fernandes 2

O PIPE I LÍNGUAS ESTRANGEIRAS

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande d o Norte -IFRN acs@cefetrn.br

Perfil das profissionais pesquisadas

UMA PROPOSTA DE ATIVIDADE DE MODELAGEM MATEMÁTICA PARA O DESENVOLVIMENTO DE CONTEÚDOS MATEMÁTICOS NO ENSINO FUNDAMENTAL I

Averiguar a importância do Marketing Ambiental numa organização cooperativista de agroindustrial de grande porte da região de Londrina.

Disciplina: Alfabetização

11 a 14 de dezembro de 2012 Campus de Palmas

A PRÁTICA DA CRIAÇÃO E A APRECIAÇÃO MUSICAL COM ADULTOS: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA. Bernadete Zagonel

CONCEPÇÃO E PRÁTICA DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS: UM OLHAR SOBRE O PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO RAFAELA DA COSTA GOMES

ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA: O ESTÁGIO SUPERVISIONADO E A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA

Breve histórico da profissão de tradutor e intérprete de Libras-Português

PLANEJAMENTO DE ATIVIDADES EM CURSOS PRESENCIAIS E SEMIPRESENCIAIS Ricardo Carvalho Rodrigues Faculdade Sumaré rieli@rieli.com

UNIDADE III Análise Teórico-Prática: Projeto-intervenção

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO NORTE CAMPUS CAICÓ

FACULDADES INTEGRADAS SIMONSEN INTERVENÇÃO EDUCATIVA INSTITUCIONAL PROJETO PSICOPEDAGÓGICO

ENSINO DE BIOLOGIA E O CURRÍCULO OFICIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO: UMA REFLEXÃO INICIAL.

Composição dos PCN 1ª a 4ª

Sessão 4: Avaliação na perspectiva de diferentes tipos de organizações do setor sem fins lucrativos

A INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS NUMA ESCOLA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE GUARAPUAVA: DA TEORIA À PRÁTICA

ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Categorias Temas Significados Propostos

Projeto em Capacitação ao Atendimento de Educação Especial

Adequação dos estímulos; Especificação operacional; Estrutura flexível; Ordenação.

INVESTIGANDO O ENSINO MÉDIO E REFLETINDO SOBRE A INCLUSÃO DAS TECNOLOGIAS NA ESCOLA PÚBLICA: AÇÕES DO PROLICEN EM MATEMÁTICA

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E EDUCAÇÃO ESPECIAL: uma experiência de inclusão

2.2 O PERFIL DOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO INFANTIL

FACCAMP FACULDADE CAMPO LIMPO PAULISTA COORDENADORIA DE EXTENSÃO E PESQUISA

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NO ENSINO SUPERIOR. UM PROJETO INTEGRADO DE INVESTIGAÇÃO ATRAVÉS DA METODOLOGIA DA PROBLEMATIZAÇÃO

BROCANELLI, Cláudio Roberto. Matthew Lipman: educação para o pensar filosófico na infância. Petrópolis: Vozes, RESENHA

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

DIFICULDADES ENFRENTADAS POR PROFESSORES E ALUNOS DA EJA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA

O Planejamento Participativo

A LICENCIATURA DE MATEMÁTICA NA MODALIDADE EAD EM MG: CARACTERIZAÇÃO E O PERFIL DO CORPO DOCENTE

ALGUNS ASPECTOS QUE INTERFEREM NA PRÁXIS DOS PROFESSORES DO ENSINO DA ARTE

A INFLUÊNCIA DOCENTE NA (RE)CONSTRUÇÃO DO SIGNIFICADO DE LUGAR POR ALUNOS DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE FEIRA DE SANTANA-BA 1

ALTERNATIVAS APRESENTADAS PELOS PROFESSORES PARA O TRABALHO COM A LEITURA EM SALA DE AULA

Transcrição:

A UTILIZAÇÃO DOS MÉTODOS DE FLAUTA DOCE NO CONSERVATÓRIO ESTADUAL DE MÚSICA CORA PAVAN CAPPARELLI: A PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES 1 Sara Aparecida Peixoto Castilho sarah_ta7@hotmail.com Paula Andra Callegari paula_callegari@yahoo.com.br Resumo: A presente comunicação é um recorte uma pesquisa em andamento, cuja temática é a percepção do professor acerca da utilização que faz dos métodos flauta doce previstos no programa do Conservatório Estadual Música Cora Pavan Capparelli (CEMCPC). De modo geral, preten compreenr como os professores percebem que utilizam os métodos flauta doce em sala aula. Especificamente, busca compreenr como os professores utilizam os métodos em sala aula, investigar se e como os professores seguem as instruções utilização dos métodos flauta doce sugeridas pelos seus autores, investigar se e como o professor flexibiliza o uso dos métodos flauta doce no programa proposto, investigar possíveis relações entre o conteúdo dos métodos flauta doce e o repertório escolhido para os diferentes alunos e investigar a percepção do professor acerca da aquação dos métodos flauta doce presentes no programa do CEMCPC para o ensino ste instrumento. Em função stes objetivos, foi elaborada uma revisão bibliográfica que contempla o ensino música nos conservatórios, o ensino instrumentos musicais e o uso da flauta doce na educação musical. A metodologia segue os pressupostos da pesquisa qualitativa com o uso entrevistas semi-estruturadas para a coleta dados. A pesquisa encontra-se em fase análise e interpretação dos dados e possui conclusão prevista para zembro 2010. Este texto apresenta uma introdução, a revisão bibliográfica, screve a trama metodológica, mostra um quadro analítico dos métodos flauta doce sugeridos no programa curricular do curso flauta doce do CEMCPC e traz consirações finais acerca da investigação, apontando os próximos passos para a finalização do trabalho. Palavras - chave: Flauta Doce; Métodos; Conservatório. INTRODUÇÃO A presente comunicação é um recorte uma pesquisa em andamento no Curso Música da Universida Feral Uberlândia (UFU), que tem como tema a percepção do professor acerca da utilização que faz dos métodos previstos no programa do curso flauta doce do Conservatório Estadual Música Cora Pavan Capparelli (CEMCPC), Uberlândia MG. De modo geral, a pesquisa preten investigar como os professores percebem a utilização que fazem dos métodos flauta doce previstos no programa do CEMCPC. E forma específica, compreenr como os professores utilizam os métodos flauta doce em sala aula, investigar se e como eles seguem as instruções utilização dos métodos flauta doce sugeridas pelos seus autores, investigar se e como eles 1 Trabalho apresentado como Comunicação Pesquisa no IV Encontro Nacional Flauta Doce, realizado pela Universida Feral Pernambuco, 08 a 12 outubro 2010. 1

flexibilizam o uso dos métodos flauta doce ntro do programa proposto, investigar possíveis relações entre o conteúdo dos métodos flauta doce e o repertório escolhido para os diferentes alunos e investigar a percepção do professor acerca da aquação dos métodos flauta doce presentes no programa do CEMCPC para o ensino ste instrumento. Estes objetivos conduziram à pesquisa das seguintes temáticas que compõem a revisão bibliográfica: ensino música nos conservatórios; ensino instrumentos musicais; e o uso da flauta doce na educação musical. A metodologia segue os pressupostos da pesquisa qualitativa com o uso entrevistas semi-estruturadas para a coleta dados. A pesquisa teve início em agosto 2009 e tem conclusão prevista para zembro 2010. REVISÃO DE LITERATURA 1 O ensino música nos conservatórios A palavra conservatório, acordo com Oliveira e Cajazeira (2007), signa [...] um estabelecimento instrução stinado a propagar certos conhecimentos científicos, artísticos ou profissionais. A signação conservatório música adquiriu uma tradição através séculos e nomeia estabelecimentos, principalmente aqueles voltados para o cultivo música, das artes em geral e dos ofícios (OLIVEIRA; CAJAZEIRA, 2007, p. 161). Em Minas Gerais, os conservatórios públicos surgiram na década 1950 e tinham como objetivo ser instituições próprias para o ensino música e proporcionar aos alunos ingressantes a profissionalização na música, com seus diplomas reconhecidos pelo Estado (GONÇALVES, 1993). Des então, esses conservatórios ofereciam cursos técnicos e teóricos e mantinham sempre um mesmo repertório que englobava obras musicais e métodos. Esse tipo repertório ainda é mantido nos conservatórios, o que po ser observado nos programas curriculares diferentes instrumentos. Há autores que questionam esse repertório tradicional e a formação que ele proporciona ao músico. Para Kaplan (1978, p. 15), por exemplo, os currículos na educação musical, carecem : [...] uma renovação fundamental [...], a aprendizagem músico- está ainda em inúmeros aspectos, condicionada a postulados herdados um empirismo tradicionalista e um subjetivismo totalmente nocivos, principais responsáveis pelo fracasso social que o ensino dos Conservatórios e escolas 2

Música apresentam em quase todos os países [...] fracasso este que se manifesta quando comprovamos o baixo índice rendimento, tanto no sentido quantitativo como qualitativo, dos estabelecimentos ora mencionados. No que diz respeito à formação músicos, Oliveira e Cajazeira (2007, p. 39) argumentam que os mols dos conservatórios isolam o iniciador musical do fazer e do prazer, levando o processo ao não fazer. 2 O ensino instrumentos musicais Historicamente, a aprendizagem esteve associada à formação instrumentistas, mas atualmente a tendência é que o ensino música busque uma formação musical mais ampla, trabalhando a musicalização através do instrumento. Para Montadom (1995, p. 71), o ensino não tradicional instrumento proporciona à criança o acesso ao conhecimento da linguagem musical. Para isto, as atividas em sala aula incluem o cantar, movimentar-se, tocar, improvisar e escrever. Para Keith Swaniwick (1994), o ensino instrumento é uma possibilida e necessida ntro do processo aprendizagem musical. Ele ressalta que o professor, além trabalhar a técnica e teoria musical, ve propiciar um fazer musical através várias atividas musicais. Ele afirma que a aula não terá sentido se nela não houver música, e música significa satisfação e controle da matéria, consciência e expressão, e quando possível, o prazer estético da boa forma (SWANWICK, 1994, p. 13). O ensino ve, portanto, abordar além do estudo técnico, o fazer musical, o que é responsabilida do professor ntro da sala aula. Para Swanwick (1979), promover o envolvimento direto com a música e não apenas uma experiência quase musical faz parte da responsabilida dos educadores musicais. Este autor fen que o ensino musical ve oportunizar ao aluno um envolvimento consciente com o objeto musical, o que permite que o professor tenha uma visão cada momento do processo ensino-aprendizagem. Swanwick (1988) nos apresenta duas perspectivas acerca do ensino : ensinar o aluno a dominar tecnicamente o instrumento; e ajudá-lo a tocar forma musicalmente expressiva. Nesse sentido, aprenr a tocar um instrumento veria fazer parte um processo iniciação ntro do discurso musical e a aprendizagem musical acontece através um engajamento multifacetado: solfejando, praticando, escutando os outros, apresentando-se, integrando ensaios e apresentações em público com um programa que também integre a improvisação. 3

3 A flauta doce na educação musical A flauta doce é um instrumento muito utilizado na educação musical, especialmente com crianças e jovens em escolas regulares nível fundamental e médio, em escolas específicas música e em universidas. Para Cuervo (2004, p. 3), isso se ve à sua iniciação técnico-musical ser acessível, além do baixo custo aquisição um molo estudante, para iniciantes em música. Outros autores também apresentam argumentos que reforçam a viabilida do uso da flauta doce nos processos musicalização. Para Mahle (1959, p. 5), a flauta doce é um dos melhores instrumentos para crianças, pois contribui para o senvolvimento do ouvido e da leitura musical. De acordo com Frank (1980, p. 4), a flauta doce soprano é um instrumento fácil transportar, que no início do aprendizado não apresenta grans dificuldas e possibilita a prática conjunto em aulas coletivas. Para Araújo (2003, p. 18), seu uso tem sido justificado pela aquação ao ensino em aulas coletivas e pela relativa facilida inicial no que diz respeito à emissão sonora, embocadura e dilhado. De acordo com Beineke (2003, p. 90), no ensino, e mais, especificamente, no ensino flauta doce, ainda são freqüentes as abordagens que focalizam mais aspectos técnicos do que a compreensão, o que po acarretar o sinteresse do aluno, além aprendizagens pouco significativas. Em contraponto a esta abordagem que enfatiza o trabalho técnico- e forma semelhante ao que vimos em Swanwick (1988), encontramos em Araújo (2003, p. 25) o argumento que o ensino flauta doce ve proporcionar resultados significativos para a aprendizagem musical dos alunos. Esta autora alerta que é fundamental ter a música como foco, e não simplesmente aprenr a tocar flauta doce, em uma execução sprovida expressivida e consciência musical (Araújo, 2003). METODOLOGIA Consirando os objetivos da pesquisa, a metodologia foi lineada ntro uma abordagem qualitativa. Isto porque este tipo metodologia permite screver a complexida terminado problema, analisar e classificar processos dinâmicos ntro relações sociais em maior grau profundida [o que possibilita] a interpretação das 4

particularidas dos comportamentos ou atitus dos indivíduos (OLIVEIRA, 1997, p. 117). Para Chizzotti (1991, p. 78) a pesquisa qualitativa parte fenômenos simples e fatos singulares, expõe a complexida da vida humana e evincia significados ignorados da vida social. Nesse sentido, pesquisadores que adotam a pesquisa qualitativa ixaram verificar a regularida dos fatos sociais para se dicarem à análise dos significados que os indivíduos dão às suas ações, no meio ecológico em que constroem suas vidas e suas relações; à compreensão do sentido dos atos e das cisões dos atores sociais ou, então, dos vínculos indissociáveis das ações particulares com o contexto social em que estas se dão (CHIZZOTTI, 1991, p. 78). 1 Etapas da pesquisa Esta pesquisa será realizada em três etapas. Na primeira, foram senvolvidas as seguintes ações: Desenvolvimento da revisão bibliográfica; Obtenção do programa curricular do curso flauta doce do CEMCPC; Levantamento dos métodos presentes no programa curricular do curso flauta doce do CEMCPC; Levantamento e intificação dos professores que ministram aulas em cada nível do curso flauta doce do CEMCPC; Decisão sobre a necessida seleção uma amostra professores como sujeitos pesquisa. Na segunda ocorreu a elaboração do roteiro entrevistas, a realização das entrevistas com as professoras (gravadas em áudio) e a transcrição ssas entrevistas, bem como uma análise dos métodos contidos no programa do CEMCPC. A terceira etapa, momento atual da pesquisa, é caracterizada pela análise e interpretação dos dados coletados nas entrevistas, à luz da revisão bibliográfica elaborada na primeira etapa. 2 Entrevista Dentro da abordagem qualitativa e consirando os objetivos pesquisa, optouse pela entrevista como técnica coleta dados. Para Ludke & André (1986, p. 34): 5

A entrevista é uma importante técnica trabalho na pesquisa qualitativa sendo bastante utilizada em pesquisas educacionais e também nas ciências sociais. A gran vantagem da entrevista sobre as outras técnicas é que ela permite a captação imediata e corrente da informação sejada, praticamente com qualquer tipo informante e sobre os mais variados tópicos. Dentre os diferentes tipos entrevistas, optou-se pela entrevista semiestruturada que, apesar ter um roteiro pré-finido, permite que o entrevistado senvolva livremente sobre as questões e com isso, o pesquisador po explorar mais amplamente o assunto. 2.1 Elaboração e aplicação do roteiro entrevista O roteiro das entrevistas foi elaborado durante o primeiro semestre 2010 e baseou-se nos objetivos gerais e específicos da pesquisa. Partindo dos objetivos, as questões foram criadas, a princípio, para serem perguntadas igualmente a todos os professores da área flauta doce, mas também consirando a possibilida serem modificadas com o correr da entrevista. Essas modificações poriam ser na orm das perguntas, na pergunta em si, ou até mesmo na inclusão perguntas novas, com a finalida tecer esclarecimentos ao entrevistado e também na tentativa obter esclarecimentos em relação às respostas dadas por eles. No final do processo elaboração, que incluiu a realização um piloto 2, o roteiro entrevistas ficou finido da seguinte forma: Informações scritivas: data e local; horário início e término; nome; função; sexo; ida. Questões: 1. Você utiliza os métodos sugeridos pelo programa flauta doce do CEMCPC em sala aula? 2. Você segue este programa durante o semestre? 3. Você lê os prefácios dos métodos? 4. Você segue as orientações dadas pelos autores para a utilização dos métodos? 5. De que forma você utiliza os métodos flauta doce em sala aula? 6. Você faz adaptações para utilizar os métodos em sala aula? 7. O que você pensa sobre os conteúdos contidos nos métodos? 2 Agraço às colegas do Curso Graduação em Música da UFU, Angélica Beatryz Meiros e Monalisa Dias Lau, por terem colaborado com a pesquisa no momento teste do roteiro entrevistas. 6

8. Quais são as relações que você estabelece entre os conteúdos dos métodos e o repertório que é sugerido pelo programa flauta doce do CEMCPC? 9. Dúvidas/ esclarecimentos. Depois finidas as questões que compõem o roteiro entrevistas, a preocupação seguinte passou a ser com a forma abordar o entrevistado, ou seja, procurar a maneira mais aquada lhe dirigir as perguntas. No momento da entrevista, além estar atenta à pergunta em si, tinha que ter em mente os objetivos da pesquisa para saber reelaborar questões e não correr o risco perr o foco da investigação. Em uma das entrevistas, por exemplo, tive dificulda em manter a condução da entrevista, já que a entrevistada começou a abordar temáticas que não estavam vinculadas com os objetivos pesquisa. Esta preocupação com a condução das entrevistas tem uma natureza ética e visou estabelecer uma relação confiança com as entrevistadas para que elas se sentissem à vonta para responr às questões com sincerida. 2.2 Quem entrevistar? A composição do corpo entrevistados implica em reflexões orm epistemológica quando se trata uma pesquisa qualitativa. Para esta investigação, o corpo entrevistados foi composto professores do CEMCPC, pois o tema da pesquisa é a percepção do professor sobre da utilização que faz dos métodos flauta doce previstos no programa do CEMCPC. Conforme previsto na primeira etapa da pesquisa, foi realizado um levantamento todos os professores atuantes da área flauta doce do CEMCPC. O contato com estes professores e o convite para participação na pesquisa foram feitos por meio uma carta entregue a todos os professores da área flauta doce. Esta carta continha, além do convite, breves explicações a respeito dos objetivos da pesquisa e da forma participação les. Todos os professores da área flauta doce aceitaram participar da pesquisa como entrevistados, o que tornou o corpo entrevistados bastante diversificado, já que inclui professores diferentes faixas etárias, com diversos tipos formação acadêmica e com grans discrepâncias no que diz respeito ao tempo atuação como professor no CEMCPC (alguns já próximos da aposentadoria e outros em início carreira). OS MÉTODOS DE FLAUTA DOCE DO PROGRAMA DO CEMCPC 7

Conforme previsto na primeira etapa da pesquisa, foi realizado um levantamento dos métodos flauta doce sugeridos no programa do CEMCPC. Concomitantemente ao levantamento, foi realizada uma análise dos métodos flauta doce constantes no programa do curso flauta doce do CEMCPC, acordo com o previsto na segunda etapa da pesquisa. Esta análise foi elaborada consirando-se que para conhecer a percepção que o professor tem da utilização que faz dos métodos flauta doce, seria necessário ter um conhecimento abrangente stes métodos. Os métodos flauta doce foram analisados acordo com os seguintes aspectos: orientações técnicas, ensino leitura musical, instrumentação utilizada, abordagem repertório, estilo e gêneros do repertório, tipos atividas musicais e a faixa etária (incluindo aqui se as atividas propostas são stinadas a aulas individuais ou em grupo). Estes aspectos foram organizados no quadro abaixo, seguindo molo encontrado em Araújo (2003, p. 30). Alguns dos métodos do programa curricular do CEMCPC já estavam analisados pela autora e os que faltavam, foram acrescentados. Método MAHLE (1959) Orientações Técnicas Postura (como segurar a flauta), articulação Ensino leitura musical Notas na pauta, figuras musicais Alterações Instrumentação Flauta: solo e duo Abordagem repertório técnicos antecendo o repertório. Repertório: estilos e gêneros infantis e folclóricas do Brasil e outros países Tipo atividas musicais e/ou vocal Indicação faixa etária [aula individual ou grupo] Crianças. Aula individual ou em grupo. AKOSCHKY; VIDELA (1965) Respiração Postura Posição dos Embocadura Articulação Afinação Acompanhamentos rítmicos, melódicos e harmônicos com percussão, violão, voz, pés e palmas, duo flautas, etc. preparatórios para introduzir novos elementos rítmicos e melódicos. Ênfase no repertório do folclore argentino e outros países; músicas compostas por professores e alunos; peças da ida média ao século XVIII e/ou vocal. Improvisação e composição. Apreciação musical. Crianças Aula em grupo TIRLER (1970) Voz Flauta a duas vozes Músicas organizadas por orm dificuldas técnicas infantis e folclóricas e/ou vocal Crianças. Aula individual ou em grupo 8

MASCARENHAS (1978) MONKEMEYER (1985) Soprano e contralto VIDELA (1974) Contralto HAUS; MOCKL (1980) SUZIGAN (2001) CASTRO (2004) Postura embocadura Respiração Sonorida Articulação Posição dos dos Sopro Articulação Respiração Afinação Dedilhados, dilhados trinados, cuidados com a flauta Posição dos dos, forma segurar a flauta Posição dos dos, postura para segurar a flauta Posição dos postura Forma escrita no método, como duração, notação e letra da música Notas na pauta figuras musicais [sugestões para o professor] Notas na pauta Posição do do na flauta, leitura rítmica e melódica. Posição do do na flauta, nota na pauta Posição dos, leitura por gráficos Voz, flauta a duas vozes Flauta: solo e duo acompanha mento com violão ou violino Flauta solo e duo flautas Flauta doce solo, duo flautas, percussão Flauta doce solo, acompanhamento com CD playback Flauta doce solo Músicas organizadas por orm dificuldas técnicas técnicos antecendo a execução do repertório. técnicos organizados por orm dificulda técnica (dilhados, ritmos) técnicos organizados por orm dificulda (inclusão uma nota nova em cada capítulo) técnicos organizados por orm dificulda. Peças musicais abordando a técnica com diferentes notas, ritmos e duração. Notas compostas pela autora e canções folclóricas folclóricas do Brasil e outros países; peças do século XV a XVIII folclóricas e populares diversos países e composições do autor Músicas criadas pelo compositor, canções outros atores com letra da música. Peças infantis, criadas pela autora Música popular e do folclore brasileiro. Peças infantis criadas pela autora, por outros compositores. populares e do folclore brasileiro e outros países. e/ou vocal e /ou vocal. com acompanha mento do playback.. Crianças 6 a 9 anos. Aula em grupo. Adultos, jovens e crianças maiores. Aula individual. Jovens, adultos, aulas individuais ou em grupos Crianças, jovens e adultos Jovens e crianças Crianças, aula em grupo ou individual CONSIDERAÇÕES FINAIS 9

Este artigo apresentou parte uma pesquisa em andamento, com ênfase na análise dos métodos que são sugeridos no programa do curso flauta doce do CEMCPC. O quadro mostrado na seção anterior sintetizou esta análise, pautada nos seguintes aspectos: orientações técnicas, ensino leitura musical, instrumentação utilizada, abordagem repertório, estilo e gêneros do repertório, tipos atividas musicais e faixa etária. Houve certa dificulda neste processo levantamento e análise dos métodos, pois alguns les não fazem parte do acervo da biblioteca do Conservatório e só foram encontrados nos acervos particulares professoras da área flauta doce. Outros métodos nem são mais utilizados pela equipe professoras, modo que foram sconsirados nesta investigação. A realização sta análise foi fundamental importância para a etapa subseqüente, que foi a elaboração e condução das entrevistas. Foi a partir da análise, por exemplo, que se pensou em um dos objetivos específicos da pesquisa: investigar a relação entre os conteúdos dos métodos e o repertório escolhido para os alunos. A pesquisa encontra-se em fase análise e interpretação dos dados coletados nas entrevistas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AKOSCHKY, Judith; VIDELA, Mario A. Iniciación a la flauta dulce. Tomo I. Buenos Aires: Ricordi, 1965. ARAÚJO, Rosali Vigiano. O ensino flauta doce na prática estágio do curso música a UEL. Dissertação (Monografia), Universida Estadual Londrina, Paraná, 2003, 54 p. BEINEKE, Viviane. O ensino Flauta Doce na Educação Fundamental. In: HENTSCHKE, L.; DEL BEM, L.(org.). Ensino música propostas para pensar e agir em sala aula. São Paulo: Morna, 2003, p. 97 124. CASTRO, Tereza. Cada do cada som: canções crianças para flauta doce. Belo Horizonte: Mega Consulting, 2004. CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo: Cortez, 1991. CUERVO, Luciane. Música brasileira para flauta doce: uma proposta mocratização ao acesso do repertório. In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MUSICAL, XIII, outubro, 2004, Rio Janeiro. Anais... Rio Janeiro. CD-Rom. FRANK, Isol Mohr Frank. Pedrinho toca flauta. V. 1. São Leopoldo: Sinodal, 1980. 10

GONÇALVES, Lilía Neves. Educar pela música: Um estudo sobre a criação e as concepções pedagógico-musicais dos Conservatórios Estaduais Mineiros na década 50. Dissertação (Mestrado), Instituto Artes, Universida Feral do Rio Gran do Sul. Porto Alegre, 1993, 179p. GREGORIO, N. A. 50 estudos melódicos e progressivos para flauta doce soprano. São Paulo: Ricordi, 1974. KAPLAN, José Alberto. O ensino piano O domínio psico-motor nas práticas curriculares da educação músico-intrumental. João Pessoa: Editora Universitária / UFPB, 1978. p. 38 (coleção Texto didático Série Pedagogia/2). LUDKE, Menga; ANDRÉ, Marli. Métodos coleta dados: observação, entrevista e análise documental. IN. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986, p. 25-44. MAHLE, Maria Aparecida. Primeiro carno flauta-block. Rio Janeiro: Vitale, 1959. MASCARENHAS, Mario. Minha doce flauta doce. V. 1. Rio Janeiro: Vitale, 1978. MONKEMEYER, Helmut. Método para flauta doce contralto. São Paulo: Ricordi, 1985.. Método para flauta doce soprano. São Paulo: Ricordi, 1985. MONTANDON, Maria Isabel. Aula piano ou aula musica? O que pomos entenr por ensino música através do piano. Em pauta, Porto Alegre, v.11 p. 59 79, Nov. 1995. OLIVEIRA, Silvio Luiz. 1943. Tratado Metodologia Cientifica: projetos pesquisas, TGI, TCC, monografias, dissertações e teses / Silvio Luiz Oliveira. 2. ed. São Paulo: Pioneira, 1997. p.117 e 119. OLIVEIRA, Alda; CAJAZEIRA, Regina (Orgs.) Educação Musical no Brasil. Salvador: P&A, 2007. 422p. SWANWICK, Keith. Music, mind and education. London: Routledge, 1988.. Ensino Instrumental enquanto ensino música. Carno estudo em Educação Musical. São Paulo: Através, vol. 4/5, p. 7-14, Nov. 1994. TIRLER, Helle. Vamos tocar flauta doce. V. 1. São Leopoldo: Editora Sinodal, 1970. VIDELA, Mario A. Método completo para flauta dulce contralto. Tomo II. Buenos Aires: Ricordi, 1974. 11