RELATÓRIO ÚNICO DE GESTÃO

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P L A N O D E A C T I V I D A D E S

Transcrição:

RELATÓRIO ÚNICO DE GESTÃO 01 GRUPO MARTIFER Mensagem do Conselho de Administração Destaques Principais Indicadores Financeiros Principais Acontecimentos 02 ENQUADRAMENTO Atividade Presença Internacional Histórico Envolvente de Mercado 03 DESEMPENHO FINANCEIRO Análise de Resultados Consolidados Proveitos Operacionais EBITDA e Resultado Líquido Investimento Consolidado Análise da Estrutura de Capital Consolidada 04 ANÁLISE POR SEGMENTO Construção Metálica Renewables Solar 05 DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS INDIVIDUAIS 06 COMPORTAMENTO DA AÇÃO MARTIFER 07 PERSPETIVAS FUTURAS 08 PRINCIPAIS RISCOS Riscos Financeiros Riscos Operacionais Riscos Jurídicos 09 PROPOSTA DE APLICAÇÃO DE RESULTADOS 10 OUTRAS INFORMAÇÕES INFORMAÇÃO OBRIGATÓRIA INFORMAÇÃO FINANCEIRA CONSOLIDADA 11 DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS CONSOLIDADAS 12 NOTAS ÀS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS CONSOLIDADAS 2 RELATÓRIO E CONTAS 2015

INFORMAÇÃO FINANCEIRA INDIVIDUAL 13 DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS INDIVIDUAIS 14 NOTAS ÀS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS INDIVIDUAIS RELATÓRIO DE GOVERNO SOCIETÁRIO RELATÓRIOS DE AUDITORIA E FISCALIZAÇÃO Nota: Este relatório adota o novo acordo ortográfico. RELATÓRIO E CONTAS 2014 3

4 RELATÓRIO E CONTAS 2015

6 RELATÓRIO E CONTAS 2015

01 01 GRUPO MARTIFER MENSAGEM DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO Exmos.Senhores Acionistas, O ano de 2015 foi particularmente exigente tendo em conta as difíceis condições da economia mundial e, em especial, do setor da construção, mas foi também bastante positivo para a Martifer, que conseguiu aumentar o volume de negócios face ao ano anterior em cerca de 17 %, uma recuperação significativa na performance operacional, com um EBITDA positivo de cerca de 11,4 milhões de euros e um resultado líquido do exercício positivo de 1,2 milhões de euros (incluindo interesses não controlados). Conseguimos também atingir os principais objetivos na execução do Plano de Ação para 2015, nomeadamente a conclusão do processo de reestruturação financeira, a melhoria dos processos e da eficiência operacional e a reorganização da presença internacional. Continuámos a concretizar a estratégia de venda de ativos não core, tendo sido materializada a venda de alguns imóveis em Portugal e na Polónia e o processo de alienação do segmento de construção no Brasil. A conclusão da reestruturação financeira, com o acordo alcançado com as principais instituições financeiras, permitiu, entre outros, reduzir significativamente o custo de financiamento e aumentar a maturidade média da dívida (para cerca de oito anos), além de reforçar a estrutura de capital permanente. Na área de Construção Metálica: Reforçámos a capacidade operacional da West Sea (Estaleiro Naval em Viana do Castelo); Avançámos com a simplificação societária através da fusão de diversas sociedades. Na área de Renewables: Concluímos a venda do Parque Eólico de Gizalki, na Polónia, ao grupo Ikea. Na sequência do que fizemos em 2014 e 2015, em 2016 continuaremos focados nos principais objetivos definidos na estratégia do Grupo: Reforço da presença internacional; Focalização no negócio core de construção metálica, indústria naval e na renewables através da rotação de ativos; Consolidação do modelo organizacional adotado mantendo o foco em: Redimensionamento e adequação da estrutura em linha com o reforço da presença internacional; Melhoria dos processos de negócio e da eficiência operacional; Desenvolvimento e retenção dos recursos humanos; Otimização do footprint industrial e ajustamento dos layouts produtivos. Melhoria da situação financeira e da dívida do Grupo: Desinvestimento nos negócios não core e alienação de ativos imobiliários; Redução de cash costs, através de um programa de otimização da estrutura de custos e do fundo de maneio; Redução gradual da dívida e do rácio dívida/ebitda. Uma referência também para o facto de, em 2015, a Martifer ter celebrado o seu 25º aniversário, uma data simbólica que nos deixa orgulhosos, particularmente aos seus fundadores. Por último, agradecemos aos nossos colaboradores e colegas pelo empenho demonstrado e com quem continuamos a contar para atingir os objetivos definidos, e a todos os nossos stakeholders pelo apoio e confiança depositada. 8 RELATÓRIO E CONTAS 2015

01 DESTAQUES Total de Proveitos Operacionais de 253 M dos quais 238 M na Construção Metálica e 14 M na Renewables Total de Proveitos Operacionais no 4T2015 com um crescimento de 23 % face ao 3T2015 Recuperação significativa na performance operacional, com um EBITDA positivo de cerca de 11,4 M Resultado Líquido positivo em 1,2 M, incluindo interesses não controlados Carteira de encomendas na Construção Metálica regista um crescimento YTD de 6,5 % para os 262 M Dívida Líquida com uma redução de 23 M face a dez 2014, num perímetro comparável (i. é, sem Solar) para 260 M PRINCIPAIS INDICADORES FINANCEIROS M DEZ-15 DEZ-14 VAR.% Proveitos Operacionais 252,6 225,8 12% EBITDA 11,4 6,0 90% Margem EBITDA 4,5% 2,7% 1,9 pp Amortizações e depreciações -12,0-14,6 18% Provisões e perdas de imparidade 0,1-38,6 n.m. EBIT -0,5-47,3 99% Margem EBIT -0,2% -20,9% 20,7 pp Resultados financeiros 3,0-19,4 n.m. Resultados antes de impostos 2,5-66,7 n.m. Impostos -0,5-4,9 89% Resultados depois de impostos de atividades continuadas 2,0-71,5 n.m. Resultados de atividades descontinuadas -0,8-65,2 99% Atribuível a interesses não controlados 0,2-34,4 n.m. Atribuível ao Grupo -1,0-30,7 97% Resultado líquido do exercício 1,2-136,7 n.m. Atribuível a interesses não controlados 1,7-43,2 n.m. Atribuível ao Grupo -0,5-93,5 99% Resultado por ação -0,005-0,957 99% GRUPO MARTIFER 9

01 2015 4 1 11 253 2014-137 6 15 226 2013-71 10 16 320-200 -100 0 100 200 300 400 M Capex RLE EBITDA Proveitos Operacionais PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS JANEIRO 2015 West Sea assina o segundo contrato de construção naval A West Sea e a Scenic assinaram um contrato de construção de um navio-hotel, Scenic Azure. Com cerca de 80 metros de comprimento, o novo navio irá realizar cruzeiros no rio Douro, e deverá estar concluído até fevereiro de 2016. ABRIL 2015 Martifer Metallic Constructions ganha projeto no setor dos transportes na América Latina Foi adjudicada à Martifer Metallic Constructions a execução de estrutura metálica da Estação de Bello Monte do Metro de Caracas, na Venezuela. MAIO 2015 Assembleia Geral Anual da Martifer SGPS, S.A. Em 14 de maio de 2015 ocorreu a Assembleia Geral Anual da Martifer SGPS, S.A., com a participação de 80,38 % da totalidade do seu capital social, tendo sido aprovadas por unanimidade todas as propostas da Ordem de Trabalhos constante da convocatória. 10 RELATÓRIO E CONTAS 2015

01 JULHO 2015 West Sea assina contrato para a construção de dois Navios Patrulha Oceânicos Foi adjudicada à West Sea, em consórcio com a sociedade EDISOFT, S.A., a construção de dois Navios Patrulha Oceânicos para a Marinha Portuguesa pelo valor global de 77 milhões de euros, s/ IVA. A West Sea tem uma participação de 83,64 % no Consórcio. A entrada em vigor do contrato celebrado entre o Estado Português e o Consórcio ficou dependente do Visto do Tribunal de Contas, o qual foi concedido em setembro. SETEMBRO 2015 Martifer chega a acordo para a alienação do segmento de construção no Brasil No âmbito do plano de reestruturação do Grupo, a Martifer chegou a acordo com um grupo de investidores para a realização de uma operação de alienação da totalidade das quotas e transferência de responsabilidades das suas participadas de direito brasileiro, no segmento de Construção, Martifer Construções Brasil Ltda. e Martifer Alumínios Brasil Ltda.. A operação implicou um impacto nulo no 'Free Cash Flow To Equity projetado do grupo Martifer. O Grupo mantém presença no Brasil através do segmento das energias renováveis. O acordo de alienação foi assinado em setembro, tendo sido apenas comunicado no dia 24 de outubro, após confirmação do registo da operação pelas entidades brasileiras competentes. OUTUBRO 2015 Ventinveste celebra acordo para alienação de portefólio eólico A Ventinveste, sociedade detida em parceria entre a Martifer e a Galp Energia, celebrou com a EDP Renováveis um acordo para a alienação de cinco sociedades titulares de licenças e direitos de interconexão à rede para capacidade de produção eólica a instalar de 216,4 MW, por um valor de referência de cerca de 17 milhões de euros. A concretização da operação depende de aprovação pelas autoridades administrativas e de concorrência competentes. NOVEMBRO 2015 Martifer Renewables conclui acordo de venda do parque eólico A Martifer Renewables concluiu o acordo para a venda do parque eólico de Gizalki ao grupo Ikea. Este acordo foi celebrado em junho de 2014 e estava condicionado à conclusão da construção e ligação à rede do parque eólico. DEZEMBRO 2015 Martifer chega a acordo para reestruturação financeira No âmbito das prioridades delineadas no plano de reestruturação, a Martifer chegou a acordo com um grupo de instituições financeiras credoras para a reestruturação do passivo bancário dos perímetros da Holding e segmento Construção Metálica. O montante global dos financiamentos reestruturados ascende a aproximadamente 260 milhões de euros, correspondente a cerca de 85 % da dívida financeira consolidada do grupo Martifer com referência a 30 setembro de 2015. GRUPO MARTIFER 11

01 PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS SUBSEQUENTES FEVEREIRO 2016 West Sea entrega primeiro navio construído em Viana do Castelo A West Sea entregou, em fevereiro, à Douro Azul, o primeiro navio construído pela empresa em Viana do Castelo. O Viking Osfrid é um navio de cruzeiros fluviais e foi batizado em março. Desde a data de referência das contas não ocorreram outros factos que afetem a informação financeira divulgada. 12 RELATÓRIO E CONTAS 2015

02 02 ENQUADRAMENTO ATIVIDADE A Martifer iniciou a sua atividade em 1990, no setor das estruturas metálicas. Desde 2014, na sequência das decisões estratégicas definidas, a Martifer focalizou a sua atividade no setor de Construção Metálica. O Grupo, cuja holding é a Martifer, SGPS, S.A., desenvolve também outras atividades e gere participações financeiras, nomeadamente no segmento Renewables através da promoção e desenvolvimento de parques eólicos e no segmento Solar através da participação financeira de 55 % na Martifer Solar, S.A., considerada desde setembro de 2014 como um ativo detido para venda. HOLDING A Martifer, SGPS, S.A. é a holding do Grupo. Com as adaptações ao modelo de governance incrementadas no decurso do ano de 2012, a Martifer, SGPS, S.A. posiciona-se como uma Sociedade Gestora de Participações Financeiras, estabelecendo e definindo regras e políticas de Grupo e monitorizando as atividades das Áreas de Negócio, às quais foi atribuído um maior grau de independência e poder de decisão. As áreas de negócio atuam de forma autónoma, seguindo as orientações estratégicas aprovadas a nível da holding, com base em orçamentos e planos de negócio anuais aprovados pelos administradores executivos da Martifer, SGPS, S.A. CONSTRUÇÃO METÁLICA A Martifer Metallic Constructions, SGPS, S.A., subholding para o segmento de negócio da Construção Metálica detida em 75 % pela Martifer, SGPS, S.A., é um player reconhecido globalmente no setor. A empresa (e suas participadas) está focada em três grandes polos geográficos: Europa e Médio Oriente, África e América Latina, e conta com unidades industriais que lhe permitem, a partir destes polos, construir os projetos mais complexos em locais tão diversificados como, por exemplo, Jeddah, na Arábia Saudita, Djelfa, na Argélia ou Lyon, em França. As suas unidades industriais estão localizadas em Portugal, na Roménia, em Angola, em Moçambique (em parceria) e na Argélia (em parceria). Esta área de negócio centra a sua estratégia de desenvolvimento na diferenciação pela qualidade da engenharia e vocação para projetos de grande complexidade. A Martifer Metallic Constructions espera seguir uma estratégia direcionada recorrendo a parcerias com empresas de segmentos complementares, que lhe permitam não só oferecer soluções mais completas, mas também ganhar uma maior dimensão, principalmente no panorama internacional. Fornece soluções globais e inovadoras de engenharia, nomeadamente nos segmentos de construção metalomecânica, alumínio e vidro, infraestruturas para oil & gas e indústria naval (através das subsidiárias Navalria e West Sea). Esta atividade industrial e comercial conta com uma capacidade de produção que lhe permite realizar projetos em vários continentes, sendo que, no final de 2015, contava com 1 674 colaboradores. RENEWABLES A Martifer Renewables, SGPS, S.A., subholding para o segmento de negócio Renewables detida a 100 % pela Martifer, SGPS, S.A., atua como um developer de energias renováveis, principalmente no desenvolvimento de parques eólicos e solares fotovoltaicos. Mais do que acumular potência em exploração, a estratégia da Martifer Renewables assenta numa rigorosa utilização de capitais no desenvolvimento e construção de projetos, tendo implementado uma política de rotação de ativos em processo de desenvolvimento, gestão da construção, gestão de ativos e operação e manutenção (O&M). 14 RELATÓRIO E CONTAS 2015

02 Esta área de negócio, que contava com 39 colaboradores no final do ano, tem uma vasta experiência em desenvolvimento e gestão de parques solares e eólicos estando presente em cinco países: Portugal, Espanha, Roménia, Polónia e Brasil. Detendo, na totalidade ou em parceria, um portefólio de mais de 100 MW em operação, a Martifer Renewables já desenvolveu e construiu mais de 700 MW em diferentes geografias tendo como parceiras, nos últimos projetos vendidos, empresas de destaque como o IKEA na Polónia ou o Banco Santander, a CPFL e a Tractebel no Brasil. Em 2015 a Martifer Renewables vendeu o projeto de Gizalki (36 MW) na Polónia e acordou a venda dos projetos Assú (90 MW) e Floresta (80 MW) no Brasil. Em Portugal, através da sua associada Ventinveste, acordou a venda de 216 MW à EDP e iniciou, através da parceria criada pela Ventinveste com o grupo Ferrostaal, a construção de 171,6 MW de projetos eólicos. SOLAR A Martifer Solar, S.A., detida em 55 % pelo grupo Martifer, desempenha atualmente um papel de liderança na indústria fotovoltaica, devido à sua capacidade de adaptação a um setor em constante mudança e uma experiência comprovada assente na utilização de tecnologia de vanguarda, em qualificações técnicas avançadas e numa equipa competente e motivada. As principais atividades desta área são o desenvolvimento de projetos fotovoltaicos, a instalação de projetos EPC (Engenharia, Procurement e Construção), serviços de O&M especializados e distribuição de equipamentos PV, através da sua subsidiária MPrime. A Martifer Solar atua em todos os segmentos de mercado: projetos em solo, coberturas, BIPV, micro e minigeração e off-grid. Em operação desde 2006, a empresa continua a expandir-se internacionalmente, iniciando atividade em novos países, estando atualmente presente em mais de 20 países na Europa, em África, na Ásia e no Médio Oriente, na América do Norte e na América do Sul. A Martifer Solar participou na implementação de mais de 670 MW de energia solar fotovoltaica em todo o mundo. Esta área de negócio contava com 267 colaboradores no final de 2015. Em setembro de 2014, o Grupo passou a classificar o segmento de negócio Solar (composto pela Martifer Solar, S.A. e suas participadas) como um ativo não corrente detido para venda. Esta alteração resultou do facto de estar em execução um plano de venda do interesse económico (atualmente de 55 %) do grupo Martifer na Martifer Solar. Em suma, atualmente o Grupo está organizado da seguinte forma: CONSTRUÇÃO METALOMECÂNICA ALUMÍNIO E VIDRO EQUIPAMENTOS PARA OIL & GAS INDÚSTRIA NAVAL DESENVOLVIMENTO DE ATIVOS DE ENERGIA EÓLICA GESTÃO DA CONSTRUÇÃO GESTÃO TÉCNICA E OPERAÇÃO DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS EPC SOLUÇÕES PV DISTRIBUIÇÃO O&M ENQUADRAMENTO 15

02 PRESENÇA INTERNACIONAL 16 RELATÓRIO E CONTAS 2015

02 HISTÓRIA 1990 Em fevereiro de 1990, a Martifer é constituída como sociedade por quotas, com um capital social de aproximadamente 22 500 euros (4 500 mil escudos) e sede na Zona Industrial de Oliveira de Frades, que se mantém até aos dias de hoje. No final do primeiro ano de atividade, a Martifer contava com 18 colaboradores e um volume de negócios de 240 mil euros. 1998 A 26 de maio, a empresa, já com mais de 100 colaboradores, é transformada em sociedade anónima alterando a sua estrutura acionista. O capital social da empresa passou a ser detido pela MTO SGPS (atualmente I M SGPS) e pela ENGIL SGPS (atualmente MOTA-ENGIL SGPS). Em Portugal decorre a Expo 98, com a participação da Martifer em várias obras, como a torre Vasco da Gama. 1999 Em novembro, a Martifer dá início ao processo de internacionalização para Espanha, com o objetivo de se afirmar como uma das empresas de referência na construção metálica daquele país. 2002 A Martifer cria a sua segunda fábrica em Portugal, localizada em Benavente, para dar resposta à construção dos estádios do Euro2004. 2003 Em fevereiro de 2003, a Martifer continua com o processo de internacionalização com a criação de uma unidade industrial em Gliwice, na Polónia. Esta entra em laboração no 2.º semestre de 2004. 2004 Em fevereiro, a Martifer inicia a atividade no setor dos equipamentos para energia renovável, através da Martifer Energia. Esta empresa dedica-se ao fabrico de torres metálicas para aerogeradores eólicos e está instalada na Zona Industrial de Oliveira de Frades. Em novembro, é criada a Martifer SGPS, S.A., que tem como objetivo gerir as participações sociais das empresas do grupo Martifer. ENQUADRAMENTO 17

02 2005 A atividade de estruturas metálicas alarga o seu mercado de atuação na Europa Central, abrindo delegações na Roménia, República Checa, Eslováquia e Alemanha. Iniciam-se investimentos na área da Agricultura e de Biocombustíveis na Roménia. A Martifer passa a ser um dos acionistas de referência da alemã REpower Systems AG, um dos maiores produtores mundiais de equipamentos para a energia eólica, terminando o exercício com uma participação financeira de 25,4 %. Em junho é constituída a REpower Portugal, tendo em vista o mercado de construção de parques eólicos, assistência e assemblagem de aerogeradores. Em agosto, o grupo Martifer cria mais uma sociedade, denominada de M Energy (hoje, Martifer Renewables) com o principal propósito de centralizar a gestão de todas as atividades na área da promoção de energias renováveis. 2006 Em março, através do consórcio Ventinveste, a Martifer entrega a candidatura ao concurso para atribuição de licenças para a produção de energia eólica em Portugal. Em maio, dá-se a constituição da Martifer Solar, com objeto social de projeto, conceção, fabrico e instalação de painéis solares. No final do ano, a Martifer recebe o 1.º prémio de excelência pela promoção de novas áreas de investimento e negócio, atribuído pela Câmara de Comércio e Indústria da Roménia. 2007 Em fevereiro, a Martifer, aliada ao grupo indiano Suzlon, lança uma OPA sobre a REpower. O consórcio passa a controlar 56,93 % da empresa e, fruto do acordo realizado entre a Areva e a Suzlon, passou a controlar 87,1 % dos direitos de voto da REpower. A Martifer acorda vender a sua participação na REpower à Suzlon em 2009 por 270 milhões de euros. O consórcio Ventinveste - constituído pela Martifer, Galp Energia, Enersis, a Efacec e REpower Systems AG - obteve o primeiro lugar da "Fase B do concurso público lançado pelo governo Português para a atribuição de 400 MW de capacidade de injeção e dos respetivos pontos de receção associados à produção de energia elétrica em centrais eólicas. Em junho, concluiu-se a oferta pública inicial da Empresa (IPO). A Empresa recolheu 199 milhões de euros de fundos através de uma oferta de 25 milhões de ações, que foram colocadas no ponto máximo do intervalo de preços, 8 euros por ação. Após o IPO, a Empresa contava com 65 mil novos acionistas. A Martifer Solar formalizou o contrato com a Spire Corporation para o fornecimento chave na mão da linha automatizada de produção de módulos fotovoltaicos com capacidade anual de 50 MW. O Grupo foi ainda distinguido com o prémio "Organic Grower of the Year 2007 pela A.T. Kearney "Global Growth Assessment. 18 RELATÓRIO E CONTAS 2015

02 2008 A Martifer Energy Systems adquire a Navalria. O valor da aquisição ascendeu a 4,7 milhões de euros. O Presidente e o Vice-Presidente da Martifer, Carlos Martins e Jorge Martins, respetivamente, foram os vencedores da segunda edição nacional do prémio atribuído pela Ernst & Young, Entrepreneur of the Year 2007. Teve início a produção nas unidades industriais de assemblagem de aerogeradores, de componentes para parques eólicos e de módulos fotovoltaicos. 2009 A Martifer e a Hirschfeld criam uma Joint Venture para a produção de componentes para energia eólica nos EUA. A fábrica de construções metálicas em Angola (15 000 toneladas de capacidade) inicia a produção no segundo semestre do ano. A Martifer Renewables ultrapassa os 100 MW de capacidade instalada em maio e, já no final do ano, vence 217,8 MW no primeiro leilão eólico realizado no Brasil. Em outubro, o Grupo adota um novo modelo de governo: Carlos Martins assume funções de chairman, Jorge Martins funções de CEO e Mário Couto é nomeado CFO. 2010 Em março, a Martifer procedeu à alienação de 11 % na Prio Foods e Prio Energy pelo valor de 13,75 milhões de euros, reduzindo, desta forma, a sua participação de 60 % para 49 % do capital social, naquelas empresas e nas respetivas subsidiárias. Ainda nesse mês, a subsidiária Martifer Metallic Constructions adquire 45 % do capital social da Martifer Alumínios à HSF SGPS, passando a deter a totalidade do capital da empresa. Em abril, a Martifer Solar aumenta o seu capital social para 50 milhões de euros, de forma a responder às necessidades de investimento da empresa, fortalecendo a sua estrutura de capital. Em setembro e outubro, a Martifer Solar finaliza a construção dos dois maiores parques fotovoltaicos do continente africano, localizados em Cabo Verde, nas ilhas do Sal e de Santiago. Já no final do ano, e no seguimento da política de rotação de ativos implementada na Martifer Renewables, o Grupo vende os parques que detinha na Alemanha, Bippen e Holleben, com 53,1 MW de capacidade instalada. Ainda em dezembro, a Martifer Solar celebra um acordo com a EDP para a alienação de 60 % da Home Energy. ENQUADRAMENTO 19

02 2011 A Martifer torna-se numa multinacional com mais de 3 000 colaboradores em todo o mundo, focada essencialmente em duas áreas de negócio: construção metálica e solar. O Grupo aumentou a sua exposição a mercados fora da Europa, com a entrada em mercados promissores. Na construção metálica, destacou-se, no primeiro semestre do ano, o início da construção da fábrica de estruturas metálicas num dos mercados com maior potencial de crescimento para os próximos anos: o Brasil. Na solar, assistimos à adjudicação do primeiro projeto de energia solar fotovoltaica na Índia, em junho. Em fevereiro, e seguindo a orientação estratégica do Grupo de focalização nas suas atividades core, a Martifer vendeu a sua participação de 50 % na REpower Portugal à REpower Systems AG. 2012 2012 é o ano do pleno funcionamento da fábrica da Martifer Metallic Constructions no Brasil. Com capacidade para produzir 12 000 toneladas de estrutura metálica por ano, esta fábrica visa dar resposta aos grandes projetos da empresa no Brasil. A Martifer Solar conquista o seu primeiro projeto no Brasil: uma instalação fotovoltaica de 300 kw numa fábrica do grupo General Motors em Joinville, no estado de Santa Catarina. A empresa continuou, também, o seu processo de internacionalização com a entrada na Ucrânia, na Roménia e no México. 2013 Em 2013, a Martifer Solar constrói o maior parque PV da América Latina (30 MW), no México. A empresa foi responsável pela engenharia, fornecimento e construção do parque, e ficou também encarregue dos posteriores serviços de Operação e Manutenção (O&M). A Martifer Renewables concluiu o terceiro parque eólico na Polónia (Rymanów) para o grupo Ikea. O parque, com 26 MWp, foi inaugurado em junho. Em novembro, no âmbito de um concurso público internacional, foi adjudicada à Martifer Energy Systems e à Navalria, subsidiárias do grupo Martifer, a subconcessão dos terrenos e infraestruturas dos ENVC (Estaleiros Navais de Viana do Castelo). 20 RELATÓRIO E CONTAS 2015

02 2014 No início do ano, a Martifer assina o contrato de subconcessão dos terrenos e infraestruturas dos antigos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC). É em maio que a West Sea, empresa criada pela Martifer para assumir a subconcessão, começa a laborar em Viana do Castelo. Já no final do ano, a West Sea assina o primeiro contrato para construção naval. Ainda em 2014, o Brasil recebe o Campeonato Mundial de Futebol, com a Martifer Metallic Constructions a participar na construção de três estádios: Arena Fonte Nova (Salvador da Bahía), Arena Castelão (Fortaleza) e Arena da Amazônia (Manaus). Também a Martifer Solar esteve presente neste evento, com a construção da cobertura solar fotovoltaica do Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte. 2015 É em 2015 que a West Sea assina um contrato com a Marinha Portuguesa para a construção de dois Navios Patrulha Oceânica. No setor das renováveis, o Grupo conclui e vende o seu quarto projeto eólico na Polónia, Gizalki, ao grupo Ikea, e assina um acordo para a venda de um portefólio de 216,4 MW em Portugal à EDP Renováveis. ENQUADRAMENTO 21

02 ENVOLVENTE DE MERCADO ECONOMIA GLOBAL Crescimento Económico As prospeções para o crescimento global apontam para um crescimento inferior em 2016 face a 2015. De facto, diversos fatores condicionam a evolução das economias globais. Primeiro, os importantes desequilíbrios económicos da China, que enquanto uma das maiores economias importadoras e exportadoras a nível global, afeta a globalidade das economias, onde atualmente se observa um recuo da atividade em consequência de investimento e do consumo de bens e serviços inferiores. Segundo, a queda dos preços das commodities, principalmente energéticas e agrícolas, afeta de forma oposta a evolução económica dos países que são claramente exportadores (economias emergentes na sua grande maioria) e importadores (geralmente economias desenvolvidas). Por fim a divergência na direção das políticas monetárias, por um lado contracionistas, em países que 22 RELATÓRIO E CONTAS 2015

02 apresentam crescimentos sustentados tal como os Estados Unidos e, por outro lado, políticas expansionistas, tal como na Área Euro e no Japão, onde o contexto macroeconómico obriga a intervenção dos bancos centrais, por exemplo, no que diz respeito ao objetivo para a inflação em ambos os casos, inflação muito baixa ou próxima de 0 %. Em suma, para 2016, todas as regiões e grupos de países deverão crescer, embora menos do que em 2015. De facto, a economia chinesa está significativamente interligada, via comércio internacional, com o resto do mundo. O recuo da atividade interna chinesa afeta o ritmo das suas exportações para o resto do mundo, bem como a sua procura interna por bens e serviços, ambos interagindo substancialmente com setor industrial e da construção. O preço das commodities teve um importante declínio durante o ano de 2015. O setor da energia registou uma queda nos preços de mais de 30 %, sendo o principal fator o excesso de oferta registado no mercado, que apesar dos preços baixos, não levou ao recuo da produção esperado. Acresce a isto a contribuição da oferta iraniana no mercado, depois da chegada a acordo com as seis potências mundiais (EUA, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha). Quanto às commodities agrícolas, estas foram significativamente afetadas pelas favoráveis condições climatéricas, que beneficiaram a produção, inundando o mercado com excedentes de oferta e de stocks. Por fim, os metais industriais registaram também, no decorrer do ano 2015, preços historicamente baixos. Neste contexto de baixos preços de commodities, as economias emergentes, tradicionalmente exportadoras, verificaram importantes quedas nas suas receitas já que são significativamente dependentes do comércio, neste caso, de matérias-primas. Por outro lado, as economias avançadas, ainda a recuperar da crise financeira de 2007 e tradicionalmente importadoras, beneficiaram deste cenário, mas não o suficiente para compensar o recuo verificado nas economias emergentes. As economias avançadas enfrentam atualmente um importante desafio atingir o objetivo da inflação. De facto, o Banco Central Europeu e o Banco do Japão implementam políticas monetárias fortemente expansionistas, injetando liquidez no mercado de forma a estimular as economias. Contudo, as previsões para a inflação continuam baixas e ambas as moedas têm incentivos a depreciar face ao dólar americano. Por sua vez, os Estados Unidos, crescem a um ritmo sustentado e aplicam políticas monetárias contracionistas. A divergência das políticas monetárias estimula a apreciação do dólar, em detrimento, neste caso, do euro. Em síntese: 1. Recuo da atividade económica chinesa impacta a economia global. 2. Queda generalizada dos preços das commodities: energéticas, agrícolas e metais. 3. Impactos diferenciados da queda dos preços nas economias tradicionalmente exportadoras versus economias importadoras. 4. Políticas monetárias levadas a cabo pelo Banco Central Europeu com vista a atingir o objetivo da inflação de 2 % forte injeção de liquidez no mercado interbancário. 5. Taxas de juro de referência para a Europa a manter-se em mínimos históricos, enquanto estímulo à economia do Banco Central Europeu. 6. Retoma do crescimento e do emprego em Portugal em 2015 e previsões igualmente otimistas para 2016. ENQUADRAMENTO 23

02 Indicadores Globais (2009-2016e) 2011 2012 2013 2014 2015f 2016e PIB, Var. % anual EUA 1,8% 2,3% 2,2% 2,4% 2,4% 2,52% Zona Euro 1,5% -0,7% -0,4% 1,4% 1,5% 1,8% Alemanha 3,3% 0,7% 0,5% 1,6% 1,5% 1,8% Portugal -1,3% -3,2% -1,4% 0,9% 1,7% 1,9% Inflação, Var. % anual EUA 3,1% 2,1% 1,5% 1,6% 0,1% 1,8% Zona Euro 2,7% 2,5% 1,3% 0,5% 0,0% 0,9% Alemanha 2,5% 2,1% 1,6% 0,9% 0,2% 1,0% Portugal 3,6% 2,8% 0,4% -0,3% 0,5% 0,7% Taxa de Desemprego, Var. % anual EUA 8,9% 8,1% 7,4% 6,1% 5,3% 5,0% Zona Euro 10,2% 11,3% 11,9% 11,6% 12,4% 10,3% Alemanha 6,1% 6,8% 5,3% 5,0% 4,6% 6,2% Portugal 12,7% 15,7% 16,2% 14,1% 12,7% 12,2% Peso do Défice, % PIB EUA -8,7% -7,0% -4,1% -5,8% -4,6% -2,6% Zona Euro -4,1% -3,7% -3,0% -2,5% -1,8% -1,9% Alemanha -0,8% 0,2% -0,2% -0,2% +0,2% +0,1% Portugal -4,4% -6,4% -4,9% -4,0% -2,4% -3,4% Preço do Crude USD por Barril 107,4 111,1 110,8 57,3 37,3 40.9 Taxas de Juro, Final do ano (%) Taxas de Juro - Fed (Fed Funds) 0,25% 0,25% 0,25% 0.25 % 0,5% 1% - BCE 1,00% 0,75% 0,25% 0,05% 0,05% 0,0% - BoE 0,50% 0,50% 0,50% 0,50% 0,50% 0,75% Taxas de Juro de longo prazo (10 y Bonds) EUA 1,88% 1,76% 3,03% 2,17% 1,80% 1,80% Zona Euro 1,83% 1,32% 1,93% 0,54% 0,10% 0,20% Reino Unido 1,98% 1,83% 3,02% 1,76% 1,40% 1,30% Taxas de Câmbio, final do ano EUR/USD 1,30 1,32 1,38 1,2 1,14 1,08 FONTE: Reuters, relatórios do FMI, OCDE, INE, Banco Mundial, Banco Central Europeu 24 RELATÓRIO E CONTAS 2015

02 PULSO DE PORTUGAL As projeções para a economia portuguesa em 2016 indicam um caminho otimista. De facto após um crescimento de 0,9 % em 2014, prevê-se que em 2015 esse valor aumente para 1,7 % e para 1,9 % em 2016. Estas previsões contemplam um aumento significativo das exportações o que, seguindo a tendência de transferência de recursos para os setores expostos a concorrência internacional, contribuirá, por sua vez, para a redução do endividamento externo português. Para a aceleração do crescimento português contribui também o aumento da procura interna privada De facto, à medida que as famílias e empresas continuam o processo de desalavancagem, libertam rendimento para as rubricas do consumo privado e investimento, neste caso, formação bruta de capital fixo. De acordo com o boletim económico do Banco de Portugal de dezembro 2015, existem vários indicadores que evidenciam o bom desempenho português: Crescimento da procura interna e importante desaceleração da procura por conteúdo importado; Contributo cada vez mais robusto das exportações para a composição do PIB; Aumento significativo do emprego em momento de políticas fortemente contracionistas, passando a taxa de desemprego de 13,4 % para 11,9 % entre 2014 e 2015, respetivamente, em períodos homólogos; Redução do endividamento das famílias em percentagem do rendimento disponível, a par de uma recuperação do consumo de bens duradouros, são também indicadores do reajustamento da economia portuguesa. Para isto contribuiu também a redução das taxas de juro praticadas no mercado, fazendo diminuir o serviço da dívida das famílias. Observam-se, na área euro, taxas de inflação baixas ou muito próximas de zero, que intensificam a ameaça da deflação. A fim de cumprir com o objetivo de 2 % para a inflação, o Banco Central Europeu terá de aplicar pacotes de medidas adicionais Quantitative Easing. Em consequência da importante injeção monetária prevê-se uma depreciação do euro e a manutenção de taxas de juro de referência substancialmente baixas. Assim, um euro relativamente depreciado poderá trazer estímulos adicionais às exportações extracomunitárias. As taxas de juro baixas estimulam novos financiamentos e beneficiam, também, os financiamentos já existentes, podendo os agentes económicos libertar rendimento para o consumo ou investimento. ENQUADRAMENTO 25

02 Apesar de Portugal ter iniciado o rumo da recuperação, o trabalho necessita de ser mantido por forma a demonstrar o compromisso e seriedade assumidos no cumprimento dos objetivos traçados para 2016. RISCOS DE MERCADO E VOLATILIDADE Ao longo do ano 2015, o principal índice de volatilidade - VIX INDEX - fechou o ano a atingir os 18,2 pontos, depois de ter chegado ao valor máximo, em 24 de agosto, de 40,7. Os valores mínimos registaram-se no dia 17 de julho, fixando-se em 11,95 pontos; a média do índice em 2015 foi de 16,67 pontos. O índice teve uma performance relativamente estável no primeiro semestre, sendo que o pico máximo coincide com o dia 24 de agosto, conhecido como o Flash Crash, um dia em que se verificou um sell-off generalizado nas bolsas americanas, levando a fortes quedas dos índices bolsistas. VIX INDEX 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Fonte: Reuters 26 RELATÓRIO E CONTAS 2015

02 CONTUDO, IDENTIFICAM-SE OS SEGUINTES PONTOS COMO SENDO OS PRINCIPAIS RISCOS PARA 2016 a. Insucesso do Banco Central Europeu no combate à ameaça da deflação, esgotando os recursos. b. Instabilidade gerada com os conflitos geopolíticos e ameaça terrorista sobre o mundo e principalmente sobre a Europa. c. Recuo da atividade económica chinesa que impacta a economia global. d. Brexit e Grexit termos associados a probabilidade de saída da União Europeia do Reino Unido e da Grécia, respetivamente. ENQUADRAMENTO 27

02 28 RELATÓRIO E CONTAS 2015

03 03 DESEMPENHO FINANCEIRO NOTA INTRODUTÓRIA Em setembro de 2014, o Grupo passou a classificar o segmento de negócio Solar (composto pela Martifer Solar, S.A. e suas participadas) como um ativo não corrente detido para venda. Esta alteração resultou do facto de estar em execução um plano de venda do interesse económico (atualmente de 55 %) do grupo Martifer na Martifer Solar. Estando reunidos os requisitos previstos pela IFRS 5, o contributo para os resultados consolidados da Martifer, proveniente deste segmento, é apresentado numa linha autónoma na demonstração dos resultados consolidados. Os contributos dos ativos e dos passivos da unidade operacional, classificada como detida para venda, para a posição financeira consolidada da Martifer estão também apresentados em linhas separadas dos restantes ativos e passivos consolidados do Grupo a 31 de dezembro de 2015. A discriminação destes contributos consta das Notas às Demonstrações Financeiras Consolidadas. ANÁLISE DE RESULTADOS CONSOLIDADOS M DEZ-15 DEZ-14 VAR.% Proveitos Operacionais 252,6 225,8 12% EBITDA 11,4 6,0 90% Margem EBITDA 4,5% 2,7% 1,9 pp Amortizações e depreciações -12,0-14,6 18% Provisões e perdas de imparidade 0,1-38,6 n.m. EBIT -0,5-47,3 99% Margem EBIT -0,2% -20,9% 20,7 pp Resultados financeiros 3,0-19,4 n.m. Resultados antes de impostos 2,5-66,7 n.m. Impostos -0,5-4,9 89% Resultados depois de impostos de atividades continuadas 2,0-71,5 n.m. Resultados de atividades descontinuadas -0,8-65,2 99% Atribuível a interesses não controlados 0,2-34,4 n.m. Atribuível ao Grupo -1,0-30,7 97% Resultado líquido do exercício 1,2-136,7 n.m. Atribuível a interesses não controlados 1,7-43,2 n.m. Atribuível ao Grupo -0,5-93,5 99% Resultado por ação -0,005-0,957 99% 30 RELATÓRIO E CONTAS 2015

03 PROVEITOS OPERACIONAIS PROVEITOS OPERACIONAIS DEZ-15 DEZ-14 M PESO M PESO VAR. (%) Martifer Consolidado 252,6 100% 225,8 100% 12% Construção Metálica 238,1 94% 200,5 89% 19% Renewables 14,0 6% 24,7 11% -43% Outras 0,5 0% 0,6 0% -17% Em 2015, os Proveitos Operacionais foram superiores aos Proveitos Operacionais de 2014 em 12 %, fixando-se em 253 milhões de euros, sendo 238 milhões de euros na área de Construção Metálica e 14 milhões de euros na área Renewables. Os Proveitos Operacionais da Renewables, no valor de 14 milhões de euros, resultam de parques em exploração. Apesar de um aumento de quase 20 % face a 2014, os proveitos operacionais no segmento da Construção Metálica continuam a ser penalizados pela forte recessão do setor de construção, em particular na Europa, que o Grupo vem tentando contrariar via internacionalização, apostando de forma clara nos países emergentes que se apresentam como o motor da construção a nível global. Como se pode verificar pelo gráfico abaixo, Portugal representa apenas 34 % do total das vendas e prestações de serviços, resultando os restantes 66 % de quatro regiões diferentes: União Europeia (excluindo Portugal) 32 %, Angola 15 %, Brasil 9 % e Arábia Saudita 9 %. BREAKDOWN VENDAS E PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS 2015 VERSUS 2014 2015 2014 Brasil 9% Arábia Saudita 9% Portugal 34% Brasil 25% Arábia Saudita 6% Portugal 24% Angola 15% Outros 1% União Europeia (outros) 32% Angola 13% Outros 0% União Europeia (outros) 32% DESEMPENHO FINANCEIRO 31

03 EBITDA E RESULTADO LÍQUIDO EBITDA DEZ-15 DEZ-14 M MARG. M MARG. VAR. (%) Martifer Consolidado 11,4 5% 6,0 3% 90% Construção Metálica 9,2 4% -7,3-4% n.m. Renewables 2,7 19% 12,9 52% -79% Outras -0,5 0,4 n.m. Em 2015, o EBITDA consolidado do Grupo reflete um acréscimo significativo, quando comparado com o ano 2014, passando de 6 milhões de euros para os 11,4 milhões de euros. Este acréscimo decorre essencialmente do aumento do EBITDA do segmento da Construção Metálica, que no final de 2015 se cifrou nos 9,2 milhões de euros positivos, que comparam com 7,3 milhões de euros negativos em 2014. Esta melhoria decorre essencialmente da margem obtida nas obras em curso. Na Renewables, o EBITDA atingiu 2,7 milhões de euros com uma margem de 19 % vs. 52 % no período homólogo. As Amortizações e Depreciações sofreram um decréscimo em 2015, atingindo 12 milhões de euros contra os 15 milhões de euros em 2014. As provisões e perdas de imparidade em ativos fixos atingiram -0,1 milhões de euros (provisões de -2,5 milhões de euros e perdas de imparidade de 2,4 milhões de euros), que comparam com 38,6 milhões de euros em 2014 (36,6 milhões de euros de provisões e 2 milhões de euros de perdas de imparidade em ativos fixos). Os Resultados Antes de Encargos Financeiros e Impostos (EBIT) atingiram os -0,5 milhões de euros, o que compara com -47 milhões de euros em 2014. Os Resultados Financeiros totalizaram 3 milhões de euros, comparáveis com -19 milhões de euros no ano anterior. Os juros líquidos registados foram de -7 milhões de euros, as diferenças de câmbio foram desfavoráveis em 1 milhão de euros, e outros encargos financeiros líquidos ascenderam a 11 milhões de euros. Os Resultados Financeiros foram positivamente influenciados pela reestruturação financeira concluída em dezembro. O Resultado das Atividades Descontinuadas (Solar) foi de -2,2 milhões de euros, que compara com -66,7 milhões de euros em 2014 e representa uma variação de 97 %. Esta melhoria significativa no resultado explica-se pelo aumento dos proveitos e respetiva margem, e também pelo facto de o exercício de 2014 ter sido penalizado por um conjunto de acontecimentos não recorrentes, que implicaram custos adicionais e provisões e perdas de imparidade elevadas. O Resultado Líquido em 2015 foi de 1,2 milhões de euros positivos, que compara com 137 milhões de euros negativos em 2014, tendo todos os segmentos contribuído positivamente para esta melhoria. O Resultado Líquido atribuível ao Grupo em 2015 foi de -0,5 milhões de euros que compara com -94 milhões em 2014. RLE DEZ-15 DEZ-14 M PESO M PESO VAR. (%) Martifer Consolidado 1,2 100% -136,7 100% n.m. Construção Metálica 6,4 544% -68,4 50% n.m. Renewables 3,4 290% 0,6 0% >100% Solar (atividade descontinuada) * -2,2-186% -66,7 49% 97% Holding, Outras e Ajust. -6,4-548% -2,2 2% <-100% * Resultado Consolidado da Martifer Solar (o contributo para o Grupo foi de -0,8 milhões de euros). A diferença decorre dos ajustamentos de consolidação, incluídos na linha Outras, Holding e Ajust.. 32 RELATÓRIO E CONTAS 2015

03 INVESTIMENTO CONSOLIDADO O valor do investimento em ativos fixos tangíveis e intangíveis, em 2015, foi de 4,4 milhões de euros, aplicado de forma igualitária nos segmentos de Construção Metálica (2,3 milhões de euros) e Renewables (2 milhões de euros), CAPEX DEZ-15 DEZ-14 M PESO M PESO VAR. (%) Martifer Consolidado 4,4 19% 15,0 100% -71% Construção Metálica 2,3 10% 13,3 89% -82% Renewables 2,0 9% 1,7 11% 18% Outras 0,0 0% 0,0 0% n.m. INVESTIMENTO EM ATIVOS FIXOS TANGÍVEIS E INTANGÍVEIS 2014-2015 (M ) 15 4 2014 2015 DESEMPENHO FINANCEIRO 33

03 ANÁLISE DA ESTRUTURA DE CAPITAL CONSOLIDADA SITUAÇÃO FINANCEIRA M DEZ-15 DEZ-14 VAR. % Ativos Fixos (incluindo Goodwill) 163,0 181,7-10% Outros Ativos não correntes 76,0 91,2-17% Inventários e Devedores Correntes 179,3 188,5-5% Disponibilidades e equivalentes 40,6 23,0 76% Ativos não correntes detidos para venda 147,7 148,3 0% Ativo Total 606,7 632,7-4% Capital Próprio 40,0 40,3-1% Interesses não controlados -26,5-22,9-16% Interesses não controlados associados a ativos detidos para venda -1,9-2,1 9% Total do Capital Próprio 11,7 15,3-24% Dívida e leasings não correntes 286,1 229,4 25% Outros passivos não correntes 32,6 36,5-11% Dívida e leasings correntes 14,8 76,1-81% Outros passivos correntes 124,6 143,4-13% Passivos relacionados com ativos não correntes detidos para venda 137,0 132,0 4% Passivo Total 595,0 617,4-4% O valor total de ativo ascende a 607 milhões de euros (633 milhões a 31 de dezembro de 2014), sendo que o valor dos ativos não correntes totaliza 239 milhões de euros (273 milhões de euros em 2014). O valor do capital próprio a 31 de dezembro de 2015 totalizava 11,7 milhões de euros, que compara com 15,3 milhões de euros a 31 de dezembro de 2014, sendo atribuível ao Grupo 40 milhões de euros em 2015, um valor equivalente a 2014. Em virtude do reforço de capitais permanentes, a 31 de dezembro de 2015 a liquidez geral cifrou-se em 130 % (102 % em 2014) e o rácio de solvabilidade em 138 % (103 % em 2014). 34 RELATÓRIO E CONTAS 2015

03 DÍVIDA LIQUIDA Durante o ano de 2015, mantém-se a tendência decrescente em consonância com as premissas definidas no Plano Estratégico do grupo Martifer. Assim, a 31 de dezembro de 2015, a dívida liquida consolidada ascendia a 260 milhões de euros, refletindo uma redução de 23 milhões de euros face ao exercício anterior. M CONSTRUÇÃO METÁLICA RENEWABLES HOLDING MARTIFER CONSOLIDADO Dívida Líquida 2015 96 34 130 260 Dívida Líquida 2014 114 41 128 283 Esta variação resulta sobretudo da assinatura dos acordos de reestruturação da dívida financeira do Grupo levada a cabo no final do ano. TENDÊNCIA DE DECRÉSCIMO DA DÍVIDA LÍQUIDA (M ) 600 500 485 444 400 300 321 330 377 336 283 260 200 100 0 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Nota: Dívida Líquida = Empréstimos + Leasing Financeiro (+/-) Derivados Disponibilidades e Equivalentes O Grupo continua focalizado no processo de diminuição da Dívida Líquida, como tal, irá continuar empenhado no processo de venda de ativos não core: segmento solar, parques eólicos e, residualmente, pela venda de projetos imobiliários, no decorrer de 2016, de acordo com as premissas definidas no plano de reestruturação do grupo Martifer. O acordo assinado entre a Martifer e as instituições financeiras de crédito possibilitou ainda a adequação da maturidade dos inflows da atividade operacional do Grupo e de (des) investimento aos outflows da atividade de financiamento através do reescalonamento do vencimento ao longo do tempo, alargando a maturidade média da dívida para a tornar mais coincidente com o grau de permanência dos seus ativos de longo prazo e uma maturidade que permita que os excedentes de tesouraria sejam suficientes para cumprir com as suas responsabilidades. Assim, a 31 de dezembro de 2015, a maturidade média da dívida era de cerca 8 anos. Esta extensão da maturidade média da dívida possibilitou a adequação do plano de reembolsos de capital à maturidade dos ativos associados, não hipotecando o compromisso decorrente da sua atividade operacional de curto prazo. Como consequência da assinatura dos acordos de reestruturação, foi ainda possível a uniformização do perfil de amortização da dívida financeira, a redução significativa do custo all-in de financiamento, bem como o reforço da estrutura de capital permanente. DESEMPENHO FINANCEIRO 35

03 36 RELATÓRIO E CONTAS 2015

04 04 ANÁLISE POR SEGMENTO CONSTRUÇÃO METÁLICA ANÁLISE SETORIAL De acordo com a análise realizada pela Euroconstruct, publicada em dezembro de 2015, prevê-se que o setor registe um crescimento de 3 %. Uma melhoria significativa face às previsões anteriores que apontavam para um crescimento de apenas 2,4 %, reforçando a ideia de que a situação está a reverter-se sustentavelmente, após sete anos de intensa recessão no setor da construção. A recuperação destaca-se principalmente no subsetor da construção de residências privadas, evidenciando o massivo fluxo migratório para a Europa, que faz crescer a necessidade e a procura de habitação. Por outro lado, o subsetor não residencial espera também um cenário otimista, prevendo-se que irá crescer, embora menos do que o setor residencial. Prevêem-se crescimentos negativos para países como a Finlândia e a Suécia. PANORAMA INTERNACIONAL Para o subsetor da engenharia civil, prevê-se também um crescimento na ordem dos 3,3 % em 2016, destacando-se o importante contributo da Europa de Leste, principalmente da Polónia. 38 RELATÓRIO E CONTAS 2015

04 ATIVIDADE A carteira de encomendas no final de 2015 ascendia a 262 milhões de euros e estava dispersa por vários países. Das adjudicações mais recentes destacam-se os seguintes projetos: Em Portugal, o Ancora Project (torres eólicas), o Aeroporto de Faro e os Navios de Patrulha Oceânicos Em França o centro de negócios Paris-Asia Em Angola, vários edifícios no âmbito do projeto Grandes Moagens de Angola Na Argélia, a central de ciclo combinado Djelfa No Reino Unido, os hospitais de Midland e de Liverpool Em Espanha, o edifício Ilunion CARTEIRA DE ENCOMENDAS POR GEOGRAFIA GEOGRAFIA TOTAL (M ) % África 56 21% Argélia 22 8% África Subsariana 34 13% Europa de Leste e Médio Oriente 27 10% Europa Ocidental 179 69% Construção Metálica 99 38% Industria Naval 81 31% TOTAL 262 100% RESULTADOS M DEZ-15 DEZ-14 VAR.% Proveitos Operacionais 238,1 200,5 19% EBITDA 9,2-7,3 n.m. Margem EBITDA 3,9% -3,6% 7,5 pp Amortizações e depreciações -5,9-6,8 13% Provisões e perdas de imparidade 3,3-37,3 n.m. EBIT 6,6-51,4 n.m. Margem EBIT 2,8% -25,6% 28,4 pp Resultados financeiros 0,8-16,7 n.m. Resultados antes de impostos 7,4-68,1 n.m. Impostos -1,0-0,3 <-100% Resultado líquido do exercício 6,4-68,4 n.m. Atribuível a interesses não controlados 0,3 0,3 4% Atribuível ao Grupo 6,1-68,7 n.m. ANÁLISE POR SEGMENTO 39

04 Os Proveitos Operacionais da área de Construção Metálica ascenderam a 238,1 milhões de euros em 2015, o que representa um crescimento de cerca de 20 % face a 2014, com Portugal a representar cerca de 40 % e os restantes 60 % distribuídos por várias geografias, o que reflete o esforço que o Grupo vem perseguindo de internacionalização e de focalização em países com crescimento económico e com plano de investimento em infraestruturas. UE (outros) 9% Angola 14% Reino Unido 12% Arábia Saudita 9% Brasil 9% Portugal 40% Outros 1% França 6% O EBITDA em 2015 situou-se nos 9,2 milhões de euros, que comparam com -7,3 milhões de euros em 2014, e resulta de uma melhoria nas margens das obras, particularmente em alguns mercados como a Arábia Saudita. O EBIT foi positivo em 6,6 milhões de euros que compara com um valor negativo de 51 milhões de euros registados em 2014, ano em que o mesmo foi afetado negativamente pelo reconhecimento de imparidades e provisões para contratos onerosos de valores muito significativos. Os Encargos Financeiros Líquidos (juros e outros encargos financeiros) em 2015 ascenderam a - 2,3 milhões de euros (ou seja, proveito líquido de 2,3 milhões de euros), beneficiando do impacto da reestruturação financeira concluída em dezembro. O Resultado Líquido no final do ano 2015 totalizou 6,4 milhões de euros (6,1 milhões euros atribuíveis ao Grupo), que comparam com -68,4 milhões de euros em 2014. A Dívida Financeira Líquida da área de Construção Metálica a 31 de dezembro de 2015 atingiu 96 milhões de euros, menos 18 milhões de euros que em 31 de dezembro de 2014. O CAPEX total no final de 2015 atingiu os 2,3 milhões de euros, maioritariamente aplicado no reforço da capacidade operacional da West Sea (Estaleiro Naval em Viana do Castelo, Portugal). 40 RELATÓRIO E CONTAS 2015

04 RENEWABLES ANÁLISE SETORIAL Os investimentos globais em energias renováveis mantêm uma tendência crescente ao longo da última década, ultrapassando em 2015 os 329 mil milhões de dólares, o que reflete também a crescente preocupação ambiental. PANORAMA INTERNACIONAL No que diz respeito ao setor da energia eólica, os números sobre a capacidade instalada aumentam de ano para ano. De facto, desde 2014, todos os anos tem batido o recorde de capacidade instalada do ano anterior. Embora os números de 2015 por esta altura ainda não sejam finais, estima-se que ultrapassem os 51,4 GW de 2014, e atinjam 60,0 GW. Em 2016, espera-se que esse número seja também ultrapassado. ANÁLISE POR SEGMENTO 41