ARTIGO ORIGINAL ISSN 1677-5090 2014 Revista de Ciências Médicas e Biológicas



Documentos relacionados
Terapia com pressão positiva na via aérea (PAP): indicações, O Problema Complacência da Via Aérea. tipos de equipamentos e seguimento

Efeitos da pressão positiva contínua em vias aéreas sobre os sintomas nasofaríngeos em pacientes com a síndrome da apnéia obstrutiva do sono*

Apnéia do Sono e Ronco Guia Rápido

LUCIANA CRISTINA DE OLIVEIRA MATAROLLI SÍNDROME DA APNEIA E HIPOAPNEIA OBSTRUTIVA DO SONO E O TRATAMENTO ATRAVÉS DE APARELHOS INTRA-BUCAIS JI-PARANÁ

CAPACIDADE PULMONAR E FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA EM OBESOS

REVISTA BRASILEIRA DE QUALIDADE DE VIDA

FADIGA EM PACIENTES COM CÂNCER DE MAMA EM RADIOTERAPIA CONVENCIONAL.

Sonolência Excessiva Diurna (SED)

CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DOS DISTÚRBIOS DO SONO AASM 2006

O CONHECIMENTO DOS ENFERMEIROS DAS EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA NA REALIZAÇÃO DO EXAME CLÍNICO DAS MAMAS

INTRODUÇÃO. Síndrome da Apneia e Hipopneia Obstrutiva do Sono SAHOS obstrução repetitiva das vias aéreas superiores VAS 10 seg/evento.

Esalerg gotas. Aché Laboratórios Farmacêuticos S.A. solução oral 1,25 mg/ml

PROTOCOLO DE TERAPIA COM PRESSÃO POSITIVA por máscara FISIOTERAPIA CENTRO DE TRATAMENTO INTENSIVO

VENTILAÇÃO MECÂNICA NÃO INVASIVA FISIOTERAPIA. 1- OBJETIVO Padronizar a utilização da Ventilação Mecânica Não Invasiva (VMNI) pela fisioterapia.

Anexo III. Alterações a incluir nas secções relevantes do Resumo das Características do Medicamento e do Folheto Informativo

Comparação da força da musculatura respiratória em pacientes acometidos por acidente vascular encefálico (AVE) com os esperados para a idade e sexo

Tema: CPAP NA SÍNDROME DA APNÉIA E HIPOPNÉIA OBSTRUTIVAS DO SONO

INCIDÊNCIA DE TROMBOEMBOLISMO VENOSO NO PÓS-OPERATÓRIO DE PACIENTES SUBMETIDOS À CIRURGIA ORTOPÉDICA DE QUADRIL E JOELHO EM UM HOSPITAL DE GOIÂNIA.

TÍTULO: AVALIAÇÃO DE TRAUMATISMO DENTO-ALVEOLAR EM ESPORTISTAS DE RIBEIRÃO PRETO

TRABALHOS CIENTÍFICOS 23 DE NOVEMBRO DE H30 ÀS 10H30 TV 01

CONSUMO DE ÁLCOOL E TABACO ENTRE ESTUDANTES DE ODONTOLOGIA E FISIOTERAPIA DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR

desloratadina EMS S/A Comprimido Revestido 5 mg

de elite podem apresentar essas manifestações clínicas. ATIVIDADES FÍSICAS E ALERGIA ATIVIDADES FÍSICAS E ALERGIA ATIVIDADES FÍSICAS E ALERGIA

Martins Pereira, S. Moreira, F.; Breda, M.; Pratas, R.; Dias, L. Serviço de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial Hospital de Braga

TEMA: RESPIMAT ESPIMAT. Data: 22/04/2013 NOTA TÉCNICA 57 /2013. Medicamento x Material Procedimento Cobertura

Quinta Edição/2015 Quinta Região de Polícia Militar - Quarta Companhia Independente

AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE EXERCÍCIO DE IDOSOS COM LOMBALGIA E SUA INTERFERÊNCIA NA QUALIDADE DE VIDA

HIV e Acupuntura: Perspectivas e Qualidade de Vida

TÍTULO: DADOS EPIDEMIOLÓGICOS OBRE CÂNCER DE MAMA E COLO UTERINO ENTRE MULHERES DE BAIXA RENDA DA CIDADE DE LINS SP

desloratadina EMS S/A xarope 0,5 mg/ml

ASSOCIAÇÃO CULTURAL EDUCACIONAL DE ITAPEVA FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E AGRÁRIAS DE ITAPEVA

Sedalgina. Drágea 30mg+300mg+30mg

Análise da Prevalência e Epidemiologia da Catarata na População Atendida no Centro de Referência em Oftalmologia da Universidade Federal De Goiás

Ronco e Apneia Riscos, Diagnóstico e Tratamentos

Prova de revalidação de diplomas de graduação em Medicina obtidos no exterior 2013 Resposta aos recursos da prova teórica de Pediatria

FLUISOLVAN. Geolab Indústria Farmacêutica S/A Xarope Adulto 6mg/mL Infantil 3mg/mL

OBJETIVO DA AULA RESUMO. BRONCOESPASMO INDUZIDO PELO EXERCÍCIO BIE e Teste de Broncoprovocação. Broncoespasmo Induzido pelo Exercício (BIE)

TRABALHOS CIENTÍFICOS 24 DE NOVEMBRO DE H30 ÀS 10H30

ATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL ENFERMAGEM EM EMERGÊNCIA ÍRIA CRUZ PIMENTEL

Síndrome da apneia-hipopneia obstrutiva do sono: qualidade de vida após o tratamento com pressão positiva contínua nas vias aéreas

Representa o efeito funcional de uma doença e do seu tratamento sobre o paciente, como é percebido pelo próprio paciente (Schipper, 1990)

BRONQTRAT BRONQTRAT INFANTIL. cloridrato de ambroxol

CLORIDRATO DE AMBROXOL. Geolab Indústria Farmacêutica S/A Xarope Adulto 6mg/mL Infantil 3mg/mL

FMEA (Failure Model and Effect Analysis)

QUEIXAS E SINTOMAS VOCAIS PRÉ FONOTERAPIA EM GRUPO

NEOSSOLVAN. (cloridrato de ambroxol)

DOENÇAS RESPIRATÓRIAS. Professora: Sabrina Cunha da Fonseca

Portugal Prevenção e Controlo do Tabagismo em números 2013

Calcium Sandoz F. Calcium Sandoz FF NOVARTIS BIOCIÊNCIAS S.A. Comprimido Efervescente. 500mg de cálcio mg de cálcio

POLÍTICA DE PREVENÇÃO DE INCÊNDIO E QUEIMADURAS EM CIRURGIA

loratadina Xarope 1mg/mL

Tensão Arterial e Obesidade na comunidade assídua do mercado municipal de Portalegre

CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

Since 1981 the use of positive airway pressure through

Palavras chave: voz, prevenção, criança

SÍNDROME DE APNEIA DO SONO: UM NOVO ALVO TERAPÊUTICO NO DOENTE CARDÍACO

DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES RELACIONADOS AO TRABALHO EM PROFISSIONAIS DA LIMPEZA

BULA STUB CÁPSULAS DE LIBERAÇÃO PROLONGADA 0,4 MG

Comorbidades e Fibrose Pulmonar Idiopática

OS EFEITOS DA FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA EM PACIENTES PÓS- CIRURGIA CARDÍACA

Esalerg. Aché Laboratórios Farmacêuticos comprimidos revestidos 5 mg

A PRÁTICA DA TERAPIA OCUPACIONAL NA ESTIMULAÇÃO COGNITIVA DE IDOSOS QUE FREQUENTAM CENTRO DE CONVIVÊNCIA.

CIRURGIA DE RINOSSEPTOPLASTIA. Informações sobre a cirurgia

Introduzindo o Astral

PERFIL DE IDOSOS COM ALTERAÇÕES PODAIS ATENDIDOS EM UM AMBULATÓRIO DE GERIATRIA

INTERNAÇÕES POR CONDIÇÕES SENSÍVEIS A ATENÇÃO PRIMÁRIA EM DOIS SERVIÇOS DE SAÚDE PÚBLICA DE MARINGÁ-PR

ESTUDO DA PREVALÊNCIA DO CÂNCER BUCAL NO HC DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, ATRAVÉS DO CID 10

FOLHETO INFORMATIVO: INFORMAÇÃO PARA O UTILIZADOR

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PROF. EDGARD SANTOS- UFBA - HUPES

VENTILAÇÃO MECÂNICA NA DPOC

Caso 1: DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS DO SONO: Gravidades diferentes, abordagens diferentes. O que você espera encontrar neste exame?

Consulta de Enfermagem para Pessoas com Hipertensão Arterial Sistêmica. Ms. Enf. Sandra R. S. Ferreira

PERCEPÇÃO DA INSATISFAÇÃO COM A IMAGEM CORPORAL E AUTOESTIMA DE IDOSAS DE UM PROGRAMA DE PROMOÇÃO À SAÚDE

DESENVOLVIMENTO INFANTIL EM DIFERENTES CONTEXTOS SOCIAIS

Hipertensão Arterial no idoso

Programa Sol Amigo. Diretrizes. Ilustração: Programa Sunwise Environmental Protection Agency - EPA

TEXTO DE BULA LORAX. Lorax 1 ou 2 mg em embalagens contendo 20 ou 30 comprimidos. Cada comprimido contém 1 ou 2 mg de lorazepam respectivamente.

DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS DO SONO OBJETIVOS CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DOS DISTÚRBIOS DO SONO AASM 2006 CARLOS A A VIEGAS UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

Duodenoscópios e os Riscos do Reprocessamento Incorreto

TASULIL. Geolab Indústria Farmacêutica S/A Cápsula 0,4mg

ALTERAÇÕES A INCLUIR NAS SECÇÕES RELEVANTES DO RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DOS MEDICAMENTOS QUE CONTENHAM NIMESULIDA (FORMULAÇÕES SISTÉMICAS)

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DA ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARÁ

CURSO DE PSICOLOGIA. Trabalho de Conclusão de Curso Resumos

COMPARAÇÃO DE PRESSÃO ARTERIAL BILATERAL NA POSTURA DE SEDESTAÇÃO EM ACADÊMICOS DO CURSO DE FISIOTERAPIA DO UNISALESIANO LINS

EFEITOS DA PARTICIPAÇÃO NO PROGRAMA MENTE ATIVA NO EQUILÍBRIO E COGNIÇÃO DE PARTICIPANTE COM DOENÇA DE ALZHEIMER

Mostra de Projetos 2011 RISCO DE QUEDAS EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS NO MUNICÍPIO DE LONDRINA/PR 2011

UTILIZAÇÃO DA MEIA ELÁSTICA NO TRATAMENTO DA INSUFICIÊNCIA VENOSA CRÔNICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

PROPILRACIL propiltiouracila

NOTA TÉCNICA N o 014/2012

Imagem Corporal de adolescentes estudantes do IF Sudeste MG Câmpus Barbacena

loratadina Laboratório Globo Ltda. Xarope 1 mg/ml

INDICADORES SOCIAIS E CLÍNICOS DE IDOSOS EM TRATAMENTO HEMODIALÍTICO

COMUNICACÃO FALA E LINGUAGEM

Diagnóstico Domiciliar da Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono

AIDS e envelhecimento: repercussões na saúde pública

Sessão De Pediatria. Discussão De Artigos

IDENTIFICAÇÃO DO MEDICAMENTO. BenicarAnlo olmesartana medoxomila anlodipino

Hipotireoidismo. O que é Tireóide?

Foram estabelecidos critérios de inclusão, exclusão e eliminação. Critérios de inclusão: todos os dançarinos com síndrome da dor femoropatelar.

Transcrição:

ARTIGO ORIGINAL ISSN 1677-5090 2014 Revista de Ciências Médicas e Biológicas Eventos adversos nasofaríngeos da pressão positiva contínua em vias aéreas em pacientes com asma grave e apneia obstrutiva do sono Nasopharyngeal adverse events of continuous positive airway pressure in patients with severe asthma and obstructive sleep apnea Renata Brito Rocha Landeiro 1 *, Cristina Salles 2, Santine Ferreira do Amaral 3, Adelmir Souza-Machado 4. 1 Fisioterapeuta. Mestranda do Programa de Pós-Graduação Processos Interativos dos Órgãos e Sistemas. UFBA; 2 Otorrinolaringologista. Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Medicina e Saúde. UFBA; 3 Acadêmico de Fisioterapia. IBES; 4 Professor Adjunto do Departamento de Biomorfologia e do Programa de Pós-graduação Processos Interativos dos Órgãos e Sistemas. UFBA. Resumo Introdução: Pacientes com asma grave e síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) apresentam frequência elevada de sintomas sugestivos de rinite, tais como ressecamento nasal e de faringe, rinorréia e espirros que podem ser agravados com o tratamento com pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP). O CPAP constitui-se em uma das opções terapêuticas para indivíduos com SAOS moderada e grave. Apesar de efetivo, a adesão ao CPAP nasal (ncpap) é variável, sendo a intolerância à máscara e a presença de sintomas nasofaríngeos problemas clínicos observados. Objetivo: descrever os efeitos adversos nasofaríngeos da ncpap durante a titulação em pacientes com asma grave e SAOS. Metodologia: Foram avaliados 21 indivíduos asmáticos adultos de ambos os sexos, admitidos no Programa de Controle da Asma na Bahia. Todos realizaram polissonografia basal e com titulação de CPAP; receberam orientação sobre o tratamento e foram submetidos a um criterioso ajuste da máscara. Resultado: Entre os pacientes estudados, 20 (95,2%) apresentaram sintomas nasofaríngeos durante a titulação de CPAP. Ressecamento de faringe e oral foram os sintomas mais frequentes, pois estiveram presentes em 12 (57,0%) e 8 (38,1%) dos pacientes. Outros sintomas relatados foram: 7 (33,4%) cefaleia, 6 (28,5%) obstrução nasal, 6 (28,5%) prurido nasal, 4 (19,1%) ressecamento nasal, 4 (19,1%) dor compressiva, 3 (14,2%) rinorréia, 3 (14,2%) lesão na pele, 2 (9,6%) ressecamento ocular e 1 (4,8%) espirros. Conclusão: Pacientes asmáticos submetidos à terapia com ncpap apresentaram elevada frequência de ressecamento oral e de faringe. Palavras-chave: Asma. Apneia obstrutiva do sono. Pressão positiva contínua nas vias aéreas. Abstract Background: Patients with severe asthma and obstructive sleep apnea syndrome (OSAS) have a high frequency of symptoms suggestive of rhinitis, such as nasal dryness and dry throat, rhinorrhea and sneezing that can be aggravated by treatment with continuous positive airway pressure (CPAP). The CPAP is in one of the treatment options for individuals with moderate and severe OSA. Although effective, adherence to nasal CPAP (ncpap) is variable, and once intolerance to the mask and the presence of nasopharyngeal symptoms observed clinical problems. Objective: to describe the nasopharyngeal adverse effects of ncpap during titration in patients with severe asthma and OSA. Methodology: 21 adult asthmatic subjects of both sexes, admitted to the Program for the Control of Asthma in Bahia, all performed baseline and CPAP titration polysonography were evaluated, received guidance on the treatment and underwent a careful mask fitting. Result: Among the patients studied, 20 (95,2%) had nasal symptoms during CPAP titration. Dry throat and oral dryness were the most frequent symptoms and were present in 12 (57,0%) and 8 (38,1%) patients. Other reported symptoms were: 7 (33,4%) headache, 6 (28,5%) nasal obstruction, 6 (28,5%) nasal pruritus, 4 (19,1%) nasal dryness, 4 (19,1%) compressive pain, 3 (14,2%) rhinorrhea, 3 (14,2%) skin lesion, 2 (9,6%) ocular dryness and 1 (4,8%) sneezing. Conclusion: Asthmatic patients undergoing therapy with ncpap showed high frequency of oral and pharyngeal dryness. Keywords: Asthma. Obstructive sleep apnea. Continuous positive airway pressure. INTRODUÇÃO A pressão positiva contínua na via aérea (CPAP) consiste em um modo de ventilação mecânica não invasiva (VMNI), indicada para tratamento da insuficiência respiratória de várias etiologias, sendo a conexão entre o ventilador e o paciente realizada através de uma máscara 1. Correspondente /Corresponding: *Renata Brito Rocha Landeiro. Instituto de Ciências da Saúde. Universidade Federal da Bahia. Endereço: Av. Reitor Miguel Calmon, s/n, Vale do Canela, Salvador, Bahia, Brasil. CEP: 40.110-902.E-mail: renatabritorl@gmail.com A ventilação não invasiva na modalidade de CPAP tem sido utilizada no tratamento da síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) 2-5 e seu mecanismo de ação consiste em oferecer uma pressão positiva constante, impedindo o colapso da via aérea, eliminando o ronco e apneia durante o sono. Tem-se observado que alterações respiratórias durante o sono, especialmente a SAOS, são comuns em pacientes com asma e associam-se com a gravidade desta doença 6. 337

Renata Brito Rocha Landeiro et al. A asma e a SAOS representam sérios problemas de saúde pública com interações clínicas cada vez mais conhecidas e grande potencial interventivo, tanto no que diz respeito a prevenção quanto ao tratamento 7. O National Asthma Education and Prevention Program recomenda que pacientes com asma de difícil controle devam ser investigados quanto aos sintomas sugestivos de SAOS, e que o uso da terapia com CPAP pode diminuir as exacerbações e melhorar a qualidade de vida do indivíduo 8. Evidências sugerem que a utilização do CPAP é eficaz no controle da asma e na remissão dos sintomas quando o paciente asmático tem SAOS e asma não controlada 4. Pacientes com SAOS e asma apresentam prevalência elevada de doenças rinosinusais e sintomas de vias aéreas superiores (VAS). Sintomas como ressecamento nasal e de faringe, obstrução nasal, rinorréia e espirros são comuns em pacientes com SAOS, mesmo antes do início do tratamento com CPAP 9,10. Apesar de extremamente efetiva, a adesão ao CPAP é variável, sendo a intolerância à máscara nasal e a presença de sintomas nasofaríngeos dois problemas clínicos observados 9,11 O fluxo contínuo de ar nas vias. aéreas superiores pode ocasionar desconforto, muitas vezes, associado a queixas nasofaríngeas, em particular ressecamento nasal. O presente estudo tem como objetivo descrever os eventos adversos nasofaríngeos da pressão positiva contínua em vias aéreas, durante a titulação de CPAP, em asmáticos graves com síndrome da apneia obstrutiva do sono. METODOLOGIA Pacientes Foram avaliados indivíduos adultos asmáticos admitidos na Central de referência do Programa de Controle da Asma na Bahia (ProAR). Todos os pacientes realizaram exame de polissonografia basal e com titulação de CPAP que incluiu monitorização contínua de eletroencefalograma, eletromiograma submentoniano, anterior, eletrooculograma, cintas torácica e abdominal, sensor de ronco e oximetria de pulso. Foram incluídos no estudo pacientes de ambos os sexos, com idade compreendida entre 44 e 78 anos, com diagnóstico clínico e funcional de asma grave, isto é, pacientes com asma não controlada que pode resultar em risco de exacerbações graves frequentes (ou morte) e/ou reações adversas a medicamentos e/ou morbidade crônica (GINA, 2014) 12 e síndrome da apneia obstrutiva do sono, indivíduos que apresentam episódios de obstrução completa ou parcial das vias aéreas superiores (VAS) durante o sono, comprovados por polissonografia basal (Consenso SAOS, 2013) 13, que responderam o questionário logo após realização de polissonografia com titulação de CPAP. Não foram incluídos pacientes com síndromes genéticas, doenças debilitantes, neuropatias, gestação e alterações cognitivas ou indivíduos que não desejassem participar do estudo. Estudo polissonográfico e uso de CPAP O polissonógrafo utilizado para a titulação do CPAP foi o Philips Respironics, modelo Alice 5, utilizando como parâmetro o algorítimo para titulação de CPAP baseado no Clinical Guidelines for the Manual Titration of Positive Airway Pressure 14 aparelho de CPAP marca Philips Respironics, modelo BIPAP auto M Series 701 e máscaras, modelo Mirage Micro da ResMed de tamanhos variáveis de pequena a extra grande adaptadas a anatomia facial de cada paciente. Os pacientes receberam orientação sobre o tratamento com CPAP nasal e demonstração prática do aparelho, e foram submetidos a um criterioso ajuste da máscara antes da titulação. Caracterização de eventos adversos nasofaríngeos Os eventos adversos nasofaríngeos (espirros, rinorréia, prurido nasal, obstrução nasal, epistaxe, ressecamento ocular, nasal, de cavidade oral e de faringe, dor compressiva, cefaleia e lesão de pele) foram quantificados através de um questionário aplicado logo após a titulação do CPAP nasal no laboratório do sono. Cada sintoma foi subjetivamente quantificado pelo próprio paciente em ausente ou presente, e se presente, em intensidade leve, moderada e intensa. Estatística descritiva As variáveis quantitativas foram descritas por média e as variáveis categóricas foram descritas por frequências absolutas e relativas. Aspectos éticos O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas da Universidade Federal da Bahia Parecer 088 2010, Resoluções Aditivas 029/2012 e 41/2013. Todos os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. RESULTADOS Foram selecionados inicialmente 22 pacientes para realizar polissonografia com titulação de CPAP; um paciente foi excluído, pois apresentou taquicardia e claustrofobia durante a titulação e o tratamento. Foram avaliados 21 asmáticos (6 homens e 15 mulheres), com média de idade de 58 ± 8,69 anos. As características da amostra selecionada estão exibidas na Tabela 1. 338

Eventos adversos nasofaríngeos da pressão positiva contínua em vias aéreas em pacientes com asma grave e apneia obstrutiva do sono Tabela 1 Características demográficas e clínicas dos pacientes asmáticos graves Idade (anos) Sexo Diagnóstico Clínico IAH (evento/ hora) IMC CA (cm) CC (cm) CPAP (cm H 2 0) 1 59 F Apneia moderada 15,4 22,2 100 42,0 10 2 70 F Apneia moderada 19,8 28,9 126 47,5 16 3 58 F Apneia leve 8,5 24,6 109 38,0 8 4 51 F Apneia leve 11,0 20,6 92 31,0 14 5 67 M Apneia moderada 18,0 21,1 101 40,0 9 6 66 F Apneia grave 31,1 20,4 95 42,0 19 7 46 F Apneia moderada 22,2 40,9 105 36,0 10 8 65 F Apneia moderada 24,6 32,9 106 35,0 11 9 69 F Apneia leve 11,4 26,1 96 30,0 8 10 78 M Apneia grave 44,4 28,4 108 36,0 11 11 57 F Apneia moderada 15,0 29,3 92 37,0 6 12 63 M Apneia moderada 15,4 25,1 85 35,0 9 13 44 M Apneia leve 10,2 29,7 80 39,0 9 14 60 F Apneia leve 5,1 20,2 78 34,0 5 15 58 F Apneia leve 6,0 42,5 118 44,0 8 16 47 F Apneia leve 9,1 29,3 106 34,5 7 17 52 F Apneia leve 8,8 32,4 112 37,5 6 18 56 F Apneia leve 13,2 35,1 112 44,0 9 19 56 M Apneia moderada 26,0 27,1 105 41,0 5 20 57 M Apneia leve 12,4 33,6 118 41,0 8 21 50 F Apneia leve 5,5 35,5 108 36,0 10 Média ± DP 58,5±8,7 - - 16,0±9,5 28,8±6,4 102,5±12,4 38,1±4,4 9±3,4 M: masculino; F: feminino; IAH: índice de apneia e hipopneia; IMC: índice de massa corpórea; CA: Circunferência abdominal; CC: Circunferência cervical; CPAP: pressão positiva contínua em vias aéreas. Pressão positiva contínua nas vias aéreas Os valores de pressão positiva contínua na via aérea adequados para abolir as apneias observadas no grupo estudado variaram de 5 a 19 cmh 2 O. A distribuição apresentada foi de: 4 (19,1%) pressão de 9 cmh 2 O, 4 (19,1%) pressão de 8 cmh 2 O, 3 (14,2%) 10 cmh 2 O, 2 (9,5%) pressão de 11 cmh2o, 2 (9,5%) pressão de 6 cmh 2 O, 2 pacientes (9,5%) pressão de 5 cmh 2 O, 1 paciente (4,8%) necessitou de pressão de 19 cmh 2 O, 1 (4,8%) pressão de 16 cmh 2 O, 1 (4,8%) pressão de 14 cmh 2 O e 1 (4,8%) pressão de 7 cmh 2 O. Eventos adversos nasofaríngeos Vinte pacientes (95,2%) apresentaram algum sintoma nasofaríngeo durante a titulação com CPAP. Os sintomas de ressecamento de faringe e ressecamento de cavidade oral foram os mais frequentes e estiveram presentes em 12 (57,0%) e 8 (38,1%) dos pacientes. Outros, 7 (33,4%) referiram cefaleia, 6 (28,5%) obstrução nasal, 6 (28,5%) prurido, 4 (19,1%) ressecamento nasal, 4 (19,1%) dor compressiva, 3 (14,2%) rinorréia, 3 (14,2%) lesão na pele, 2 (9,6%) ressecamento ocular e 1 (4,8%) espirros. A presença e a intensidade dos eventos adversos nasofaríngeos da amostra selecionada estão exibidos na Tabela 2. 339

Renata Brito Rocha Landeiro et al. Tabela 2 Presença e intensidade dos eventos adversos nasofaríngeos pós-titulação de CPAP nasal Sintomas Sim Não Leve Moderada Alta Obstrução nasal 6 15 2-4 Ressecamento de faringe 12 9 6 3 3 Ressecamento nasal 4 17-3 1 Ressecamento cavidade oral 8 13 3 1 4 Ressecamento ocular 2 19 - - 2 Espirros 1 20 1 - - Prurido nasal 6 15 6 - - Rinorréia 3 18 3 - - Epistaxe - - - - - Dor compressiva 5 16 2 3 - Cefaleia 7 14 5-2 Lesão na pele 3 18-3 - DISCUSSÃO No presente estudo, a frequência dos eventos adversos nasofaríngeos foi elevada, em especial, o ressecamento de faringe que esteve presente após a realização da polissonografia para titulação do CPAP nasal em dois terços da amostra estudada. A frequência de sintomas nasofaríngeos foi de aproximadamente 57,0% de ressecamento de faringe e 38,1% de ressecamento de cavidade oral, respectivamente. Esses resultados foram semelhantes ao que foi descrito na literatura por Figueiredo e coautores que encontraram frequência de aproximadamente 46% de ressecamento de orofaringe e 51% de obstrução nasal 9. Uma das queixas quanto ao uso do CPAP nas VAS em pacientes com asma grave foi a obstrução nasal, sendo que esta já estava presente antes mesmo do início do tratamento com CPAP. A queixa de obstrução nasal nesses pacientes reforça a interrelação entre asma e rinite, o que está relacionada com a presença da inflamação nasal nestes indivíduos, uma vez que cerca de 90% dos pacientes com asma grave apresentam rinite alérgica, a relação entre vias aéreas superiores e inferiores pela inflamação sistêmica faz com que exista uma associação da intensidade da inflamação alérgica nestes dois locais. Os pacientes com uma forma mais grave desta síndrome tem atividade inflamatória sistêmica importante e sintomas intensos em vias aéreas superiores e inferiores, como é o perfil da amostra estudada 10. Embora pareça claro que a obstrução nasal possa dificultar a adaptação ao CPAP nasal, alguns autores não encontraram relação entre adesão ao CPAP e obstrução nasal. Lojander, Brander e Ämmälä observaram em seu estudo que a frequência dos sintomas nasofaríngeos antes e durante o tratamento com CPAP foi similar nos pacientes que pararam o tratamento em comparação com os pacientes que continuaram 15. Foi observado no presente estudo que a obstrução nasal foi um sintoma relatado por 28,5% dos pacientes; um resultado relativamente baixo, já que estamos tratando de pacientes asmáticos graves, e alguns deles já possuem este sintoma presente antes do uso do CPAP. Desde 1981, quando foi descrito pela primeira vez o uso de CPAP em pacientes com SAOS por Sullivan 16, muitos avanços tecnológicos aconteceram na entrega da pressão positiva nas vias aéreas, objetivando a diminuição dos sintomas nasofaríngeos, assim como uma melhor adaptação e aderência ao tratamento. Estudos mostram que dois terços dos pacientes apresentarão efeitos colaterais do CPAP nasal, tais como irritação da pele, congestão nasal, edema ocular ou plenitude gástrica 17. As complicações mais graves decorrentes do uso de CPAP são previsíveis e raras. As complicações mais descritas na literatura compreendem: desconforto torácico; piora da congestão nasal e rinorréia, em pacientes com rinite alérgica; pneumotórax; pneumoencéfalo; algia em seios da face; sinusopatia; ressecamento nasal; enfisema subcutâneo de pálpebras inferiores; aerofagia e epistaxe 18,19. Para alguns autores alguns sintomas nasofaríngeos apresentados durante o tratamento são preocupantes e podem levar a falta de adesão a terapia 20, 21. Entretanto, dos sintomas citados, apenas o ressecamento nasal foi observado nos pacientes do estudo relatado por uma minoria, quatro pacientes (19,1%). Um ponto importante é que o aparelho utilizado no estudo para titulação não possui umidificação, o que provavelmente aumentaria a chance da presença do sintoma relatado. Yu e colaboradores observaram, em 2013, que o uso de umidificador aquecido (HH) não é necessário durante a titulação de CPAP independentemente dos sintomas nasofaríngeos. Não houve diferenças significativas na fuga, na redução do IAH e na pressão de CPAP ideal, mesmo em pacientes com sintomas nasofaríngeos significativos 22. No estudo de Worsnop, Miseski e Rochford (2010), foi observado que o uso rotineiro de umidificador acoplado ao CPAP, 340

Eventos adversos nasofaríngeos da pressão positiva contínua em vias aéreas em pacientes com asma grave e apneia obstrutiva do sono nos pacientes com apneia do sono, promoveu redução dos sintomas nasais, porém não teve influência aumentando a aderência a este tratamento 23. Ao contrário do estudo de Doung 24, que mostrou que o HH não melhora os sintomas nasofaríngeos. FIGUEIREDO, em um estudo realizado em 2004, avaliando os efeitos nasofaríngeos do CPAP em pacientes apneicos, observaram que apesar do discreto aumento na porcentagem de pacientes que referiam sintomas nasais após uso do CPAP, a intensidade média de ressecamento nasal, de garganta e epistaxe apresentou uma queda significativa após o início do tratamento 9. O uso contínuo do CPAP nasal nos pacientes com SAOS e asma grave (possíveis respiradores orais), faz com que estes passem a respirar pelo nariz durante o sono, restituindo a fisiologia normal das VAS, contribuindo assim para redução da intensidade de sintomas nasofaríngeos 19. CONCLUSÃO Observou-se elevada frequência de eventos adversos nasofaríngeos como ressecamento de cavidade oral e de faringe durante a titulação de CPAP nasal em pacientes com asma grave e síndrome da apneia obstrutiva do sono. REFERÊNCIAS 1. SCALAN, C. L.; WILKINS, R. L.; STOLLER, J. K. Fundamentos da terapia respiratória de EGAN. 7. ed. São Paulo: Manole, 2000. 1291 p. 2. STERNI, J. L. et al. Adherence to and Effectiveness of Positive Airway Pressure Therapy in Children With Obstructive Sleep Apnea. Pediatrics., Evanston, v. 117, n. 3, p. e442, 2006. 3. BITTENCOURT, L. R. A.; CAIXETA, E. C. Critérios diagnósticos e tratamento dos distúrbios respiratórios do sono: SAOS. J. Bras. Pneumol., Brasília, v. 36, supl.2, p. S1-S61, 2010. 4. ALKHALIL, M.; SCHULMAN, E. S.; GETSY, J. Obstructive sleep apnea syndrome and asthma: the role of continuous positive airway pressure treatment. Ann. Allergy Asthma Immunol., St. Paul, v. 101, n. 4, p. 350-357, 2008. 5. BITTENCOURT, L. R. A. et al. Abordagem geral do paciente com síndrome da apneia obstrutiva do sono. Rev. Bras. Hipertens., Rio de Janeiro, v.16, n. 3, p.158-163, 2009. 6. SALLES, C. et al. Apneia obstrutiva do sono e asma. J. Bras. Pneumol., Brasília, v. 39, n. 5, p. 604-612, 2013. 7. CABRAL, M. M.; MUELLER, P. T. Sono e doenças pulmonares crônicas: pneumopatias intersticiais difusas, asma brônquica e DPOC. J. Bras. Pneumol., Brasília, v. 36, n. 2, p. 53-56, 2010. 8. NATIONAL HEART, LUNG, AND BLOOD INSTITUTE. National Asthma Education and Prevention. Program Expert Panel Report 3: Guidelines for the diagnosis and management of asthma. Bethesda, Aug. 2007. Disponível em: <http://www.nhlbi.nih.gov/guidelines/asthma/asthgdln. pdf>. Acesso em: 20 out. 2013. 440p. 9. FIGUEIREDO, A. C. et al. Efeitos da pressão positiva contínua em vias aéreas sobre os sintomas naso-faríngeos em pacientes com a síndrome da apnéia obstrutiva do sono. J. Bras. Pneumol., Brasília, v. 30, n. 6, p. 535-539, 2004. 10. PONTE, E.; RIZZO, J. A.; CRUZ, Á. A. Inter-relação entre a gravidade da rinite e a gravidade da asma. Gaz. Méd. Bahia, Salvador, v. 78, Supl. 2, p. 33-37, 2008. 11. BOREL, J. C. et al. Type of mask may impact on continuous positive airway pressure adherence in apneic patients. PLoS ONE, San Francisco, v. 8, n. 5, p. e64382, May 2013. DOI:10.1371/jornal.pone.0064382. 12. GLOBAL INITIATIVE FOR ASTHMA. Gina Report, Global Strategy For Asthma Management And Prevention 2014 (revision). GINA c 2014. 132 p. Disponível em: <http://www.ginasthma.org/>. Acesso em: 15 jun. 2014. 13. COMPARATIVE EFFECTIVENESS PUBLIC ADVISORY COUNCIL. Diagnosis and treatment of obstructive sleep apnea in adults supplementary data and Analyses to the comparative effectiveness review of the Agency for Healthcare Research and Quality. New England: Institute for Clinical and Economic Review, 2013. 85 p. 14. KUSHIDA, C. A. et al. Clinical Guidelines for the Manual Titration of Positive Airway Pressure in Patients with Obstructive Sleep Apnea. J. Clin. Sleep Med., Wetchester, v. 4, n. 2, p. 157-171, 2008. 15. LOJANDER, J.; BRANDER, P. E.; ÄMMÄLÄ, K. Nasopharyngeal symptoms and nasal continuous positive airway pressure therapy in obstructive sleep apnoea syndrome. Acta Otolaryngol., Stockholm, v. 119, n. 4, p. 497 502, 1999. 16. SULLIVAN, C. E. et al. Reversal of obstructive sleep apnoea by continuous positive airway pressure applied through the nose. The Lancet, London, v. 317, n. 8225, p. 862-865, 1981. 17. WEAVER, T. E.; SAWYER, A. M. Adherence to Continuous Positive Airway Pressure Treatment for Obstructive Sleep Apnea: Implications for Future Interventions. Indian J. Med. Res., New Delhi, v. 131, p. 245 258, 2010. 18. SILVA, G. A.; PACHITO, D. V. Abordagem terapêutica dos distúrbios respiratórios do sono. Tratamento com ventilação não-invasiva (CPAP, BIPAP e auto-cpap). Simpósio: Distúrbios Respiratórios do Sono. cap. VI. Medicina, Ribeirão Preto, v. 39, n. 2, p. 212-217, 2006. 19. BRANDER, P. E.; SOIRINSUO, M.; LOHELA, P. Nasopharyngeal Symptoms in patients with obstructive sleep Apnea Syndrome effect of Nasal CPAP treatment. Respiration., Basel, v. 66, n. 2, p. 128 135, 1999. 20. SILVA, R. Z. M.; DUARTE, R. L. M.; SILVEIRA, F. J. M. Tratamento da apneia obstrutiva do sono com pressão positiva contínua na via aérea. Pulmão, Rio de Janeiro, v. 19, n. 34, p. 83-87, 2010. 21. CHASENS, E.R. et al. Claustrophobia and adherence to CPAP treatment. West J. Nurs. Res., California, v. 27, n. 3, p. 307-321, 2005. 22. YU, C.C. et al. The effects of heated humidifier in continuous positive airway pressure titration. Sleep Breath., Titisee-Neustadt, v. 17, n. 1, p.133 138, 2013. 23. WORSNOP, C. J.; MISESKI, S.; ROCHFORD, P. D. Routine use of humidification with nasal continuous positive airway pressure. Intern. Med. J., Carlton, v. 40, p. 650-656, 2010. DOI: 10.1111 / j.1445-5994.2009.01969.x 2010 24. DUONG, M. et al. Use of heated humidification during nasal CPAP titration in obstructive sleep apnoea syndrome. Eur. Respir. J., Copenhagen, v. 26, n. 4, p. 679-685, 2005. Submetido em: 6/10/2014 Aceito em: 15/12/2014 341