LANÇAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAIS NO SISTEMA DE ESGOTOS DA CIDADE DE ARARAQUARA E PROPOSTA DE SUA DIMINUIÇÃO ATRAVÉS DA COBRANÇA PELO INDÍCE PLUVIOMÉTRICO



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Transcrição:

LANÇAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAIS NO SISTEMA DE ESGOTOS DA CIDADE DE ARARAQUARA E PROPOSTA DE SUA DIMINUIÇÃO ATRAVÉS DA COBRANÇA PELO INDÍCE PLUVIOMÉTRICO TEMA VI: Esgotamento Sanitário AUTORES Paulo Sergio Scalize (1) Biomédico formado pela Faculdade Barão de Mauá. Engenheiro Civil formado pela Faculdade de Engenharia Civil de Araraquara. Especialização em Microbiologia pela USP de Ribeirão Preto. Mestre e Doutor em Hidráulica e Saneamento pela EESC- USP. Diretor de Divisão da Unidade de Fiscalização Ambiental do Departamento Autônomo de Água e Esgotos de Araraquara. Wellington Cyro de Almeida Leite Engenheiro Civil pela Faculdade de Engenharia Civil de Araraquara. Mestre e Doutor em Hidráulica e Saneamento pela EESC-USP. Superintendente do Departamento Autônomo de Água e Esgotos de Araraquara. Rodrigo Trassi de Araújo Enfermeiro formado pela Faculdade de Enfermagem da USP de Ribeirão Preto. Advogado formado pela Faculdade de Direito de Araraquara UNIARA. Especialista em Direito Empresarial pelo INPG Instituto Nacional de Pós Graduação. Procurador do Departamento Autônomo de Água e Esgoto de Araraquara. Arnaldo Salvador Felício Técnico em Agrimensura. Especialização em Gestão de Saneamento Ambiental pela Faculdade de Engenharia Civil de Araraquara. Gerente de Manutenção e Obras do Departamento Autônomo de Água e Esgoto de Araraquara. Charles Henrique de Mendonça Técnico em Processamento de Dados. Operador de Telemetria do Centro de Comando Operacional do Departamento Autônomo de Água e Esgoto de Araraquara. Paulo Sergio Scalize (1) APRESENTAÇÃO (1) DAAE Departamento Autônomo de Água e Esgotos Rua Domingos Barbieri 100 Vila Harmonia Araraquara /SP CEP 14801-510 Fone (16) 3324 1555 ramal 273 Fax (16) 3324 4571 ambiental@daaeararaquara.com.br Autorizo a publicação deste trabalho pela ASSEMAE.

LANÇAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAIS NO SISTEMA DE ESGOTOS DA CIDADE DE ARARAQUARA E PROPOSTA DE SUA DIMINUIÇÃO ATRAVÉS DA COBRANÇA PELO INDÍCE PLUVIOMÉTRICO Palavras-chave: águas pluviais, redes de esgotos, Estação de tratamento de esgotos, retorno de esgotos 1. Introdução O pouco conhecimento por parte da população das conseqüências advindas do lançamento inadequado de materiais nas redes coletoras de esgotos promove diversos transtornos, tanto para a própria população como para o órgão responsável pela coleta de esgotos. Observa-se ainda que, mesmo pessoas com maior grau de conhecimento o fazem sem a menor responsabilidade, ignorando as conseqüências. Atualmente, os sistemas de esgotos existentes no Brasil e no mundo apresentam muitos problemas de obstrução, geralmente, em decorrência de lançamentos inadequados de materiais sólidos e de águas pluviais nas redes coletoras de esgoto. Estes materiais apresentam diferentes naturezas, variando desde brinquedos até materiais de construção. Este quadro agrava-se nos períodos chuvosos em decorrência das ligações clandestinas de águas pluviais na rede coletora de esgotos, que promovem sobrecargas hidráulicas. Portanto, ao encontrar materiais sólidos obstruindo total ou parcialmente as redes de esgotos favorecem o retorno de esgotos em algumas residências, ocasionando reclamações por parte da população. Isto tem como conseqüência diversas demandas de indenizações pela danificação de utensílios domésticos, sofás, colchões, brinquedos, e outros. Neste trabalho foi abordado o tema através de levantamento de dados dos problemas decorrentes nas redes coletoras de esgotos da cidade de Araraquara e, sugeridas medidas que poderão ser implantadas para minimizar este fato. 2. Lançamento de águas pluviais na rede de esgotos As causas de lançamento de águas pluviais na rede de esgotos são: Más condições das caixas de inspeção, propiciando a entrada de água pluvial. Esta condição geralmente ocorre em residências de moradores de baixa renda aliando ao pouco conhecimento sobre os problemas que podem ocasionar. Na Figura 1 pode ser observada uma situação onde a tampa da

caixa de inspeção encontra-se quebrada e sem vedação, sendo recoberta por um pano para evitar a saída de insetos; Lançamento de águas pluviais diretamente na rede de esgotos como forma de economizar tubulação. Nesta situação, alguns moradores realizam, por falta de conhecimento ou não, a conexão da tubulação de coleta de águas pluviais na rede coletora de esgoto, pois esta geralmente já se encontra instalada; Em construções mais antigas onde o terreno se encontra em situação desfavorável, ou seja, numa cota inferior ao da calçada, a drenagem das águas pluviais para a rua se torna difícil e onerosa. Nesta situação os moradores geralmente lançam para a rede de esgotos, pois é a solução mais fácil e barata. Figura 1 Tampa de uma caixa de inspeção quebrada e sem vedação. (a) recoberta com um pano; (b) sem o pano. 3. Problemas devido ao lançamento de águas pluviais na rede de esgotos Os problemas ocasionados no sistema de esgotos devido ao lançamento de águas pluviais na rede de esgotos são: Transbordamentos de esgotos nos PV s, contaminando os cursos d água; Retorno de esgotos em algumas residências com aumento de processos de indenizações pela danificação de utensílios domésticos, brinquedos e outros. Na fotografia da Figura 2 pode ser observada uma situação de retorno de esgoto em uma residência; Possibilidade de rompimento da rede, pois estas passam a trabalhar como conduto forçado;

Número de ocorrências de obstrução nas redes de esgotos aumenta pois, juntamente com as água pluviais são lançados diversos materiais que obstruem a rede. Na fotografia da Figura 3 pode ser visto uma situação de lançamento de lixo na rede de esgotos; Aumento da vazão do esgoto afluente na ETE-Araraquara, prejudicando o sistema através da diminuição de sua eficiência; Figura 2 Situação de retorno de esgotos em uma residência. Observar o retorno de esgoto contaminando a piscina e o dormitório. Figura 3 Caixa de inspeção da rede de esgotos apresentando a tampa quebrada e com lixo em seu interior, inclusive uma garrafa Pet. 3.1. Aumento da vazão de esgoto afluente a ETE-Araraquara O volume total de esgoto tratado pela ETE-Araraquara em 2004 foi de 13.796.683 m 3. Levando em consideração os dados da estação pluviométrica, localizada nas dependências do DAAE, ocorreram precipitações em 95 dias. Neste período a média de esgoto afluente a ETE-Araraquara foi de 40.031 m 3 /d. Nos demais dias, ou seja, em 270 dias que não ocorreram precipitações a média foi de 37.014 m 3 /d. Com estes dados foi determinado o total de contribuição de água pluvial na ETE-Araraquara, sendo de 286.675 m 3, representando um aumento em

dias chuvosos de 8,15% no volume total tratado. Diluindo este total no decorrer do ano o aumento foi de 2,12 %. Na Figura 4 pode ser observado o aumento da vazão afluente da ETE-Araraquara em um dia chuvoso, evidenciando a grande quantidade de água pluvial que é lançada na rede esgotos. Figura 4 Gráfico com dados comparando a variação da vazão afluente a ETE- Araraquara em um dia chuvoso, com contribuição das águas pluviais na rede de esgoto, com um dia normal. 3.2. Processos de indenizações por retorno de esgotos No período de dezembro 2004 a abril de 2005 foram iniciados em face do Departamento Autônomo de Água e Esgoto 20 processos administrativos com pedido de indenização por danos sofridos em decorrência de retorno de esgotos e 3 processos judiciais para o mesmo fim. Estes processos oneraram os cofres públicos em R$ 15.405,95. Além destes processos, foram indeferidos vários outros pedidos de indenização por faltarem os elementos necessários para a caracterização da responsabilidade civil da autarquia. No período de janeiro a novembro de 2004 foram gastos R$ 4.329,00 com serviços de limpeza em 16 imóveis onde ocorreu retorno de esgotos. 3.3. Obstrução de redes e ramais de esgotos No período de junho de 2004 a maio de 2005 foram constatadas diversas ocorrências de desobstruções de ramais e redes de esgotos. Na Tabela 1 pode ser observado o número de desobstruções realizadas, totalizando 2.037 ocorrências. A média diária é superior a 5 desobstruções ao dia. Nas Figuras 5 e 6 podem ser observados os números de ocorrências em redes e ramais, respectivamente.

Tabela 1 Número de desobstruções em redes e ramais durante o período de junho de 2004 a março de 2005. Mês/ano Redes Ramais Junho/04 136 27 julho/04 103 43 agosto/04 108 16 setembro/04 108 25 outubro/04 149 26 novembro/04 207 35 dezembro/04 272 24 janeiro/05 239 25 fevereiro/05 177 19 março/05 139 25 abril/05 130 27 maio/05 125 09 Total 1.763 274 Número de ocorrências de obstruções em redes de esgotos 300 250 200 150 100 50 0 jun-04 jul-04 ago-04 set-04 out-04 nov-04 dez-04 jan-05 fev-05 mar-05 abr-05 mai-05 Período (mês) Figura 5 Gráfico mostrando o número total de ocorrências de obstrução em redes de esgotos sanitários no período de junho/04 a maio/05 na cidade de Araraquara.

50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 jun-04 jul-04 ago-04 set-04 out-04 nov-04 dez-04 jan-05 fev-05 mar-05 abr-05 mai-05 Número de ocorrências de obstruções em ramais de esgotos Período (mês) Figura 6 Gráfico mostrando o número total de ocorrências de obstrução em ramais de esgotos sanitários no período de junho/04 a maio/05 em Araraquara. 3.3.1. Retorno de esgotos em imóveis No período de junho/2004 a maio/2005 foram constatadas diversas ocorrências de retornos no interior de imóveis e em caixas de inspeção. Na Tabela 2 podem ser observados os números de ocorrências neste período, totalizando 391 ocorrências, sendo 81 no interior de imóveis e 310 em caixas de inspeção. A média diária é superior a 1 ocorrência ao dia. Nos gráficos das Figuras 7 e 8 podem ser observadas o número de ocorrências em imóveis e caixas de inspeção, respectivamente. O maior número de ocorrências de retorno de esgotos no interior está nos meses de novembro, dezembro e janeiro, coincidindo com período de maior intensidade pluviométrica evidenciando que a contribuição de água de chuva nas redes de esgotos influencia diretamente nos casos de retorno de esgotos nos imóveis.

Tabela 2 Número de retorno de esgotos em imóveis e caixas de inspeção durante o período de junho de 2004 a maio de 2005. Mês/ano Retorno em imóveis Retorno em caixas de inspeção Junho/04 7 24 julho/04 3 34 agosto/04 5 25 setembro/04 2 27 outubro/04 7 34 novembro/04 9 32 dezembro/04 17 45 janeiro/05 14 27 fevereiro/05 6 12 março/05 4 18 abril/05 7 17 maio/05 0 15 Total 81 310 Número de ocorrências de retorno de esgotos em imóveis 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 jun-04 jul-04 ago-04 set-04 out-04 nov-04 dez-04 jan-05 fev-05 mar-05 abr-05 mai-05 Período (mês) Figura 7 Gráfico mostrando o número total de ocorrências de retorno de esgotos no interior de imóveis no período de junho/04 a maio/05 na cidade de Araraquara.

50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 jun-04 jul-04 Número de ocorrências de retorno de esgotos em caixas de inspeção ago-04 set-04 out-04 nov-04 dez-04 jan-05 fev-05 mar-05 abr-05 mai-05 Período (mês) Figura 8 Gráfico mostrando o número total de ocorrências de retorno de esgotos em caixas de inspeção no período de junho/04 a maio/05 na cidade de Araraquara. 4. Soluções propostas Geralmente as metodologias adotadas tem sido: trabalhos de educação sanitária visando a conscientização e sensibilização das pessoas; fiscalização das propriedades visando a minimização dos casos de lançamentos de águas pluviais, através de aplicação ou não de multas; O presente trabalho tem como proposta para minimização destes lançamentos e dos custos dele advindos, além das já mencionadas anteriormente, a cobrança pelo recebimento das águas pluviais pelas redes de esgotos. Neste caso, parte-se do princípio da cobrança deste tipo de lançamento. A proposta é a elaboração de uma Lei Municipal onde sejam aplicadas penalidades pelo recebimento ou lançamento irregular de tais águas na rede coletora de esgoto. No anexo 1 segue a proposta para o projeto lei. 5. Procedimento Após a aprovação da Lei Municipal o procedimento para fiscalização e cobrança da contribuição das águas pluviais na rede coletora de esgotos será relativamente simples, procedendo da seguinte forma:

Durante a fiscalização, os fiscais devem verificar as propriedades e, caso constatem a ocorrência de ligações clandestinas, orientam os devidos reparos. No entanto, medem a área de contribuição enviando ao setor comercial para providenciar a cobrança. Esta será suspensa após constatação, pelos fiscais, da resolução da desconformidade. 6. Discussão e Conclusão O presente trabalho é uma sugestão para inibição do lançamento de águas pluviais na rede coletora de esgotos através da cobrança pela área de contribuição e o índice pluviométrico médio da cidade. Atualmente, esta contribuição é recebida de forma clandestina e, mesmo sob fiscalização, os infratores continuam fazendo, muitas vezes pelo valor do investimento que podem ser elevados. Esta cobrança em alguns casos será a solução do problema, como é o caso de uma Indústria local que paga, mensalmente, um valor referente à contribuição de águas pluviais de um pátio que deveria estar coberto. Neste caso, antecedendo a criação da Lei, foi sugerida que a referida Indústria propusesse ao DAAE a cobrança na forma descrita anteriormente. Com este procedimento pretende-se minimizar o lançamento de águas pluviais na rede coletora de esgotos fazendo com que o número de casos com retorno de esgotos nas residências diminua e, com isso, os processos de indenizações também sejam reduzidos. Espera-se também que o número de casos de obstrução de redes de esgotos torne-se menor. Os valores recebidos poderão ser convertidos para ampliação do sistema de esgotamento sanitário minimizando os problemas devido ao lançamento das águas pluviais nas redes coletoras de esgotos.

ANEXO 1 PROJETO DE LEI N / de 16 de março de 2005. Dispõe sobre o lançamento indevido de águas pluviais na rede coletora de esgoto e da outras providências. À CÂMARA MUNICIPAL DE ARARAQUARA O PREFEITO DO MUNICÍPIO DE ARARAQUARA, Estado de São Paulo, no exercício de suas Atribuições legais encaminha à Câmara Municipal projeto de lei dispondo sobre matéria a seguir exposta: Artigo 1 - Toda propriedade imóvel que possua ramal coletor de esgoto e esteja em utilização efetiva do mesmo, não poderá lançar na rede pública coletora de esgotos as águas pluviais que deságüem no referido imóvel. 1 - os imóveis deverão conter sistema de drenagem que colete as águas pluviais e transportem as mesmas para despejo ou lançamento na rede coletora de águas pluviais, também conhecidas como galerias, existentes junto à via pública. 2 - Considera-se águas pluviais para os fins desta lei, as águas provenientes das chuvas, de uso em piscinas e de lavagem empreendidas no imóvel, tanto na área interna residencial quanto externa, que desemboquem ou sejam lançadas diretamente em ralos existentes na área externa da residência. Artigo 2 - Serão consideradas ligações ilegais de lançamento de águas pluviais, a existência de ralos ou outros coletores ou dispositivos localizados na área externa residencial do imóvel que sirvam para lançamento ou despejo daquelas águas diretamente na rede coletora de esgotos. Artigo 3 Toda propriedade imóvel, que possuir ligações nos moldes previstos no artigo anterior e lançarem indevidamente águas pluviais na rede coletora de esgotos, pagará em função de sua conduta, multa cujo valor será estabelecido com base na área de contribuição de despejo e do índice pluviométrico da cidade, calculada através da fórmula V = P x A x C:

I para os fins desta lei as variantes V, P, A e C tem a seguinte significação: a) V = Volume anual de contribuição de água pluvial (m 3 ); b) P = Precipitação, adotando-se a média anual (m/ano); c) A = Área de contribuição (m 2 ); d) C = Coeficiente de perda por evaporação e outras causas (considerado = 0,8) 1 - A precipitação média anual será obtida junto ao site www.sirgh.sp.gov.br para a cidade de Araraquara (prefixo C50-050). 2 - o volume (V) calculado será diluído ao longo do ano, dividido por 12 meses. 3 - o valor cobrado será o produto do volume V, dividido por 12 meses e multiplicado pelo valor da tarifa referente à classe de uso. Artigo 4 Independente da cobrança da multa estabelecida no artigo anterior, deverá o proprietário inativar as ligações ilegais, e promover a adaptação de seu imóvel com a colocação de sistema de drenagem que direcione as águas pluviais para a rede externa coletora de águas pluviais existentes junto à via pública. I o custo das reformas serão de responsabilidade do proprietário ou possuidor do imóvel. Artigo 5 Os imóveis serão fiscalizados por funcionário credenciado do DAAE que terá o direito de fiscalizar a parte externa residencial com vistas à detecção de ligações ilegais de deságüem na rede coletora de esgotos. I - O proprietário ou possuidor direto que não permitir o acesso do fiscal no interior de sua propriedade será autuado com multa equivalente a prevista no artigo 3 desta lei, calculada como área de contribuição a área construída constante do IPTU. II Em caso de reincidência a multa será aplicada em dobro. Artigo 6 - Esta lei entrará em vigor no dia de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.