Estratégias pedagógicas no curso de especialização à distância em Gestão educacional da Universidade Aberta do Brasil Gisele Brandelero Camargo Pires (Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG) gi_bcp@hotmail.com Resumo Este artigo apresenta os resultados parciais de uma pesquisa, em andamento, acerca das estratégias pedagógicas desenvolvida por professores formadores do curso de especialização a distância em Gestão Educacional da Universidade Aberta do Brasil, vinculado a uma Universidade do Estado do Paraná. Com o objetivo de verificar se as estratégias pedagógicas oportunizadas pelos(as) professores(as) formadores(as) satisfazem as finalidades de ensino-aprendizagem descritas no Projeto Político Pedagógico do curso, a pesquisa tem sido realizada sob o enfoque qualitativo do tipo pesquisa-ação, uma vez que a pesquisadora é também um sujeito investigado. Os instrumentos de coleta de dados pressupõem o estudo do Projeto Político Pedagógico, o acompanhamento do Ambiente Virtual de Aprendizagem (Sistema Moodle) para verificação das ferramentas e estratégias utilizadas pelos(as) professores(as) formadores(as) do curso e questionário aberto aplicado aos(às) mesmos(as) professores(as). Os dados já coletados e analisados revelam que as estratégias pedagógicas são ações que motivam o processo de aprendizagem dos alunos dos cursos à distância e indicam que as finalidades do curso de Gestão Educacional são alcançadas parcialmente, necessitando um movimento reflexivo do grupo de professores para repensar questões como mediação e estratégias pedagógicas. Palavras chave: Estratégias pedagógicas, Processo ensino e aprendizagem à distância, Finalidades do curso de Gestão Educacional. Pedagogical strategies in distance specialization course in educational Management from the Universidade Aberta do Brasil Abstract This article presents partial results of a search in progress, about the pedagogical strategies developed by teachers and trainers of the specialization course in Distance Education Management from the Universidade Aberta do Brasil, linked to a University of the State of Paraná. Com o objetivo de verificar se as estratégias pedagógicas oportunizadas pelos professores formadores satisfazem as finalidades de ensino-aprendizagem descritas no Projeto Político Pedagógico do curso, a pesquisa tem sido realizada sob o enfoque qualitativo do tipo pesquisa-ação, uma vez que a pesquisadora é também um sujeito investigado. Collection instruments assume the study of the Pedagogical political project, monitoring of Virtual learning environment (Moodle) for verification of tools and strategies used by teachers and trainers course and open questionnaire applied to same teachers. The results show, until the present time, pedagogical strategies are actions that motivate the learning process of
students of distance learning courses and indicate that the purpose of Educational Management course are met partially, necessitating a reflexive movement of the Group of teachers to rethink issues such as mediation and pedagogical strategies. Key-words: Pedagogical strategies, Process teaching and learning at a distance, the purposes of Educational Management course. 1 Introdução Com o aumento do uso das tecnologias digitais de comunicação na Educação a distância (EaD) a função do professor tem sido configurada pelas novas situações de formação e estudos que esse espaço oportuniza. Esse professor apresenta (ou deveria apresentar) uma postura didático-pedagógica disposta à apropriação das tecnologias de informação e comunicação (TICs). Isso porque, como nos explica Belloni (2009), os modos de acesso ao conhecimento são variáveis, exigindo que o professor centre sua ação pedagógica no utilizador (desse conhecimento). As razões fundamentais para essa postura do professor são: Entender como funciona essa autodidaxia para adequar métodos e estratégias de ensino; e assegurar que não se percam de vista as finalidades maiores da educação, ou seja, formar o cidadão competente para a vida em sociedade o que inclui a apropriação crítica e criativa de todos os recursos técnicos à disposição dessa sociedade. (BELLONI, 2009, p.5 e 6). Na mesma direção, Freire (2002), reflete que a ação pedagógica deve deflagrar o processo de desvelamento e compreensão do conhecimento, envolvendo criticamente, professor e aluno nele, sendo necessário, para isso, oportunizar estratégias de ensino que conjecturem ação e reflexão no processo de aquisição do conhecimento, visando a aproximação do aluno ao conteúdo. Considerando que na EaD o distanciamento físico, a ausência de olhares e gestos, bem como a organização diferenciada de espaços e tempos são uma constante, questiona-se quais estratégias pedagógicas são eficientes para motivar o aprendizado crítico e criativo? De que forma, os(as) professores(as) podem integrar, efetivamente, os alunos da modalidade à distância? Como as Tecnologias de Informação e Comunicação contribuem para o processo de ensino e aprendizagem? A partir dessas questões, temos realizado uma investigação com os(as) professores(as) formadores(as) do curso de pós-graduação a distância em Gestão Educacional: Organização Escolar e Trabalho Pedagógico, da Universidade Aberta do Brasil (UAB), oferecida por uma
Universidade do Estado do Paraná, questionando-nos como as estratégias pedagógicas oportunizadas pelos professores formadores desse curso satisfazem as finalidades de aprendizagem previstas em seu Projeto Político Pedagógico? A delimitação dessa questão norteadora justifica-se pela necessidade de refletir sobre a ação docente, do professor formador, frente ao processo de formação do aluno, visto que é esse professor que organiza, elabora e oferece as estratégias para o aprendizado do aluno. Sendo assim, consideramos a ação desse professor como propulsora do processo de aprendizagem nessa modalidade. Além disso, justificamos a escolha dessa temática porque a primeira edição de oferta desse curso encerrou no final de 2010, sendo necessário fazer a avaliação das ações realizadas para que na reoferta sejam reelaboradas. Com tudo, vale investigar essa questão, pois consideramos que as estratégias pedagógicas assumem, no ciberespaço, diversas formas, diferentes das que estão arraigadas no arcabouço didáticometodológico do(a) professor(a) no ensino presencial, podendo ou não conduzir a aprendizagem do aluno. Partindo dessas preliminares e considerando que a pesquisa está na fase de coleta e análise dos dados, temos o objetivo de compreender como as estratégias pedagógicas, utilizadas pelos professores formadores do curso, satisfazem os objetivos de aprendizagem apresentados no PPP do curso. Para tanto, estamos pautados na pesquisa qualitativa do tipo pesquisa-ação, uma vez que a pesquisadora é também uma professora formadora do curso e por tanto, um sujeito investigado. A coleta de dados, de caráter qualitativo, está sendo realizada, desde julho de 2010, mediante o estudo dos objetivos de aprendizagem do curso, descritos no Projeto Político Pedagógico (PPP), o acompanhamento do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e os questionários aplicados aos professores formadores. A análise dos dados foi dividida em três categorias de análise, visando sistematizar as informações obtidas com a coleta de dados. As categorias de análise são: compreensão das estratégias pedagógicas na educação à distância; estratégias pedagógicas utilizadas no curso; e relação entre as estratégias pedagógicas e objetivos de aprendizagem do Projeto Político Pedagógico do curso. A seguir, apresentaremos a discussão traçada até o presente momento na pesquisa. 2 Estratégias Pedagógicas na Educação à Distância. O curso de especialização em Gestão Educacional: Organização do Trabalho
Pedagógico, na modalidade à distância da Universidade Aberta do Brasil, vinculada a uma Universidade do estão do Paraná, teve sua primeira edição no início de 2008, prevendo uma carga horária de trezentas e setenta e cinco horas no total, ofertando cento e vinte vagas (no mínimo) e duzentos e dez vagas (no máximo), distribuídas em onze pólos presenciais ao longo dos estados do Paraná e Santa Catarina. A organização do curso se justificou, entre outras, pela necessidade de se promover entre pedagogos e professores uma reflexão sobre a democratização da educação e o trabalho na escola, numa perspectiva de trabalho e responsabilização coletiva (NADAL, 2007, p. 10). Seguindo o modelo proposto pela UAB, no curso de especialização em Gestão educacional existem três tipos de professores: o(a) professor(a) autor(a) responsável pela produção do material escrito, organização dos conteúdos curriculares, temas e objetos de estudos de cada disciplina; o(a) professor(a) formador(a), mediador do processo de aprendizagem, organizador das estratégias pedagógicas disponibilizadas no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA); e o(a) professor(a) tutor(a), responsável pelo atendimento individual, correção das produções e lançamento de notas dos alunos. Ou seja, o(a) professor(a) formador(a) é quem elabora, organiza e oferta as estratégias pedagógicas de acordo com os objetivos do curso e da disciplina proposta. O PPP do curso (2007, p. 20) dispõe que a metodologia se fundamenta nos conceitos de interatividade, cooperação e autonomia [...] permitindo comunicação síncrona e assíncrona entre alunos, professores e tutores e a criação de importantes elos no processo educacional. Tais elos são fundamentais para superar a distância geográfica e promover a aprendizagem do aluno. Nesse sentido, Perrenoud (2000) explica que o professor é o motivador responsável pelas situações de aprendizagem, ou seja, é a partir dele que os elos no processo educativo devem ser firmados a fim de tornar a aprendizagem eficiente. Para isso, o autor afirma a necessidade de superar a velha fórmula de exercícios repetitivos, sem desafios para o aluno. As estratégias pedagógicas devem ser, por essa ótica, criativas, motivadoras e desafiadoras no processo de ensino aprendizagem. Vale afirmar, por tanto, que as estratégias pedagógicas elaboradas pelo professor formador, no curso de Gestão educacional em questão, mediam a relação entre o ensino e a aprendizagem. Franciosi, Medeiros & Colla (2003) corroboram dessa afirmação, explicando que as estratégias pedagógicas, como ação mediadora devem colocar o grupo em movimento, com atividades provocativas, problematizadoras, despertando o centro do interesse dos alunos, favorecendo a reconstrução da relação entre os alunos e o objeto de conhecimento, através da
interatividade. Na mesma direção, Veiga (2004) afirma que as estratégias pedagógicas devem perpassar a produção e orientação de atividades didáticas que despertem o entusiasmo pela aprendizagem, que orientem a produção de conhecimento, que problematize situações e instaure o diálogo. Essa concepção de estratégias pedagógicas se aplica em ambas as modalidades de ensino, todavia, na educação à distância, é fundamental que o professor se aproprie e utilize os dispositivos que viabilizam a comunicação, tanto síncrona como assíncrona, favorecendo o diálogo e a participação ativa dos alunos. Vejamos, a seguir, como os professores formadores explicitam suas Estratégias Pedagógicas no curso de especialização à distância em Gestão Educacional. 3 A atuação pedagógica dos professores formadores no curso de Gestão Educacional. A coleta de dados que temos realizado na pesquisa compreende o estudo do PPP do curso, a observação das estratégias pedagógicas dispostas no AVA e o questionário aplicado aos professores formadores. Com esses instrumentos foi possível estabelecer, até o presente momento, três categorias de análise, que são, respectivamente: compreensão das estratégias pedagógicas na educação à distância; estratégias pedagógicas utilizadas no curso; e relação entre estratégias pedagógicas e objetivos de aprendizagem do Projeto Político Pedagógico do curso. Com a categorização das respostas obtidas e analisadas até agora, pudemos perceber que todos os(as) professores(as) formadores(as) compreendem as estratégias pedagógicas como uma maneira de interferir no processo de aprendizagem de forma criativa e dinâmica. As respostas dos(a) professores(as) F1 e F2 são exemplos disso. Suas respostas demonstram sua compreensão acerca da mediação pedagógica nesse curso a distância e compõem o quadro da primeira categoria de análise: As atividades propostas na Plataforma Moodle tem que ser atrativas porque, caso contrário, os alunos não participam, ou se participam, fazem só pela nota e não é isso que queremos. (F1). Atividades que façam o aluno refletir, ler bastante. Elas não podem ser mecânicas, mas também sabemos que não podem ser muito extensas para não desestimular o aluno. (F2). Essas respostas revelam a preocupação dos professores F1 e F2 em manter uma
postura ativa, dinâmica e comprometida com o aluno e consideram que as estratégias pedagógicas são formas de tornar o aluno participativo no seu processo de aprendizagem. Souza, Sartori & Roesler (2008) afirmam que essa preocupação está implícita na ação mediadora do professor e tende a colaborar com a qualidade do processo educacional. Outras respostas, organizadas nessa mesma categoria de análise, evidenciam que as estratégias pedagógicas consideram relevante os seguintes aspectos: comunicação síncrona e assíncrona, atividades que promovam reflexão, dinamismo e flexibilidade. Com essa mesma perspectiva de estratégias pedagógicas, os(as) professores(as) F2, F3 e F4 revelam como organizam sua atuação no curso, visando a diversificação metodológica para estimular a participação dos(as) alunos(as). Em suas palavras: Utilizei na minha disciplina, atividades de reflexão, como leitura de textos e fóruns. Os alunos participam com maior liberdade nos fóruns. Acredito que isso acontece porque eles têm mais oportunidade de colocarem suas opiniões pessoais. (F2) Eu uso muito os fóruns e debates. Busco indicar filmes ou vídeos do youtube que tenham a ver com o tema e propor questões que levem o aluno a fazer relação entre o filme e o conteúdo. Gosto de interagir com meus alunos [...] acho que essas atividades, mais divertidas, fazem o aluno intergir comigo. (F3). As estratégias se basearam na utilização de pequenos vídeos; análise de textos; análise crítica de textos de projetos político-pedagógicos; questionários; análise de situações problema (F4). Essas respostas demonstram que F2, F3 e F4 estão atentas à interlocução que permeia uma interação dialógica entre professor e aluno. De acordo com Souza, Sartori & Roesler (2008) essas são condições necessárias para uma prática pedagógica mediadora. Esses aspectos, de indicação da utilização de estratégias diversificadas que visam incrementar a interação entre docentes e discentes, podem ser identificados também nas respostas de outros professores e favorecem a reflexão sobre a metodologia implícita na modalidade a distância. No mesmo sentido, Belisário (2003) explica que a estratégia pedagógica na EaD deve proporcionar a superação da metodologia convencional onde o professor é o expositor do conteúdo e o aluno é o receptor. Em suas palavras: Na EaD ocorre a transição da lógica da distribuição (transmissão) para a lógica da comunicação (interação) [...] a mensagem não é mais emitida [...] ela é um mundo aberto, modificável na medida em que responde às solicitações daquele que a consulta. (Belisário, 2003, p.139). Belloni (2008, p. 88) explica que tanto no ensino presencial como à distância, o professor, preocupado com a educação do presente e do futuro de estar atento à três dimensões: pedagógica, tecnológica e didática. Sendo que em cada uma delas exige-se uma
nova postura do professor, mais flexível e aberta aos processos de aprendizagem. De acordo com esses autores, a interação entre professor e aluno, aluno e conteúdo, via mediação pedagógica rompem com modelo transmissor e receptor de conhecimento, oportunizando movimento ao ensino e ao aprendizado. Vale lembrar que o projeto pedagógico do curso, elaborado por Nadal (2007, p. 20) afirma que o movimento metodológico desejável se fundamenta nos conceitos de interatividade, cooperação e autonomia e visam superar as dificuldades decorrentes da distância física, permitindo uma comunicação eficaz entre professores e alunos, criando, com isso, importantes elos no processo educacional. Além disso, o projeto pedagógico ainda sugere algumas estratégias pedagógicas e tecnológicas para serem utilizadas na organização das disciplinas: Videoconferência; Ambiente Virtual de Aprendizagem (WEB e Proinfo); material impresso; DVD; internet (NADAL, 2007, p. 22). Alguns professores formadores, em resposta ao questionário informaram que, apesar da utilização das TICs, não se relacionam diretamente com o aluno, pois sua tarefa, enquanto professor formador, se traduz na elaboração de estratégias e atividades pedagógicas que façam a mediação pedagógica do conteúdo para o aluno. Assim, na maioria dos casos, as respostas das atividades, as dúvidas ou interferências diretas do aluno ficam restritas aos(as) professores(as) tutores(as). Isso fica evidente nas palavras dos(as) professores(as) F1, F2 e F4. Nós elaboramos as atividades e estratégias pedagógicas para que o aluno participe e interaja, mas na maioria das vezes, essa participação é atendida pelo tutor. Apesar de podermos acompanhar o processo de correção das atividades pela plataforma de aprendizagem, sinto como se não tivesse uma resposta dos aluno à atividade que elaborei (F1). A maior relação do professor formador é com o tutor. Já participei de outros cursos a distância, inclusive como aluna, e essa relação não existia, sempre a relação é com o tutor. Considero que poderia ser maior, ou melhor, com o formador participando dos momentos presenciais com mais freqüência. (F2). É uma relação quase indireta, pois quem mais interage com ele é o tutor. A minha participação enquanto formador está no material escrito (fascículo), nas intervenções que eu faço no desenvolvimento da disciplina quando corrijo as atividades de alguns alunos. (F4) As respostas de F1, F2 e F4 exemplificam o que a maioria dos professores descrevem nas suas respostas, o que nos leva a crer na necessidade de refletir sobre o formato estabelecido para esse curso a distância, que propõe uma relação indireta entre o professor formador, que elabora as estratégias pedagógicas, e o aluno. No PPP do curso investigado há a descrição da função do(a) tutor(a) como se pode verificar a seguir: O tutor é uma figura de destaque, responsável pelo bom andamento das atividades.
Esse profissional assume a missão de articulação de todo o sistema de ensinoaprendizagem, quer na modalidade semi-presencial ou a distância. [...] o tutor assume papel relevante, atuando como interprete do curso junto ao aluno, esclarecendo suas dúvidas, estimulando-o a prosseguir e, ao mesmo tempo, participando da avaliação da aprendizagem (NADAL, 2007, p.49-50). A divisão de tarefas, na qual um professor elabora as atividades e estratégias pedagógicas e outro faz o acompanhamento junto ao aluno, é capaz de promover os objetivos de aprendizagem propostos no Projeto do curso? É possível garantir a interatividade pelas estratégias pedagógicas quando o contato direto com o aluno é feito por outro professor? É preciso discutir esse modelo da UAB, onde a partir da divisão das tarefas de docência, o aluno interage mais, conhece, é conhecido, cria maiores elos de afinidade com o tutor do que com o professor formador. Considerando isso, vale questionar: Como é possível que as estratégias pedagógicas, formuladas pelos professores formadores, sejam eficientes no processo de aprendizagem, se esses professores não conhecem efetivamente (não mantém efetivamente) uma relação de trabalho com seus alunos? É evidente que a discussão deve ser permeada por estudos mais aprofundados, pois há que se levar em conta que de modo geral, os sistemas em EaD lidam com grande número de estudantes, (e por isso) fica clara a necessidade de um processo de trabalho racionalizado e segmentado (BELLONI, 2008, p. 81). Mesmo assim, por ora há que se considerar o que Souza, Sartori & Roesler (2008, p. 334) explicam: a noção do movimento mediador do professor compreende: análise constante do grupo, organização e reorganização de atividades, acompanhamento contínuio e intervenções paralelas. Por essa ótica, é possível afirmar que os professores formadores mantém uma mediação pedagógica de mão única, pois não recebem o retorno, pessoalmente, de suas propostas de trabalho. Quem recebe esse retorno é o tutor do curso. Será essa a caracterização de mediação pedagógica que se espera no curso? Há como validar a proposta de estratégias pedagógicas, elaboradas pelos professores formadores? Com base nessas questões a análise dos dados continua, visando contribuir com as discussões do grupo de professores que atuam no curso. 4 Algumas considerações Considerando que esse artigo revela uma pesquisa em andamento, com categorias de análise em aberto, não cabe aqui fazer conclusões, mas levantar questões que promovam e respeitem o movimento próprio da investigação científica. Sendo assim, é possível afirmar
que os professores formadores do curso de gestão educacional da UAB acreditam que as estratégias pedagógicas, desenvolvidas por eles, devem perpassar propostas criativas, dinâmicas e que promovam interatividade entre professores e alunos e entre alunos e conteúdos. As respostas analisadas até o momento revelam que a maioria das atividades propostas pelos professores formadores oportunizam formas de relacionamento, a partir das TICs, no ambiente virtual de aprendizagem. Entretanto, é necessário questionar: como o professor formador saberá se sua ação mediadora foi eficaz, atingido os objetivos de aprendizagem do curso, se quem recebe o retorno de suas propostas de trabalho é o tutor? Foi possível constatar ainda que a organização desse modelo de educação a distância oportuniza que o professor formador visualize a participação dos alunos nas estratégias propostas, todavia, o faz pela ótica do professor tutor. Sendo assim, apontam-se como proposições que as categorias de análise continuem sendo exploradas a fim de repensar questões como mediação e estratégias pedagógicas, no grupo de professores formadores, para atingir os objetivos da pesquisa e contribuir com as reflexões acerca do papel da mediação pedagógica na educação a distância brasileira. Referências BELISÁRIO, A. Material didático na educação a distância e a constituição de propostas interativas. In Educação on line, São Paulo: Loyola, 2003. BELLONI, M. L. Educação a Distância. 5ª ed. Campinas: Autores Associados, 2008.. O que é mídia-educação. 3ª ed. Campinas: Autores Associados, 2009. FRANCIOSI, B. R. T., MEDEIROS, M. F. & COLLA, A. L. Caos, criatividade e ambientes de aprendizagem, In: Cartografia pulsantes em movimento. Porto Alegre/RS: Edipucrs, 2003. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessário à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
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