Workshop de Ventilação Mecânica Modos Ventilatórios Controlados



Documentos relacionados
MODOS DE VENTILAÇÃO. Ventilação Mecânica Controlada. Ventilação Mecânica Controlada MODALIDADES VOLUME CORRENTE 4/16/2010 PARÂMETROS VENTILATÓRIOS

Jose Roberto Fioretto

VENTILAÇÃO MECÂNICA EM ANESTESIA

Aspectos Recentes da Ventilação Mecânica: como iniciar a ventilação mecânica

Indicações e ajustes iniciais da ventilação mecânica

Ventilação mecânica. Autor(es) Bruno do Valle Pinheiro 1 Fev-2008

mudanças em qualquer uma dos ajustes nas janelas do paciente ou do ventilador sejam implementadas.

Conceitos Básicos em VM invasiva

Ventilação Mecânica. Prof. Ms. Erikson Custódio Alcântara

CPAP/OS - ventilação com pressão contínua em vias aéreas / Ventilação com Pressão de Suporte.

Monitorando VM na UTI. Monitorar. Pp Ppt Ve Complacencia Complacencia do circuito Resistencia das vias aereas Fluxo inspiratorio

Fisiologia Respiratória

Correção Voluntária Urgente de Campo do Dispositivo Médico dos Ventiladores Puritan Bennett 840 Perguntas e Respostas. Número da Peça do Software

TAKAOKA MONTEREY SMART

Justificativa Depende dos exames escolhidos. Residência Médica Seleção 2014 Prova Clínica Médica Expectativa de Respostas. Caso Clínico 1 (2 pontos)

ITEM QUANT. UNIDADE DESCRIÇÃO

TROCA E TRANSPORTE DE GASES

Capnografia na Unidade Terapia Intensiva

Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais IMPLANTAÇÃO DO LABORATÓRIO DE VAZÃO DE GÁS DA FUNDAÇÃO CENTRO TECNOLÓGICO DE MINAS GERAIS

Provas de Função Pulmonar

SISTEMA DE EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA A DISTÂNCIA PROGRAMA DE ATUALIZAÇÃO EM MEDICINA INTENSIVA

ANEXO I RELAÇÃO DOS ITENS DA LICITAÇÃO

02/05/2016. Diretrizes Brasileiras de Ventilação Mecânica. Metodologia. Revisão MEDLINE e na Cochrane 2003 a 2013

Grupo Hospitalar Conceição Hospital Cristo Redentor Rotina de Revisão e Atualização em Ventilação Mecânica

VENTILAÇÃO MECÂNICA NA DPOC

INFORMAÇÃO IMPORTANTE PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE SOBRE A UTILIZAÇÃO SEGURA E ADEQUADA DE BRINAVESS

Estado da arte da regulação sanitária das terapias celulares

DPOC e Oxigenoterapia Guia Rápido

Prof Me Alexandre Rocha

MT O segredo da respiração harmoniosa BABYLOG 8000 PLUS

VOLUMES E CAPACIDADES PULMONARES: O AR CONTIDO NOS PULMÕES

PARECER COREN-SP 011/2014 CT PRCI 776/2014 Revisado em setembro/2014

PARECER CREMEC nº 29/ /09/2010

O que estamos formando?

4 Confiabilidade Metrológica do Ventilador Pulmonar

Trombose venosa profunda Resumo de diretriz NHG M86 (janeiro 2008)

VS III. Ventilador a volume e pressão Para uso invasivo e não-invasivo

Ventilador. Alta performance em ventilação mecânica

RESPOSTA A PEDIDO DE ESCLARECIMENTO PROCESSO ADMINISTRATIVO DE COMPRAS N 009/2015 EMPRESA SOLICITANTE: EQUIPAMED EQUIPAMENTOS MÉDICOS LTDA.

Apnéia do Sono e Ronco Guia Rápido

Raniê Ralph Pneumo. 02 de Outubro de Professora Ana Maria Casati. Insuficiência Respiratória

ANÁLISE DOS PARÂMETROS VENTILATÓRIOS UTILIZADOS NO CTI ADULTO DO HOSPITAL REGIONAL DO MATO GROSSO DO SUL.

PNEUMONIA. Internações por Pneumonia segundo regiões no Brasil, 2003

Ciências E Programa de Saúde

total ou parcialmente a atividade ventilatória do paciente, com o objetivo de restabelecer o equilíbrio entre a oferta e demanda de oxigênio,

VENTILAÇÃO SERVO-s Simplicidade e Confiabilidade

1. Considerações gerais

PROTOCOLOS PARA TESTES DE AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE CARDIORRESPIRATÓRIA

Consulta Pública nº 21/2013. Recolhimento de. Suzany Portal S. Moraes Gerência Geral de Alimentos. Brasília, 3 de abril de 2014.

O QUE ESPERAR DA CONSULTA

PLANO DE SEDAÇÃO POR ANESTESISTAS NORMA Nº 641

3 Ventilador Pulmonar

Exemplos de Testes de Hipóteses para Médias Populacionais

AUDITORIAS EM SISTEMAS HIPERBÁRICOS REALIZAÇÃO DA PRIMEIRA AUDITORIA EM SISTEMAS HIPERBÁRICOS NO BRASIL

Tiristores. 1. Aspectos gerais 2. SCR 3. Curva do SCR 4. DIAC 5. TRIAC 6. Curva do TRIAC 7. Circuitos e aplicações 8. Referências. 1.

CLORIDRATO DE AMBROXOL. Geolab Indústria Farmacêutica S/A Xarope Adulto 6mg/mL Infantil 3mg/mL

Flip-Flops. Slide 1. Flip-flop NOR SR cruzado. Reiniciar Configurar Reter Não usado. Flip-flop NAND SR cruzado. Reiniciar Configurar Reter Não usado

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Biologia. Sistema circulatório

Divinolândia 19 de agosto de 2013

Ventilação mecânica em crianças

Monnal T60. Um toque para respirar.

03/12/14 TRATAMENTOS: RESPIRAÇÃO ARTIFICIAL FISIOPATOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO TRATAMENTOS: RESPIRAÇÃO ARTIFICIAL

Tipo de PCR Fibrilação Ventricular Desfibrilação Princípios da Desfibrilação Precoce Tipos de Desfibrilador

Certificação Digital CETIP. Cartilha de Segurança Digital

Secretaria Municipal de Saúde. Atualização - Dengue. Situação epidemiológica e manejo clínico

PRINCÍPIOS BÁSICOS DO ELETROCARDIOGRAMA

III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica

GANHO DE PESO NA PRIMEIRA INFÂNCIA ASMA E REATIVIDADE CUTÂNEA EM CRIANÇAS: RESULTADOS DE UMA COORTE (SCAALA)

D Mais opções para melhores decisões. DRÄGER EVITA V300

Aglucose acarbose EMS S/A. Comprimidos. 50 e 100 mg

INSTITUTO TECNOLÓGICO

Sistema respiratório

Agenda de Reunião de Objetivos 11/3/2012

Capítulo 4 Oxigenoterapia

03/10/2013. Malformações cardíacas congênitas: 8 em cada 1000 (0,8%) Defeito do septo atrial

TERAPÊUTICA ANTIBIÓTICA EMPÍRICA DA FEBRE NEUTROPÉNICA

HEMORIO INSTITUTO ESTADUAL DE HEMATOLOGIA ARTHUR DE SIQUEIRA CAVALCANTI

13. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 1

FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA

Relatório do Segundo Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica

Priscila do Nascimento Cordeiro de Almeida DCIH/DVS/SESPA

Banco de Dados. Microsoft Access. Índice

Anestesia no Paciente com Demência: Quais os desafios?

Orientação para Pacientes com. Obesidade Mórbida

Ventilação e oxigenoterapia Componentes de ventilação para serviços de emergência médica e hospitais

Anexo III. Alterações a incluir nas secções relevantes do Resumo das Características do Medicamento e do Folheto Informativo

Desumidificador. Desidrat Plus IV Desidrat Plus V

Fundamentos do ResScan

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Hidráulica e Pneumática

NIMEGON SCHERING-PLOUGH INDÚSTRIA FARMACÊUTICA LTDA. Comprimidos Revestidos. 50 mg e 100 mg

3ª Série / Vestibular

ACTONEL,DEPURA E OSSEOPROT PARA RECUPERAÇÃO DE ARTROSCOPIA DE OMBRO

RESOLUÇÃO NORMATIVA - RN Nº - 262, DE 1º - DE AGOSTO DE 2011

BULA PACIENTE AMINOLEX HALEX ISTAR

INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA CARDIOVASCULAR NO PÓS- OPERATÓRIO DE REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCÁRDIO

Instruções para o preenchimento da planilha de indicadores epidemiológicos de infecção relacionada à asssistência à saúde (IrAS)

Transcrição:

Workshop de Ventilação Mecânica Modos Ventilatórios Controlados Luiz Fernando R. Falcão, MD, PhD, TSA Professor e Chefe do Serviço de Anestesia, EPM-UNIFESP Pós-doutorado em Bioengenharia Pulmonar, Harvard Medical Schoo, MGHl Diretor Científico, Grupo de Anestesiologistas Associados Paulista, GAAP Grupo de Anestesiologistas Associados Paulista Campo Grande, 04 de Dezembro de 2015

Disclosure Research Grants: o NIH HL5R01HL086827 o FAPESP 2013/12889-2 o MISP 2013/P002309 Speaker, Merck Sharp and Dohme & Pfizer Board Adviser, Philips Healthcare Resolução CFM n o. 1595/2000 Resolução RDC n o. 96/2008, ANVISA

CO 2

Pressão Negativa Pressão Positiva VC ml Fluxo L/min Pva cmh 2 O Pes cmh 2 O

Pressão pleural % dos valores iniciais V/Q Retorno venoso Respiração espontânea Respiração parcial esp/mec Respiração mecânica Trabalho respiratório

Lung derecruitment during general anesthesia with constant PEEP Rafael Ribeiro, Thiago Macruz, Arthur Sevalho, Vinícius Torsani, Camila Cestaro de Almeida, David Ferez, Masashi Munechika, Maria Angela Tardelli, José Luiz Gomes do Amaral, Luiz Fernando dos Reis Falcão Falcão et al., 2015

Regional lung aeration 20.00 10.00 0.00-10.00-20.00-30.00-40.00-50.00-60.00-70.00-80.00 Non-dependent Dependent Falcão et al., 2015

Pressão pleural % dos valores iniciais Retorno venoso Respiração espontânea Respiração parcial esp/mec Respiração mecânica

Interação Coração x Pulmão Pressão (mbar) Coração direito ê Pré-carga VD é Pós-carga VD Tempo de trânsito do sangue pelo pulmão ê Ejeção VD ê Pré-carga VE ê Ejeção VE Coração esquerdo é Pré-carga VE ê Pós-carga VE é Ejeção VE Inspiração Expiração Tempo (s) MÁXIMA pressão de pulso e pressão sistólica Final da inspiração MÍNIMA pressão de pulso e pressão sistólica Durante a expiração

Interação Coração x Pulmão Pressão (mbar) DeltaPP > 10% Inspiração Expiração Tempo (s) MÁXIMA PP MÍNIMA PP

Ventilação Mecânica Básica: os pulmões como um simples balão Disparo Inspiração Expiração Ciclagem

Modos de Ventilação Mecânica Baseado na fase inspiratória CICLOS CONTROLADOS: totalmente controlado pelo ventilador. CICLOS ASSISTIDOS: iniciado pelo paciente, controlado e finalizado pelo ventilador. CICLOS ESPONTÂNEOS: iniciado, controlado e finalizado pelo paciente.

VENTILAÇÃO CONTROLADA Todas as fases, disparo, controle do fluxo e ciclagem, são determinadas pelo ventilador. Disparo Inspiração Expiração Ciclagem

VENTILAÇÃO CONTROLADA VOLUME: o ventilador fornece um volume corrente previamente escolhido, que é o fator de ciclagem. PRESSÃO: o ventilador fornece um fluxo de ar para que se alcance uma pressão de vias aéreas préestabelecida.

RASTREAMENTO NACIONAL SOBRE O PADRÃO DE VENTILAÇÃO MECÂNICA NO INTRAOPERATÓRIO Bruno Zampaulo, David Ferez, Masashi Munechika, Maria Angela Tardelli, José Luiz Gomes do Amaral, Luiz Fernando dos Reis Falcão Disciplina de Anestesiologia, Dor e Medicina Intensiva, Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo Figura 5 Modos ventilatórios utilizados no intraoperatório de pacientes eutróficos e obesos. Falcão et. al. 2015 [no prelo]

VENTILAÇÃO CONTROLADA A VOLUME O ventilador controla a válvula de fluxo, ou seja, o fluxo é controlado e a pressão na via aérea é livre. Fluxo L/min Pva cmh 2 O

CURVA DE FLUXO Diferentes formas do fluxo inspiratório. Fluxo constante Melhor distribuição do gás inspirado Retardam o pico de pressão

COMPONENTES DA CURVA DE PRESSÃO X TEMPO Pressão (mbar) Pressão de Pico Pressão de platô Driving Pressure PEEP Tempo inspiratório Tempo expiratório Tempo (s)

VENTILAÇÃO CONTROLADA A VOLUME Problema: oferta insuficiente de fluxo, aumento do trabalho respiratório.

Breve Revisão! Muito alto fluxo > 4 L.min -1 Alto fluxo 2 4 L.min -1 Médio fluxo 1 2 L.min -1 Baixo fluxo 500 1000 ml.min -1 Fluxo mínimo 250 500 ml.min -1 Fluxo metabólico < 250 ml.min -1 Baxter AD. Can J Anaesth 1997; 44: 643-52.

Reservatório Reinalação Aberto FGF VM Semiaberto FGF VM Semifechado, parcial VM > FGF > Captação Fechado, completo FGF = Captação Anesthesiology, 1953.

Prof. Samuel Brody Relação do metabolismo vs. massa corpórea.

Bioenergetics and growth 1945.

Fórmula de Brody (Captação de oxigênio) VO 2 = 10 x peso [kg] 3/4 [ml/min] Finalidades clínicas, o consumo de oxigênio pode ser calculado como: VO 2 = 3,5 x peso [kg] [ml/min]

Baixo fluxo: problema

Baixo fluxo: problema

VENTILAÇÃO CONTROLADA A PRESSÃO O ventilador controla a pressão na via aérea e o fluxo é livre.

CONSTANTE DE TEMPO A constante de tempo está relacionada com o tempo necessário para que ocorra o enchimento completo dos pulmões, ou para que a pressão nos pulmões atinja o mesmo valor da pressão da via aérea. CT = R va x C sr (s) 1 CT = 63% 3 CT = 95% 2 CT = 86,5% 4 CT = 98,2%

VENTILAÇÃO CONTROLADA A PRESSÃO O ventilador controla a pressão na via aérea e o fluxo é livre.

Modo Ventilatório Sugestão: 1. Utilizar ventilação com pressão-controlada (PCV) em pacientes submetidos à cirurgia videolaparoscópica visando melhor mecânica pulmonar. Observar adequado valor de VC expirado. 2. No restante dos cenários não existe benefício de um modo ventilatório em detrimento de outro, se respeitada a mecânica ventilatória.

VENTILAÇÃO MANDATÓRIA INTERMITENTE SINCRONIZADA (SIMV) Combinação de ciclos assistidos ou controlados com ciclos espontâneos Ao se ajustar a frequência respiratória na SIMV, estabelecem-se janelas de tempo dentro das quais o primeiro ciclo será assistido ou controlado e todos os demais serão espontâneos. Por exemplo, em um paciente ventilado em SIMV com frequência de 3 respirações por minuto, estabelecem-se janelas de 20 segundos. O primeiro esforço do paciente identificado dentro desta janela dispara um ciclo assistido, nos demais ele respira espontaneamente, em geral assistido por uma pressão de suporte. Se, no entanto, ao final dos 20 segundos da janela de tempo, não houver disparo pelo paciente, o respirador fornece um ciclo controlado.

VENTILAÇÃO MANDATÓRIA INTERMITENTE SINCRONIZADA (SIMV)

Obrigado Luiz Fernando R. Falcão, MD, PhD, TSA luizfernandofalcao@gmail.com Grupo de Anestesiologistas Associados Paulista