OS QUILOMBOS E A FRUTICULTURA VAREIRO,Jéssica Davalos 1 ; OLIVEIRA, Euclides Reuter 2 ; FORNASIERI, José Luiz 2 ; RAMOS, Marisa Bento Marins 3 ; MONÇÃO,Flávio Pinto 4 ; PIESANTI, Gustavo Henrique Leite Mota 1 ; SILVA, Leandro do Valle Mendes 1 ; PEREIRA, Wellinton de Oliveira 1 Palavras-chave: Comunidade negra; extensão; produção Introdução A fruticultura sistematizada e organizada ainda é pouco desenvolvida na região Centro Oeste, estando mais concentrada no entorno das grandes cidades e do Distrito Federal. De acordo com Lazarotto et al., (2005), projeta-se que o potencial frutícola de Mato Grosso do Sul seja suficiente para suprir tanto em quantidade como em qualidade a demanda do mercado interno gerando renda, empregos e divisas. A agricultura familiar Sul-Mato-Grossense é realizada em mais de 80% das propriedades rurais de até 100 hectares, os quais representam somente em torno de 2% da área total ocupada com a agropecuária. Segundo o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), um grande entrave ao crescimento da agricultura familiar no Estado de Mato Grosso do Sul é a falta de acesso a tecnologia e informação (Pronaf, 2004). Em assentamentos rurais os pequenos produtores rurais apresentam dificuldades em relação ao acesso à tecnologia de produção frutícola e falta de informações e suporte institucional para comercialização e agregação de valor aos frutos cultivados. No Brasil, de acordo com Lourenzani et al. (2004), a agricultura Resumo revisado por: Euclides Reuter de Oliveira. Desenvolvimento de Atividades Alternativas na Comunidade Quilombola série III. Código: 147261461829706102008 1 Discente em Zootecnia pela UFGD-FCA/Dourados-MS jessica.davalos@hotmail.com, gahtv@hotmail.com, valle_leandro@hotmail.com, wellinton3000@hotmail.com 2 Docente da UFGD-FCA/Dourados-MS euclidesoliveira@ufgd.edu.br, jfornasi@ceud.ufms.br 3 Bolsista de Extensão pela UFGD - mbentomr@hotmail.com 4 Discente do programa de pós graduação em Zootecnia pela Unimonte - moncaomoncao@yahoo.com.br
familiar apresenta grande destaque social e econômico, assim como pontos fracos e fortes. Primeiramente, nota-se a capacidade de geração de renda e emprego, além da importante contribuição da agricultura familiar para a produção agropecuária nacional. Entretanto, fica evidente também que a agricultura familiar ainda possui um grande numero de pessoas vivendo em condições sociais e de produção extremamente adversas, gerando assim, pobreza no meio rural. Neste contexto, objetivou-se por meio do trabalho dar continuidade à implantação e manutenção do pomar, orientar os pequenos produtores na Comunidade Quilombola do Distrito da Picadinha no uso de técnicas e estimular o desenvolvimento da fruticultura utilizando-se espécies frutíferas que apresentam potencial econômico para a comunidade e região. Metodologia As atividades foram desenvolvidas na comunidade Quilombola da Picadinha onde vivem cerca de 336 pessoas em 41 ha. A maioria da população, especialmente o grupo com o qual se trabalhou, apresenta baixo nível de escolaridade e vive com rendimentos que estão abaixo de dois salários mínimos. A atividade teve inicio em março de 2011. As frutíferas que já estão sendo cultivadas são acompanhadas e manejadas para a obtenção de boas produções além da introdução de outras espécies de uso potencial para a comunidade. O preparo da área, adubação, adubação de manutenção e plantio foi feito de maneira seguindo o cronograma de execução das ações. A semeadura de algumas espécies foi realizada em bandejas ou tubetes. Posteriormente, foram selecionadas as melhores mudas e, as mais vigorosas, foram transferidas para recipientes maiores até que atingisse o tamanho adequado para serem levados ao campo. Para adiantar o processo de instalação, adquiriram-se algumas mudas oriundas de produtores. Algumas espécies de frutíferas estão sendo podadas periodicamente visando maior facilidade nos tratos culturais e fitossanitários. A irrigação é por meio do sistema de gotejamento.
A adubação das plantas foi feita com adubo orgânico. Os agricultores estão sendo orientados mensalmente e também foram ministrados cursos sobre manejo de pomar. Na área destinada à formação do pomar foram cultivadas espécies de frutíferas de interesse local, tais como: abacateiro, bananeira, mangueira, citrus, coco anão, pupunha, maracujá, acerola, entre outras. Após preparo da área foram feitas covas de 40x40x40 ou 60x60x60 e transplantio das mudas. Os agricultores foram orientados mensalmente em relação aos tratos culturais que devem ser executados. Essas atividades têm-se o acompanhamento da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (AGRAER), e Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuária- Agropecuária Oeste (EMBRAPA-CPAO) e de discentes do curso de Agronomia e Zootecnia da UFGD. Resultados e Discussão Inicialmente foi proferida uma palestra sobre a importância de consumo de frutas e sua produção. Após término da palestra, uma das famílias cedeu uma área de 10.000m² e foi formado um grupo que consistiu de oito a dez pessoas como responsáveis para a implantação da unidade demonstrativa e sua manutenção. Utilizou-se 20 espécies e cerca de 40 variedades de frutíferas, totalizando em torno de 500 plantas, as quais se encontram em pleno desenvolvimento. As espécies selecionadas foram mangueiras, citros, abacateiro, goiabeira (branca e vermelha), nespereira, pessegueiro, aceroleira, figueira, caramboleira, gravioleira, coqueiro, jabuticabeira, tamarindo, palmito (pupunha e açaí), uvaia, bananeira (nanica e prata), cajueiro, pitangueira, jaqueira que foram espécies caracterizadas de interesse e com potencial econômico. Durante a fase inicial de desenvolvimento das plantas, os participantes foram orientados a prática do consórcio com culturas agrícolas nos espaços entre as linhas do pomar visando diversificar a produção na propriedade, tal como: milho, feijão, berinjela, jiló, batata doce, amendoim e brócolis. Além dessas culturas, houve inclusão de algumas espécies de adubação verde como feijão de porco, guandu,
crotalárias, etc. As produções desses materiais foram distribuídos e consumidos no local e o excedente foi comercializado numa feira na UFGD. Algumas frutíferas já se encontram em fase inicial de florescências e de frutos os quais estão sendo aproveitados para consumo. Após encerramento das atividades, os produtores envolvidos no projeto estão sendo reunidos periodicamente e as atividades avaliadas mediante painel participativo para que os dados, quantitativos e qualitativos, sejam colhidos de forma conjunta. Desta maneira, espera-se que os produtores possam fazer uma alta reflexão dos seus problemas favorecendo a construção de sistemas melhorados. Houve um aumento na participação dos produtores de 20% em relação ao ano anterior (60%) e nota-se interesse dos produtores pela introdução de novas técnicas a possibilidade de diversificação de produção na propriedade, além de contribuir para uma alimentação mais saudável. Conclusão A oportunidade de propiciar, na prática, a introdução de novas espécies frutíferas, recomendadas após trabalhos de pesquisa e, seu cultivo, junto à comunidade passa ser de grande valia. Isto leva a uma melhoria na alimentação, valoriza o homem do campo, eleva a lucratividade, cria outras oportunidades e contribui para o bem estar das famílias no meio rural. Referências Bibliográficas LAZAROTTO, C.; FORNASIERI, J.L.; COMUNELLO, E.; SORIANO, B.M.A.; ARAÚJO, M.R.; SANDRINI, M. Zoneamento para a fruticultura em Mato Grosso do Sul. Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste, 2005. 39p. (Documentos / Embrapa) LOURENZANI, A.E.B.S; LOURENZANI, W.L; BATALHA, M.O. Barreiras e Oportunidades na Comercialização de Plantas Medicinais provenientes da Agricultura Familiar. Informações Econômicas, São Paulo, v.34, n.3, 2004. PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar. Avaliação dos PMDR no MS. Disponível em:
<http://www.pronaf.gov.br/textos_e_estudos/pmdr.htm>. Acesso em 22 de setembro de 2011.