EDUARDO VIDAL VIOLA PRONOMES PESSOAIS E MARCADORES DE PESSOAS NAS LÍNGUAS AMERÍNDIAS



Documentos relacionados
A PRODUÇÃO DE SENTIDOS NOS CAMINHOS DO HIPERTEXTO THE PRODUCTION OF SENSE IN THE HYPERTEXT WAY

Livro para a SBEA (material em construção) Edmundo Rodrigues 9. peneiras

Fotografando o Eclipse Total da Lua

Quantas equações existem?

Confrontando Resultados Experimentais e de Simulação

Compensadores. Controle 1 - DAELN - UTFPR. Os compensadores são utilizados para alterar alguma característica do sistema em malha fechada.


COP Comunication on Progress EQÜIDADE DE GÊNERO

Equações Diferenciais (GMA00112) Resolução de Equações Diferenciais por Séries e Transformada de Laplace

Observação: CURSOS MICROSOFT

Exercícios Resolvidos de Biofísica

I Desafio Petzl Para Bombeiros Regulamento Campeonato Internacional de Técnicas Verticais e Resgate

Reconhece e aceita a diversidade de situações, gostos e preferências entre os seus colegas.

Resolução de Equações Diferenciais Ordinárias por Série de Potências e Transformada de Laplace

Palavras-chave:Algoritmo Genético; Carregamento de Contêiner; Otimização Combinatória.

CAPÍTULO 10 Modelagem e resposta de sistemas discretos

Resistência dos Materiais SUMÁRIO 1. TENSÕES DE CISALHAMENTO DIMENSIONAMENTO EXEMPLOS... 2

Estrutura geral de um sistema com realimentação unitária negativa, com um compensador (G c (s) em série com a planta G p (s).

PROCEDIMENTO DE MERCADO AM.04 Cálculo de Votos e Contribuição

Lider. ança. para criar e gerir conhecimento. }A liderança é um fator essencial para se alcançar o sucesso também na gestão do conhecimento.

Modelagem Matemática e Simulação computacional de um atuador pneumático considerando o efeito do atrito dinâmico

SITE EM JAVA PARA A SIMULAÇÃO DE MÁQUINAS ELÉTRICAS

v t Unidade de Medida: Como a aceleração é dada pela razão entre velocidade e tempo, dividi-se também suas unidades de medida.

Inclusão Social dos Jovens nos Assentamentos Rurais de Areia com ênfase no trabalho da Tutoria e recursos das novas TIC s

ESTUDO DINÂMICO DA PRESSÃO EM VASOS SEPARADORES VERTICAIS GÁS-LÍQUIDO UTILIZADOS NO PROCESSAMENTO PRIMÁRIO DE PETRÓLEO

Associação de Professores de Matemática PROPOSTA DE RESOLUÇÃO DO EXAME DE MATEMÁTICA APLICADA ÀS CIÊNCIAS SOCIAIS (PROVA 835) ªFASE

UMA ABORDAGEM GLOBAL PARA O PROBLEMA DE CARREGAMENTO NO TRANSPORTE DE CARGA FRACIONADA

Física 1 Capítulo 7 Dinâmica do Movimento de Rotação Prof. Dr. Cláudio Sérgio Sartori.

Usos do Orkut O Movimento Heavy Metal e o BuddyPoke Enquanto Expressão de Subjetividade e de Identificação 1

Nestas notas será analisado o comportamento deste motor em regime permanente.

CAPÍTULO 6 - Testes de significância

Capítulo I Tensões. Seja um corpo sob a ação de esforços externos em equilíbrio, como mostra a figura I-1:

O URBANO E A PRODUÇÃO IMOBILIÁRIA EM CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM - ES

Capítulo 5: Análise através de volume de controle

Técnicas Econométricas para Avaliação de Impacto. Problemas de Contaminação na Validação Interna

A Morfologia é o estudo da palavra e sua função na nossa língua. Na língua portuguesa, as palavras dividem-se nas seguintes categorias:

Equivalência da estrutura de uma frase em inglês e português

EXPERIÊNCIA 7 CONVERSORES PARA ACIONAMENTO DE MÁQUINAS ELÉTRICAS

Laboratório de Sistemas e Sinais Equações Diferenciais

A TEORIA DA PROPOSIÇÃO APRESENTADA NO PERIÉRMENEIAS: AS DIVISÃO DAS PRO- POSIÇÕES DO JUÍZO.

PROTEÇÕES COLETIVAS. Modelo de Dimensionamento de um Sistema de Guarda-Corpo

Tensão Induzida por Fluxo Magnético Transformador

CONCURSO PÚBLICO MUNICIPAL EDITAL N.º 001/2007

Competências/ Objetivos Especifica(o)s

CRECHE COMUNITARIA PINGO DE GENTE AV.Senador Levindo Coelho 130 Tirol CEP CNPJ: /80

Análise de Sensibilidade de Anemômetros a Temperatura Constante Baseados em Sensores Termo-resistivos

COMO REDIGIR ARTIGOS CIENTÍFICOS. Profa. EnimarJ. Wendhausen

Avaliação de Ações. Mercado de Capitais. Luiz Brandão. Ações. Mercado de Ações

Rentabilidade das Instituições Financeiras no Brasil: Mito ou Realidade? Autores JOSÉ ALVES DANTAS Centro Universitário Unieuro

Pescando direitos. Medidas Provisórias nºs 664 e 665 de 30 dezembro de Sobre as MP's 664 e 665 de 2014:

ANÁLISE LINEAR COM REDISTRIBUIÇÃO E ANÁLISE PLÁSTICA DE VIGAS DE EDIFÍCIOS

Simplified method for calculation of solid slabs supported on flexible beams: validation through the non-linear analysis

PREFEITURA MUNICIPAL DE NOVA LIMA

arxiv: v1 [cs.lo] 21 Jan 2013

INQUÉRITO - PROJECTO DE TUTORIA A ESTUDANTES ERAMUS OUT

A EDUCAÇÃO BRASILEIRA NAS ÚLTIMAS DÉCADAS: OBSTÁCULOS E METAS DENTRO E FORA DA ESCOLA

GABARITO NÍVEL III. Questão 1) As Leis de Kepler.

FAZEMOS MONOGRAFIA PARA TODO BRASIL, QUALQUER TEMA! ENTRE EM CONTATO CONOSCO!

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE OS PROCEDIMENTOS DE AMOSTRAGEM CASUAL SIMPLES E AMOSTRAGEM SISTEMÁTICA

Imposto de Renda Pessoa Física

3 Fuga de cérebros e investimentos em capital humano na economia de origem uma investigação empírica do brain effect 3.1.

O boi é quem manda. Acostume seus ouvidos o termo. Pastagens

CRITÉRIOS ESPECÍFICOS DE AVALIAÇÃO 3º ANO (1º CICLO) PORTUGUÊS

PLANIFICAÇÃO ANUAL 2015/2016 PORTUGUÊS - 3ºANO

Afetação de recursos, produtividade e crescimento em Portugal 1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Departamento de Patologia Básica Pós-Graduação em Microbiologia, Parasitologia e Patologia

Um exemplo de Análise de Covariância. Um exemplo de Análise de Covariância (cont.)

Conversando. Ditado popular: Escreveu não leu, o pau comeu.

Vestibular a fase Gabarito Física

s Rede Locais s Shielded Twisted Pair (STP); s Unshielded Twisted Pair (UTP); s Patch Panels; s Cabo Coaxial; s Fibra Óptica;

A INTERFERÊNCIA DA LÍNGUA MATERNA

Sistema de signos socializado. Remete à função de comunicação da linguagem. Sistema de signos: conjunto de elementos que se determinam em suas inter-

Professora: Lícia Souza

TALKING ABOUT THE PRESENT TIME

Erros mais freqüentes

Os Pronomes. The Pronouns

PESQUISA DATAPOPULAR: PERCEPÇÃO SOBRE A QUALIDADE DA EDUCAÇÃO NAS ESCOLAS ESTADUAIS DE SÃO PAULO

PROJETO DE PESQUISA: INDICAÇÕES PARA SUA ELABORAÇÃO

Cap. 8 - Controlador P-I-D

GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO PIAUÍ COMISSÃO PERMANENTE DE LICITAÇÃO

Vestibular UFRGS Resolução da Prova de Língua Portuguesa

Aula 4 Modelagem de sistemas no domínio da frequência Prof. Marcio Kimpara

Unidade Símbolo Grandeza

O CORPO HUMANO E A FÍSICA

Conteúdos: Funções da Linguagem

Nome: N.º: endereço: data: telefone: PARA QUEM CURSARÁ O 8 Ọ ANO EM Disciplina: português

= T B. = T Bloco A: F = m. = P Btang. s P A. 3. b. P x. Bloco B: = 2T s T = P B 2 s. s T = m 10 B 2. De (I) e (II): 6,8 m A. s m B

Política de Divulgação de Informações Relevantes e Preservação de Sigilo

UNIVERSIDADE POSITIVO PROGRAMA DE MESTRADO E DOUTORADO EM ADMINISTRAÇÃO DOUTORADO EM ADMINISTRAÇÃO ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: <ÁREA DE CONCENTRAÇÃO>

São eles: SOME (Algum, alguma, alguns,algumas). É utilizado em frases afirmativas,antes de um substantivo. Ex.:

Cadernos do CNLF, Vol. XVI, Nº 04, t. 3, pág. 2451

operação. Determine qual o percentual de vezes que o servidor adicional será acionado.

CHAIR DRYDEN: Continuemos, vamos passar ao último tema do dia. Ainda temos 30 minutos.

Gramática do Português, Maria Fernanda Bacelar do Nascimento (Centro de Linguística da Universidade de Lisboa)

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS ANA CLÁUDIA MACHADO TEIXEIRA

XLVI Pesquisa Operacional na Gestão da Segurança Pública

A notação utilizada na teoria das filas é variada mas, em geral, as seguintes são comuns:

EFEITOS DO COEFICIENTE DE POISSON E ANÁLISE DE ERRO DE TENSÕES EM TECTÔNICA DE SAL

Transcrição:

EDUARDO VIDAL VIOLA PRONOMES PESSOAIS E MARCADORES DE PESSOAS NAS LÍNGUAS AMERÍNDIAS CAMPINAS, 2015 i

ii

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE ESTUDOS DA LINGUAGEM EDUARDO VIDAL VIOLA PRONOMES PESSOAIS E MARCADORES DE PESSOAS NAS LÍNGUAS AMERÍNDIAS Diertação apreentada ao Intituto de Etudo da Linguagem, da Univeridade Etadual de Campina, para obtenção do Título de Metre em Linguítica. Orientador: Prof. Dr. Angel Humberto Corbera Mori CAMPINAS, 2015 iii

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org) Ficha catalográfica Univeridade Etadual de Campina Biblioteca do Intituto de Etudo da Linguagem Haroldo Batita da Silva - CRB 5470 Viola, Eduardo Vidal, 1977- V811p VioPronome peoai e marcadore de peoa na língua ameríndia / Eduardo Vidal Viola. Campina, SP : [.n.], 2015. VioOrientador: Angel Humberto Corbera Mori. VioDiertação (metrado) Univeridade Etadual de Campina, Intituto de Etudo da Linguagem. Vio1. Índio - Língua. 2. Índio da América do Sul - Língua - Pronome. 3. Tipologia (Linguítica). I. Corbera Mori, Angel H.,1950-. II. Univeridade Etadual de Campina. Intituto de Etudo da Linguagem. III. Título. Informaçõe para Biblioteca Digital Título em outro idioma: Peronal pronoun and peron marker in amerindian language Palavra-chave em inglê: Indian - Language Indian of South America - Language - Pronoun Typology (Linguitic) Área de concentração: Linguítica Titulação: Metre em Linguítica Banca examinadora: Angel Humberto Corbera Mori [Orientador] Critina Martin Fargetti William Alfred Pickering Data de defea: 29-05-2015 Programa de Pó-Graduação: Linguítica iv

v

vi

RESUMO A preente diertação apreenta uma análie do itema de pronome peoai de um conjunto compoto por cem língua indígena da América do Sul. Para ee trabalho foram reunida língua de diferente tronco e família linguítica falada no continente, bem como alguma língua iolada. O trabalho é dividido em dua parte principai. Na primeira parte ão apreentado dado teórico acerca do pronome peoai, como a ua definição, ditinção entre pronome peoai livre, clítico e afixo peoai, o divero parâmetro de marcação da categoria de peoa, número e gênero, bem como outro fato relevante obre ee pronome. A última parte do trabalho apreenta uma análie tipológica comparativa do itema de pronome peoai do conjunto de língua indígena que foram etudada para ee trabalho. Palavra-chave: Língua indígena; Pronome peoai; Tipologia. ABSTRACT Thi diertation analyze the ytem of peronal pronoun in a et of one hundred indigenou language of South America. For thi work, language of different familie poken in South America were examined, a well ome iolated language. Thi work i divided in two main part. In the firt part we preent ome theoretical apect of peronal pronoun, uch a their definition, the ditinction between free and bound pronoun, the variou parameter for marking the category of peron, number and gender, a well a other relevant fact about the peronal pronoun. In the lat part we preent a comparative typological analyi of the peronal pronoun ytem in the indigenou language that were tudied for thi work. Keyword: Indigenou language; Peronal pronoun; Typology vii

viii

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 1 1.1 Jutificativa... 3 1.2 Objetivo... 4 1.3 Metodologia e preupoto teórico... 4 1.4 Conteúdo... 6 2 PRONOMES E MARCADORES DE PESSOAS... 7 2.1 A Categoria de Pronome e Conceito de Pronome Peoal... 7 2.2 Paradigma de Peoa... 10 2.3 A Poição da terceira peoa... 11 2.4 A Categoria de Peoa... 14 2.4.1 Apecto gerai... 14 2.4.2 Diviõe na Terceira Peoa (Terceira peoa próxima e obviativa)... 17 2.4.3 Terceira Peoa na língua Carib... 18 3 TIPOLOGIA DOS MARCADORES DE PESSOA... 21 3.1. Forma morfo-fonológica... 21 3.1.1 Pronome dependente X independente... 21 3.1.2 Afixo Pronominai X Marcadore de concordância... 23 3.2. Funçõe intática... 29 3.2.1 Introdução... 29 3.2.2 Alinhamento... 30 3.3. Hierarquia de Peoa... 37 3.3.1 Apecto Gerai... 38 3.3.2. Hierarquia de peoa na língua Kadiweu... 42 3.3.3. Hierarquia de peoa em Mapuche (Mapudungun)... 45 3.3.4 Hierarquia de peoa em Carib (Carib/ Suriname)... 47 4 ESTRUTURA DOS PARADIGMAS DE PESSOA... 51 4.1. Número... 51 4.1.1. Plural no Pronome Peoai... 51 4.1.2. Cluividade... 55 4.2. Tipologia do paradigma da primeira peoa do plural... 57 4.2.1 Tipo mai comun de paradigma de primeira peoa... 57 4.2.2 Tipo (a): Nó unificado ( unified-we)... 58 4.2.3 Tipo (b): Sem pronome nó ( no-we )... 59 4.2.4 Tipo (c): Somente incluivo ( only incluive )... 60 4.2.5 Tipo (d): Incluivo/ Excluivo... 62 4.2.6 Tipo (e): Minimo/ Aumentado... 63 4.3 Gênero... 66 5 ANÁLISE DOS DADOS... 69 ix

5.1 Introdução... 69 5.2 Língua analiada... 70 5.3 Banco de dado... 75 5.4 Tronco Tupi... 76 5.4.1 Pronome Peoai independente na língua Tupi... 76 5.4.2 Ditinção de gênero... 78 5.4.3 Ditinção de número... 79 5.4.4 Cluividade... 81 5.4.5 Terceira Peoa... 83 5.4.6 Clítico e Afixo Peoai... 84 5.5 Tronco Macro-Jê... 87 5.5.1 Pronome peoai independente na língua Macro-Jê... 87 5.5.2 Ditinção de gênero... 90 5.5.3 Ditinção de número... 91 5.5.4 Cluividade... 92 5.5.5 Terceira Peoa:... 95 5.6 Família Carib... 97 5.6.1 Pronome Peoai independente na língua da família Carib... 97 5.6.2 Ditinção de gênero... 99 5.6.3 Ditinção de número... 99 5.6.4 Cluividade... 99 5.6.5 Terceira Peoa... 100 5.7 Família Aruak (ou Arawak)... 102 5.7.1 Pronome Peoai independente na língua da família Arawak/Aruak... 102 5.7.2 Ditinção de gênero... 104 5.7.3 Ditinção de número... 106 5.7.4 Cluividade... 106 5.7.5 Terceira Peoa... 107 5.8 Análie comparativa geral... 108 5.8.1 Introdução... 108 5.8.2 Marcação de gênero... 108 5.8.3 Ditinção de Número... 112 5.8.4 Cluividade... 114 5.8.5 Terceira Peoa... 122 6 CONCLUSÃO... 125 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 129 x

Agradecimento Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Angel Corbera Mori pela orientação e ajuda na concluão dete trabalho. Ao profeore William Alfred Pickering e Critina Martin Fargetti, membro da banca defea, pela leitura e correção do trabalho. À FAPESP pela bola concedida para a realização dete trabalho (proceo n. 2013/05158-1). À minha família pela ajuda e apoio. À toda a peoa que contribuiram direta ou indiretamente para a realização dete trabalho. xi

xii

Lita de figura Figura 1 - Localização geográfica da língua.... 71 Figura 2 Tela do formulário de entrada de cada pronome.... 76 Figura 3- Porcentagem de língua com ditinção de gênero em relação ao total de língua etudada.... 108 Figura 4 - Ditinção de gênero no tronco e principai família.... 110 Figura 5 Análie geral do paradigma de primeira peoa.... 115 xiii

xiv

Lita de Tabela Tabela 1 - Principai combinaçõe de peoa teoricamente poívei.... 16 Tabela 2- Pronome de 3ª peoa animado - Trio/ Tiriyó (Carib)- Suriname, Brail... 18 Tabela 3 - Pronome de 3ª peoa inanimado (uado também como pronome demontrativo) - Trio/ Tiriyó (Carib)- Suriname, Brail... 19 Tabela 4 - Pronome peoai(hanenawa- pano)... 32 Tabela 5 - Pronome peoai independente- Aweti (Tupi)... 34 Tabela 6 - Prefixo peoai Aweti - Tupi... 34 Tabela 7 Prefixo peoai Tiriyó - Carib... 36 Tabela 8 - Série de pronome peoai preo ao verbo em Kadiweu.... 44 Tabela 9 - Afixo peoai em Mapuche.... 45 Tabela 10 - Pronome peoai na língua Carib (Carib/ Suriname).... 48 Tabela 11 - Pronome peoai independente- Bora (Bora-huitoto)... 54 Tabela 12 - Modelo mai comun de paradigma de primeira peoa.... 58 Tabela 13 - Pronome peoai Aymara.... 61 Tabela 14 - Pronome peoai em Ayacucho Quechua... 62 Tabela 15- Sierra Popoluca (Mixe-zoque, México)... 64 Tabela 16- Pronome peoai independente em Chayahuita (Cahuapana)... 65 Tabela 17-3º Peoa- animado em Carib.... 66 Tabela 18-3 Peoa- inanimado em Carib... 66 Tabela 19 - Pronome peoai livre- Mojeno Trinitario (Aruak)... 68 Tabela 20 Língua analiada da família do tronco Tupi... 72 Tabela 21- Língua analiada da família do tronco Macro-Jê... 72 Tabela 22 - Língua analiada da familia Carib.... 73 Tabela 23 - Língua analiada da familia Aruak... 73 Tabela 24 - Língua analiada de outra familia.... 74 Tabela 25 - Língua iolada analiada.... 75 Tabela 26 Análie do número de pronome analiado.... 76 Tabela 27 - Pronome peoai independente na língua Tupi.... 77 Tabela 28 - Ditinção de gênero na língua Tupi... 78 Tabela 29 Pronome peoai em Karitiana.... 79 Tabela 30 - Cluividade na língua Tupi.... 81 Tabela 31- Pronome peoai independente em Tuparí (Tupi)... 82 Tabela 32 - Pronome peoai de terceira peoa na língua tupi... 83 xv

Tabela 33- Pronome peoai livre e clítico em Kaiowá... 84 Tabela 34 - Série de prefixo peoai e clítico em Kaiowá:... 85 Tabela 35- Pronome peoai independente na língua Macro-Jê... 89 Tabela 36- Ditinção de gênero na língua Macro-Jê.... 90 Tabela 37 - Pronome independente em Karajá.... 91 Tabela 38 - Pronome peoai independente em Rikbakta.... 91 Tabela 39 - Pronome peoai independent em Apinayé.... 92 Tabela 40 - Cluividade na língua Macro-Jê.... 92 Tabela 41 - Pronome peoai independente em Kayapó (nominativo)... 93 Tabela 42 - Pronome peoai independente em Suyá (érie 1)... 93 Tabela 43 - Pronome peoai do cao ergativo em Kayapó... 96 Tabela 44 - Pronome peoai do cao abolutivo/acuativo em Kayapó.... 96 Tabela 45 - Pronome peoai independente na língua Carib do Sul... 97 Tabela 46 - Pronome peoai independente na língua Carib do Norte... 98 Tabela 47 - Pronome de 1 e 2 peoa na língua Tiriyó (Carib)... 100 Tabela 48 - Pronome livre de primeira e egunda peoa em Yukpa... 100 Tabela 49- Pronome independente da terceira peoa em Panare (Carib)... 101 Tabela 50 - Pronome peoai independente da terceira peoa em Yukpa (Carib)... 102 Tabela 51 - Pronome peoai livre na língua Aruak... 103 Tabela 52 - Ditinção de gênero na língua Aruak.... 104 Tabela 53 - Pronome independente em Arawak/Lokono.... 105 Tabela 54 - Pronome peoai independente em Palikur.... 107 Tabela 55 - Pronome peoai independente em Ahaninka.... 107 Tabela 56 - Ditribuição da variação em gênero no pronome peoai na língua que o ditinguem.... 109 Tabela 57- Pronome peoai independente em Naa Yuwe (língua iolada)... 111 Tabela 58 - Ditribuição da língua com ditinção de número no itema pronominal... 113 Tabela 59 - Pronome peoai livre em Huitoto Meneca (Bora-Huitoto)... 114 Tabela 60 - Paradigma de primeira peoa para a língua do tronco Macro-Jê.... 116 Tabela 61 - Paradigma de primeira peoa para a língua do tronco Tupi.... 116 Tabela 62 - Paradigma de primeira peoa para a língua da família Carib... 117 Tabela 63 - Paradigma de primeira peoa para a língua da família Aruak.... 117 Tabela 64 - Paradigma de primeira peoa para a língua da outra família... 118 Tabela 65 - Paradigma de primeira peoa para a língua iolada.... 119 Tabela 66 - Pronome peoai livre em Trumai (língua iolada)... 120 Tabela 67 - Ditribuição da terceira peoa língua que não pouem termo epecífico para referenciar a terceira peoa... 122 xvi

A: Sujeito de verbo tranitivo ABS: Abolutivo ANA: Anafórico ANIM: Animado ACUS: Acuativo ASSERT: Aertivo AUD: Audível DAT: Dativo DECL: Declarativo DEF: Definido DESID: Deiderativo DIR: Direcional DIST: Ditante ERG: ergativo EXC: Excluivo Fem.: Feminino H: Humano I.A.: Incluivo aumentado I.M.: Incluivo mínimo IMPERF: Imperfectivo INANI: Inanimado INC: Incluivo Intr: Intrumental INV: Invero Mac.: Maculino Med.: Médio NCERT: Incerto NEG: Negativo NOM.: Nominativo NR Pa: Paado não recente OBJ.: Objeto OBV.: Obviativo Lita de Abreviatura e Sigla OD: Objeto direto OI: Objeto indireto P.: Peoa Pron.D: Pronome demontrativo PL.: Plural POSP: Popoição PRES: preente PRO: Pronome PROX.: Próximo PAS: paado PERF: Perfectivo Q: Palavra interrogativa REL: Relacional S: ujeito de verbo intranitivo Sa: Sujeito de verbo intranitivo ativo So: Sujeito de verbo intranitivo etativo SG.: Singular SG.F: Singular feminino SG.M: Singular maculino SUJ: Sujeito TMP: Tempo, Modo, Lugar TNS: Tene TR: Tranitivo xvii

xviii

1 INTRODUÇÃO Ete trabalho apreenta um etudo tipológico comparativo do itema de pronome peoai e marcadore de peoa de um conjunto de língua indígena da América do Sul. Com bae em Bhat (2004) e Cyouw (2003), definimo peoa como endo a categoria gramatical que exprea o papéi dicurivo do participante do ato de fala (falante e ouvinte). Por eta definição peoa não é o falante ou o ouvinte, ma im a expreão que denota o papéi dicurivo de er o falante e er o ouvinte. Exitem divera expreõe lexicai que o falante pode uar para e referir a i próprio ou ao eu ouvinte, como, por exemplo, nome próprio ou relaçõe de parenteco, no entanto tai termo não ão uado unicamente para e referir ao falante ou ao ouvinte e podem ter outro referente. Por outro lado, há uma categoria de palavra que é empre uada para e referir ao falante e ao ouvinte e que não pode ter nenhum outro referente, neta categoria etão o pronome peoai eu e você. A grande maioria da língua do mundo poui um conjunto fechado de termo uado para exprear o papéi do participante do ato de fala. Ete termo epecializado ão chamado de pronome peoai. Nete entido pronome peoai podem er definido como termo epecializado uado para fazer referência ao participante do ato de fala (BHAT, 2004). Bhat (2004) conidera ainda que apena o pronome peoai de primeira e egunda peoa pertencem ao itema de pronome peoai, enquanto a terceira peoa pertenceria a uma categoria eparada de pronome que o autor chama de proforma. Divero autore apontam diferença entre a primeira e egunda peoa em relação à terceira peoa, coniderando apena a dua primeira peoa como pertencente à categoria de peoa (Benvenite, 2005). A poição da terceira peoa erá analiada mai detalhadamente no egundo capítulo do trabalho. 1

Eta pequia inclui não ó o pronome peoai independente, ma também o clítico e pronome preo ao verbo (afixo pronominai). Sendo aim vamo uar o termo marcador de peoa para abranger tanto a forma livre como a forma dependente de pronome peoai. Marcador de peoa é ainda um termo mai amplo que pronome peoal, poi abrange além do pronome peoai na divera forma em que podem aparecer, ou eja, como pronome peoai livre, clítico e afixo pronominai, também algun marcadore que não ão pronominai, como o marcadore de concordância verbal. O marcadore de peoa que inteream para ee trabalho ão preferencialmente aquele que têm natureza de pronome peoai, ou eja, o pronome peoai livre, clítico e afixo pronominai (pronome preo ao verbo). Por outro lado há muita emelhança entre o pronome peoai e o marcadore de concordância verbal. Ambo podem codificar informaçõe obre peoa, número e gênero, o que no permite dizer que o marcadore de concordância também ão marcadore de peoa. Tratamo da ditinção entre marcadore de concordância intático e afixo pronominai (pronome preo ao verbo) no capítulo 3 e veremo que o marcadore de peoa afixado ao verbo podem er dividido em marcadore de concordância intático, marcadore de concordância ambíguo e marcadore pronominai (SIEWIERSKA, 2004). Para o objetivo deta pequia não há razão para ditinguirmo ea trê forma, poi tanto o marcadore de concordância intático como o pronominai trazem informaçõe de peoa, número e gênero que ão relevante para ee trabalho, por io além de pronome peoai vamo uar o termo marcador de peoa para abranger também ee cao de marcadore de concordância que e aemelham ao afixo pronominai. A ditinção entre marcadore de concordância e pronome peoai preo ao verbo (afixo pronominai) pode também er difícil de er feita em alguma língua, epecialmente no cao de marcadore de concordância ambíguo, o que poderia exigir uma análie mai profunda de cada língua individualmente, e por io eta ditinção não é feita nete trabalho. 2

Sendo aim, ete trabalho utiliza o termo afixo peoal para referir-e tanto ao afixo de natureza pronominal como ao marcadore de concordância verbal intático ou ambíguo. Já o termo afixo pronominal erá uado epecificamente para o afixo que ão pronome peoai preo ao verbo. Além dio, ua-e o termo marcadore de peoa para fazer referência tanto ao pronome peoai, livre ou dependente, como ao cao anteriormente citado de concordância verbal, dede que ea concordância e aemelhe a um afixo pronominal no entido de também ter a forma de um afixo e marcar a categoria de peoa. O preente trabalho etá dividido em dua parte, na primeira parte ão dicutido o conceito de pronome peoal e o apecto referente ao pronome peoai como: (a) a variação em peoa, número e gênero; (b) a categoria de peoa, tratando de quetõe relativa a terceira peoa, cluividade e hierarquia de peoa; (c) a ditinção entre pronome livre, clítico e afixo peoai; e (d) a marcação morfológica de cao no pronome peoai e alinhamento morfointático. Na egunda parte é feita uma análie do dado do conjunto de pronome peoai colhido para ete trabalho. 1.1 JUSTIFICATIVA A decrição da diveridade e emelhança entre a língua do mundo é uma importante área de etudo da linguítica que permite claificar a divera língua quanto a ua tipologia e até memo etabelecer univerai linguítico. A língua ameríndia dividem-e em divera família, apreentando entre i grande diveridade em ua etrutura fonológica, morfológica e intática. Sendo aim, pode-e eperar que o itema pronominai entre ea língua também apreentem muita diferença entre i. A decrição do itema de pronome peoai na língua indígena permite também identificar apecto não conhecido na língua indo-européia, como a ditinção entre pronome peoai incluivo e excluivo. Aim, a decrição e comparação do divero itema de pronome peoai e marcadore de peoa na língua ameríndia permite etabelecer uma tipologia dete 3

itema pronominai bem como chegar a alguma generalizaçõe acerca de apecto referente ao pronome peoai e marcadore de peoa. 1.2 OBJETIVOS Ete trabalho tem como objetivo principal fazer uma decrição tipológica do divero itema de pronome peoai e marcadore de peoa na língua indígena da América do Sul atravé do etudo comparativo de um conjunto de língua ameríndia. Outro objetivo é organizar um banco de dado com tabela de pronome peoai (tanto para o pronome livre, como pronome clítico e afixo peoai) de divera família de língua ameríndia para, a partir dito, fazer um trabalho comparativo que permita chegar a alguma generalizaçõe acerca de apecto referente ao pronome peoai e marcadore de peoa. 1.3 METODOLOGIA E PRESSUPOSTOS TEÓRICOS O preente trabalho faz uma pequia tran-linguítica com a finalidade de etabelecer uma tipologia do pronome peoai na língua indígena da América do Sul. Ee trabalho e inere no quadro teórico da tipologia linguítica. A tipologia é o etudo de padrõe que ocorrem itematicamente atravé da língua. Com a comparação do divero padrõe é poível chegar a generalizaçõe tipológica e etabelecer univerai linguítico. A tipologia baea-e também no fato de que exitem limite para o modo como a língua variam, de modo que é poível claificar a língua dentro de algun tipo epecífico. Ao compararmo o itema de pronome peoai de divera língua podemo dividir ea língua dentro de tipo, como, por exemplo, língua que pouem terceira peoa e língua que não pouem; apó determinar quai ão o tipo e dividir cada língua dentro de um tipo é poível fazer uma análie quantitativa para e determinar quai o padrõe mai ou meno comun e etabelecer generalizaçõe. 4

Para ea pequia foi reunido um banco de dado com quadro de pronome peoai de um conjunto de cem língua ameríndia de divera família. O quadro de pronome peoai foram colhido de tee, artigo e gramática que fazem a decrição de língua indígena do continente, a língua foram ecolhida com bae na maior facilidade de aceo à trabalho obre ea língua e também com a intenção de reunir língua de diferente família e regiõe do continente. A tabela e exemplo apreentado nea diertação foram feito também a partir dee trabalho, procuramo repeitar a ortografia uada pelo autore de cada trabalho na palavra e frae ecrita na língua indígena, a abreviatura e igla uada em cada exemplo apreentado também ão copiada de cada autor, embora a igla de trabalho ecrito em inglê foram, em geral, traduzida para o portuguê em noo trabalho. A partir da comparação do itema pronominai de diferente língua pode-e etabelecer a divera poibilidade tipológica e fazer uma análie etatítica de quai parâmetro ão mai ou meno comun. O dado comparado ão baicamente o parâmetro que e referem a marcação de peoa, número e gênero no pronome peoai. A partir dio, a língua analiada ão claificada com bae na eguinte tipologia: a) Peoa: Língua com dua peoa (incluída língua que utilizam pronome demontrativo no lugar da terceira peoa) x Língua com trê peoa (língua que pouem um termo epecífico para repreentar a terceira peoa). Língua que dividem a terceira peoa em terceira peoa próxima, média e ditante. Língua que apreentam cluividade na primeira peoa (peoa incluiva e excluiva) e o diferente tipo de cluividade. 5

b) Número: Língua com marcação de plural x Língua em marcação de plural no pronome peoai. Língua que epecificam o número de participante, apreentando itema com dual, trial ou paucal. c) Gênero: Língua que ditinguem gênero x Língua que não ditinguem gênero no pronome peoai. Ditinção de gênero por peoa e número. Língua que fazem divião de gênero em animado e inanimado. 1.4 CONTEÚDO Ete trabalho é compoto de ei capítulo. No Capítulo 2 ão apreentado o conceito de pronome peoal, a definição de categoria de peoa, a ditinção entre a terceira peoa em relação à primeira e egunda peoa e a poívei diviõe na terceira peoa, como a terceira peoa próxima e obviativa. O Capítulo 3 trata da divião do pronome quanto à forma morfo-fonológica, definindo o conceito de pronome livre, clítico e afixo peoai, nete capítulo também é dicutida a marcação morfológica de cao e como o marcadore de peoa ão afetado pelo diferente tipo de alinhamento poívei na língua do mundo. No Capítulo 4 é analiada a etrutura do paradigma de peoa quanto a divião em peoa, número e gênero, bem como a cluividade e a tipologia do paradigma da primeira peoa do plural. No Capítulo 5 é feita uma análie do dado de pronome que foram colhido para ee trabalho. O Capítulo 6 apreenta a concluõe e comentário finai. 6

2 PRONOMES E MARCADORES DE PESSOAS 2.1 A CATEGORIA DE PRONOMES E CONCEITO DE PRONOME PESSOAL Pronome ão geralmente definido como uma clae fechada de palavra uada para ubtituir um nome ou um intagma nominal. Definir pronome, no entanto, não é uma quetão imple e a definição de pronome como palavra que ubtituem nome é criticada por divero autore. Por exemplo, Bhat (2004) argumenta que a principal dificuldade em e etabelecer uma definição de pronome etá no fato de que a palavra incluída nea categoria não formam de fato uma categoria única. Nete entido, o autor afirma que a noção de palavra que ubtitui um nome é totalmente inadequada para definir o pronome peoai, epecialmente o de primeira e egunda peoa. É o que eclarece Bhat (2004): On the other hand, the notion of 'tanding for' omething ele i completely unuitable for characterizing firt and econd peron pronoun. Thi i evident from the fact that any other noun or pronoun that we try to ue intead of thee pronoun would fail to provide the crucial kind of meaning that they are meant to denote. (BHAT, 2004: 2) 1. O memo autor ua o exemplo (1) a eguir para demontrar que o pronome de primeira peoa não pode er ubtituído por nenhum outro nome ou pronome em perder eu ignificado original: (BHAT, 2004: 2) 1 por outro lado, a noção de ubtituto de alguma coia é completamente inadequada para caracterizar o pronome peoai de primeira e egunda peoa. Ito é evidente pelo fato de que qualquer outro nome ou pronome que e tente uar ao invé dete pronome io não erviria para repreentar o tipo de ignigicado que o pronome de primeira e egunda peoa fornecem (Bhat, 2004: 2). 7

(1) (a) I am reading a book. Eu etou lendo um livro (b) The peaker i reading a book. O falante etá lendo um livro Nota-e que a entença (1b) acima não tem a mema função de (1a). O pronome I que ocorre em (1a) indica que o agente da ação de ler é o falante dea entença, enquanto a frae the peaker em (1b) ó pode e referir ao falante de uma outra entença que não a própria entença (1b). Oberva-e aim que o pronome de primeira e egunda peoa não ubtituem nome, ma im fazem referência a uma peoa preente no ato da fala. Bhat (2004) também afirma que a noção de ubtituto de um nome é problemática, poi, exceto o pronome peoai, o demai pronome podem ubtituir não apena nome, ma também adjetivo, advérbio e até memo verbo. Diante dio, Bhat (2004: 4) argumenta er impoível formular uma definição que abarque todo o tipo de pronome. O autor vai aim dividir o pronome em dua categoria (i) Pronome Peoai (epecialmente de primeira e egunda peoa) e (ii) Demai pronome (chamado pelo autor de Proforma ). Vê-e aim que o pronome não contituem uma clae unitária de palavra e que o pronome peoai e diferenciam do demai pronome, formando uma categoria própria, o que jutifica eu etudo em eparado do outro pronome. O memo autor também argumenta que o pronome peoai de primeira e egunda peoa diferem-e de outra expreõe nominai na ua relação com eu referente. A língua têm a tendência de diociar o pronome peoai de eu referente, io ocorre porque ele devem er inenívei a qualquer mudança que ocorra entre eu referente. O papéi dicurivo de er o falante e er o ouvinte mudam contantemente no contexto de uma convera. Bhat (2004: 38), afirma que, para indicar conitentemente o papéi do participante do dicuro em um evento ou declaração, é neceário que o pronome peoal permaneça inafetado por mudança que ocorrem em eu 8

referente. Além dio, memo que eu referente permaneçam inalterado, o pronome peoal preciará mudar e o papel dicurivo que ele repreenta ofrer uma mudança. O exemplo (2) ilutra ea ituação: (BHAT 2004: 38) (2) (a) Mary: I want to go home early today Mary: Eu quero ir para a caa cedo hoje (b) John: I want to come with you John: Eu quero ir com você (c) Bill: you have to finih your work before you go Bill: Você tem que terminar eu trabalho ante de ir O referente do pronome peoal de primeira peoa I muda de Mary para John em (2b) ma, o pronome permanece inalterado. Por outro lado, o referente de I em (2a) e o referente de you em (2b) ão o memo, no cao Mary, ma o papel dicurivo que ele repreentam ão diferente, repectivamente ele repreentam o papel de er o falante e er o ouvinte. Há também uma mudança no referente da egunda peoa entre (2b) e (2c) (de Mary para John), enquanto não há mudança de referente na dua ocorrência da egunda peoa em (2c). O pronome de egunda peoa permanece inalterado em todo o contexto, motrando que ele não é afetado pela mudança ou não mudança do referente. O ponto colocado por Bhat (2004) é que qualquer aociação direta do pronome de primeira e egunda peoa com informaçõe relacionada ao eu referente tornaria-o meno eficiente na ua função principal de denotar o papéi dicurivo do participante do ato de fala. Aim, a diociação do pronome peoai de quaiquer propriedade relativa ao eu referente torna o memo eficiente como indicadore de papéi dicurivo. O autor também lembra que nome comun como pai e mãe também têm um ignificado que muda de acordo com a ituação em que ão uado; no entanto, o pronome peoai têm como função principal denotar um papel, enquanto o nome comun têm como função principal identificar eu referente. Embora um nome comum também poa denotar o papel de participante do dicuro, ea não é ua função principal, 9

o nome comun fazem uo do papéi dicurivo apena como um auxílio a ua função principal. A ea propriedade de ter um ignificado que difere de acordo com a ituação algun autore como Jeperen (1922, apud CYSOUW, 2003: 5) dão o nome de hifter. Além do pronome peoai e nome comun, indicadore dêitico como o pronome demontrativo ou o advérbio de tempo (hoje, ontem, agora) também pouem a caracterítica de erem hifter. Cyouw (2003) conidera o pronome peoai como hifter epecializado, no entido de que ó podem funcionar como hifter, uado para e referir ao participante do ato de fala. Podemo aim definir pronome peoal com bae em 3 critério: er o termo um hifter, er epecializado para ea função e er uado para fazer referência ao participante do ato de fala. 2.2 PARADIGMAS DE PESSOA O marcadore de peoa ão encontrado na língua em conjunto fechado chamado de paradigma. Segundo Siewierka (2004), paradigma é um conjunto de expreõe linguítica que ocorrem na mema poição intática na língua. Além dio, cada membro de um paradigma etá em ditribuição complementar com todo o outro membro do memo paradigma. Deta forma, o pronome peoai em inglê I/you/he/he/it/we/you/they contituem um paradigma, enquanto me/you/him/her/it/u/you/them pertence a outro paradigma poi um conjunto de pronome é uado como ujeito e o outro como objeto. Além dio, o membro de um paradigma geralmente pouem a mema forma morfo-fonológica, aim, por exemplo, um conjunto de pronome na forma independente e um conjunto de pronome preo ao verbo (afixo peoai) ão vito como doi paradigma diferente. Enquanto alguma língua pouem apena um paradigma de marcadore de peoa uado para toda a funçõe intática, a maioria da língua poui vário. No cao 10

de língua com mai de um paradigma de marcadore de peoa, a etrutura do diferente paradigma pode não er a mema. Io ignifica que uma língua pode ter, por exemplo, uma érie de pronome livre com ditinção de gênero ou cluividade e uma érie de afixo peoai que não faça ea ditinção. Como a etrutura interna de cada paradigma do marcadore de peoa pode variar em uma determinada língua, o fato de uma língua pouir uma determinada caracterítica em um de eu paradigma não quer dizer que ela tenha ea caracterítica para todo o paradigma. Io ignifica, por exemplo, que e uma língua tiver um conjunto de pronome livre no cao nominativo e um conjunto de pronome livre no cao acuativo cada um dete conjunto pode ter uma etrutura interna diferente, ou eja, pode apreentar variação em traço como gênero, número e peoa. Levando em conta que uma língua pode pouir divero paradigma de marcação de peoa, noo trabalho buca comparar paradigma emelhante entre a língua, ou eja, pronome independente ão comparado com pronome independente, enquanto afixo peoai ão comparado com afixo peoai. Io é importante poi quando dizemo que uma língua tem um determinado traço em eu itema de marcação de peoa io não quer dizer que io valha para todo o paradigma de pronome dea língua. 2.3 A POSIÇÃO DA TERCEIRA PESSOA Divero autore apontam diferença entre a primeira e egunda peoa em relação à terceira peoa. Lyon (1977:638) afirma que há uma diferença fundamental entre a terceira peoa e a primeira e egunda, que deriva principalmente do fato de que omente a primeira e egunda peoa denotam indivíduo que participam de fato do ato de fala. Bhat (2004) aume que apena a primeira e egunda peoa pertencem ao itema de pronome peoal, coniderando a terceira peoa como pertencente à categoria que ele denomina de proforma. O memo autor motra ainda que em divera língua do mundo o itema de pronome peoai é contituído omente pela primeira e egunda 11

peoa, enquanto a terceira é ou idêntica ao conjunto de pronome demontrativo, ou ão derivado e relacionado com ete. Diante dio Bhat (2004) propõe uma tipologia que divide língua com dua peoa (língua em que a terceira peoa é idêntica ou derivada do pronome demontrativo) e língua com trê peoa (língua em que a terceira peoa não tem relação com pronome demontrativo). Siewierka (2004) também aponta diferença entre a terceira peoa em relação à primeira e à egunda. Divera língua pouem apena a primeira e egunda peoa, nete cao a referência à terceira peoa pode er feita pelo uo de pronome demontrativo, ou em algun cao, por expreõe nominai. Pode ocorrer ainda que uma língua não tenha qualquer expreão para denotar a terceira peoa. Outra diferença apontada pela autora envolve a marcação de cao. Em alguma língua do mundo a terceira peoa pode er marcada com um conjunto diferente de marcadore de cao que a primeira e egunda peoa. Siewierka conclui que ea diferença ão conequência do fato de a primeira e egunda peoa er inerentemente expreõe dêitica, aim ua interpretação é dependente da propriedade do contexto extralinguítico do enunciado no qual ela ocorrem, o que ignifica dizer que a primeira e egunda peoa pertencem à categoria denominada hifter. Já a terceira peoa é eencialmente uma expreão anafórica, ua interpretação depende do contexto linguítico do enunciado. O referente da terceira peoa é tipicamente etabelecido pelo dicuro precedente, ou em algun cao pelo dicuro que egue a terceira peoa. A autora eclarece ainda que a terceira peoa também pode er uada deiticamente, ma o uo anafórico é o uo báico e mai comum. Nete entido pode haver língua com doi conjunto de pronome de terceira peoa, um para referência dêitica e outro para anafórico. Benvenite (2005) conidera a terceira peoa como uma não peoa. Em ua análie o autor afirma que a definição comum do pronome peoai como contendo o termo eu, tu, ele, abole jutamente a noção de peoa, uma vez que eta é própria de eu e tu, enquanto ele é na verdade uma não peoa. 12

Quando obervamo a relação de eu e tu com um nome referente, vemo que a intância de emprego de eu não contituem uma clae de referência, uma vez que não há objeto definível como eu ao qual e poam remeter identicamente ea intância. Cada eu tem ua referência própria e correponde cada vez a um er único, propoto como tal. Por io, Benvenite afirma que a realidade à qual e refere eu e tu é unicamente uma realidade de dicuro. Aim, o Eu ignifica a peoa que enuncia a preente intância de dicuro, enquanto Tu ignifica o indivíduo alocutado na preente intância do dicuro contendo a intância linguítica tu. Só é poível identificar o eu na intância de dicuro e no momento no qual é produzido. Io ignifica que e dua peoa pronunciarem eu o pronome permanece o memo, ma o referente terá mudado, poi irá e referir à peoa diferente. Além dio, e uma mema peoa pronunciar eu dua veze em intância de dicuro uceiva não erá mai poível afirmar que ete eu e refere à mema peoa, poi pode ter ocorrido um dicuro referido ou uma citação. A referência contante e neceária à intância de dicuro contitui para Benvenite o traço que une eu/ tu ao indicadore dêitico como o demontrativo e advérbio temporai e epaciai como aqui, agora, hoje, ontem, amanhã. O autor conidera ainda que ao pronunciar eu cada locutor e coloca alternadamente como ujeito, como não é poível que uma língua diponha de um indicativo ditinto para que cada locutor exprima ua ubjetividade, a linguagem cria um igno único, ma móvel, eu, que pode er aumido por todo locutor, com a condição de que ele, cada vez, ó remeta à intância do eu próprio dicuro. Quanto à terceira peoa eta ocorre em enunciado de dicuro que não e remetem a ele memo, ma a uma ituação objetiva. Para o memo autor, o pronome de terceira peoa ão inteiramente diferente de eu e tu, pela ua função e pela ua natureza. Forma como ele, o, io, etc. ervem como ubtituto abreviativo, podem er uado para ubtituir um do elemento materiai do enunciado. 13

Aim, numa entença como Pedro etá doente. Ele etá com febre (Benvenite, 2005: 282) o pronome ele etá ubtituindo o nome Pedro uado na primeira oração. Para o autor não há nada de comum entre a função dee ubtituto e a do indicadore de peoa. Benvenite conidera aim a terceira peoa como uma não peoa, poi e difere do verdadeiro indicadore de peoa eu/ tu. A terceira peoa é a única que erve como ubtituto de outro elemento no dicuro além de ter a caracterítica de jamai er reflexiva da intância de dicuro, remetendo empre a uma ituação objetiva. Como foi vito, apena a primeira e egunda peoa ão univerai na língua do mundo e a terceira peoa apreenta divera diferença em relação à demai peoa, podendo er coniderada como uma não peoa. Apear dio, a terceira peoa erá coniderada como fazendo parte do itema de pronome peoai em noa análie uma vez que muita língua apreentam um termo epecializado para fazer referência a um terceiro que não eja nem o falante, nem o ouvinte, o que jutifica coniderarmo ea língua como língua com trê peoa. Sendo aim, em noo trabalho vamo dividir língua que pouem um termo epecializado para e referir à uma terceira peoa, ou eja, língua que pouem terceira peoa, e língua que não pouem terceira peoa, incluindo nete último grupo a língua que utilizam pronome demontrativo para e referir à terceira peoa uma vez que o pronome demontrativo não ão um termo epecializado para ea finalidade. 2.4. A CATEGORIA DE PESSOA 2.4.1 Apecto gerai A categoria de peoa é definida com referência à noção de participante do dicuro. Temo aim que a primeira peoa é uada pelo falante para e referir a ele memo como ujeito do dicuro; a egunda peoa é uada para e referir ao ouvinte; a terceira peoa é uada para e referir a peoa ou coia que não o falante ou o ouvinte. 14

Conideram-e trê categoria emântico-referenciai de peoa que podem exitir em uma língua: 1 referência ao falante 2 referência ao ouvinte 3 referência a outra peoa ou coia que não o falante ou ouvinte. Para Zwicky (1977) ee elemento referenciai podem e combinar um com o outro para formar um conjunto de referente de qualquer tamanho. A partir dio, ee autor cria também uma categoria morfointática de peoa, que ele o define em termo do traço morfológico I, II e III: I: 1+2, 1+3, 1+2+2, 1+2+3, 1+3+3,... II: 2+2, 2+3, 2+2+2, 2+2+3, 2+2+3,... III: 3+3, 3+3+3, 3+3+3+3,... O pronome com o traço I é uado para qualquer conjunto de referente com o elemento referencial 1; II é uado para qualquer conjunto de referente com o elemento referencial 2; já o traço III relaciona-e com o elemento referencial 3. A ditinção entre categoria emântica e morfológica de peoa é importante, poi enquanto ó é poível exitir 3 peoa do ponto de vita emântico-referencial, é poível que uma língua poua mai de 3 peoa morfológica. É importante notar ainda que um determinado paradigma de pronome peoai pode marcar morfologicamente uma peoa que na verdade é uma combinação da trê peoa emanticamente poívei. Teoricamente, a principai combinaçõe que um paradigma de pronome peoai poderia conter ão a 13 combinaçõe apreentada na Tabela 1. Ea tabela leva em conta a vária poibilidade lógica de formação de grupo de falante, incluindo a cinco forma mai comun de combinaçõe que envolvem a primeira peoa citada por Cyouw (2003), a combinaçõe poívei de grupo de falante erá dicutida novamente no Capítulo 4, quando trataremo do plural no pronome peoai. 15

Tabela 1 - Principai combinaçõe de peoa teoricamente poívei. Combinação Repreentação 1 primeira peoa ingular 2 egunda peoa ingular 3 terceira peoa ingular [1+1 ] primeira peoal do plural [1+2, 1+2+3 e 1+3] primeira do plural em ditinção de cluividade [1+2 ou 1+2+3] primeira peoa do plural incluiva [1+2] primeira peoa do plural incluiva- incluivo mínimo [1+2+3] primeira peoa do plural incluiva- incluivo aumentado [1+3] primeira peoa do plural excluiva [2+2 e 2+3] egunda peoa do plural [2+2] egunda peoa plural excluivo [2+3] egunda peoa plural incluivo [3+3] terceira peoa plural Segundo Cyouw (2003) a combinação [1+1], que repreentaria um grupo de falante falando ao memo tempo, não exite como uma forma gramaticalizada em nenhuma língua do mundo, endo apena uma categoria conceitual. Já a forma [2+2] e [2+3] que eriam forma de egunda peoa incluiva e excluiva não ão atetada em nenhuma língua do mundo de forma incontrovera. Excluindo a forma não atetada em nenhuma língua, retam a eguinte combinaçõe para um paradigma de pronome: [1+2, 1+2+3 e 1+3], [1+2 ou 1+2+3], [1+2 apena], [1+3], [2+2 e 2+3] e [3+3]. É pouco provável que alguma língua tenha uma forma gramaticalizada para cada uma dea combinaçõe ao memo tempo, ma uma língua pode, por exemplo, pouir forma diferente para indicar pronome de primeira peoa excluivo, incluivo mínimo e incluivo aumentado, ou que poua ó uma forma de pronome incluivo, em diferenciar mínimo e aumentado. É importante obervar ainda que ão poívei outra combinaçõe envolvendo a primeira peoa, citamo aqui cinco forma mai comun de combinação que ão [1+2, 1+2+3 e 1+3], [1+2 ou 1+2+3], [1+2 apena], [1+3], [2+2 e 2+3], Cyouw (2003) cita outra cinco forma de combinação para a primeira peoa, ea outra forma ão 16

extremamente rara e erão explicada no capítulo 4 quando trataremo do plural no pronome peoai e da cluividade. É importante também eclarecer que a combinaçõe apreentada na Tabela 1 não levam em conta poívei forma que marcam um determinado número de participante, como pronome que indicam o dual, trial ou paucal. Alguma língua podem pouir uma forma epecializada de pronome para e referir a doi participante e outra forma para e referir ao plural, io ignifica que uma língua pode ter uma forma epecializada para e referir a [2+2] e outra forma para e referir a [2+2+2+...+2]. No entanto o que temo nete cao é apena uma diferença de número de participante e não uma combinação de peoa. Quando citamo no tabela 2 que a forma [2+2] é uma da combinaçõe de peoa poívei, io leva em conta a poibilidade de e combinar mai de dua egunda peoa, ma não importa quanta egunda peoa etão combinada, e uma língua poui doi pronome diferenciando [2+2] e [2+2+2] ee doi pronome não erão dua peoa diferente nem memo num entido morfológico. Apena a ditinção entre [2] e [2+2+...+2] é que etamo coniderando como combinaçõe diferente de peoa, em levar em conta um número determinado de participante. 2.4.2 Diviõe na Terceira Peoa (Terceira peoa próxima e obviativa) Alguma língua fazem uma divião na terceira peoa. Quando doi ou mai referente ditinto de terceira peoa etão preente em uma unidade de dicuro, apena um dee referente pode tipicamente reter o etatu privilegiado e não marcado de próximo, enquanto o outro devem er marcado como obviativo (WOLVENGREY, 2011: 14). A ditinção entre peoa próxima e obviativa não diz repeito a uma ditância epacial, a peoa próxima refere-e a um referente de terceira peoa com topicalidade mai alta que a peoa obviativa (WOLVENGREY, 2011: 14). Um exemplo de língua que faz ea ditinção é o Cree (Algonquian), neta língua o referente de terceira peoa mai alto em topicalidade ou aliência do dicuro é a 17

peoa próxima enquanto a demai ão marcada como obviativa (WOLVENGREY, 2011: 14). Em algun cao a deignação do tatu de próximo/ obviativo é uma ecolha livre do falante, baeado, por exemplo, no contexto. Em outro cao io é ditado por regra gramaticai (WOLVENGREY, 2011: 15). Na língua Cree, quando uma terceira peoa é pouidora em relação à uma outra terceira peoa, a terceira peoa pouída recebe a marcação de obviativo. Outra regra é que uma terceira peoa animada etá empre acima de um referente inanimado, aim uma terceira peoa inanimada é tratada como obviativa (WOLVENGREY, 2011: 15). Outra caracterítica dee tipo de língua é que a terceira peoa próxima fica em poição hierárquica uperior a terceira peoa obviativa na ecala de hierarquia de peoa. 2.4.3 Terceira Peoa na língua Carib A língua Carib ditinguem a terceira peoa entre animado e inanimado, além dio, a terceira peoa cotuma er dividida em trê categoria: peoa próxima, média e ditante. Um exemplo dio é a língua Trio/Tiriyó. Nea língua a terceira peoa ditingue entre referente animado e inanimado, além dio, a terceira peoa também faz ditinção ente peoa próxima, média, ditante, audível, ma não viível e pronome anafórico (CARLIN, 2004). A Tabela 2 e Tabela 3 apreentam o pronome peoai dete cao. Tabela 2- Pronome de 3ª peoa animado - Trio/ Tiriyó (Carib)- Suriname, Brail Singular Plural Enfático Enfático plural próximo mëe mëe an mëe rë mëe amo ro médio mëëre mëe jan mëërë rë mëe jamo ro ditante ohkï ohkï jan ohkï rë ohkï jamo ro audível ma não viível mëkï mëkï jan mëk rë mëkï jamo ro anafórico nërë namo (ro) nëërë/ nërë rë namo ro Fonte: Carlin (2004) 18

Tabela 3 - Pronome de 3ª peoa inanimado (uado também como pronome demontrativo) - Trio/ Tiriyó (Carib)- Suriname, Brail Singular Plural Enfático ingular Próximo en(ï), erë en-ton, erë-ton enï rë, erë rë Médio mërë mërë-ton mërë rë Ditante ooni ooni-ton ooni rë Audível ma não viível mën mën-ton - Anafórico irë irë-ton irë rë Fonte: Carlin (2004) O pronome próximo mëe é uado para e referir a alguém que eteja perto do falante; mëëre é uado para e referir a alguém preente, ma que eteja um pouco mai ditante (por exemplo, do outro lado da ala); o pronome anafórico nërë é uado para e referir a alguém ou a um objeto animado, que já foi mencionado ante e aim é conhecido de ambo o falante e o ouvinte; mëkï é uado quando um referente animado pode er ouvido, ma não vito (CARLIN, 2004). O exemplo (3) ilutra o uo do pronome de terceira peoa animado: (CARLIN, 2004: 148) (3) (a) mëe w- ene- Ø 3PRO.ANIM.PROX 1 3-ee-I.PAS I aw him (thi one here) Eu vi ele (ete aqui) (b) nërë w- ene- Ø 3PRO.ANIM.ANA 1 3 -ee-i.pas I aw him (the one we re talking about) Eu vi ele (ete do qual etamo falando) (c) mëërë - ja w- ekarama- Ø 3PRO.ANIM.MED-GOAL 1 3- give- I.PAS I gave it to him (that one) Eu dei io para ele (aquele ali) 19

(d) a- kï më- kï- jan Q-ANIM 3PRO.AUD-ANIM-PL who that? (everal different noie) Quem é aquele? (que etamo ouvindo) Para referente inanimado ão uado o pronome demontrativo, que podem funcionar tanto como demontrativo, como pronome peoai de terceira peoa. O pronome ditante inanimado ooni pode er uado tanto para ditância epacial como temporal. No exemplo (4) vemo como é uado o pronome de terceira peoa inanimado: (CARLIN, 2004: 153) ( 4) (a) aa- no- e m- ana- n? en, owa erë? Q-NOM-DESID 2 3.1TR-be-PRES-NCERT DP.INAN.PROX NEG.P Pron.D. INAN.PROX which do you want, thi one or thi one? Qual você quer, ete ou ete aqui (b) enï_ rë Pron.D.INAN.PROX_ASSERT thi one ete (c) ooni pakoro kura-no Pron.D.INAN.DIST houe good-nom that houe over there i a good one Aquela caa ali é uma caa boa (d) ooni iranta- topo- npë k- ëne- ne Pron.D..INAN.DIST year-tmp.nom-pas 1 2-ee-NR.PAS I aw you lat year Eu vi você no ano paado 20

3 TIPOLOGIA DOS MARCADORES DE PESSOA Ete capítulo apreenta no item 3.1 a divião do marcadore de peoa quanto a forma morfo-fonológica, ou eja, a ditinção entre pronome independente e pronome dependente (clítico e afixo peoai). No item 3.2 ão vito algun apecto intático relacionado ao pronome peoai, mai epecificamente a marcação morfológica de cao no pronome e o ei tipo de alinhamento morfo-intático poívei em uma língua. No que e refere ao alinhamento, é analiado mai aprofundadamente um tipo de alinhamento comum na língua indígena e diretamente relacionado a categoria de peoa que é o itema baeado na hierarquia de peoa. 3.1. FORMAS MORFO-FONOLÓGICAS 3.1.1 Pronome dependente X independente A divião báica do marcadore de peoa quanto a forma morfo-fonológica é entre marcadore dependente e independente. O pronome peoai livre ou independente ão aquele que não e prendem morfológica ou fonologicamente à uma outra palavra. O pronome dependente podem er dividido em clítico e pronome preo ao verbo (afixo pronominai). Quanto ao pronome clítico, Cardoo (2008: 105) afirma que: No âmbito da pequia linguítica, o pronome clítico tem ido alvo de muita dicuõe, poi repreentam um ponto de encontro entre morfologia, intaxe e fonologia. O clítico, diferentemente, de palavra independente e de afixo, ão forma dependente que e prendem, fonologicamente, a outra palavra, que é eu hopedeiro. A auência de acento tônico diferencia o emelhante pronome: livre e clítico 21

Aim, o clítico ão forma fonologicamente prea a uma outra palavra, ma que não ão prefixo, podem aim er coniderado como uma categoria intermediária entre pronome independente e afixo pronominai. Afixo pronominai ão pronome peoai preo a uma outra palavra, normalmente um verbo, podendo aparecer como prefixo, infixo ou ufixo. Uma língua pode pouir paradigma para o trê tipo de pronome, ou eja, um conjunto de pronome independente, outro de clítico e outro de afixo peoai, outra língua vão pouir apena um ou doi dee paradigma. A exitência de língua que não pouem qualquer forma de pronome peoai independente é controvera. Siewierka (2004) analia algun exemplo de língua citada como não tendo pronome independente e conclui que o único cao de língua que realmente aparenta não pouir pronome peoai independente é a língua North Strait Salih, uma língua indígena do Canadá. O fato de um pronome etar ligado a um ufixo não o impede de er claificado como pronome independente. Siewierka (2004) cita o exemplo da língua Warekena, da família Aruak, em que o prefixo de primeira e egunda peoa, além da terceira peoa do plural podem e juntar a raíz enfática ya formando uma unidade emântica que em conjunto funcionam como a forma independente em outra língua, não havendo razão para e coniderar que ea língua não tenha forma independente de pronome peoal. Embora a maioria da língua pouam pronome peoai independente, é comum que ee pronome ejam omitido. Em muita língua indígena o pronome peoai livre ão uado apena enfaticamente, principalmente quando a língua pouir também um conjunto de afixo pronominai. Em língua poliintética o pronome peoai livre cotumam er uado apena em ituaçõe epecífica, como para reponder pergunta ou com finalidade enfática, ma io não ignifica que ele não exitam na língua. 22

3.1.2 Afixo Pronominai X Marcadore de concordância Outra quetão importante é ditinguir pronome preo ao verbo de marcadore de concordância intático. O marcadore de concordância também podem er prefixo ou ufixo colado ao verbo, ão marcadore de peoa como o pronome, uma vez que também codificam informaçõe obre peoa, gênero e número, no entanto, o marcadore de concordância diferem-e do pronome peoai em algun apecto. Um do apecto que diferencia o marcadore de concordância gramatical do marcadore pronominai é o grau de referencialidade. Enquanto o pronome livre e afixo peoai ão normalmente referenciai, o marcadore de concordância gramatical têm um grau mai baixo de referencialidade (CORBETT, 2003). De acordo com Corbett (2003), há um critério ecalar, quanto mai referencial o marcadore verbai forem erá mai adequado tratá-lo como afixo pronominai e quanto maior a retriçõe de uo referencial ee deverão er tratado como marcadore de concordância. Sintaticamente, uma da diferença entre o pronome peoal e o marcadore de concordância é que o antecedente de um pronome peoal deve etar fora da oração, enquanto o antecedente de um marcador de concordância deve etar dentro da mema oração (VAN GIJN, 2011). Outro apecto intático etá relacionado com a marcação de cao. No exemplo incontrovero de marcadore de concordância verbal apena um cao pode etar indexado a ee marcadore, que erá o ujeito ou o cao nominativo. Já o afixo pronominai podem er marcado com outro cao, como o acuativo, uma vez que ete ocupam a poição de argumento do verbo (CORBETT, 2003). Apear dea diferença o afixo pronominai e marcadore de concordância apreentam também muita emelhança. Morfologicamente ambo podem er marcado com prefixo ou ufixo preo ao verbo, além dio, ambo podem codificar informaçõe relativa a peoa, número, gênero, tempo, apecto, entre outra. Em algun cao também o marcadore de peoa afixado ao verbo podem ter um comportamento ambíguo, ou eja, podem pouir caracterítica tanto de pronome como de marcadore de concordância gramatical. 23