Mapa Social, Trabalhista e Ambiental HSBC

INSTITUTO OBSERVATÓRIO SOCIAL Av. Mauro Ramos, 1624 - Centro Florianópolis/SC - Brasil - CEP:88020-302 Fone/Fax: (48) 3028-4400 E-mail: observatorio@observatoriosocial.org.br Site: www.observatoriosocial.org.br Mapa Social, Trabalhista e Ambiental HSBC JUNHO/2004

INSTITUTO OBSERVATÓRIO SOCIAL MAPA SOCIAL E TRABALHISTA DO HSBC FLORIANÓPOLIS JUNHO/2004

INSTITUTO OBSERVATÓRIO SOCIAL CONSELHO DIRETOR Presidente: Kjeld A. Jakobsen (CUT) João Vaccari Neto (Secretaria de Relações Internacionais, CUT ) Rosane da Silva (Secretaria de Políticas Sindicais, CUT) Artur Henrique dos Santos (Secretaria de Organização, CUT) José Celestino Lourenço (Secretaria Nacional de Formação, CUT) Maria Ednalva B. de Lima (Secretaria da Mulher Trabalhadora, CUT) Gilda Almeida de Souza (Secretaria de Políticas Sociais, CUT) Antonio Carlos Spis (Secretaria de Comunicação, CUT) Wagner Firmino Santana (Dieese) Mara Luzia Feltes (Dieese) Francisco Mazzeu (Unitrabalho) Silvia Araújo (Unitrabalho) Tullo Vigevani (Cedec) Maria Inês Barreto (Cedec) DIRETORIA EXECUTIVA Kjeld A. Jakobsen: Presidente Artur Henrique dos Santos (SNO/CUT) Ari Aloraldo do Nascimento (CUT) Carlos Roberto Horta (UNITRABALHO) Clemente Ganz Lúcio (DIEESE) Clóvis Scherer (Coordenador Técnico) Maria Inês Barreto (CEDEC) Maria Ednalva B. de Lima (SNMT/CUT) Odilon Luís Faccio (Coordenador de Desenvolvimento Institucional) COORDENAÇÃO TÉCNICA Arthur Borges Filho: Coordenador Administrativo Clóvis Scherer: Coordenador Técnico Maria José H. Coelho: Coordenadora de Comunicação Odilon Luís Faccio: Coordenador de Desenvolvimento Institucional Pieter Sijbrandij: Coordenador de Projetos Ronaldo Baltar: Coordenador do Sistema de Informação EQUIPE TÉCNICA Coordenação da Pesquisa : Leila Nadim Zidan Auxiliar de Pesquisa: Daniela Sampaio de Carvalho Revisão: Clóvis Scherer e João Paulo da Veiga Revisão gramatical e ortográfica: Jane Maria Viana Cardoso Pesquisa realizada de março a maio de 2004.

SUMÁRIO LISTA DE TABELAS...IV LISTA DE QUADROS...IV SIGLAS... V 1 INTRODUÇÃO...1 2 METODOLOGIA...3 3 PERFIL DA EMPRESA...5 3.1 O HSBC NO MUNDO...6 3.1.1 História do Grupo...6 3.1.2 Resultados do Grupo HSBC no mundo...9 4 HISTÓRICO RECENTE DO SETOR BANCÁRIO NO BRASIL...11 4.1 A REFORMA BANCÁRIA DE 1964...11 4.2 A ABERTURA DE MERCADO NO GOVERNO COLLOR...12 4.3 O PLANO REAL...13 4.4 FUSÕES E AQUISIÇÕES...14 5 O HSBC NO BRASIL...16 5.1 EMPREGO...19 6 NOVO PERFIL DO SETOR BANCÁRIO BRASILEIRO...22 7 AÇÃO SOCIAL E POLÍTICAS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL DA EMPRESA...26 7.1 PROJETOS SOCIAIS DO HSBC NO BRASIL...29 8 ORGANIZAÇÃO DOS TRABALHADORES...32 ii

9 PRINCIPAIS PROBLEMAS SOCIOTRABALHISTAS E AMBIENTAIS IDENTIFICADOS...35 9.1 LIBERDADE SINDICAL...35 9.2 NEGOCIAÇÃO COLETIVA...38 9.3 DISCRIMINAÇÃO NO TRABALHO...44 9.4 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO...45 10 CONCLUSÃO...49 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA...50 iii

LISTA DE TABELAS TABELA 1- DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS (EM MILHARES DE REAIS)...18 TABELA 2- INDICADORES DE DESEMPENHO SELECIONADOS (EM MILHARES DE REAIS)...19 TABELA 3- HSBC - NÚMERO DE EMPREGADOS...20 TABELA 4- PARTICIPAÇÃO PERCENTUAL DAS INSTITUIÇÕES NO ATIVO TOTAL DO SEGMENTO BANCÁRIO...23 TABELA 5-LUCRO/PREJUÍZO LÍQUIDO DOS ONZE MAIORES BANCOS¹, EM DEZEMBRO DE 2003...24 TABELA 6 - CLASSIFICAÇÃO DOS BANCOS NO BRASIL SEGUNDO ORIGEM DO CAPITAL, EM 2000...24 TABELA 7 - RANKING DE PATRIMÔNIO LÍQUIDO DO SETOR BANCÁRIO...25 LISTA DE QUADROS QUADRO 1 CONVENÇÕES DA OIT TEMAS E CENTRALIDADE...1 QUADRO 2 - RESUMO HISTÓRICO DO GRUPO HSBC...8 QUADRO 3 -PRINCIPAIS AQUISIÇÕES E FUSÕES APÓS O PLANO REAL...15 iv

SIGLAS AB Associação Bamerindus APABA Abono Permanente ao Aposentado Bamerindiano CEDEC Centro de Estudos de Cultura Contemporânea CA Centros Administrativos CAT - Comunicação de Acidente do Trabalho CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes CNB Confederação Nacional dos Bancários COE Comissão de Organização dos Empregados CUT Central Única dos Trabalhadores DIEESE Departamento Intersindical de Estatística e Estudos SocioEconômicos DRT Delegacia Regional do Trabalho INSS Instituto Nacional de Seguro Social LER Lesão por Esforços Repetitivos OCDE - Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico OIT Organização Internacional do Trabalho ONU Organização das Nações Unidas PAB Pontos de Atendimento Bancário PCS Plano de Cargos e Salários P & D Pesquisa e Desenvolvimento PLR Participação nos Lucros e Resultados PPR Plano de Participação nos Resultados PROER - Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional PROES - Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Público Estadual Unitrabalho Rede Interuniversitária de Estudos e Pesquisas sobre o Trabalho v

1 1 INTRODUÇÃO Este documento é um relatório sobre o comportamento sociotrabalhista do Banco produzido a partir de fontes de dados secundários, do perfil da empresa e através de informações coletadas diretamente com os sindicatos que atuam na base das unidades observadas. Este documento visa caracterizar a empresa, suas atividades produtivas e econômicas, bem como apresentar um quadro indicativo de possíveis problemas em relação aos direitos fundamentais do trabalho e ao meio ambiente. O objetivo deste trabalho é identificar problemas que mereçam ser estudados de forma mais aprofundada por outras pesquisas. As análises de empresas efetuadas pelo Instituto Observatório Social têm como referência principal os direitos fundamentais no trabalho definidos pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Como se sabe, a OIT faz parte do sistema Organização das Nações Unidas (ONU), e foi criada em 1919 de forma tripartite, envolvendo governos, empregadores e trabalhadores na promoção da justiça social e de melhores condições de vida e de trabalho em todo o mundo. Assim, o Observatório adota um quadro metodológico que articula as Convenções da OIT, com indicadores que permitem fazer o levantamento de dados primários e secundários. QUADRO 1 CONVENÇÕES DA OIT TEMAS E CENTRALIDADE CONVENÇÕES Liberdade Sindical / 87 e 135 Negociação Coletiva / 98 e 151 Trabalho Forçado / 29 e 105 Trabalho Infantil / 138 e 182 Discriminação de Gênero e Raça / 100 e 111 MeioAmbiente / 148, 155, 170 e 174 Elaboração: Observatório Social, 2002. CENTRALIDADE/INDICADORES Verificar a liberdade de organização dos trabalhadores sem interferência dos empregadores Assegurar o direito de todos os trabalhadores à negociação coletiva sem interferência. Identificar o trabalho exercido por meio de coação ou castigo. Assegurar a efetiva abolição do trabalho infantil. Estabelecer a igualdade de oportunidade entre sexo, origens raciais, ascendência, religião e opinião política. Verificar a adequação do meio ambiente interno e externo à saúde e segurança ocupacional dos trabalhadores e da vizinhança.

O Mapa do Banco HSBC destaca aspectos históricos da empresa, principalmente, após a aquisição do Bamerindus no Brasil. A escolha do HSBC como objeto de pesquisa do Observatório Social se justifica pelos seguintes fatores: a) a importância da empresa na economia nacional e internacional; b) o permanente processo de mudanças no setor, com incorporações de novas empresas e crescente atuação internacional; e c) o interesse dos sindicatos. Esse trabalho procura traçar um panorama geral da empresa, seus principais programas e políticas, as atividades desenvolvidas, a atuação no mercado, entre outros aspectos. Buscou-se ainda, coletar dados dos sindicatos que atuam na base do banco para focar a visão desses atores quanto aos programas e a política da empresa. 2

3 2 METODOLOGIA Seguindo a metodologia definida pelo Observatório Social, as seguintes etapas de pesquisa foram cumpridas, determinando como resultado o presente Mapa de Empresa: Contato com as entidades sindicais (Confederação Nacional dos Bancários, Sindicato dos Bancários de Curitiba, Comissão de Organização dos Empregados do HSBC) para o estabelecimento de parceria na realização da pesquisa. Com isto, buscou-se não somente fortalecer as fontes de informações, mas também envolver estas entidades com os temas abordados e sua importância no mundo do trabalho; Levantamento de dados secundários; Atividade de grupo denominada de Oficina Sindical, contando com a presença de trabalhadores e dirigentes sindicais das Unidades do HSBC de Curitiba, convidados a participar do evento. Esta atividade cumpriu três objetivos importantes: a) socializar o conhecimento junto a este público do que é o Observatório Social e das seis temáticas contempladas na pesquisa; b) ter uma leitura preliminar da empresa em relação às temáticas e c) envolver os trabalhadores no processo de pesquisa; Oficina Sindical com a COE (Comissão de Organização de Empregados) do HSBC em Curitiba. Reunião com representantes do HSBC visando convidá-los para participação na pesquisa (o banco deverá decidir até o final do mês de junho).

A escolha por desenvolver uma Oficina Sindical com trabalhadores de Curitiba deveu-se ao fato de ser esse o local de maior concentração de trabalhadores do banco no Brasil. O HSBC, em Curitiba, conta com 4500 trabalhadores dos quais 1900 são sindicalizados. Na Oficina Sindical, em Curitiba, com trabalhadores e sindicalistas foram entrevistados quinze pessoas, 4 dirigentes sindicais e onze trabalhadores. Do total de participantes 9 são homens e 6 mulheres. Em relação à cor, os dados obtidos por autodenominação são: um pardo, um amarelo, 11 brancos e o restante deixou de preencher o item. Na Oficina Sindical com a COE HSBC em Curitiba participaram 13 dirigentes sindicais, representantes das seguintes regiões: Paraná, Londrina, ABC, Brasília, Rio de Janeiro e Niterói. Do total eram oito homens e cinco mulheres. Em relação à cor, os dados por autodenominação são: dois negros, um pardo e nove brancos, sendo que um não respondeu a esse item. As informações que seguem foram obtidas através de consulta a documentos do Sindicato dos Bancários de Curitiba, CNB/CUT, COE HSBC, jornais sindicais, de sites da instituição e do sindicato. Quanto às informações sobre o banco a pesquisa se ateve especialmente à consulta aos sites nacional e internacional. Além dessas fontes, é apresentada a síntese das duas Oficinas Sindicais, realizadas com dirigentes e trabalhadores do HSBC que abordaram a temática foco deste trabalho, ou seja, o respeito aos direitos fundamentais do trabalho. A direção do Instituto Observatório Social procurou a direção do HSBC, durante o processo de pesquisa, para propor a sua participação numa pesquisa mais aprofundada, que possibilitasse a aplicação de questionários aos trabalhadores, entrevistas às gerências e acesso a informações da empresa. Há uma negociação em curso que pode resultar na participação do HSBC numa nova etapa de pesquisa. 4

5 3 PERFIL DA EMPRESA 1 O Grupo HSBC, corporação internacional com sede em Londres (Inglaterra), surgiu em 1865, em Hong-Kong (China). Nessa época, as atividades comerciais eram feitas através das casas de comércio européias. Logo em seguida, foi inaugurado um escritório em Xangai e, a partir de dezembro de 1866, passou a denominar-se The Hong-Kong and Shangai Banking Corporation, origem da sigla HSBC. O Grupo HSBC representa uma das maiores organizações bancárias de serviços financeiros do mundo. A sede atual do grupo em Canary Whare, Londres, inaugurada em abril de 2003, conta com cerca de 8.000 funcionários. Sua rede internacional compreende mais de 9.500 escritórios e agências em 79 países na Europa, Ásia, América, Oceania, Oriente Médio e África. Conta com aproximadamente 222.000 funcionários, mais de 110 milhões de clientes e ativos de US$ 1,034 trilhão, com 139 anos de experiência no mercado. O Grupo atua nas bolsas de valores de Londres, Hong-Kong, Nova Iorque e Paris. Suas ações na HSBC Holding atingem perto de 200.000 acionistas em 100 países e territórios. O HSBC possui uma rede internacional interligada e seus negócios abrangem os seguintes segmentos de atividade financeira: Bancos comerciais e de varejo; Bancos de investimento; Financiadora; Gerenciamento de patrimônio; Comércio de metais preciosos e commodity e serviços de corretagem; Gerenciamento de investimento; Banco Privado e Serviços de curadoria; 1 Fonte: www.hsbc.com, 22 de março de 2004

6 Seguros; Mercado de Capital e Tesouraria; Seguradora, Benefícios de aposentadoria, Serviços Financeiros; Serviços relativos à propriedade; e Serviços para navegação. 3.1 O HSBC NO MUNDO 2 3.1.1 História do Grupo A Corporação Hong-Kong and Shangai Banking Coorporation Limited começou a operar em março de 1865 em Hong-kong e, em Xangai, um mês depois. Tinha como meta atender a grande demanda de serviços bancários advinda do crescente comércio entre Europa, Índia e China. Em seguida a rede de agências e escritórios foi implantada por todo o mundo. Mas, embora presente na Europa e América do Norte, seu principal foco de representação era a China e a região asiática do Pacífico. O HSBC atua no Japão, desde 1866, quando foi consultor do governo em operações bancárias, e na Tailândia, desde 1888, quando se tornou responsável pela impressão das primeiras notas do país. Na década de 1880, assumiu o banco do governo de Hong-Kong. E, por volta de 1900, a rede de agências na Ásia estendia-se à Índia, Filipinas e Cingapura. No final do século, o HSBC era a mais importante instituição financeira na Ásia. No início do século XX, o HSBC financiou projetos governamentais de modernização e infra-estrutura, como a construção de ferrovias, especialmente na China. A primeira guerra mundial abalou os negócios, mas nos anos 20 a Ásia voltou a 2 Fonte: www.hsbc.com, 22 de março de 2004

prosperar, surgiram novas indústrias e a expansão do comércio de commodities (produtos primários) com a borracha e o estanho. Durante a 2ª guerra mundial, a maioria dos funcionários do banco foi presa pelos japoneses e seu principal executivo e o sucessor designado morreram como prisioneiros de guerra em Hong-Kong. O banco então criou um Comitê Consultivo em Londres para atuar como direção em 1943. Logo após a 2ª guerra, o HSBC se restabeleceu em Hong-Kong. A partir de 1955, buscou diversificar seus negócios através de parcerias e aquisições. As principais foram o Mercantile Bank, em 1959, o controle do Hang Seng Bank Limited, em 1965 e a formação de um banco mercantil chamado Wardley, em 1972. Sua expansão foi complementada com a compra do British Bank of the Middley East, em 1959 e com a criação do Hong-Kong and Shangai Banking Coorporation of California, em 1955. Nas décadas de 60 e 70, com a aquisição do Marine Miceland e do Midland Bank, o HSBC implanta diversas subsidiárias na América do Sul. A presença na região foi reforçada, posteriormente, com um grande número de novas aquisições, como o Banco O Higgienes, no Chile, que, em 1997, fundiu-se com o banco de Santiago tornando-se o maior banco comercial privado desse país. Nos anos 80, o HSBC se caracterizou pela atuação em mercados onde ainda não estava representado. Nos EUA, efetivou a compra do Marine Midland Bank. Em 1991, foi criada a HSBC Holdings, uma companhia holding para todo o grupo com ações em Londres e Hong-Kong, reforçando a importância do mercado londrino, confirmada pela compra do Midland Bank do Reino Unido. Essa transação elevou o patrimônio total do grupo de 86 bilhões de libras, em 1981, para mais de 170 bilhões, em 1992. Em 1997, sua estratégia de aquisições se ampliou para os países em vias de desenvolvimento como Argentina e Brasil. Para dar um passo importante no Mercosul, o HSBC comprou um banco do grupo Roberts S/A, na Argentina e adquiriu o Bamerindus, no Brasil. Assim, essas novas aquisições bancárias atuariam em 7

operações conjuntas nas áreas de seguro e financiamento ao comércio exterior para empresas que desenvolvessem negócios no Brasil e na Argentina. Em novembro de 1998, o grupo adotou uma marca unificada internacionalmente, usando o nome HSBC e o símbolo hexagonal. Em 1999, o HSBC adquiriu o Republic NewYork Corporation nos EUA. Em julho de 2000, o HSBC comprou o Credit Commercial de France (CCF) que possuía uma rede de 650 agências na França, o que fortaleceu a presença do HSBC no Europa. Em 2001, as aquisições incluíram o NRMA Building Society Limited na Austrália, o Denirbank da Turquia e 97% da China Securities Investiment Trust Corporation, de Taiwan. A compra do Household International Inc. aumentou as atividades do grupo nos EUA. O HSBC também adquiriu, em 2003, a Keppel Insurance e o Islamic Insurance, em Cingapura e a Equator Holdings LTD. O Quadro 2, a seguir apresenta um resumo do histórico do grupo no mundo. 8 QUADRO 2 - RESUMO HISTÓRICO DO GRUPO HSBC 1959 1971 1972 1980 1981 1982 1983 1986 1991 1992 A Corporação Bancária Hong-Kong Xangai compra o Banco Britânico do Oriente Médio (antigo Banco Imperial da Pérsia). O Banco Britânico do Oriente Médio adquire 20% do Banco Popular de Chipre. O Banco Midland adquire ações do Banco UBAF (atual Banco Comercial Árabe Britânico). A Corporação Bancária Hong-Kong Xangai adquire 51% do Banco Midland do Estado de Nova Iorque. O Midland compra o Trinkaus & Burkhardt KgaA, principal banco privado alemão. O Banco Hong-Kong do Canadá é estabelecido em Vancouver. O Grupo adquire o controle do Equator Holdings Limited, um banco mercante atuante no comercio financeiro da África Sub- Saariana. O Banco Britânico Egípcio é formado, o Grupo HSBC adquire 40% de suas ações. O Marine Midland Bank obtém o Carroll McEntee & McGinley (HSBC Securities- USA). A Corporação Bancária Hong-Kong Xangai estabelece o Hong-Kong Bank e adquire as ações restantes do Marine Midland e 14.9% do Midland Bank plc. O HSBC Holdings é criado e suas ações passam a ser comercializadas nas bolsas de valores de Londres e Hong-Kong. HSBC Holdings obtém o controle do Midland Bank.

9 1993 1994 1997 1999 A sede do Grupo HSBC transfere-se para Londres. O HSBC cria o Bank Malaysia Berhad, sendo o primeiro banco estrangeiro a se estabelecer na Malásia. Aquisição do Banco Brasileiro Bamerindus e do Roberts S.A. de Investimento na Argentina. As ações da Holdings HSBC começam a ser negociadas na bolsa de valores de Nova Iorque. O HSBC adquire o Safra Republic Holdings S.A. (atual HSBC -Luxembourg) e o Republic New York Corporation que se integra ao HSBC Americano. O Banco Midland obtém 70.03% do Mid-Med Bank p.l.c, maior banco comercial de Malta. 2000 2001 2002 O HSBC adquire o CCF, um dos maiores bancos franceses.as ações da HSBC Holdings passam a ser negociadas na Bolsa de Valores de Paris. O Grupo aumenta para 90% o controle sobre o Banco Britânico Egípcio. O CCF compra o Banque Hervet, banco francês;adquire 100% do Financière Groupe Dewaay SA. O HSBC obtém a companhia China Securities Investment Trust Corporation, de Taiwan; o Demirbank TAS -5 maior banco privado da Turquia; o banco australiano NRMA Building Society. O HSBC compra 10% do Ping An Insurance Company of China Limited, 2ª maior operadora de seguro chinesa; adquire a corporação australiana State Street Bank e a Trust Company s Global Trade; e o Grupo Financeiro Bital S.A, um dos maiores grupos de serviço financeiro do México. 2003 O CCF aumenta seu controle acionário do Banque Eurofin S.A, banco francês, para 83.95%. O HSBC adquire o Keppel Insurance Pte Ltd, fornecedor de seguros de vida e o Islamic seguros de Singapura; e aumenta sua participação acionária de 60% para 100% do Equator Holdings Limited. O HSBC obtém o controle do Household International, principal companhia financeira dos EUA com 53 milhões de clientes e aproximadamente 1.300 filiais em 45 estados. Fonte: www.hsbc.com. Elaboração: Instituto Observatório Social, maio 2004 3.1.2 Resultados do Grupo HSBC no mundo 3 Em 2003, o banco HSBC anunciou um lucro tributável anual recorde de US$ 14,4 bilhões (cerca de 42 bilhões de reais). Esse resultado é o maior já registrado por um banco sediado na Grã-Bretanha e representa um aumento de 37% em relação a 2002. O HSBC registrou um aumento de 54% nas receitas, que chegaram a US$ 41 bilhões (cerca de R$ 120 bilhões), impulsionados, especialmente, pela compra da 3 Fonte: Texto elaborado por Yona Santos - DIEESE - Subseção CNB CUT

financeira americana Household International (segundo o banco, a integração da Household International e do HSBC México ao banco superou as expectativas). No mercado de emissão de bônus, o banco aumentou sua participação na Europa e nos Estados Unidos e manteve a liderança na Ásia, excluindo Japão. Alguns pontos sobre os resultados em 2003: lucro sem impostos de US$ 12,8 bilhões (crescimento de 33%); lucro atribuível aos acionistas de US$ 8,8 bilhões (crescimento de 41%); clientes em 2003 superaram os 110 milhões; retorno por ação de US$ 0,84 (crescimento de 25%); receita operacional de US$ 41,0 bilhões (crescimento de 54%); expansão de 21% nas receitas de crédito (US$ 3,17 bilhões); ativos totais do grupo de US$ 1,034 trilhão (crescimento de 36%); integração de duas grandes instituições da América do Norte - a financeira Household (EUA) e o banco Bital (México); mais de 70% do crescimento do lucro estão relacionados as duas aquisições em 2003 (a Household contribuiu com US$ 1,9 bilhão, e o HSBC México com US$ 441 milhões ); lucro obtido pelo HSBC na América do Norte chegou a 30% do total do Grupo; 35% do lucro foi obtido no continente europeu; Hong-Kong participou com mais de 25% de contribuição para o lucro global do HSBC; no Brasil, o HSBC atingiu um lucro de R$ 190,1 milhões, o que representa mais da metade do resultado do Grupo na América do Sul (US$ 126 milhões) ; 10

11 4 HISTÓRICO RECENTE DO SETOR BANCÁRIO NO BRASIL 4 4.1 A REFORMA BANCÁRIA DE 1964 Em 1964, o governo militar implementou uma ampla reforma no sistema financeiro, que consistiu, basicamente, nas seguintes medidas: criação do Conselho Monetário Nacional (CMN); criação do Sistema Financeiro da Habitação e do Banco Nacional de Habitação. Segundo Rodrigues (1999) 5, o setor financeiro anterior ao período militar era composto por cerca de 350 bancos, com número reduzido de agências e sua principal atividade era a de caixa e concedente de empréstimos, já que as empresas de serviços públicos tinham seus próprios postos de recebimento. Na década de 70, começaram a surgir os primeiros efeitos da reforma no sistema financeiro com o aumento no número de agências e a padronização dos procedimentos bancários, segundo normas do Banco Central (BC) que passa a ser o principal órgão do sistema financeiro. Através da resolução 144 do BC, os bancos foram estimulados a modificar seus sistemas de processamento eletrônico de dados e passaram a investir em tecnologia. Surgiram, também, as aplicações voltadas para prestação de serviços aos clientes e o aumento do número de fusões e incorporações entre bancos atacadistas e varejistas. Um exemplo dessas mudanças é a trajetória do Bradesco que, em 1964, tinha, aproximadamente, 4000 funcionários e, através da incorporação de aproximadamente 17 instituições, em 1985, já empregava 159.000 funcionários. 4 Fonte: Relatório ABN AMRO BANK, elaboração Observatório Social, 2002 5 Fonte: RODRIGUES. Alcinei C. (1999). O emprego Bancário no Brasil e a Dinâmica Setorial:1990 a 1997. Tese de Mestrado. São Paulo: PUC.

Nos anos 80, o Brasil enfrentou um período econômico conturbado, atingido pela crise da divida e por uma superinflação, com baixos índices de crescimento econômico e pouco fluxo de capital estrangeiro. Nesse quadro econômico, o setor bancário, marcadamente público e privado de capital nacional, continuou a crescer e a investir maciçamente em tecnologia. 12 4.2 A ABERTURA DE MERCADO NO GOVERNO COLLOR O primeiro plano de estabilização econômica, implantado após a redemocratização do país, foi o Plano Cruzado (1986), no governo de José Sarney. A este seguiram o Plano Cruzado II (1986/87), o Plano Bresser (1987/88) e o Plano Verão, todos incapazes de reverter o processo inflacionário, o que levou o país para uma situação de hiperinflação (acima de 1500% ao ano) no final dos anos 80. O início do governo de Fernando Collor de Mello, primeiro Presidente eleito pelo voto direto após duas décadas de regime militar, foi marcado pela implementação do Plano Collor I (1990/91) que adotou medidas heterodoxas de controle da inflação: congelamento de preços, mudança do câmbio e retenção compulsória de depósitos financeiros. Em paralelo, já desde 1989, o Brasil passou a fazer parte de um bloco econômico e comercial denominado Mercosul (Mercado Comum do Sul) que envolvia a Argentina, o Paraguai e o Uruguai. Uma das estratégias, adotadas pelos governos para viabilizar o bloco, foi a desgravação tarifária linear e automática que, portanto, promoveu uma abertura das economias da região, pavimentando o terreno para o ingresso de empresas transnacionais em diversos setores econômicos.

No Brasil, o resultado imediato do Plano Collor I foi uma forte redução na liquidez da economia, resultando em acentuada retração da atividade econômica e na frustração nos níveis inflacionários, ambas almejadas, pois sempre estiveram acima de 10% por mês 6. O Plano Collor II (1991) foi um remendo do anterior e, como seu antecessor, teve forte impacto no setor econômico, sem, contudo, lograr a redução da inflação e sua consolidação em patamares baixos. Dentre o conjunto de medidas adotadas com a implantação desses planos, tem destaque, para nossos propósitos, a abertura econômica a mercadorias e a investimentos externos, estimulada pela redução de tarifas alfandegárias e pelo início do processo de privatizações. As conseqüências dessa abertura foram a entrada expressiva de empresas multinacionais em diversos segmentos do mercado e a reestruturação produtiva nas empresas nacionais, que passaram a atuar em um cenário muito mais competitivo. Isso tudo ocorreu em um contexto mundial de expressivo aumento das transações econômicas entre países. O setor financeiro foi um dos mais atingidos pela abertura de mercado, iniciada na gestão Collor e, continuada de forma muito mais agressiva, a partir do governo de Fernando Henrique Cardoso, como veremos a seguir. 13 4.3 O PLANO REAL O Plano Real, implementado em 1994, ainda no governo Itamar Franco, (Vice-presidente que sucedeu Fernando Collor após o seu impeachment, em 1992) deu continuidade ao processo de abertura econômica, conforme os compromissos acordados no âmbito do Mercosul, o que atingiu diretamente o setor financeiro. 6 Fonte: RODRIGUES. Alcinei C. (1999). O emprego Bancário no Brasil e a Dinâmica Setorial:1990 à 1997. Tese de Mestrado. São Paulo: PUC.

Os bancos nacionais - públicos e privados - não estavam preparados para operar em situação econômica estável, sem inflação, e houve a necessidade de o governo adotar medidas de saneamento e recuperação para evitar uma crise no setor financeiro nacional. Para enfrentar esta situação, o governo federal elaborou dois programas: em 1995, o PROER (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional) e, em 1996, o PROES (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Público Estadual). O objetivo do PROER (resolução nº 2.208 de 03-11-1995) era promover a reestruturação e o fortalecimento do sistema bancário, estimulando aquisições e fusões, através da concessão de linhas de crédito especial e deferimento dos gastos com reestruturação, reorganização e modernização. A medida favoreceu, principalmente, as instituições privadas estrangeiras, uma vez que muitos bancos nacionais foram vendidos com recursos do PROER: Bamerindus, Banco Econômico, Banco Nacional, Banco Mercantil de Pernambuco, entre outros. O PROES (MP nº 1.702-26 de 30-06-98) tinha como meta a redução da presença do setor público na atividade financeira bancária, preferencialmente pela privatização, extinção ou transformação em instituição não-financeira ou agência de fomento. (Rodrigues, 1999:11). Em síntese, as políticas macroeconômicas, adotadas no Brasil a partir de 1990, estimulavam a entrada de investimentos do capital externo em diversos setores, no entanto, o setor financeiro foi um dos mais afetados. 14 4.4 FUSÕES E AQUISIÇÕES As fusões e aquisições no setor financeiro são uma tendência global que, nos anos 90, foram impulsionadas pela maior abertura da economia e pela desestatização promovida por muitos países em desenvolvimento. A América Latina se destacou nesse contexto como receptora de investimentos externos diretos no setor bancário.

A Argentina, por exemplo, passou por um processo de completa desnacionalização do setor financeiroe ampla abertura para o capital externo. No Brasil, a onda de fusões e aquisições de bancos teve início, em 1997, com a aquisição do Banco Bamerindus pelo Grupo inglês HSBC. O Quadro 3 resume as principais aquisições. QUADRO 3 -PRINCIPAIS AQUISIÇÕES E FUSÕES APÓS O PLANO REAL 15 1997 1998 2000 2001 2002 Banco HSBC (capital inglês) assume o controle do Bamerindus Banco Santander (capital espanhol) compra o Banco Geral de Comércio Banco Santander compra o Banco Noroeste Banco Espírito do Santo (capital português) assume o Banco BoaVista A Casa Geral de Depósitos compra o Banco Bandeirantes Banco ABN AMRO (capital holandês) compra o Real Banco ABN AMRO compra o Bandepe Banco Santander compra o Bozano, Simonsen e o Meridional Bradesco assume o Banco BoaVista Unibanco assume o Banco Bandeirante Santander compra o Banespa Itaú adquire o Banco do Estado de Goiás (BEG) ABN adquire o Banco do Estado da Paraíba O Bradesco compra o Banco Mercantil Finasa 2003 ABN adquire o Sudameris. Fonte: Revista Exame Edição 728, Ano 34, n 24, nov/00. Folha de São Paulo. 15/01/2002 Elaboração: Instituto Observatório Social, maio, 2004.

16 5 O HSBC NO BRASIL 7 O HSBC está presente no Brasil desde 1976, quando os membros do grupo Samuel Montagu e Midland Bank abriram escritórios no país. O grupo, em março de 1997, adquiriu o ativo, passivo e as subsidiárias do Banco Bamerindus, cuja denominação mudou para HSBC Bank Brasil S. A. - Banco Múltiplo, em 1999. A compra do Bamerindus foi feita por R$ 380 milhões, porém o HSBC recebeu R$ 431,8 milhões do Banco Central para reestruturar e saldar reclamações trabalhistas através do então PROER. Os bancários fizeram manifestações em todo o país em agosto de 1997. O protesto intitulava-se Dia da banana, simbolizando o baixo preço pago pelo Bamerindus e prevendo baixos salários, intensificação do trabalho e perigo da LER. Os 50 mil acionistas minoritários (sendo 10 mil funcionários do banco) entraram na justiça, em 1998, para investigar as fraudes ocorridas na venda do Bamerindus e as facilidades obtidas. O Banco Central confirmou, em maio de 2001, depois de mais de um ano de investigações, que existiam sérios indícios de crime na administração do antigo Bamerindus, quando foi vendido ao HSBC. No inicio de sua empreitada no Brasil, o HSBC procurou fixar a imagem de que daria uma atenção especial às médias empresas, pois no resto do mundo atua especialmente no segmento de grandes operações internacionais, centradas em comércio exterior e prestação de serviços financeiros para grandes empresas. O HSBC, em 2003, compra as operações do Banco Lloyds TSB no Brasil, banco inglês que estava há 141 anos no país. Entre as atividades do Lloyds, absorvidas pelo HSBC, está a financeira Losango, segunda maior financeira do país, a transação movimentou 490 milhões de libras (US$ 815 milhões ou R$ 2,3 bilhões). 7 Fonte: www.hsbc.com.br

A aquisição expandiu a presença do HSBC no mercado de varejo financeiro no Brasil, especialmente, no segmento de crédito aos consumidores de baixa renda. (Revista Exame 15/10/2003). A Losango trabalha com 16 mil lojas no Brasil, tem 7,5 milhões de clientes ativos e uma carteira de crédito de R$ 2,3 bilhões. Com a aquisição, o HSBC dá mostras de acreditar no aumento do consumo e na queda dos juros, o que facilitaria o crédito ao consumidor. A direção do HSBC diz que haverá "sinergia" entre as instituições e os serviços da financeira serão oferecidos nas agências e postos de atendimento que o HSBC tem no país (FSP 10/10/2003). Atualmente, o HSBC Bank Brasil tem, aproximadamente, 4 milhões de clientes pessoa física e 240 mil clientes pessoa jurídica. Está presente em cerca de 600 municípios, em todos os Estados do país, com mais de 1.700 agências e postos de atendimento, serviço preferencial ao cliente diferenciado, através dos HSBC Premier Centres. Detém 5 mil caixas automáticos e unidades de auto-atendimento, oferece, também, ao cliente HSBC, Call-Center - Serviços Bancários, Internet Banking, Celular e Wap Banking e e-mail Banking. O HSBC Brasil S/A Banco Múltiplo, como parte integrante do Grupo HSBC, tem sua sede localizada em Curitiba (PR) e é dividido em Centros Administrativos (CA s), localizados em diversos estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. As operações corporativas e regionais do banco estão, hoje, localizadas em São Paulo, onde foram criadas novas unidades de negócio para financiamento de veículos e propriedades. Fazem parte do conglomerado HSBC, as empresas: HSBC Seguros Brasil S.A; HSBC Financeira, Crédito, Financiamento e Investimentos S.A. e o HSBC Investment Bank Brasil S.A. - Banco de Investimento. Em 31 de dezembro de 2003, os dados econômicos do banco apontam um lucro líquido de R$ 190 milhões, no Brasil, resultado 2,87% superior ao exercício anterior (Gráfico 1). 17

18 GRÁFICO 1 LUCRO LÍQUIDO EM MILHÕES DE REAIS 195,0 190,0 185,0 184,8 190,1 2002 2003 180,0 Lucro Líquido (Prejuízo) Segundo informações do DIEESE, de 2002 para 2003, as receitas de serviços cresceram 16,6% e representam a soma de R$ 1,19 bilhões. Somente esse valor possibilita ao banco cobrir 96,8% de suas despesas de pessoal. As tabelas 1 e 2 a seguir apresentam as demonstrações contábeis e os indicadores de desempenho do HSBC no Brasil. TABELA 1- DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS (EM MILHARES DE REAIS) Conta Dez/02 Dez/03 Variação Lucro Líquido (LL) 184,8 190,1 2,87% Patrimônio Líquido (PL) 1.276,7 1.637,5 28,3% Rentabilidade Líquida Anual(LL/PL) 14,5% 11,6% - Ativo Total 25.286,4 25.395,1 0,4% Operações de Crédito 8.136,6 10.215,0 25,5% Operações de Tesouraria 8.574,2 8.597,9 0,3% Despesas de Pessoal 1.191,0 1.227,2 3,0% Fonte: HSBC Elaboração: ER - DIEESE PR.

19 TABELA 2- INDICADORES DE DESEMPENHO SELECIONADOS (EM MILHARES DE REAIS) 31/12/02 31/12/03 Variação Rentabilidade Líquida Anual (LL/PL) 14,5% 11,6% - Retorno sobre o Ativo (LL/AT) 0,7% 0,7% - Lucro Líquido / Agência 196,0 201,4 2,7% Lucro Líquido / Empregado 8,9 7,7-12,6% Desp. Administrativas / Agência (2.421,6) (2.591,3) 7,0% Desp. Administrativas / Empregado (109,4) (99,5) -9,0% Desp. Administrativas / Ativo Total 9,0% 9,6% 6,7% Despesas de Pessoal / Desp. Administrativas 52,2% 50,2% -3,8% Despesas de Pessoal / Agência (1.263,0) (1.300,0) 2,9% Despesas de Pessoal / Empregado (57,0) (49,9) -12,5% Receitas de Serviços / Desp. de Pessoal 85,5% 96,8% 13,2% Receitas de Serviços / Desp. Administrativas 44,6% 48,6% 8,9% Operações de Crédito / Agência 8.953,8 10.821,0 20,9% Operações de Crédito / Empregado 404,3 415,5 2,8% Depósitos Totais / Agência 14.928,3 17.187,3 15,1% Depósitos Totais / Empregado 674,1 660,0-2,1% Fonte: HSBC. Demonstração de Resultados, Balanço, Notas Explicativas e Relatório da Administração. Elaboração: DIEESE - Linha Bancários 5.1 EMPREGO 8 O emprego sempre foi uma questão importante para a categoria bancária. Em 1987, existiam no Brasil aproximadamente 765 mil bancários e, em 1990, aproximadamente 733 mil (em relação a 1993 deixaram de existir 120 mil postos de trabalho nos bancos). Ao se analisar os seis anos consecutivos, de 1994 a 1999, constata-se que foram eliminados 178 mil postos de trabalho, uma queda em torno de 31%. Essa brutal redução do empregos foi reflexo da reestruturação do sistema financeiro nacional que concentra, centraliza o capital e obtém lucros recordes a cada ano, superiores aos dos outros setores da economia. Além disso, a automação bancária, as novas formas de organização do trabalho, a terceirização e o prolongamento da jornada de trabalho contribuem para a eliminação de postos de trabalho no setor. 8 Fonte: Texto elaborado por Yona Santos - DIEESE - Subseção CNB CUT

Os bancos estrangeiros que compraram bancos brasileiros, como é o caso do HSBC, têm buscado ampliar ou inserir-se no mercado de varejo no país. Dessa forma, apresentam-se na condição de competidores, particularmente, em relação aos grandes bancos privados nacionais. As aquisições têm reflexos diretos sobre o emprego bancário no Brasil. Dependendo do perfil salarial e profissional, entre outros itens, é possível, segundo o DIEESE, que os bancos estrangeiros adotem estratégias de demissão de pessoal, rotatividade, buscando imprimir sua especifica técnica gerencial, salarial etc. A tabela 3 a seguir apresenta o número de empregados do HSBC no Brasil de 1997 a 2003. 20 TABELA 3- HSBC - NÚMERO DE EMPREGADOS Anos Banco Bamerindus HSBC 1996 22.950-1997 - 23.756 1998-21.196 1999-18.845 2000-18.845 2001-19.472 2002-20.882 2003-24.582 Fonte: BACEN Elaboração: DIEESE - Subseção CNB CUT. Notas: (1) Dado retirado do Banco Central (inclusive estagiários e terceiros); (2) Em 1997, o Bamerindus foi comprado pelo HSBC.

Os sindicalistas de Curitiba informam que o banco está implementando um processo de terceirização que atingirá vários setores. As áreas de segurança e limpeza já foram terceirizadas. O Telebanco de Curitiba conta, atualmente, com 40 trabalhadores terceirizados no total de 800 e pretende terceirizá-lo completamente. O setor de informática tem aproximadamente 25% de funcionários terceirizados. Os Centros de Serviço de Xaxim e João Betgam, em Curitiba, contam com 80% da área de documentação tercerizados. O setor, Projeto Imagem, do Centro de Serviço de João Betgam é tercerizado. Além disso, o HSBC utiliza empresas de promoção de vendas no interior das agências para comercializar produtos e terceirizou o setor de cobranças ao cliente. 21

22 6 NOVO PERFIL DO SETOR BANCÁRIO BRASILEIRO 9 Para fins de análise do setor bancário brasileiro, constata-se que: na lista dos 11 maiores bancos, tendo como base o valor do ativo, aparecem três bancos públicos e oito privados (quatro são privados com controle estrangeiro e quatro são privados nacionais); o ativo consolidado dos 10 maiores bancos, em 2003, correspondeu a aproximadamente 58,2% do PIB do país; o ativo total dos 11 maiores bancos cresceu 19,5% de 2003 em relação a 2002, chegando a R$ 910,4 Bi em 2003; 79,4% dos ativos estão nas mãos de cinco bancos nacionais (privados e públicos) ; os bancos públicos federais BB e CEF detêm 44,3% dos ativos; os bancos estrangeiros concentram 14,2% dos ativos totais dos 11 maiores bancos; o lucro total dos 11 maiores bancos cresceu 7,2% de 2003 em relação a 2002, chegando a R$ 13,9 Bi em 2003; 75,6% do lucro concentra-se nos cinco maiores bancos nacionais; 28,8% do lucro pertence a dois bancos públicos federais (BB e CEF); 16,5% do lucro está nas mãos de quatro bancos privados estrangeiros. Esses números mostram algumas características do setor bancário brasileiro: forte concentração de ativos nos bancos nacionais, significativa participação de dois bancos federais no setor, alta lucratividade e, conseqüentemente, alta rentabilidade, acrescida de redução de postos de trabalho e crescente atuação de bancos com controle estrangeiro. Em 1997, esses bancos participavam em 12,82% dos ativos do 9 Fonte: Texto elaborado por Yona Santos - DIEESE - Subseção CNB CUT

setor bancário e,em 2002, esse percentual passou para 27,38%. Esse comportamento faz parte da estratégia de expansão dos maiores bancos estrangeiros na América Latina e, sobretudo, no Brasil 10. 23 TABELA 4- PARTICIPAÇÃO PERCENTUAL DAS INSTITUIÇÕES NO ATIVO TOTAL DO SEGMENTO BANCÁRIO 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Bancos com Controle Estrangeiro 12,82% 18,38% 23,19% 27,41% 29,86% 27,38% Bancos Privados Nacionais 36,76% 35,29% 33,11% 35,23% 37,21% 36,93% Bancos Públicos (+ Caixa 19,06% 11,37% 10,23% 5,62% 4,30% 5,87% Estadual) CEF 16,57% 17,02% 17,06% 15,35% 10,97% 11,66% BB 14,42% 17,44% 15,75% 15,63% 16,76% 17,12% Cooperativas de Crédito 0,37% 0,50% 0,66% 0,76% 0,90% 1,04% Área Bancária 100% 100% 100% 100% 100% 100% Fonte: Banco Central Elaboração: DIEESE - Subseção CNB-CUT A tabela 4 mostra a evolução dos bancos estrangeiros, o declínio da participação, em especial, das instituições públicas. Quando se compara a participação percentual dos bancos estrangeiros nos maiores países da América Latina, pode-se observar que no Brasil esta participação é muito mais baixa do que na Argentina (48,6% em 1999) e no México (80,0% em 2001) 11. Conforme as tabelas 5 e 6, os bancos públicos ocupam as principais posições no mercado financeiro nacional, tanto em termos de ativos totais como de depósitos e créditos concedidos. 10 Em 2001, o lucro do ABN no Brasil representou 13,35% do retorno total da instituição no mundo; no Santander, o Brasil foi responsável por 24,5% do lucro global; no BankBoston, o lucro líquido no país equivale a 33% do faturamento do FleetBoston no mundo. onda recente. 11 Paula, Luiz Fernando Rodrigues. Bancos Europeus no Brasil: razões e resultados da

24 TABELA 5-LUCRO/PREJUÍZO LÍQUIDO DOS ONZE MAIORES BANCOS¹, EM DEZEMBRO DE 2003 Bancos² 2002 2003 Banco do Brasil 2.027.676 2.380.982 Caixa Econômica Federal 1.081.093 1.616.145 (CEF) Bradesco 2.022.588 2.306.339 Itaú ³ 2.214.780 3.151.820 Unibanco 1.010.363 1.052.346 Banespa 2.818.149 1.746.997 ABN AMRO Real 840.036 334.292 Santander 3.216 22.049 Safra 464.560 617.006 Nossa Caixa 271.857 449.342 HSBC Bank Brasil 184.839 190.102 Total 12.939.157 13.867.420 Notas ¹ Ranking de 2000 por ativo total. ² Dados do banco múltiplo, não inclusos demais instituições financeiras coligadas/ controladas. ³ Os dados do banco Itaú, em dezembro de 2003, foram retirados do Itaú Holding (Consolidado). Fonte: BCB / Austin / Balanços Anuais de Bancos. Elaboração: DIEESE - Subseção SESE - SEEB/SP TABELA 6 - CLASSIFICAÇÃO DOS BANCOS NO BRASIL SEGUNDO ORIGEM DO CAPITAL, EM 2000 Origem do Capital Número Número Ativos Patrimônio de Bancos de Agências (%) Líquido (%) Publico federal 10 5.840 32,3 15,7 Publico Estadual 8 1.342 4,0 3,5 Publico Nacional 94 5.466 29,2 39,5 Privado Nacional com participação 6,7 13 784 estrangeira 9,3 Privado Nacional com controle 24,3 55 3.130 estrangeiro 29,6 Estrangeiro 13 25 3,5 2,4 Total 193 16,590 100,0 10,00 Fonte: Banco Social dos Bancos 2000. Febraban Elaboração: Instituto Observatório Social, maio de 2004. A participação dos bancos estrangeiros no mercado brasileiro, em termos de patrimônio líquido, também mudou significativamente (tabela 6) a classificação do ranking dos maiores bancos, segundo esse critério. Em 1995, não havia qualquer banco estrangeiro entre os 10 maiores em patrimônio líquido. Em 2001, quatro já ocupavam as 10 primeiras posições: ABN AMRO, Santander, Citibank e BankBoston.

25 TABELA 7 - RANKING DE PATRIMÔNIO LÍQUIDO DO SETOR BANCÁRIO Ranking Patrimônio líquido (bilhões) 1 Banco do Brasil R$ 12,171 2 Bradesco R$ 13,557 3 Itaú R$ 12,791 4 Banco ABN AmRo Real R$ 8,403 5 Santander Banespa R$ 7,695 6 Unibanco União dos Bancos Brasileiros R$ 7,356 7 CEF R$ 5,771 8 Citibank R$ 3,290 9 Bank de Boston R$ 2,552 10 Votorantim R$ 2,383 11 HSBC R$ 1,898 Fonte: Banco Central /dezembro de 2003 Elaboração: Instituto Observatório Social, Maio de 2004.

7 AÇÃO SOCIAL E POLÍTICAS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL DA EMPRESA 26 O HSBC, no seu Conselho Diretor mundial, possui um Comitê de Responsabilidade Social Corporativa (CSR) que é responsável por supervisionar as políticas dos Grupos de CSR (Responsabilidade Social Corporativa e Sustentabilidade), principalmente, nas questões ambientais, sociais e éticas. O CSR verifica a efetividade das estratégias políticas e práticas dos Grupos de CSR que possam afetar os negócios, a marca e a reputação do HSBC, incluindo: Saúde e Segurança, Direitos Humanos, Promoção de igualdade de oportunidades. Aconselhar a diretoria na adoção de códigos internacionais de CSR, como programas ambientais da ONU, entre outros códigos e princípios internacionais. Supervisionar as atividades filantrópicas, do grupo HSBC, para a comunidade tais como os programas educacionais e as parcerias de investimento na natureza. O HSBC é fundador e signatário da Declaração de Meio Ambiente das Nações Unidas Programa de Instituições Financeiras de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Em 2001, o Banco aderiu ao Global Compact das Nações Unidas que estabelece normas voluntárias sobre direitos humanos, trabalho e responsabilidade ambiental. A instituição defende as diretrizes da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) para empresas multinacionais para promover uma conduta de negócios focalizada em princípios de sustentabilidade. As diretrizes da OCDE são recomendações dirigidas pelos governos signatários às empresas multinacionais, que estabelecem princípios e padrões para uma conduta empresarial

responsável. Servem como instrumento de apoio para a promoção de práticas empresariais condizentes com os princípios democráticos e de respeito aos direitos dos trabalhadores. O HSBC está incluído no índice de sustentabilidade da Dow Jones, que seleciona entre as 2500 maiores companhias do mundo os dez por cento líderes em sustentabilidade. O desempenho do HSBC nesse índice é descrito como acima da média em fatores econômicos, na média em fatores ambientais e, excepcional em fatores sociais, com destaque ao desenvolvimento dos recursos humanos e sua perícia em temas de sustentabilidade. O HSBC é membro dos índices éticos do FTSE4Good desde o início. O FTSE4Good é um índice elaborado pelo FTSE (Financial Times Stock Exchange - entidade independente que cria e gere índices bolsistas em todo o mundo) do qual fazem parte companhias que já estão nos quatro grandes índices do FTSE e que, em complemento, cumprem uma série de requisitos ambientais e de respeito pelos direitos humanos. O HSBC considera, segundo informações retiradas do site internacional, o desenvolvimento econômico sustentável uma de suas principais preocupações, por isso tem as seguintes práticas: favorece fornecedores e contratantes que tenham práticas ambientais sadias; leva em consideração os fatores ambientais em avaliações de empréstimo; desenvolve produtos e serviços com critérios de sustentabilidade; implementa um sistema de relatório ambiental em 10 países; incentiva os empregados a fazerem sua parte; e investe em especialistas ambientais para conservar o patrimônio natural. 27

Segundo dados do HSBC, seu quadro de funcionários, nos 80 países e territórios que atua, é caracterizado por sua diversidade étnica e racial. A população atual de trabalhadores conta com 48% do sexo masculino e 52% do sexo feminino, que ocupam 36% dos cargos executivos. Do total de funcionários 44% são brancos, 28% asiáticos, 18% sul-americanos, 3% árabes, 3% negros e 4% de outras etnias. O Grupo HSBC reconhece sua maior responsabilidade nas comunidades onde opera e investe no bem-estar das comunidades locais, especialmente, em projetos nas áreas educacionais e ambientais. O banco também incentiva os funcionários a participar de programas da comunidade. HSBC adotou o Equator Principles para ajudar o grupo a avaliar o impacto ambiental e social de propostas de empréstimos comerciais. Isto reforçará a longa estabilidade do banco, no processo de avaliação de risco ambiental e social, e sua posição como uma das companhias líderes em gerência de impacto ambiental. O Equator Principles é um conjunto de diretrizes, desenvolvido pelos principais bancos internacionais, que estabelece uma estrutura comum, dando enfoque às questões ambientais e sociais levantadas em projetos de financiamento, assegurando que elas sejam realizadas de acordo com práticas de gerência ambientais sadias. O HSBC é uma corporação partidária da Global Business Coalition on HIV (GBC). O GBC é uma aliança entre 110 companhias internacionais, dedicado a atacar a epidemia da AIDS, usando a perícia e habilidades do setor de negócios. Em 2002, o grupo iniciou seu programa mundial de cinco anos, chamado Investindo na Natureza, uma parceria em projetos de meio ambiente com a Earth Watch, WWF e Botanic Garden International, um investimento de 50 milhões de dólares. Durante cinco anos, esse programa protegerá da extinção inúmeras espécies de animais e plantas, além de salvar e multiplicar a vida em alguns dos maiores rios do mundo, treinar cientistas e oferecer a 2 mil funcionários do Grupo HSBC a oportunidade de trabalhar como voluntários em vários projetos de conservação ambiental ao redor do mundo. 28

29 7.1 PROJETOS SOCIAIS DO HSBC NO BRASIL 12 Segundo informações do site da empresa, no Brasil como no mundo inteiro, a política de Responsabilidade Social do HSBC tem a tradição de oferecer suporte aos menos favorecidos das comunidades na qual atua, apoiando financeira e operacionalmente projetos sociais, ambientais e educacionais. Dessa forma, promove iniciativas de ação social, que envolvem incentivo à integração sustentável das comunidades com o meio ambiente, apóia programas que viabilizam a educação básica e fundamental de crianças, e auxilia diversas entidades e associações, em 14 estados brasileiros, a saber: Alagoas, Ceará, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. O HSBC lançou, em 2001, um fundo de investimento, o FAQ HSBC Ação Social, que destina metade da sua receita a cada R$ 50 mil obtidos por meio da taxa de administração, R$ 25mil são destinados a uma instituição filantrópica. Essas instituições são indicadas pelo Comitê de Responsabilidade Social do HSBC e a auditoria do fundo é realizada pela Consultoria Deloitte Touche Tohmatsu Auditores Independentes, que presta o serviço gratuitamente. Em Curitiba, há o projeto Natal no Palácio Avenida, hoje Natal do HSBC, que começou em 1991, com a apresentação do coral infantil. O coral infantil é formado por 140 crianças de oito instituições assistidas pelo HSBC. O período de concepção e preparação do evento se estende por mais de 10 meses, envolvendo, além das crianças do coral, uma equipe formada por mais de 70 profissionais e cerca de 100 voluntários. As crianças, além dos ensaios do coral, são responsáveis pela produção da decoração do cenário do Palácio Avenida para as apresentações. 12 Fonte:baseada no site nacional do HSBC