Diagnóstico Social do Concelho de Espinho



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Transcrição:

2013 Diagnóstico Social do Concelho de Espinho Capítulo IV - Saúde 1 Rede Social de Espinho

ÍNDICE ENQUADRAMENTO... 3 SERVIÇOS DE SAÚDE... 4 Consultas por habitante... 4 Pessoal ao Serviço... 4 Farmácias... 5 Agrupamento dos Centros de Saúde do Grande Porto IX ESPINHO/GAIA... 5 Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho... 7 2 INDICADORES DE SAÚDE... 10 Mortalidade infantil... 10 Mortalidade... 11 Taxa de Mortalidade Padronizada... 13 Doenças de Declaração Obrigatória... 13 Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH)... 14 Saúde Mental... 16 Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI)... 19 Análise SWOT na área da Saúde... 21 COMPORTAMENTOS DE RISCO CONSUMOS DE SUBSTÂNCIAS PSICOACTIVAS... 23 Tabaco... 24 Álcool... 25 Plano Operacional de Respostas Integradas (PORI) Programa de Respostas Integradas (PRI) do Instituto da Droga e da Toxicodependência, I.P... 32 PRI Eixo da Prevenção... 33 PRI Eixo do Tratamento... 35 PRI Eixo da Reinserção... 38 PRI Redução de Riscos e Minimização de Danos... 40 Consumidores de Drogas acompanhados a nível de Acção Social e Rendimento Social de Inserção.... 46 Consumos Juvenis... 49 Análise SWOT da Intervenção no âmbito das Substâncias Psicoactivas... 54 BIBLIOGRAFIA... 57

ENQUADRAMENTO O acesso à protecção da saúde é um dos direitos consagrados na Declaração dos Direitos Humanos (artigo 25º) e garantido pela Constituição da República Portuguesa (no artigo 64º) que incumbe prioritariamente ao Estado a função de garantir o acesso de todos os cidadãos, independentemente da sua condição económica, aos cuidados da medicina preventiva, curativa e de reabilitação. A melhoria gradual das condições de vida das populações e os avanços significativos que se registam no campo das ciências biomédicas conduziram a uma melhoria global dos índices de saúde. Não obstante, persistem ainda profundas iniquidades no domínio da saúde estreitamente correlacionadas com a pobreza e exclusão social e que influenciam sobremaneira o desenvolvimento local dos territórios. 3 De facto, uma saúde deficiente reduz a capacidade de trabalho e implica custos acrescidos ao nível dos tratamentos e cuidados o que, por sua vez, pode condicionar o acesso aos cuidados de saúde e intensificar as situações de pobreza, estabelecendo-se, então, um ciclo vicioso em que a doença gera pobreza e a pobreza gera doença. Assim, e na esteira do Plano Nacional de Saúde 2004-2010, as populações pobres e socialmente mais desfavorecidas continuam a sofrer de desvantagens substanciais em relação à saúde: a esperança de vida é menor, apresentam uma maior morbilidade, têm geralmente uma menor acessibilidade aos cuidados de saúde e estão também menos informadas sobre os cuidados preventivos. Nesta linha, uma intervenção neste domínio tem necessariamente que passar por uma abordagem multidimensional que tenha em conta, para além das variáveis biológicas, diversos outros factores que interagem com a promoção da saúde, como sejam as condições materiais de vida, os recursos educacionais ou os comportamentos e estilos de vida. O presente capítulo pretende, então, analisar as dinâmicas concelhias que se formam no domínio da saúde e debruça-se sobre os serviços de saúde, bem como os indicadores de saúde concelhios procurando-se também aprofundar as informações disponíveis relativas aos comportamentos de risco, nomeadamente os correlacionados com o consumo das substâncias psicoactivas.

SERVIÇOS DE SAÚDE Consultas por habitante Os dados estatísticos publicados pelo INE permitem-nos aferir que, em 2010, cada habitante frequentava em média 4,4 consultas por ano, sendo possível apurar que este número é superior ao assinalado em Portugal (4,1), na Área Metropolitana do Porto (AMP) (4,2), no distrito de Aveiro (4,3) e no distrito do Porto (4,4). Não obstante, e no que corresponde a uma análise evolutiva, observamos uma diminuição do número de consultas por habitante entre 2002 (5,1) e 2010. 4 Pessoal ao Serviço O número de médicos por 1000 habitantes no concelho de Espinho fixa-se nos 5,5, sendo que este valor se situa acima do registado em Portugal (3,9) e na AMP (4,3), bem como no Distrito de Aveiro (2) e no distrito do Porto (3,3). Tabela 1 - Evolução entre 2002 e 2010 do número de Médicos por 1000 habitantes (N.º) residentes no concelho de Espinho Localização geográfica (NUTS - 2002) Médicos por 1000 habitantes 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 Espinho 5,5 5,2 5,1 4,9 4,5 4,3 4,4 4 3,8 Fonte: INE, Estatísticas do Pessoal de Saúde, Anual INE. N.º A nível local, o número de médicos por 1000 habitantes tem vindo a aumentar gradualmente nos últimos anos, passando de 3,8 médicos em 2002, para 5,5 médicos em 2010. O número de médicos especialistas cresceu na ordem dos 21,4% entre 2003 e 2010, observando-se um incremento do número de médicos de medicina geral e familiar, oftalmologia e outras especialidades e uma diminuição dos médicos especialistas em estomatologia, ginecologia e obstetrícia, pediatria e psiquiatria. Aumentou, de igual modo, o número de médicos não especialistas entre 2002 e 2008, sendo que entre 2008 e 2010 se denota uma estabilidade fixa nos 52 médicos não especialistas. Tabela 2 - Enfermeiros por 1000 habitantes (N.º) por local de trabalho Enfermeiros por 1000 habitantes (N.º) por local de trabalho; Anual Local de trabalho 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 N.º Espinho 4,5 4,1 4,1 3,6 3,4 3 3 2,5 2,1 Fonte: INE, Estatísticas dos Estabelecimentos de Saúde, Anual INE.

Já quanto ao número de enfermeiros por 1000 habitantes, constatamos que o valor aferido no concelho de Espinho (4,5) é inferior ao registado em Portugal (5,9), na Área Metropolitana do Porto (5,9) e no distrito do Porto (4,9), embora superior ao obtido no distrito de Aveiro. Não obstante, denota-se que entre 2002 (2,1) e 2010 (4,5) o número de enfermeiros por 1000 habitantes duplicou no município. Farmácias O município conta com um total de 9 farmácias apurando-se, através dos dados publicados 5 pelo Instituto Nacional de Estatística, I.P., que desde 2002 abriu apenas uma farmácia no município. A esmagadora maioria das farmácias (5) está sedeada na freguesia de Espinho, sendo que Anta dispõe de 2 farmácias, enquanto Silvalde e Paramos têm 1 cada qual. Note-se que não existe nenhuma farmácia na freguesia de Guetim o que dificulta o acesso dos moradores aos cuidados de saúde. Tabela 3 - Farmácias e postos farmacêuticos móveis por 1000 habitantes (N.º) por localização geográfica. Localização geográfica Farmácias e postos farmacêuticos móveis por 1000 habitantes (N.º) Portugal 0,3 AMP 0,2 Distrito de Aveiro 0,3 Distrito do Porto 0,2 Espinho 0,3 Fonte: INE, Estatísticas das Farmácias, Anual INE. 2010 N.º Por comparação com as restantes regiões em foco neste documento, o concelho dispõe de um rácio de 0,3 farmácias por habitante, o que corresponde ao valor encontrado em Portugal e no distrito de Aveiro, situando-se acima do registado na Área Metropolitana do Porto e no distrito do Porto (0,2). Agrupamento dos Centros de Saúde do Grande Porto IX ESPINHO/GAIA Os Agrupamentos dos Centros de Saúde (doravante designados por ACES) foram criados pelo Decreto-Lei n.º 28/2008 de 22 de Fevereiro, e têm por missão garantir a prestação de cuidados primários, desenvolvendo, para tal, actividades de promoção da saúde e prevenção da doença, prestação de cuidados na doença e ligação a outros serviços para a continuidade dos

cuidados. São, assim, serviços de saúde com autonomia administrativa, constituídos por várias unidades funcionais que integram um ou mais centros de saúde. Assim, em 2008, o Centro de Saúde de Espinho integrou o ACES do Grande Porto IX Espinho/Gaia que engloba, ainda, os antigos centros de saúde de Arcozelo, Boa Nova e Carvalhos. A nível concelhio, esta estrutura enquadra 2 Unidades de Saúde Familiar (uma na freguesia de Anta e outra na freguesia de Espinho), 4 Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados (em Espinho, na Marinha, em Paramos e Silvalde) e 1 Unidade de Cuidados na Comunidade cuja actividade abrange todo o concelho. 6 Como é possível concluir através da análise da tabela n.º 4, em 2012, existiam 43 514 utentes inscritos nas diferentes unidades funcionais do Centro de Saúde de Espinho, o que significa que existem mais utentes inscritos do que residentes no concelho, apurando-se que a diferença se fixa nos 11 728 indivíduos. Do total de utentes inscritos, uma elevada percentagem de 94,87% tem médico de família, o que representa uma evolução significativa desde o ano 2001. De facto, no último diagnóstico de desenvolvimento social do concelho de Espinho um dos principais pontos fracos aferidos na área da saúde referia-se, precisamente, à cobertura insuficiente de médicos de família que deixava a descoberto 24% da população concelhia. Tabela 4 Número de utentes das Unidades Funcionais de Saúde do concelho de Espinho, com e sem médico de família Total de Com médico de Sem médico de Sem médico de utentes Extensão de Saúde família família família por opção inscritos N N % N % N % UCSP Espinho 4927 3741 75,9 1180 23,9 6 0,1 UCSP Paramos 3749 2825 75,4 924 24,6 0 0,0 UCSP Marinha 3536 3536 100,0 0 0,0 0 0,0 UCSP Silvalde 4508 4384 97,2 124 2,8 0 0,0 USF Anta 12643 12643 100,0 0 0,0 0 0,0 USF Espinho 14151 14151 100,0 0 0,0 0 0,0 Total 43514 41280 94,87 2228 5,12 6 0,01 Fonte: Dados cedidos pelo ACES Espinho/Gaia No que respeita as consultas médicas realizadas nas Unidades Funcionais de Saúde do concelho de Espinho averiguamos que, em 2010, foram realizadas 106 252 consultas, das quais a esmagadora maioria é relativa às consultas de medicina geral e familiar/clínica geral saúde de adultos (78,83%), seguindo-se as consultas de saúde do recém-nascido, da criança e do adolescente (14,31%), as consultas de planeamento familiar (4,35%) e as consultas de saúde materna (2,51%).

De modo geral, verifica-se a mesma tendência para os restantes território em foco neste documento (Portugal, Área Metropolitana do Porto, distrito de Aveiro e distrito do Porto), sendo apenas de realçar que em Espinho a população acedeu a menos consultas de medicina geral e familiar do que em Portugal (82,99%), em detrimento de um maior número de consultas a nível da saúde do recém-nascido, da criança e do adolescente, que a nível nacional se fixaram nos 10,23%, bem como de consultas de planeamento familiar que em Portugal corresponderam a 3,41%. Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho 7 O Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, EPE foi criado pelo Decreto-Lei nº 50 A/2007, de 28 de Fevereiro de 2007, por fusão do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia e do Hospital Nossa Senhora da Ajuda de Espinho, com natureza de Entidade Pública Empresarial. É um hospital central da região de Entre Douro e Vouga, com todas as valências básicas, intermédias, diferenciadas e praticamente todas as altamente diferenciadas, algumas das quais consideradas como referência na zona Norte, e tem um perfil assistencial que permite ao Centro Hospitalar assegurar integralmente o funcionamento de um Serviço de Urgência Polivalente, de acordo com os requisitos legais. Actualmente, o Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNG/E) tem instalações distribuídas por estes dois concelhos vizinhos. Em Gaia, localizam-se a Unidade I antigos Sanatório Manuel II e Hospital Eduardo Santos Silva, no Monte da Virgem onde virá a ser erguido o novo hospital e a Unidade II. No município limítrofe (Espinho), encontra-se a Unidade III, antigo Hospital Nossa Senhora da Ajuda. A Unidade I é constituída por vários edifícios, numa área de cerca de 212 hectares. É neste Unidade que está implantada a prestação de cuidados em regimes de internamento, ambulatório e meios complementares de diagnóstico e outros serviços de apoio, bem como a grande maioria das valências médico-cirúrgicas Anatomia Patológica, Anestesiologia, Angiologia e Cirurgia Vascular, Cardiologia, Cirurgia Cardiotorácica, Cirurgia Geral, Cirurgia Plástica e Maxilofacial, Dermatologia, Apoio Nutricional e Dietética, Endocrinologia, Estomatologia, Gastrenterologia, Hematologia Clínica, Imagiologia, Imuno-alergologia, Imunohemoterapia, Medicina Física e de Reabilitação, Doenças Infecciosas, Medicina Interna, Nefrologia, Neurocirurgia, Neurologia, Oftalmologia, Oncologia Médica, Otorrinolaringologia, Patologia Clínica, Pneumologia, Pneumologia Oncológica, Psicologia, Psiquiatria e Urologia. É nestas instalações que estão também localizados o Serviço de Urgência e a Unidade de Cuidados Intensivos Polivalente do Centro Hospitalar. Na Unidade II antigo Hospital Comendador Manuel Moreira de Barros, situada a cerca de quatro quilómetros da Unidade I, junto ao Tribunal de Vila Nova de Gaia, encontramos o

serviço de Ortopedia, o Departamento Materno-Infantil, com as valências de Medicina de Reprodução, Obstetrícia/Ginecologia, Pediatria, Neonatologia e Cirurgia Pediátrica. Para além deste, o Centro Hospitalar integra as seguintes unidades de dia: Doenças Infecciosas, Hemodiálise, Oncologia Médica, Hematologia Clínica e Medicina. Em Espinho, com a fusão com o Hospital Nossa Senhora da Ajuda, sito na rua 37 com a avenida 24, foram instaladas duas unidades: Convalescença, com 28 camas e inserida na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, e a Unidade de Cirurgia de Ambulatório, que centraliza grande parte deste regime de cirurgia praticado no Centro Hospitalar. Ademais, existem, nesta Unidade, consultas externas de várias especialidades. 8 Com uma lotação de 558 camas, divididas por várias especialidades, o Centro Hospitalar é visitado diariamente por mais de dois mil utentes. Sem prejuízo do princípio da liberdade de escolha no acesso à rede nacional de prestação de cuidados de saúde, o Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, serve, preferencialmente, a população da área de influência que lhe está atribuída pelas redes de referenciação hospitalar, cerca de 700 mil habitantes. Para todas as especialidades, assiste os concelhos de Vila Nova de Gaia e de Espinho, com mais de 330 mil habitantes. Para as especialidades de diferenciação intermédia, serve os concelhos de Entre Douro e Vouga, com mais 350 mil habitantes. Contudo, para as especialidades de elevada diferenciação onde encontramos Cirurgia Cardiotorácica, Cardiologia de Intervenção, Cirurgia Plástica, Medicina de Reprodução e Pneumologia acolhe as populações de todos os concelhos a Norte do rio Vouga. Passaremos, de seguida, à análise de alguns dados estatísticos referentes ao acesso aos serviços de saúde deste Centro Hospitalar por parte da população residente no concelho de Espinho. Segundo os dados estatísticos cedidos à Rede Social pelo CHVNG/E, em 2011, os residentes no concelho de Espinho acederam a 28.269 consultas externas que representam 6,5% do total de consultas externas promovidas pelo Centro Hospitalar no decorrer desse ano. Relativamente ao ano transacto, apura-se uma tendência decrescente do número de consultas prestadas aos residentes no concelho de Espinho (menos 3.665 consultas em termos absolutos), muito embora se averigúe um aumento significativo de 5.604 consultas, nos últimos 4 anos (2008/2011). A análise do número de consultas segundo a especialidade, e consoante se poderá constatar na tabela n.º 5, evidencia 15 áreas com uma representatividade superior a 3%, entre as quais se destacam as consultas de oftalmologia (10,39%), ortopedia (9,17%), cardiologia (5,39%) otorrinolaringologia (5,99%) e pneumologia (5,76%), observando-se que a esmagadora maioria das consultas se refere a consultas subsequentes.

Em termos evolutivos, entre 2008 e 2011, denota-se um incremento das consultas de oftalmologia (4,2 pontos percentuais), otorrinolaringologia (3,8%) e psiquiatria (3,1%). Pelo contrário, observa-se uma diminuição expressiva no que respeita as consultas de imunohemoterapia (-17,2%), seguindo-se as consultas de cirurgia geral (-1,6%), ortopedia (-1,5%) e medicina interna (-1,1%). Tabela 5 - Número de consultas externas no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, em 2011, segundo a especialidade da consulta. Especialidade 1ª Consulta Subsequente Total Variação entre 2008 e 2011 9 N % N % N % % Anestesiologia 732 79,7 186 20,3 918 3,25 1,2 Cardiologia 468 30,7 1.055 69,3 1.523 5,39 1,6 Cirurgia Geral 812 58,0 589 42,0 1.401 4,96-1,6 Imuno-Hemoterapia 56 5,3 1.008 94,7 1.064 3,76-17,2 Gastrenterologia 502 58,0 364 42,0 866 3,06 1,2 Medicina Interna 225 19,3 942 80,7 1.167 4,13-1,1 Neurologia 304 32,7 625 67,3 929 3,29 1,3 Obstetrícia 279 29,5 666 70,5 945 3,34-0,5 Oftalmologia 1.221 41,6 1.717 58,4 2.938 10,39 4,2 Ortopedia 1.085 41,9 1.507 58,1 2.592 9,17-1,5 Otorrinolaringologia 480 28,4 1.213 71,6 1.693 5,99 3,8 Pediatria 309 23,8 987 76,2 1.296 4,58-0,4 Pneumologia 388 23,8 1.239 76,2 1.627 5,76 2,6 Psiquiatria 306 24,6 940 75,4 1.246 4,41 3,1 Urologia 344 27,2 920 72,8 1.264 4,47-0,6 Outras especialidades 2517 37,1 4274 62,9 6791 24,0 3,8 Fonte: Dados cedidos pelo Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho Refira-se, neste domínio, que os técnicos que actuam na área social, nomeadamente os que integram o Núcleo Local de Inserção do Rendimento Social de Inserção (RSI), apontam como uma das principais fragilidades concelhias na área da saúde, as listas de espera nas consultas de oftalmologia e estomatologia, que prejudicam, sobremaneira, a qualidade de vida dos utentes acompanhados no âmbito do (RSI) e Acção Social, sobretudo no que diz respeito à sua (re)integração profissional. Quanto aos internamentos, o número de doentes residentes no concelho de Espinho saídos do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho situou-se, em 2011, nas 1.967 pessoas, averiguando-se uma diminuição de -8,4% face ao ano anterior, muito embora, e à semelhança do que acontece com as consultas externas, tenham sofrido um incremento na ordem dos 6%, entre 2008 e 2011.

Por fim, e no que respeita as listas de espera, o Livro de Divulgação e Consulta Relatório e Contas de 2011 do Centro Hospitalar revela que, a 31 de Dezembro de 2011, um total de utentes em espera para a primeira consulta representava 11% do total de utentes em espera nos hospitais da ARS Norte, observando-se uma diminuição de utentes inscritos. Efectivamente, não só tem diminuído o número de utentes em espera, como os tempos médios, máximos e mediana do tempo de espera. Nos últimos 4 anos, assistiu-se à diminuição do tempo médio de espera dos 138,6 dias para 93,4 dias e da mediana de 84 dias para 76 dias, ambos abaixo do registado na Região Norte, respectivamente 143,6 dias e 83 dias. 10 INDICADORES DE SAÚDE Mortalidade infantil A mortalidade infantil é um factor determinante no grau de desenvolvimento de um país, sendo que a sua diminuição é considerada pelas Nações Unidas como um dos grandes Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. Em Portugal, nas últimas décadas, a diminuição da taxa de mortalidade infantil representa uma das áreas com ganhos mais significativos ao atingir em 2010 um valor de 2,53, enquanto em 1970 se situava nos 50,86 óbitos em cada 1.000 crianças. Para tal, e entre outros factores, concorreram a melhoria da assistência médica durante a gravidez, no parto e pós-parto; o aumento do número de partos em meio hospitalar; os avanços na medicina; ou a implementação do programa nacional de vacinação obrigatório e gratuito. Ao nível local, a taxa de mortalidade neonatal para o quinquénio de 2005-2009 fixava-se nos 2,2 óbitos em cada 1.000 crianças com menos de 28 dias de idade. Estes resultados equivalem aos registados em Portugal (2,2 ), muito embora se fixem acima dos encontrados na AMP (1,9 ), no distrito de Aveiro (1,8 ) e no distrito do Porto (2 ). No que respeita a evolução temporal, os dados explícitos na tabela n.º 6, permitem-nos concluir que os resultados deste indicador têm vindo a diminuir nos últimos anos, sendo que no quinquénio de 2003-2007 detectamos o valor mais elevado dos últimos 9 anos (2,7 ). Note-se que no quinquénio de 2005-2009, os valores obtidos situam-se 1,6 pontos percentuais acima dos registados entre 2000-2004 (0,6 ). Tabela 6 - Evolução entre 2002 e 2010 da taxa quinquenal de mortalidade neonatal ( ) no concelho de Espinho. Localização geográfica (NUTS - 2002) Taxa quinquenal de mortalidade neonatal por local de residência da mãe 2005-2009 2004-2008 2003-2007 2002-2006 2001-2005 2000-2004 Espinho 2,2 2,1 2,7 2,5 1,8 0,6 Fonte: INE, Óbitos por Causas de Morte, Anual INE.

Por sua vez, a taxa quinquenal de mortalidade infantil para o quinquénio 2005-2009 fixava-se, no concelho de Espinho, nos 3 óbitos em cada 1.000 crianças abaixo dos 5 anos, situando-se abaixo do registado em Portugal (3,4 ), na AMP (3,2 ) e no distrito do Porto (3,3 ) e equivalendo ao registado no distrito de Aveiro (3,0 ). Á semelhança do que acontece com a taxa de mortalidade neonatal, também a taxa de mortalidade infantil aumentou nos últimos anos, sendo que em 2005-2009 se estabelece 1,3 pontos percentuais acima do valor aferido em 2000-2004. Muito embora se denotem flutuações neste indicador ao longo dos anos, como por exemplo uma diminuição de 0,8 pontos desde 2002-2006, observamos um ligeiro aumento de 0,2 pontos entre 2004-2008 e 2005-2009. 11 Tabela 7 - Evolução entre 2002 e 2010 da taxa quinquenal de mortalidade infantil ( ) no concelho de Espinho. Localização geográfica (NUTS - 2002) Taxa quinquenal de mortalidade infantil por local de residência da mãe 2005-2009 2004-2008 2003-2007 2002-2006 2001-2005 2000-2004 Espinho 3 2,8 3,4 3,8 3 1,7 Fonte: INE, Óbitos por Causas de Morte, Anual INE. O Plano Local de Saúde 2011-2016, elaborado pelo ACES Espinho/Gaia, é um instrumento de apoio à gestão das actividades dos serviços de saúde e da comunidade orientando e integrando as diferentes tomadas de decisão que reconhecidamente têm impacto na saúde da população. É composto por uma análise da situação de saúde da população do ACES Espinho/Gaia e identifica os problemas de saúde traduzidos em taxas de mortalidade e morbilidade, bem como os respectivos determinantes que geram, obrigatoriamente, as necessidades de saúde. Apesar de as informações analisadas no Plano Local de Saúde não se reportarem em exclusivo ao concelho de Espinho, mas sim a toda a população acompanhada pelo ACES, considera-se pertinente incluir neste diagnóstico alguns dos principais resultados que contribuem para o aprofundamento dos indicadores de saúde, nomeadamente os correlacionados com a mortalidade, a taxa de mortalidade padronizada, as doenças de declaração obrigatória e os principais problemas de saúde priorizados para o próximo quinquénio. Mortalidade Mais de metade dos óbitos (55%) verificados no triénio 2007-09 nos ACES Gaia e Espinho/Gaia são atribuídos, em primeiro lugar, às doenças do aparelho circulatório e, em segundo, aos tumores malignos.

Quanto ao primeiro grupo doenças do aparelho circulatório -, a taxa bruta de mortalidade foi de 218,6 óbitos por 100.000 habitantes, sendo que dentro deste grande grupo de causas de morte predominou a mortalidade por Doenças Cérebro Vasculares (DCV) e Doença Isquémica Cardíaca (DIC) atingindo, respectivamente, os valores de 102,6 óbitos e 40,8 óbitos por 100.000 residentes. Especificamente no que diz respeito ao concelho de Espinho, os dados publicados pelo INE na área da saúde permitem-nos aferir que, em 2010, a taxa de mortalidade por doenças do aparelho circulatório se fixa nos 3 óbitos por 1.000 habitantes, observando-se que este valor é inferior ao registado em Portugal (3,2 ), mas superior ao verificado nas regiões envolventes, nomeadamente na AMP (2,4 ), no distrito de Aveiro (2,8 ) e no distrito do Porto (2,2 ). 12 Tabela 8 - Evolução entre 2002 e 2010 da taxa de mortalidade por doenças do aparelho circulatório ( ) no concelho de Espinho Localização geográfica (NUTS - 2002) Taxa de mortalidade por doenças do aparelho circulatório 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 Espinho 3,0 3,4 2,8 2,6 2,3 3,2 2,9 3,2 2,9 Fonte: INE, Óbitos por Causas de Morte, Anual INE. N.º Uma análise evolutiva, espelhada na tabela n.º 8, mostra-nos que têm existido diversas oscilações nos últimos anos, cujo valor mínimo (2,3 ) é atingido em 2006 e o valor máximo (3,4 ) em 2009. No entanto, registamos entre 2002 e 2010 um aumento da taxa de mortalidade por doenças do aparelho circulatório na ordem dos 0,1%. Os tumores malignos, por sua vez, constituíram a segunda causa de morte no ACES de Gaia e Espinho/Gaia, observando-se que nos homens predominaram o tumor maligno da traqueia, brônquios e pulmão (47,6%ººº), do cólon e recto (33,4%ººº) e do estômago (33,4%ººº), enquanto nas mulheres se manteve como causa mais comum de morte o tumor maligno da mama (24,5%ººº), embora se registe um aumento do tumor maligno do cólon e recto (23,2%ººº). Segue-se a prevalência do tumor maligno do estômago (16%ººº), embora se denote uma redução do tumor maligno da traqueia, brônquios e pulmão (10,8%ººº) que, pelo contrário, regista um aumento ao longo dos últimos anos. A nível municipal, os dados do INE, I.P., referentes ao ano de 2010, mostram-nos que a taxa de mortalidade por tumores malignos se estabelecia nas 2,7 mortes em cada 1.000 habitantes, valor este que se situa acima do registado em Portugal (2,3 ), na AMP (2,1 ), no distrito de Aveiro (2,2 ) e no distrito do Porto (1,9 ). Mais ainda, averigua-se uma tendência crescente em 0,4 pontos percentuais nos últimos 9 anos. Os Sintomas, Sinais e Achados Anormais Não Classificados com uma taxa de mortalidade de 84,3%ººº, representaram a 3ª causa de morte no ACES de Gaia e Espinho/Gaia, sendo a proporção de mortes atribuídas a causas mal definidas inferior ao registado na Região Norte.

As doenças do Aparelho Respiratório (76.7%ººº) constituíram a 4ª principal causa de morte, sendo que a entidade nosológica com maior peso é a Pneumonia, com taxa de mortalidade de 26.0%ººº, enquanto as Doenças Crónicas das Vias Aéreas Inferiores (Bronquite, Asma e Enfisema) apresentaram uma taxa de mortalidade de 7,3%ººº. A mortalidade por ambas as patologias revelou uma tendência crescente ao longo dos últimos anos. As Doenças Endócrinas Nutricionais e Metabólicas foram a 5ª Causa de morte (44,4%ººº), valor que aumentou ao longo da década. A Diabetes Mellitus por si só foi responsável por uma taxa bruta de mortalidade de 38.8%ººº. 13 Taxa de Mortalidade Padronizada Uma vez que o efeito idade tem uma forte influência na mortalidade, o uso da Taxa de Mortalidade Padronizada (TMP) permite comparar populações com estruturas etárias distintas. Neste domínio, o Plano Local de Saúde distingue, para ambos os sexos e para todas as idades, a Diabetes Mellitus, o Tumor Maligno do Pâncreas e o VIH/sida que apresentaram taxas de mortalidade padronizada superiores à Região Norte, tendo essa diferença significância estatística. Doenças de Declaração Obrigatória O número total de casos de Doença de Declaração Obrigatória no ACES Espinho/Gaia relativo ao ano de 2010 foi de 71, com uma taxa de notificação de 38,7 casos por 100,000 residentes. A Tuberculose representou mais de metade dos casos declarados (51%) seguida pela Parotidite Epidémica, outras Salmoneloses e a Doença dos Legionários. Refira-se, no que respeita a tuberculose, que a sua incidência, apresentou, entre 2000 (62,0%ººº) e 2008 (33,1%ººº), uma redução de cerca de 46,6% de novos casos, mantendo-se no entanto acima do valor regional. Tabela 9 - Taxa de incidência de casos notificados de doenças de declaração obrigatória ( ) por local de residência Local de Residência 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 Portugal 0,3 0,4 0,4 0,5 0,5 0,5 0,6 AMP 0,4 0,5 0,5 0,6 0,6 0,6 0,8 Distrito de Aveiro 0,3 0,4 0,4 0,4 0,4 0,5 0,5 Distrito do Porto 0,4 0,4 0,5 0,6 0,6 0,6 0,6 Espinho 0,6 0,4 0,6 0,5 0,5 0,6 0,7 Nota(s): (1) Os dados de 2005 e seguintes não incluem as notificações de infecções por VIH. Nos anos anteriores a infecção por VIH não era doença de declaração obrigatória. Fonte: INE, Casos Notificados de Doenças de Declaração Obrigatória, Anual, INE, I.P.

Especificamente quanto à realidade concelhia, os dados publicados pelo INE, I.P. relativos à taxa de incidência de casos notificados de doenças de declaração obrigatória, em 2008, fixam o valor concelhio em 0,6, acima do registado em Portugal (0,3 ), na Área Metropolitana do Porto (0,4 ), no distrito de Aveiro (0,3 ) e no distrito do Porto (0,4 ). Como se poderá verificar na tabela acima, entre 2002 e 2008, todos os territórios apresentam uma diminuição da taxa de incidência, muito embora em Espinho esse decréscimo seja menor. Por outro lado, entre 2007 e 2008, todos os locais apresentaram uma diminuição ou estabilização da taxa de incidência, ao contrário do que acontece no concelho, onde se verificou um aumento de 0,2. 14 Neste domínio, é-nos ainda possível socorrer dos dados fornecidos pelo ACES Espinho/Gaia que reportam, em 2011, a notificação de 7 casos de tuberculose respiratória, e embora em um dos casos se tenham verificado antecedentes clínicos de alcoolismo, nenhum registou VIH ou toxicodependência. Foram ainda reportados 2 casos de Hepatite B, sendo que em um se assinalaram antecedentes de VIH. Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) No espaço da Europa Ocidental, Portugal continua a apresentar uma das mais elevadas incidências de infecção pelo VIH, apesar de se observar uma tendência favorável de descensão no número de novos casos, nomeadamente de diagnósticos de sida (Ministério da Saúde: 2011, 2). De facto, e segundo o Plano Nacional de Saúde 2012-2016, em 2010, 9 em cada 100 000 Portugueses tinham VIH/Sida, enquanto nos 5 países da EU com as taxas de incidência mais baixas este valor fixava-se nos 1,3. Estes elementos reforçam a necessidade de implementação de programas de prevenção primária e secundária, bem como de apoio social, que permitam a continuidade da diminuição da epidemia e que contribuam, em simultâneo, para combater a discriminação associada à sida. Neste domínio, será de ter em atenção o facto de em Portugal se verificar uma epidemia concentrada que afecta «as populações com comportamentos particularmente vulneráveis, designadamente utilizadores de drogas, trabalhadores do sexo e homens que têm sexo com homens» (Ministério da Saúde: 2011, 2) No que diz respeito ao concelho de Espinho, os elementos disponíveis relativos ao VIH foram cedidos pelo ISS, I.P., Centro Distrital de Segurança Social de Aveiro, Unidade de Desenvolvimento Social e Programas Serviço Local de Espinho e referem-se ao total de beneficiários com VIH, residentes no município, abrangidos pelos apoios sociais no âmbito da Acção Social e do Rendimento Social de Inserção (doravante designado por RSI).

Uma rápida análise do gráfico n.º 1 permite-nos apurar uma diminuição na ordem dos 5 indivíduos, em termos absolutos, do número de pessoas com VIH apoiadas pela Segurança Social entre 2008 e 2011. Assim, em 2011, estavam inscritas 15 pessoas com VIH na Segurança Social, das quais 60% pertenciam ao sexo feminino. Uma percentagem de 80% tem 35 e mais anos (60% situam-se entre os 35 e os 44 anos e 20% têm entre 45 e 54 anos), observando-se que os escalões dos 0 aos 14 anos, dos 15 aos 24 e dos 25 aos 34 congregam 6,7% cada. Gráfico 1 Número de pessoas com VIH, residentes no concelho de Espinho, apoiados pela Segurança Social 30 15 25 24 20 15 10 5 20 15 15 0 2008 2009 2010 2011 Fonte: Dados cedidos pelo ISS, I.P., Centro Distrital de Segurança Social de Aveiro, Unidade de Desenvolvimento Social e Programas Serviço Local de Espinho No que respeita o estado civil denota-se que 46,7% das pessoas acompanhadas são solteiras e 40% são casadas ou vivem em união de facto, enquanto uma percentagem de 6,7% são divorciados e outros tantos viúvos. Já quanto à esfera familiar detecta-se que 40% têm filhos, sendo que em relação à situação de coabitação 26,7% residem em casal e outros tantos sozinhos, ao passo que as situações de casal com filhos, pais/irmãos e outro familiar reúnem 13,3% cada. Nesta população, predominam as baixas habilitações literárias 13,3% não sabem ler nem escrever, 40% têm o 1º ciclo do ensino básico, 33,3% detêm o 2º ciclo e, tanto o 3º ciclo, como o ensino secundário reúnem 6,7%. Por outro lado, a percentagem de pessoas em situação de desemprego ascende aos 40%, bem como a de pensionistas, enquanto os empregados constituem 13,3% e uma minoria de 6,7% são estudantes. Entre as pessoas com VIH, acompanhadas pela Segurança Social, e ao contrário do que acontece a nível nacional, a via de transmissão que predomina é a associada ao consumo de drogas via endovenosa que congrega 46,7% do total, imediatamente seguida pela via sexual (40%) e pela via vertical (13,3%). Quanto à situação face ao tratamento, e desconhecendo-se a

situação de 26,7%, averiguamos que 60% frequentam a consulta de infecciologia e que 13,3% não estão em tratamento. Já no domínio das prestações sociais detecta-se que 40% auferem da pensão de invalidez, 20% estão integradas no Rendimento Social de Inserção, 6,7% recebem a pensão social e outros tantos têm direito a uma prestação social classificada como outra. Uma percentagem de 26,7% não tem direito a qualquer prestação social. Apuramos, ainda, que 6,7% usufruem de apoio domiciliário e 13,3% estão integrados na Comunidade de Inserção do Centro Social de Paramos. A Segurança Social atribuiu um montante de 8.332,24 em apoios económicos, dos quais a maioria reporta à comparticipação de medicamentos (48,4%) e alojamento (35,5%), seguindose os apoios relativos a electrodomésticos e gás (9,7%), alimentação (3,2%) e pagamentos de dívidas (3,2%). 16 Segundo os técnicos que intervêm junto desta população, o término, em Outubro de 2010, do projecto Novo Rumo, promovido pelo Centro Social de Paramos, criou uma lacuna local no âmbito do trabalho com a população com VIH/sida que se torna indispensável colmatar a curto/médio prazo. Este projecto promovia, entre outras iniciativas, o acompanhamento de doentes com VIH/Sida ou outras doenças infecto-contagiosas ao nível da prestação de cuidados médicos e de enfermagem, apoio psicossocial, distribuição de refeições, higiene pessoal e habitacional, bem como o apoio na aquisição de competências e na criação de empresas que visavam a integração socioprofissional dos utentes. Saúde Mental As questões relacionadas com a saúde mental têm sido consideradas uma prioridade local, quer em sede de Núcleo Executivo, quer no âmbito dos grupos interinstitucionais criados para a discussão dos resultados do Diagnóstico Social. Na esteira do Plano Nacional para a Saúde Mental 2007-2016 (PNSM), os estudos epidemiológicos mais recentes demonstram que as perturbações psiquiátricas e os problemas de saúde mental se tornaram a principal causa de incapacidade e uma das principais causas de morbilidade nas sociedades actuais, averiguando-se que das 10 principais causas de incapacidade, 5 são perturbações psiquiátricas. Mais ainda, e para além das pessoas que apresentam uma perturbação diagnosticável, existe um número significativo de indivíduos que têm problemas de saúde mental que não preenchem os critérios de diagnóstico para perturbação psiquiátrica, mas que também estão em sofrimento e que devem, por tal, beneficiar de intervenções (Coordenação Nacional para a Saúde Mental: 2008, 5).

Os estudos efectuados no âmbito do Plano Nacional para a Saúde Mental indiciam que os serviços de saúde mental sofrem de insuficiências graves, a nível da acessibilidade, da equidade e da qualidade de cuidados. O número de pessoas em contacto com os serviços públicos mostra que apenas uma pequena parte das pessoas que têm problemas de saúde mental têm acesso aos serviços especializados o número de contactos, que se fixa em 1,7% da população, é extremamente baixo em relação ao que seria de esperar, dado que pelo menos 5% a 8% da população sofre de uma perturbação psiquiátrica de certa gravidade em cada ano. O PNSM aponta, ainda, diversas vulnerabilidades nacionais nesta área como seja a concentração da maior parte dos recursos em Lisboa, Porto e Coimbra; a distribuição assimétrica de psiquiatras entre hospitais gerais e psiquiátricos; o direccionamento da maioria dos recursos para o internamento quando toda a evidência científica mostra que as intervenções na comunidade são as mais efectivas; a existência de problemas de acessibilidade aos cuidados especializados; ou o facto de os recursos financeiros, humanos, logísticos e materiais atribuídos à saúde mental serem indiscutivelmente insuficientes se atendermos ao impacto real das doenças mentais para a carga global das doenças. 17 Por outro lado, sobressai neste documento a necessidade de assegurar cuidados específicos de saúde mental a alguns grupos particularmente vulneráveis como as crianças, os idosos, os sem-abrigo, as vítimas de violência ou os consumidores de substâncias psicoactivas. Ainda no âmbito da doença mental, e atendendo ao contexto socioeconómico que atravessamos, o Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS) editou recentemente uma versão provisória do Relatório de Primavera 2012, Crise & Saúde - Um País em Sofrimento, onde se enfatiza os efeitos da crise económica na saúde mental. Segundo este documento, as principais manifestações são precoces e caracterizam-se por perda de auto-estima, depressão, ansiedade e risco de comportamentos suicidas, sendo que no desencadear destas manifestações, o desemprego e o endividamento tem um papel particularmente importante. Evidencia-se também a relação entre o sofrimento mental, sobretudo em situações de crise prolongada, e as suas repercussões físicas, denotando-se uma influência no sistema cardiovascular e imunológico. Podem verificar-se acréscimos de risco de hipertensão arterial, enfarte do miocárdio e acidente cerebrovascular, diabetes e infecções. Este efeito é ainda mais demarcado nas classes sociais menos favorecidas (SESPAS, 2011 in OPSS: 2012, 22). De igual modo, comprova-se a adopção e intensificação de comportamentos de risco. De facto, o OPSS levou a termo uma revisão bibliográfica que identifica 30 estudos que demonstram um agravamento das doenças transmissíveis em consequência de uma crise económica. As principais causas apontadas para esse agravamento são o aumento da transmissibilidade

resultante do empobrecimento das condições de vida, do pior acesso aos cuidados de saúde e de uma menor adesão à terapêutica. Consequentemente, atravessamos uma época em que a atenção às questões relacionadas com a saúde mental deve ser redobrada, recomendando-se uma aposta, quer no âmbito da prevenção e intervenção precoce, quer no reforço/criação de recursos na comunidade que permitam instituir uma resposta adequada às necessidades detectadas. A nível local, o Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho disponibilizou os elementos estatísticos relativos à evolução, entre 2008 e 2011, das consultas de psiquiatria frequentadas pelos residentes no concelho de Espinho. 18 Em 2011, os residentes no concelho de Espinho frequentaram 996 consultas de psiquiatria e 250 consultas de pedopsiquiatria que correspondem, respectivamente, a 6,7% e 6,1% do total de consultas destas especialidades no CHVNG/E. Desde logo, e tal como se poderá verificar pelo gráfico n.º 2, apuramos um aumento significativo do número de consultas de psiquiatria entre 2008 e 2009 (215,6%), ao qual se segue um decréscimo (-66,5%) e um novo incremento, entre 2010 e 2011 (61,4 pontos percentuais). Refira-se ainda que, entre os últimos dois anos, em observação (2010 e 2011) se regista um aumento de 46,1% das primeiras consultas desta especialidade. As consultas de pedopsiquiatria, por sua vez, sofreram um incremento expressivo entre 2008 e 2009 (240%), uma diminuição entre 2009 e 2010 (-71,4%) e um ligeiro acréscimo entre 2010 e 2011 (5%). Gráfico 2 - Evolução entre 2008 e 2011 do número total de consultas de psiquiatria e pedopsiquiatria dos residentes no concelho de Espinho no CHVNG/E. 1.200 1.000 800 928 996 600 400 200 0 617 408 294 238 250 120 2008 2009 2010 2011 Psiquiatria Pedopsiquiatria Fonte: Dados cedidos pelo Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho.

O aumento registado, entre 2010 e 2011, na área da psiquiatria reflecte a tendência global sentida no Centro Hospitalar que viu as consultas sofrerem um crescimento de 27,4% neste período. Aliás, e segundo o Livro de Divulgação, Relatório e Contas 2011 do CHVNG/E, o aumento da actividade assistencial na área da psiquiatria resulta, em parte, das obras de requalificação ocorridas neste serviço. Por outro lado, o incremento das consultas de pedopsiquiatria de crianças e jovens residentes no concelho de Espinho contraria a tendência hospitalar, uma vez que as consultas de psiquiatria na área da infância e adolescência sofreram um decréscimo na ordem dos -4,7%. 19 Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) O efeito cumulativo da diminuição da mortalidade e da natalidade, bem como do aumento da esperança média de vida tem-se traduzido, tanto em Portugal, como no município, no envelhecimento progressivo da população que, por sua vez, induz um incremento da prevalência de pessoas com doenças crónicas incapacitantes e cria carências ao nível dos cuidados de longa duração e paliativos. Nesta esteira, a criação da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (doravante designada por RNCCI), através do Decreto-Lei n.º 101/2006, de 6 de Junho, veio colmatar as carências que se verificavam ao nível dos cuidados paliativos e de longa duração, e promover uma resposta integrada entre o domínio da saúde e da segurança social, de natureza preventiva, recuperadora e paliativa, junto das pessoas em situação de dependência e com perda de autonomia, quer sejam idosos com dependência funcional, doentes com patologia crónica múltipla ou pessoas com doença incurável em estado avançado e em final de vida. Assim, são objectivos da RNCCI a prestação de cuidados de saúde e de apoio social de forma continuada e integrada a pessoas que, independentemente da idade, se encontrem em situação de dependência. Os Cuidados Continuados Integrados estão centrados na recuperação global da pessoa, promovendo a sua autonomia e melhorando a sua funcionalidade, no âmbito da situação de dependência em que se encontra. A constituição da RNCCI subdivide-se entre Internamento unidades de convalescença; unidades de média duração e reabilitação; unidades de longa duração e manutenção e unidades de cuidados paliativos -, Ambulatório unidades de dia e promoção da autonomia -, e Respostas Domiciliárias equipas de cuidados continuados integrados e equipas comunitárias de suporte em cuidados paliativos. Por sua vez, a referenciação para a RNCCI pode ser feita por duas vias, através da equipa de gestão de altas do hospital ou por via dos centros de saúde. A equipa de gestão de altas do hospital é uma equipa multidisciplinar que tem como objectivo preparar e gerir a alta hospitalar em articulação com outros serviços, para os doentes que requerem seguimento dos seus problemas de saúde e sociais (cfr. n.º 1 do Art. 23.º do Decreto-Lei n.º 101/2006, de 6 de

Junho). Em simultâneo, a referenciação pode ainda ser feita na comunidade, através do médico, enfermeiro e assistente social dos Centros de Saúde. Uma breve caracterização sociodemográfica dos utentes revela-nos que 77,9% do total têm 65 e mais anos, ao passo que uma minoria de 4,7% se enquadra no escalão etário dos 20 aos 44 anos e 17,3% se situam entre os 45 e os 64 anos. Será de referir que uma percentagem de 20,9% dos utentes referenciados tem entre 80 a 84 anos, enquanto 15,4% estão entre os 85 e 89 anos, 14,8% têm entre 75 e 79 anos e 13,7% encaixam-se entre os 70 e os 74 anos. Gráfico 3 Número de pessoas residentes no concelho de Espinho, integradas na RNCCI por data de criação do Episódio 200 20 150 100 50 0 2008 2009 2010 2011 2012 Fonte: Dados cedidos pela Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI). Trata-se, então, de uma população envelhecida, com maior probabilidade de doenças crónicas, de fragilidade e de incapacidade o que terá, naturalmente, reflexos na capacidade de recuperação e no tempo de permanência na RNCCI. A resposta assistencial em relação ao total de população demonstra-nos que o número de doentes assistidos pela RNCCI, em 2011, com 65 e mais anos corresponde a 1,2% do total de pessoas residentes no município com 65 e mais anos. No que se refere ao estado civil, e desconhecendo-se a situação relativa a 22% dos utentes, observa-se que 34,3% são casados, 22,6% são solteiros e 16,5% são viúvos. Uma percentagem de 3,5% é divorciada e 0,4% vivem em união de facto. Do total de doentes assistidos, a maioria foi integrada na resposta de internamento, nomeadamente em Unidades de Convalescença (35,2%), Unidades de Média Duração e Reabilitação (26,7%) e em Unidades de Longa Duração e Manutenção (18,7%). Uma percentagem de 12% foi integrada em respostas domiciliárias (Equipas de Cuidados Continuados Integrados) e 7,4% frequentaram a Unidade de Cuidados Paliativos. Note-se que os cuidados paliativos são transversais à RNCCI, conforme o estipulado no Programa Nacional de Cuidados Paliativos. Assim, para além dos doentes assistidos nas Unidades de Cuidados Paliativos, existem utentes assistidos nas outras tipologias da Rede.

Tabela 10 Número de pessoas residentes no concelho de Espinho, integradas na RNCCI segundo a tipologia na RNCCI Tipologia RNCCI Pessoas residentes no concelho de Espinho integradas na RNCCI N % Unidade de Convalescença 162 35,2 Unidade de Média Duração e Reabilitação 123 26,7 Unidade de Longa Duração e Manutenção 86 18,7 Unidade de Cuidados Paliativos 34 7,4 Equipas de Cuidados Continuados Integrados 55 12,0 Total 460 100,0 Fonte: Dados cedidos pela Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI). 21 Análise SWOT na área da Saúde A análise estatística explícita nas páginas anteriores foi complementada com uma análise subjectiva, concretizada pelo conjunto de entidades que actuam no domínio da saúde a nível local, no formato de análise SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats). Quadro 1 Análise SWOT na área da Saúde Pontos Fracos 1.1. Inexistência de consultas em Espinho, nomeadamente oftalmologia, estomatologia e psiquiatria; 1.2. Listas de espera no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho nas consultas de oftalmologia, estomatologia e psiquiatria; 1.3. Não há resposta a nível de oftalmologia pediátrica em Espinho. 2.1. Dificuldades no acesso da população residente no concelho de Espinho ao hospital de referência (Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho); 2.2. Dificuldades na requisição de ambulâncias, face às recentes restrições impostas ao nível dos critérios de acesso; 2.3. Dificuldades no acesso da população residente no concelho de Espinho ao Centro de Diagnóstico Pneumológico do Porto. 3.1. Elevado índice de envelhecimento concelhio; 3.2. Aferição de diversas situações de isolamento que dificultam a mobilidade dos idosos e, consequentemente, o acompanhamento no domínio da saúde. 4. Aumento das doenças crónicas devido a subnutrição, envelhecimento, desemprego, não cumprimento da medicação e isolamento, entre outros. Pontos Fortes 1.1. Cobertura dos cheques dentistas que vem, de alguma forma, colmatar a fraca acessibilidade a estomatologia; 1.2. Obras de requalificação no serviço de psiquiatria do CHVNG/E que permitiram um recente aumento da actividade assistencial nesta área de especialidade. 2.1. Projecto assumido pela Câmara Municipal de Espinho para realizar o transporte gratuito e universal de munícipes para o CHVNG/E; 2.2. Resposta positiva do INEM e da Saúde 24. 6. Existência de respostas e espaços na comunidade que permitem ocupar as pessoas, nomeadamente as pessoas em situação de desemprego, o que pode contribuir para a diminuição da prevalência da depressão; 7.1. Existência do Conselho de Comunidade que faz parte da Gestão do ACES do Grande Porto IX Espinho/Gaia (muitos ACES ainda não conseguiram implementar esta estrutura); 7.2. Existência de uma Unidade de Cuidados na Comunidade no ACES; 7.3. A criação e funcionamento das USF e UCC no concelho de Espinho; 7.4. Existência de uma Unidade de Convalescença em Espinho;

Quadro 1 Análise SWOT na área da Saúde (continuação) Pontos Fracos 5. Elevada prevalência de infecções respiratórias correlacionadas com o clima e/ou existência de diversas casas antigas, entre outros factores. 6.1. Elevado número de pessoas com doenças mentais e crescimento do número de pedidos de internamento compulsivo; 6.2. Inexistência de respostas locais no âmbito da saúde mental: fóruns sócio-ocupacionais, centros de dia, residências protegidas, etc. 7.1. Recursos humanos insuficientes no ACES Espinho/Gaia, entre os quais a categoria de Técnicos de Serviço Social; 7.2. Desmotivação dos profissionais de saúde. 8.1. Cortes financeiros dificultam a atribuição de ajudas técnicas; 8.2. Registo de diversos casos de abandono de tratamento por dificuldade de pagamento das taxas moderadoras. 9. Recursos insuficientes na área da prevenção. 10. Diversas casas abandonadas sedeadas no concelho que representam um perigo para a saúde pública. 11. Elevado número de pessoas sem-abrigo que pernoitam no concelho e que têm maiores dificuldades de acesso aos cuidados de saúde. 12.1. Inexistência de respostas ao nível da reinserção profissional de pessoas com VIH/SIDA; 12.2. Término da resposta do projecto Novo Rumo do Centro Social de Paramos. Ameaças 2. Possibilidade de os bombeiros deixarem de fazer o transporte não urgente. 6. A crise económica potencia um aumento da prevalência de doenças mentais, nomeadamente de situações de depressão, bem como uma maior incidência de comportamentos de risco, como por exemplo um crescimento do alcoolismo e/ou recaídas. 8.1. Situação económica actual provoca a falta de recursos económicos em inúmeras famílias e consequentemente dificulta o acesso à saúde e medicação; 8.2. Crise económica influência a diminuição das prestações sociais, bem como das verbas disponíveis para a atribuição das ajudas técnicas que têm vindo a decrescer, quer ao nível dos montantes, quer ao nível do número de ajudas atribuídas. 12.1. Redução do stock de medicação nas farmácias do hospital, nomeadamente retrovirais, o que ameaça a manutenção do tratamento de doentes com VIH; 12.2. Falta de verbas para os apoios económicos, disponibilizados pela Segurança Social, para portadores do vírus VIH/SIDA. Pontos Fortes 7.5. Existência de consultas externas de diversas especialidades; 7.6. Boa articulação entre as entidades que integram o Conselho Local de Acção Social e trabalho em rede que é desenvolvido pelas equipas no sentido de actualizar o diagnóstico e proporcionar respostas adequadas às necessidades que se vão sentindo; 7.7. Localização geográfica e recursos naturais do concelho de Espinho que incentivam à adopção de estilos de vida saudáveis. 10.1. As casas abandonadas revelam-se um ponto forte para a população semabrigo, uma vez que evitam que durmam na rua; 10.2. Existência do Balneário Social no município; 12. Política de intervenção de proximidade que permite um maior acompanhamento das pessoas com VIH/SIDA e uma maior eficácia na resolução dos problemas evidenciados. Oportunidades 2. O apoio da Cruz Vermelha no transporte de alguns utentes para as consultas do hospital, nomeadamente em casos de extrema necessidade, apesar de só ser gratuito para algumas situações. 5. Boa cobertura do plano de vacinação, nomeadamente o aumento recente do leque de pessoas que podem recorrer, de forma gratuita, às vacinas da gripe. 6. Existe a possibilidade de um especialista na área da doença mental se deslocar aos centros de saúde e esclarecer os médicos de família sobre questões relacionadas com este domínio, o que contribui para proporcionar um acompanhamento mais próximo e adequado das situações que vão surgindo. 7.1. Recentes alterações legislativas que permitem aos médicos de família acompanharem um maior número de utentes; 7.2. Existência de Unidades da RNCCI nas imediações do concelho de Espinho, o que permite dar uma boa resposta. 22