VELOCIDADE APLICADA EM ATACANTES DO FUTEBOL



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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES ASSOCIADAS DE ENSINO - FAE MATHEUS HENRIQUE DOS SANTOS VELOCIDADE APLICADA EM ATACANTES DO FUTEBOL SÃO JOÃO DA BOA VISTA SP 2009 9

INTRODUÇÃO Segundo (Tubino apud Alves e Bello, 2008) o esporte é um fenômeno sóciocultural sendo uma manifestação da cultura física fundamentada na Educação Física e que é uma atividade competitiva, institucionalizada, que envolve esforço físico vigoroso e o uso de atividades motoras complexas. Atualmente, o futebol está cada vez mais em evidência e disputado. Já não existe mais tanta diferença entre os chamados times grandes e times pequenos, como havia antes desse desenvolvimento do esporte. Neste novo contexto, o preparo físico das equipes se tornou importantíssimo para o sucesso nas temporadas. Desse modo, a cada vez mais, se tem buscado na ciência as bases para a preparação das equipes. Diante presença da ciência na preparação física das equipes de futebol, a fim de se obter melhores resultados, o presente trabalho visa apresentar bases científicas para a preparação no futebol, além de analisar a metodologia de trabalho empregada por alguns profissionais da área. Uma das hipóteses com a qual trabalhamos que pode explicar a presença de bases científicas na preparação física de jogadores de futebol refere-se ao fato de que, no futebol moderno haja a necessidade de se ter um jogador rápido, forte, capaz de vencer resistências e de suportar cargas intensas e, ao mesmo tempo, durante o jogo, manter um nível de rendimento alto na presença de fadiga. Portanto o jogador deve ter força, velocidade, resistência e flexibilidade de forma harmônica e conjugada para que uma capacidade possa auxiliar a outra. (BARROS e GUERRA, 2004). Todas estas habilidades podem resultar de um melhor preparo físico, e caso a ciência esteja oferecendo suporte a este preparo, os resultados podem ser ainda melhores. Assim, pretendemos identificar a percepção dos preparadores físicos quanto ao treinamento de velocidade para os atacantes e suas implicações no planejamento de um treinamento, bem como analisar as vias metabólicas utilizadas pelo jogador de futebol, definir a distância percorrida por um atacante em um jogo, e como essa distância é percorrida (tiros, corridas, trotes, caminhadas, recuperação), analisar as subdivisões de velocidade utilizadas no treinamento e identificar a metodologia de treinamento de velocidade utilizada pelos preparadores físicos. 10

Através de parâmetros e estudos científicos voltados para a velocidade em atacantes do futebol, percebe-se que o alto poder de decisão que este possui em uma partida relaciona-se à importância do treinamento de velocidade a que ele é submetido, pois, se ele é mais veloz, ele chega primeiro e sendo assim pode decidir um jogo ou até mesmo um campeonato. O treinamento no futebol, como qualquer outro esporte, requer uma valorização e evolução continuada dos aspectos trabalhados (BUENO, 2007). A busca por um melhor preparo físico no que diz respeito à velocidade dos jogadores de futebol e o interesse em pesquisar tal assunto, que motivou a elaboração do presente trabalho se deve ao fato de ser a preparação da velocidade algo complexo, diferentemente do que prega o senso comum. Segundo (Hollmann apud BARBANTI, 1996) a velocidade pode ser entendida como a máxima rapidez de movimento que pode ser alcançada, cujo grau de aperfeiçoamento depende dos seguintes fatores: força básica, coordenação, velocidade de contração da musculatura, viscosidade das fibras musculares, relação de alavancas extremidades-tronco e a elasticidade muscular. Para o desenvolvimento do presente trabalho, em um primeiro momento, foram realizados levantamentos bibliográficos que oferecessem uma base teórica relacionada à velocidade aplicada em atacantes do futebol. Posteriormente, partimos para uma pesquisa de campo composta por aplicação de questionários a alguns preparadores físicos que trabalham no futebol. Com a aplicação destes questionários buscamos analisar a metodologia de trabalho empregada por esses profissionais. 11

1. FUTEBOL 1.1 Fisiologia do Futebol Hoje em dia, o futebol é altamente competitivo, cujas equipes estão todas niveladas, e que, cada vez mais recorrem à ciência para obterem resultados positivos, visto que um pequeno detalhe pode decidir uma partida (ALMEIDA e NAVARRO, 2009). Essa competitividade entre as equipes se deve a uma maior preocupação com a preparação física dos jogadores, como destaca Gomes (2009). A preparação física é um componente do sistema de treinamento de desportista e tem como objetivo propiciar o bom desenvolvimento e aperfeiçoamento em um nível máximo para o desempenho em determinada modalidade. No caso do futebol, que é um esporte complexo e que mexe com a emoção dos espectadores, há a necessidade de se fazer um bom planejamento de treinamento em razão das particularidades que rodeiam tal modalidade, como por exemplo, calendário de competição, composição do grupo de atletas, objetivos da direção técnica e patrocínio (OLIVEIRA, 2008). A estrutura funcional do futebol, que se difere da de um esporte individual, serviu de referência ao se estabelecer métodos de treinamento. Assim, a partida envolve as diferenças individuais, que se manifestam de diferentes modos, de acordo com o trabalho específico que cada jogador realiza. O novo conceito de treinamento dos esportes trouxe algumas mudanças significativas, observadas, sobretudo, nos requisitos dos atletas. Para se elaborar o programa de treinamento é necessário conhecer qual é a carga fisiológica requisitada durante o jogo. Outro fator importante na estrutura de um programa de treinamento é observar como e de que forma essa carga é manifestada, ou seja, a intensidade dos deslocamentos, número de sprints 1, pausas entre os sprints e frequência cardíaca (GOMES e SOUZA, 2008). O atleta deve estar em condições ideais em todas as qualidades físicas e técnicas, por isso, os treinamentos que obedecem a critérios científicos procuram dar aos jogadores as melhores condições que lhes possibilitam realizar, em campo, jogadas táticas com perfeito equilíbrio psicológico (BORSARI, 1989). O futebol pode ser considerado como sendo uma modalidade esportiva na qual os jogadores apresentam características fisiológicas diferentes entre si. Entretanto, 1 Tiro em velocidade máxima 12

quando se fala em funções desempenhadas em um time, deve-se sempre conhecer o que cada posição exige fisiologicamente do jogador para assim saber se está preparado ou não para desempenhar tal posição no time (BARROS e GUERRA, 2004). Como se tem buscado cada vez mais a ciência e a tecnologia a favor do futebol, alguns parâmetros devem ser analisados, como a distância percorrida durante uma partida. A distância percorrida pelo jogador serve como parâmetro para a determinação de sua demanda energética e para elaboração do programa de treinamento. Estudos realizados com o objetivo de mensurar este parâmetro modernizaram as ações no futebol. Ao se analisar a maioria destes estudos pode-se afirmar que a distância média fica em torno de 10 km por partida. Vale notar que apesar das mudanças táticas e físicas observadas, nos últimos trinta anos, esta distância pouco variou. Como esperado, ao se analisar as diferentes posições, observa-se que jogadores de meio-campo, devido sua função de ligação entre a defesa e o ataque, percorrem as maiores distâncias em relação a atacantes ou defensores (EKBLOM e colaboradores apud AOKI, 2002). Aoki (2002) diz que os jogadores cadenciam seus ritmos através de percepções do que eles realmente podem realizar. O percurso total percorrido na forma de sprint está entre 500m e 3000m para um número de cem sprints por jogo. Com base nas pesquisas de Gerish/Rutemöller/Weber, deduz-se que os jogadores da liga amadora alemã percorrem em média 9050 +ou- 969m, sendo 1500m com a velocidade/intensidade de 5m/s ou mais. Apesar de não haver variação na distância percorrida pelos jogadores de diferentes posições, a maneira (ou intensidade) como as mesmas são percorridas por atacantes, defensores e meio campistas é diferente. Em geral, a distância percorrida pelos jogadores durante uma partida também dependerá da qualidade do adversário, do nível da competição, das considerações táticas, da importância do jogo, da motivação dos jogadores, do tipo de grama e das condições ambientais (BARROS e GUERRA, 2004). Outro fator a ser analisado durante os treinamentos e jogos é a frequência cardíaca dos jogadores, que foi analisada, em 1988, por Rhode & Espersen. Eles relataram valores de frequência cardíaca inferiores a 73% da frequência cardíaca máxima (FCmax) durante 11% do tempo de jogo. Valquer et al. (2002) analisaram dezenove atletas pertencentes à primeira divisão do futebol brasileiro e verificaram que a partida de futebol é disputada a 86% da FCmax e que a zona de intensidade mais 13

frequente foi entre 160-170 bpm 2, que correspondeu a 28% do tempo total de jogo (BARROS e GUERRA, 2004). Durante o jogo, a FC média é de aproximadamente 160-165 bpm, se mantendo em torno de 80-85% da FCmax. Smoldlaka (1978) reportou que a FC permanece acima dos 85% da FCmax durante 2/3 do tempo de jogo (AOKI, STOLEN et al. apud BARROS e GUERRA, 2004) relataram que durante os 90 minutos da partida, jogadores de alto nível correm aproximadamente 10 km, com uma intensidade média de 80-90% da frequência cardíaca máxima e que várias atividades de caráter explosivo são exigidas, tais como saltos, sprints, mudanças de direção e saídas rápidas. O potencial aeróbio ou a capacidade que o corpo tem de produzir energia na presença de oxigênio determina a capacidade de resistência do atleta. Segundo Gomes e Souza (2008) podem ser definidas como a capacidade ou habilidade de suportar a fadiga. A alta capacidade aeróbia, vital para o treinamento, também facilita a recuperação mais rápida durante e após o treinamento. Uma recuperação ágil permite que o atleta reduza o intervalo de descanso e execute o trabalho com mais alta intensidade. Como resultado de intervalos de descanso mais curtos, é possível aumentar o número de repetições, aumentando também o volume de treinamento. Uma taxa de recuperação rápida, conquistada pela alta capacidade aeróbia, é também importante em desportos que requerem muitas repetições de uma habilidade, como eventos de salto ou um número grande de períodos curtos de exercício intenso em desportos de equipe, como hóquei e futebol (BOMPA, 2002) Estudos relataram que jogadores profissionais realizam as seguintes atividades durante o jogo: ficam parados em cerca de 17,1% do tempo total do jogo, andam em 40,4% do tempo, correm em intensidade baixa em 35% do tempo e em 8,1% do tempo correm com intensidade alta BANGSBO et al. MUJIKA et al. apud BARROS e GUERRA, 2004). Pode-se dizer, ainda, que os exercícios de alta intensidade são realizados durante 5% do tempo total do jogo, porém com pausas, contribuindo com 15% desse total. A média da relação descanso-atividade de baixa intensidade e de alta intensidade é de 3:16:1. Essa relação sugere que a maior parte da energia demandada pelo futebol é de natureza submáxima e aeróbia, com períodos raros e curtos de exercícios de alta intensidade (RIENZI et al. ; WITHERS et al. apud BARROS e GUERRA, 2004). 2 Bpm batimentos por minuto 14

É importante ressaltar que todo jogador que se utiliza da resistência aeróbia deve observar também a importância da capacidade anaeróbia (predominantemente alática 3 ) bem-desenvolvida, que também é denominada resistência de sprint. Em uma partida de futebol cerca de 1000m são percorridos em velocidades máximas. Esta distância é dividida em vários sprints de 10-15m, com duração média de 2-3segundos. Além destes piques, outros movimentos como saltos e chutes são repetidamente realizados pelos jogadores. As características destes movimentos (alta intensidade e curtíssima duração) realizados durante o jogo sugerem importante contribuição do sistema energético creatina fosfato (AOKI, 2002). 1.1.1 Vias Metabólicas Devemos ressaltar que apesar da pequena proporção de participação do metabolismo anaeróbio dentro do fornecimento de energia, as principais jogadas dentro de uma partida ocorrem em situações onde as solicitações consistem em piques, infiltrações, contra-ataques e jogadas em velocidade com a bola dominada. (HERNANDES JR, 2002) No futebol atual a resistência anaeróbia está muito presente, por ser um desporto de intensidades altíssimas e de curta duração, as capacidades condicionais como força e velocidade são de extrema importância e acontecem a todo o momento no jogo, seja de ordem tática, técnica ou física (Campeiz e Oliveira apud BORDIN, 2009) Com a redução dos estoques de glicogênio muscular, parte do substrato energético vem do metabolismo dos lipídios. Jogadores com melhor capacidade aeróbia tendem a poupar o glicogênio muscular durante exercícios de intensidade moderada para usá-lo em momentos finais, mais decisivos do jogo. Esse efeito poupador de glicogênio permitirá ao jogador correr distâncias maiores sob uma intensidade maior, antes da diminuição nos estoques de glicogênio (WISLOFF et al. apud BARROS e GUERRA, 2004) Na ausência de oxigênio, a energia é produzida pelo sistema anaeróbio para desportos que demandam esforço máximo e também para aqueles que requerem esforço submáximo durante o início da atividade. A energia abastecida pelo sistema anaeróbio está diretamente relacionada com a intensidade do desempenho, assim como afirma Bompa (2002). 3 Sem o acúmulo de lactato 15

O metabolismo anaeróbio refere-se ao sistema do ATP CP (sistema fosfagênio) também chamado de metabolismo anaeróbio alático, visto que o ácido lático não é produzido por este metabolismo, ocorrendo o metabolismo dos fosfogênios e o metabolismo do ácido lático. Como o próprio nome sugere Adenosina trifosfato, a molécula de ATP é constituída de uma molécula de adenosina ligada a três grupos fosfatos. A quebra de uma das ligações com os grupos fosfatos libera considerável quantidade de energia (MC ARDLE et al. apud AOKI, 2002) Gomes e Souza (2008) afirmam que o metabolismo anaeróbio alático está ligado à utilização dos fosfogênios, presente nos músculos em atividade, principalmente da creatina fosfato (CP). A depleção energética ocorre rapidamente em uma atividade vigorosa. Em resposta, a creatina fosfato (CP) ou fosfocreatina, que também é estocada na célula muscular, é decomposta em creatina (C) e fosfato (P). A energia liberada é utilizada para a ressíntese de ADP + P em ATP. Há, uma vez mais, a transformação para ADP + P, causando a liberação de energia necessária para a contração muscular. Como o CP é armazenado em quantidades limitadas na célula muscular, esse sistema pode atender às demandas energéticas por somente 8 a 10 segundos. Essa é a fonte principal de energia para as atividades extremamente rápidas e explosivas (BOMPA, 2002). Para eventos intensivos com duração de aproximadamente 40 segundos, o metabolismo anaeróbio alático fornece a energia que, após 8 a 10 segundos, é substituída pelo metabolismo anaeróbio lático. Tal metabolismo degrada o glicogênio armazenado nas células musculares e no fígado, liberando energia para ressintetizar ATP a partir de ADP + P. Pela ausência de O² durante a quebra do glicogênio, um subproduto denominado ácido lático é formado. Quando um exercício de alta intensidade é prolongado, grandes quantidades de ácido lático acumulam-se no músculo, causando a fadiga e, eventualmente, provocando a paralisação da atividade (BOMPA, 2002). Os estoques intramusculares de ATP em repouso são de aproximadamente 20 a 25 mmol/kg/dm. Segundo Boobis, Williams, Wootton (apud GOMES e SOUZA, 2008) a degradação do ATP muscular parece ser limitada a um máximo de aproximadamente 45% dos valores de repouso em um sprint de 30 s. Em um sprint de 10 a 12 s, a degradação de ATP parece ser mais modesta, com aproximadamente 14 a 32%. Já em um sprint de 6 s a degradação de ATP é de 8 a 16%. 16

Tem sido sugerido que a quantidade de CP no músculo de humanos fornece energia suficiente para um sprint de 5 s, ou seja, uma corrida máxima de 40 a 50 metros. A duração dos sprints relacionados ao jogo de futebol é de 2 a 4 s, e, provavelmente, são requeridas quantidades consideráveis de energia via glicólise anaeróbia em adição. A energia proveniente da degradação de CP não está relacionada somente com a duração do sprint, mas também com a condição física do futebolista. (GOMES e SOUZA, 2008) A produção de energia ocorre pela oxidação de carboidratos, lipídios e eventualmente pela utilização de proteínas na mitocôndria destas células. As atividades aeróbias, ao contrário das atividades anaeróbias, podem ser sustentadas por muito mais tempo. Neste tipo de atividade, embora haja uma importante contribuição proveniente dos carboidratos, os lipídios constituem o principal substrato energético. A maior utilização de gordura evidenciada em atividades aeróbias (menor intensidade e longa duração) promove o fenômeno conhecido como efeito poupador de glicogênio. Este mecanismo de economia dos estoques de glicogênio é responsável pela capacidade de realizar o exercício por um período prolongado. A utilização dos diferentes substratos energéticos nos esportes coletivos pode variar tremendamente dependendo da duração, da intensidade, da relação entre o período ativo (trabalho) e passivo (recuperação). A demanda energética deste tipo de atividade é extremamente elevada, exigindo alto catabolismo dos estoques de glicogênio (AOKI, 2002). 17

1.1.2 Flexibilidade De acordo com (Egan apud Barbosa, 2008) a origem da flexibilidade como um método de treinamento é desconhecida, porém, imagina-se que os antigos gregos usaram algum tipo de treinamento de flexibilidade para que lhes possibilitassem dançar, realizaram acrobacias e lutar com mais facilidade. Flexibilidade é a capacidade e a característica que um atleta possui em executar movimentos de grande amplitude, ou sob forças externas, ou ainda que necessitem da movimentação de muitas articulações. Gomes e Souza (2008) definem flexibilidade como a amplitude de movimento possível entre uma ou várias articulações. Já (Zakharov e Gomes apud GOMES e SOUZA, 2008) relatam que a flexibilidade é entendida como a capacidade motora do organismo que condiciona a obtenção de grande amplitude de movimento. Weineck, (1999) afirma que a flexibilidade é um pré-requisito para desempenhar habilidades com alta amplitude e aumentar a facilidade com a qual o atleta pode executar movimentos rápidos. Bompa (2004), Weineck (1999) e alguns autores observaram a flexibilidade em jogadores de futebol. (EKSTRAND apud AOKI, 2002) observou que jogadores de futebol, com exceção do goleiro, geralmente são menos flexíveis que indivíduos ativos e outros atletas. A flexibilidade é uma condição qualitativa e quantitativa elementar para boa realização de movimentos. O seu desenvolvimento ideal, adaptado às necessidades do jogo de futebol, tem efeito positivo sobre os fatores físicos responsáveis pelo desempenho e sobre as habilidades esportivas. Além disso, possui um importante papel na prevenção de lesões. Devido ao treinamento com grande ênfase em contrações concêntrica excêntricas, como o trabalho de saltos, a flexibilidade destes atletas fica comprometida. A utilização de sessões de alongamento antes e depois de jogos ou treinos, além de auxiliar na manutenção da flexibilidade pode também ter um papel preventivo em relação ao surgimento de lesões. Entretanto, a eficiência do alongamento em prevenir lesões ainda é ponto de controvérsia na literatura científica, assim como afirma Aoki, (2002). É importante ressaltar que a mobilidade facilita a amplitude do movimento no futebol, uma vez que o jogador de futebol não necessita ter a mobilidade de um ginasta, 18

mas deve possuir uma mobilidade que lhe permita realizar movimentos necessários em uma partida de futebol ( carrinho, voleio, bicicleta, dentre outros). O bom desenvolvimento da flexibilidade, principalmente do quadril, pode facilitar o aperfeiçoamento dos fundamentos técnicos do futebol, criar condições de melhoria da agilidade, da força e da velocidade, auxiliar como fator preventivo contra lesões musculares e articulares e provocar um aumento na capacidade mecânica dos músculos e articulações, gerando um aproveitamento econômico de energia durante o esforço físico (GOMES e SOUZA, 2008) 1.1.3 Coordenação A coordenação é uma capacidade bimotora complexa, intimamente relacionada com a velocidade, com a força, com a resistência e com a flexibilidade. É de extrema importância para a aquisição e o aperfeiçoamento da técnica e das táticas bem como na aplicação em circunstâncias já familiares (BOMPA, 2002). A coordenação, quando trabalhada por intermédio das ações motoras de base, pode facilitar na aprendizagem por intermédio da liberdade dos corpos, pois, segundo (AOKI, 2002, p 72) coordenação é a capacidade que o organismo apresenta de realizar movimentos necessários para a execução de determinada tarefa motora. Pode não parecer, mas o futebol, como a maioria das modalidades esportivas, requer um processo de informações de uma variedade de fontes e o desempenho de mais de uma habilidade de cada vez, o simples movimento do jogador se locomovendo no campo com a bola, necessita de uma série de informações que vão se processando com a finalidade de decidir e elaborar a estratégia e quanto maior for a vivência adquirida durante a fase de aprendizagem, essas informações serão processadas com mais rapidez (MELO, 1999). Quanto maior for a experiência motora mais facilidade o jogador terá de realizar movimentos e também irá poupar grande quantidade de energia, assim como destacam Gomes e Souza (2008). As capacidades de execução dos movimentos baseiam-se predominantemente na precisão das percepções motoras. Com pouca experiência motora, as percepções e sensações do futebolista não o permitem diferenciar, nitidamente, os parâmetros de espaço, de tempo e de força de movimento. Com a execução racional dos movimentos, somente os grupos musculares que participam diretamente desses movimentos entram em estado de excitação, permanecendo relaxados os outros grupos musculares. 19

A coordenação está intimamente relacionada ao aspecto técnico. O jogador de futebol que se destaca no futebol atual possui, além do preparo físico bem desenvolvido, a coordenação evidenciada, que pode ser demonstrada através da qualidade técnica que o mesmo possui (AOKI, 2002). Percebe-se por intermédio de Aoki (2002) que existem alguns benefícios por meio da coordenação, pois torna o corpo mais econômico, deixando-o mais resistente, e com isto acaba por aproveitar melhor a massa muscular, melhorando o nível de força, controlando assim a eficiência dos movimentos, melhorando a velocidade, o que acarreta na amplitude e mobilidade articular. Considera-se que um atleta com boa coordenação seja capaz de desempenhar uma tarefa perfeitamente rápida ao solucionar uma situação a qual ele é inesperadamente exposto. 1.1.4 Força Na maioria dos esportes, os exercícios de força são realizados com o objetivo principal de melhorar a potência ou a velocidade do movimento contra uma dada substância (peso corporal, massa do implemento ou alvo) ao invés da força máxima por si mesma. A seleção dos exercícios de força para atletas qualificados é bastante complexa. A ideia geral é simples: os exercícios de força precisam ser específicos, o que significa que os exercícios do treinamento precisam ser relevantes para as demandas do esporte que o atleta treina (ZATSIORSKY, 1999). O treinamento de força pode melhorar o desempenho motor (capacidade para correr em velocidade, para jogar um objeto ou para saltar), sendo que este aperfeiçoamento de capacidades motoras básicas pode levar a um melhor desempenho em vários esportes (FLECK e KRAEMER, 1999). É evidente o fato de o jogador de futebol necessitar de força, pois a força, nas suas diferentes formas de manifestação, representa no futebol um fator considerável. De acordo com Gomes (2009), a melhoria da capacidade de velocidade do atleta está substancialmente ligada ao aperfeiçoamento do componente de força dos movimentos. Não existe clube que não tenha estratégias para trabalhar esse importantíssimo fator específico do desempenho no futebol, mesmo que seja por meio do jogo e pelo jogo (WEINECK, 2004). 20

A força específica do futebol faz referência a quantidade de força produzida durante uma ação no futebol. É determinada, em parte, pela capacidade de utilizar a coordenação e a força no momento apropriado (POMBO, 1998). Força e velocidade são componentes que se interagem completamente. O bom desenvolvimento das manifestações de força, assim como todos os exercícios coordenativos, está diretamente associado ao desenvolvimento da velocidade, assim como afirma Corrêa (2009). A força motora pode ser definida como a capacidade psicomotora em que o sistema motor, por meio de suas alavancas ósseas e respectivas musculaturas, contrapõe uma determinada resistência. Sendo dada pela capacidade de recrutamento de placas motoras necessárias ao esforço, pela amplitude e acesso aos sistemas energéticos envolvidos, pelas características cinesiológicas das alavancas envolvidas e pelo estado psicológico do executante (HERNANDES JR, 2002) Encontramos outra definição em Aoki (2002) que define força como a capacidade que o organismo possui para suportar ou deslocar determinada carga através do potencial das contrações musculares. Quanto maior for a carga suportada ou deslocada, maior será a força. Em termos simples, força é a capacidade de aplicar impulso. Seu desenvolvimento deve ser a preocupação de todo aquele que procura melhorar o desempenho de um atleta. Usar vários métodos de desenvolvimento de força leva a um crescimento mais rápido, cerca de 8 a 12 vezes mais do que usar apenas capacidades disponíveis para certo desporto (BOMPA, 2002). É possível determinar a força pela direção, magnitude ou ponto de aplicação. De acordo com a Segunda Lei da Inércia de Newton, a força é igual à massa (m) vezes aceleração (a). Conseqüentemente, um atleta pode melhorar a força alterando um dos dois fatores (m ou a). Tais mudanças resultam em alterações quantitativas que devem ser consideradas quando se busca desenvolver o fator força (BOMPA, 2002). Segundo Gomes e Souza (2008), as capacidades de força do futebolista não devem se ativer apenas às propriedades contráteis dos músculos, pois a manifestação direta dos esforços musculares é assegurada pela interação de diferentes sistemas funcionais do organismo (muscular, vegetativo, hormonal e mobilização das qualidades psíquicas). A força que um atleta pode aplicar e a velocidade com que pode aplicá-la mantêm uma relação inversa. Isso também acontece na relação entre uma força aplicada por um atleta e o tempo durante o qual ele pode aplicá-la. Os ganhos em uma 21

capacidade ocorrem à custa da outra. Em conseqüência, embora a força possa ser a característica dominante de uma capacidade, não se pode considerá-la isolada porque a velocidade e o componente tempo afetarão diretamente sua aplicação (BOMPA, 2002). A força e suas diversas manifestações podem ser sempre consideradas sob os aspectos de força geral e força específica. Por força geral entende-se a força de todos os grupos musculares independente de uma modalidade. Por força específica entende-se a força empregada em uma determinada modalidade esportiva, isto é, a força desenvolvida por um determinado grupo de músculos para desenvolver um determinado movimento em uma modalidade esportiva (WEINECK, 1999). Dentro desses termos, os tipos de força são divididos em subcategorias: força máxima; resistência de força; força explosiva e força rápida. A força muscular explosiva é de grande importância para execução dos diversos movimentos realizados durante uma partida de futebol. O jogador deve visar, além de outros fatores, a aquisição da força máxima, que nada mais é do que a maior força que o sistema neuromuscular é capaz de desenvolver, por meio de uma contração máxima e voluntária (LETZELTER apud GOMES e SOUZA, 2008, p. 102). A força máxima é muito importante principalmente nas extremidades inferiores. No entanto, na maioria das vezes, essa força é subestimada em relação aos métodos e aos critérios para sua formação e seu uso por meio de exercícios (WEINECK, 2004). E, segundo (Bossi, 2008) o emprego desse treinamento de visa o aumento da força pura para movimentos específicos. A aplicação exclusiva de pesos máximos para o treinamento de força máxima não permite obter o efeito necessário de treinamento, pois, numa sessão de treinamento, não devem ser executados mais de 1 2 movimentos. Além disso, a aplicação de pesos máximos exige a mobilização psicológica completa e eleva o risco de um traumatismo. Porém, em algumas modalidades esportivas, como por exemplo, no halterofilismo, é necessária a aplicação de pesos máximos em certas etapas da preparação (MATVEIEV, 1981). Já a resistência de força tem um papel importante no condicionamento físico geral do jogador de futebol, especialmente no que diz respeito à musculatura auxiliar (WEINECK, 2004, p 188). É caracterizada pela capacidade do atleta de realizar, durante um tempo prolongado, os exercícios com peso, mantendo os padrões de movimento (GOMES e SOUZA, 2008, p. 102). A resistência de força manifesta-se em diversas modalidades esportivas. Em conexão com isso, durante o treino da resistência 22

de força, as condições específicas de sua manifestação devem ser levadas em conta (MATVEIEV, 1981). A força explosiva pode ser definida como a capacidade demonstrada na superação de certa resistência no menor tempo possível e é caracterizada pelo sistema neuromuscular mobilizador do potencial funcional com a finalidade de alcançar altos níveis de força (GOMES E SOUZA, 2008). A força rápida ou explosiva representa para o jogador de futebol a mais importante qualidade do condicionamento físico. Ela manifesta-se na forma da força de chute, de salto, bem como de lançamento (nos laterais e nos lançamentos do goleiro). O desenvolvimento muscular (ganho de massa muscular) também proporciona maior capacidade de suportar a intensa maratona de treinos e jogos, evitando lesões musculares frequentes em jogadores de futebol. Um trabalho de força realizado na prétemporada e até mesmo nas categorias inferiores pode contribuir para aquisição de diversas adaptações tais como: aumento de força; fortalecimento de tendões e ligamentos; fortalecimento de ligações tendão-osso e ligamento-osso; aumento de deposição de cálcio nos ossos e Fortalecimento das cartilagens (WEINECK, 2004, p. 207) 23

2. ATACANTES A posição de atacante é uma das mais belas e importantes do futebol pelo fato desses jogadores terem fundamental importância na decisão de uma partida ou até de um campeonato, já que a maioria dos gols são marcados pelos atacantes. Na posição de atacante podemos destacar: ponta-de-lança; segundo atacante e centroavante. Os pontas de lança eram muito utilizados no futebol do passado, até meados da década de 70, eles jogavam pelas laterais do campo, tanto pela direita quanto pela esquerda e por isso eram chamados de ponta direita e ponta esquerda e tinham a função de centrar (cruzar) a bola para a área, hoje em dia é raro encontrar jogadores atuando nessa posição pois quem faz essa função são os laterais e o segundo atacante. Os segundos atacantes são jogadores muito utilizados pelos treinadores nos dias de hoje, eles se movimentam mais, jogam pelas laterais do campo, voltam até o meio do campo para buscar a bola e podem até ter uma função de marcação. Os Centroavantes são os atacantes que jogam mais dentro da área, tem uma movimentação mais restrita são os jogadores responsáveis em fazer os gols do time, geralmente são jogadores mais altos e fortes fisicamente para poder brigar com os zagueiros dentro da área e para aproveitar as bolas aéreas. O gol é o momento máximo do futebol, sendo imprescindível na decisão de quem é o vencedor ou o perdedor de uma partida. Porém, para que se consiga chegar ao gol são necessários diversos fatores (ALMEIDA e NAVARRO, 2009). Ao se analisar que um atleta é extrovertido deve-se fazer um contraponto com a posição de ataque, pois segundo Prates (2005), todo atleta extrovertido deverá ser aproveitado no setor de ataque, ou seja, aquele que encara a marcação. Nenhuma ação, seja ela física ou psicológica, deve chegar ao jogador sem a devida cientificidade, e isto fica evidente por meio do que nos diz Borsari: O atleta deve dispor de condições ideais e de todas as qualidades físicas e técnicas. Por isso, os treinamentos que obedecem a critérios científicos procuram dar aos jogadores as melhores condições para que possam realizar, em campo, jogadas táticas com perfeito equilíbrio psicológico (BORSARI, 1989, p. 14) O atacante deve criar jogadas com derivações nos setores de ataque do campo, jogando de frente com a defesa adversária e abrindo espaço para os outros jogadores que vêm de trás. Quando posicionado de costas para a zaga, o atacante deverá escorar a bola (fazer o pivô) para o atleta que vem de trás e sempre que possível soltar a perna 24

(chutar forte para o gol) finalizando jogadas, pois fazer gols é uma característica imprescindível para que o jogador ocupe a posição de atacante dentro da equipe de futebol o atacante que não faz gol morre de fome. (PRATES, 2005). Segundo Borsari (1989), alguns aspectos se tornam indispensáveis para o jogador de futebol nos dias de hoje, principalmente no que se refere ao perfeito passe com os dois pés e com a cabeça; à habilidade do equilíbrio nos dois pés, para não ter lado deficiente; ao conhecimento das regras, para ter um bom comportamento e poder tirar proveito daquilo que a regra permite e à consciência tática e da contra tática, para jogar não por jogar, correndo atrás da bola sem saber o que fazer. O futebol moderno exige um jogador rápido, forte, capaz de vencer resistências e suportar cargas intensas e, ao mesmo tempo, durante o jogo, manter um nível de rendimento alto na presença de fadiga. Portanto o jogador deve ter força, velocidade, resistência e flexibilidade de forma harmônica e conjugada para que uma capacidade possa auxiliar a outra (BARROS e GUERRA, 2004). Todas estas características devem ser inerentes ao jogador que exerce a função de atacante na equipe, somando-se a elas o fato de ele também dever jogar sem a bola, pois é importante abrir espaços na defesa adversária, acreditando em todas as jogadas. Nas finalizações o atacante deverá ter tranquilidade, quesito sem o qual fica difícil tornar-se um artilheiro (PRATES, 2005). A título de ilustração, citamos Borsari (1989), que enumera diversas qualidades específicas necessárias em função da posição de atacante. São elas: Físicas Estatura de média a elevada; velocidade; agilidade; força; boa impulsão; equilíbrio. Técnicas Velocidade com bola; drible; cabeceio; chutes potentes e precisos; antecipação; oportunismo; visão panorâmica; finalizador. Táticas Saber penetrar; criar vazios; disciplina tática; criar situações de finalização. Psicológicas Agressividade técnica; persistência; decisão; personalidade; combatividade; coragem; liderança; iniciativa. Assim, pode-se dizer que, segundo Borsari (1989), um craque em potencial se caracterizaria como sendo um jogador possuidor de todas as qualidades acima 25

enumeradas, que ocupasse um nível elevado em determinada posição, que fosse favorecido ainda por uma boa base, em um ambiente familiar saudável e que fosse possuidor de muita simplicidade. Semelhantemente a Borsari (1989), Fleury (1998) afirma que o desempenho do jogador está diretamente relacionado a quatro níveis de competências básicas para que possa desempenhar bem seu papel. São elas: Competência técnica é o resultado do desempenho do jogador no trabalho que realiza nos fundamentos do futebol. Tais como qualidade dos passes, domínio e controle da bola, drible, desarme, cruzamento, cabeceio arremate, chute e finalização. Competência tática Refere-se à orientação estratégica realizada, principalmente, pelo técnico, que estabelece o plano de jogo para a equipe, determinando a posição que cada jogador deverá ocupar dentro de campo. Esse posicionamento dirigido visa anular a estratégia do adversário e incrementar a força tanto ofensiva quanto defensiva da equipe. Competência física tem o objetivo de preparar os jogadores para que desempenhem quaisquer das funções táticas que o técnico determinar para a equipe. Compreende, basicamente, o treinamento aeróbio, de força e o condicionamento anaeróbio. Com a ajuda da fisiologia e fisioterapia, a preparação física vem evoluindo significantemente nos últimos anos. Competência emocional é a capacidade de regular os próprios estados e inclui habilidades como controlar os impulsos (ansiedade, raiva, medo e estados de euforia típicos do já ganhou ), e lidar com os altos e baixos da vida. O desempenho de uma equipe e a carreira de um atleta estão diretamente relacionados à competência emocional. Isso, de certa forma, não é um dado novo dentro do meio esportivo e também acadêmico. Observa-se que, quando um atleta demonstra baixo grau de competência emocional, sua carreira fica instável, oscilando sempre entre altos e baixos. Ele pode ser um craque tecnicamente, estar bem orientado taticamente e se encontrar com excelente condicionamento físico, mas, se entrar em campo e agredir um atleta ou até mesmo o próprio juiz da partida, acarretando assim em sua expulsão, além de pagar um preço muito alto por esse momento de descontrole emocional, o jogador pode também acabar com o trabalho e com as expectativas de toda a equipe. 26

É principalmente nos jogos mais decisivos, em que a pressão psicológica está mais presente, que o condicionamento emocional se torna ainda mais importante (FLEURY, 1998). 2.1 Distâncias percorridas durante o jogo A distância percorrida pelos jogadores de meio campo (10,2 a 11 km) é significantemente maior do que a percorrida pelos zagueiros (9,1 a 9,6km) e atacantes (10,5km), sendo esses últimos os jogadores que mais realizam sprints. (EKBLOM, KIRKENDAL, SHEPARD e LEATT, SHEPARD apud BARROS e GUERRA, 2004) Isto nos leva a crer que realmente existe uma necessidade de treinamento específico para cada posição. Os meio-campistas são os que percorrem maior porcentagem da distância total na forma de trote, dentre todos os jogadores, os atacantes são os que percorrem maior distância na forma de sprint, já os jogadores da defesa são os que mais realizam deslocamentos laterais e de costas. (AOKI, 2002) Barros e Guerra (2004) afirmam que a distância média percorrida pelos meiocampistas (10.200 a 11.100 m) é maior que a percorrida pelos zagueiros (9.100 a 9.600 m) e pelos atacantes (9.800 a 10.600 m). Em alguns estudos em que se visava analisar esta variável, foi constatado que em média, 60% do tempo total do jogo era representado por caminhadas e posições estáticas. Em torno de 30-35% era representado por trotes e o restante do tempo total era dividido em piques máximos (0.5-2%) e piques (8%). Yamanaka e col. (1988) curiosamente observaram que em jogadores europeus e sul-americanos apenas 7.6% do tempo total era gasto entre piques e piques máximos, já em jogadores japoneses este percentual atingiu 9.6-10.5% do tempo (AOKI, 2002). Apesar da discrepância de resultados observados nestes estudos pode-se concluir que: Os meio-campistas são os que percorrem maior porcentagem da distância total na forma de trote; Entre todos os jogadores, os atacantes são os que percorrem maior distância na forma de sprint (10%); Os jogadores de defesa são os que mais realizam deslocamentos laterais e de costas. (AOKI, 2002) 27

Baseado nas informações desses estudos sobre distâncias percorridas por posições táticas sugere-se que o fato de os jogadores de meio-campo apresentarem maiores distâncias percorridas que as outras posições esteja relacionado às corridas de intensidades mais baixas em longas distâncias. As ações de trote e corrida para os meio campistas totalizam 65% da movimentação, enquanto, para os defensores, esse valor é de 59,5% e para os atacantes de 54,4%. Contrariamente, nas ações de alta intensidade, os percentuais foram mais altos para os defensores e para os atacantes (7,9% e 5,8%, respectivamente) do que para os meio-campistas (5,3%) (ARRUDA e HESPANHOL, 2009). Oliveira, Amorim, e Goulart (apud GOMES e SOUZA, 2008) estudaram futebolistas por meio de filmagens dos jogos, levando em consideração a posição de jogo. Os resultados médios indicaram que os zagueiros caminharam 3.984 m, trotaram 2.248 m e correram 986 m para a frente em velocidade máxima. Os meio-campistas caminharam 2.076 m, trotaram 4.359 m e correram 1.199 m para frente em máxima velocidade. Já os atacantes caminharam 2.276 m, trotaram 3.174 m e correram 1.476 m para frente em velocidade máxima. De acordo com o nível da competição e com a capacidade individual, o desempenho médio total de corrida está, atualmente, entre 9 km e 12 km e, em alguns casos foram verificados desempenhos de até 14 km por jogo (WINKLER apud WEINECK, 2004) Estudos de Thomas e Reilly (apud GOMES e SOUZA, 2008) realizados com jogadores de futebol da liga inglesa, sem considerar a posição do jogo, registraram a duração e a intensidade das atividades de cada futebolista. A distância média total percorrida foi de 8.680 m, sendo 36,8% (3.187 m) de trote, 24,8% (2.150 m) de caminhada, 20,5% (1.810 m) de corrida em velocidade submáxima, 11,2% (974 m) de sprint (corrida em velocidade máxima) e 6,7% (559 m) de corrida de costas. A distância média de cada atividade foi de 10m, com mudanças entre elas ocorrendo em média a cada 5 segundos. Já no estudo de Valquer et al. (apud ARRUDA e HESPANHOL, 2009), observou-se que o maior percentual de percurso é de 10m, correspondendo a 49% do total. Nesse contexto, é importante destacar que a distância média dos tiros durante uma partida foi de 15 a 17 m. 28

A maior parte do tempo de jogo é gasta com ações de andar e trotar (83%-88%), um tempo menor com as corridas aceleradas e velozes (7%-10%) e um tempo mínimo em posição estática (4%-10%). (WEINECK, 2004) Um experimento realizado por Withers e colaboradores (apud GOMES e SOUZA, 2008) investigou jogadores de futebol por meio de vídeo, observando as distâncias percorridas por cinco zagueiros, cinco zagueiros centrais, cinco meiocampistas e cinco atacantes durante o jogo. Para a atividade caminhada, a média total geral foi de 3.026 m; para trote, de 5.139 m; para sprint, de 6.66 m; para corrida submáxima, de 1.506 m; para caminhada para trás, de 590 m; para trote para trás, de 285 m; para deslocamento para os lados, de 316 m e para distância percorrida com bola, de 218 m. Estudos realizados por Rampinini et al. (apud ARRUDA e HESPANHOL, 2009) verificaram a velocidade relativa das seguintes atividades locomotoras realizadas pelos jogadores: estar parado (de 0 a 0,7km/h); andando (de 0,7 a 7,2 km/h); trotando (de 7,2 a 14,4 km/h); correndo em intensidade moderada (de 14,4 a 19,8 km/h); correndo em alta velocidade (de 19,8 a 25,2 km/h) e correndo em máxima velocidade (> 25,2 km/h). Durante uma partida de futebol, os períodos em que os jogadores realizam sprints ocorrem, aproximadamente, a cada 90 segundos, e cada ação em intensidade máxima dura em torno de 2 a 4 segundos, com distância média de 14 m. Cerca de 1% a 11% da distância total percorrida pelos jogadores é coberta em intensidade máxima sprints. Segundo Bangsbo et al. (apud ARRUDA e HESPANHOL, 2009), a duração total dos exercícios realizados em alta intensidade em futebolistas de elite é de, em média, 7 min, incluindo 19 sprints com duração de 2 segundos cada. Em relação à metragem total percorrida em velocidade máxima, verificou-se que 41,7% dos movimentos ocorreram em distâncias entre 2 a 10 m, 35,1% em distâncias entre 10,1 a 20 m e 23,2% em distâncias acima de 20 m. (GOMES e SOUZA, 2008) 29

3. VELOCIDADE Entende-se a velocidade motora como sendo uma qualidade física no movimento humano, a capacidade de executar, num espaço de tempo mínimo, ações motoras sob exigências dadas (Zaciorsky apud BARBANTI, 1996). A velocidade no esporte também se define como a capacidade de conseguir, a base de processos cognitivos, máxima força volitiva e funcionalidade do sistema neuromuscular, uma rapidez máxima de reação e de movimiento em determinadas condições establecidas (Grosser apud ACERO, 2000). Velocidade é a capacidade que o organismo ou parte dele possui para realizar um movimento ou uma sequência de movimento no menor tempo possível (AOKI, 2002). Há muito tempo se utiliza o termo geral velocidade para indicar as qualidades do atleta que irão determinar diretamente as características de rapidez da sua atividade (MATVEIEV, 1991). Segundo Barbanti (1979) a velocidade é bastante específica e também relativa. Certas pessoas podem realizar um movimento bem rápido e outro relativamente lento. De acordo com o autor, devemos entender como capacidade de velocidade o conjunto das características funcionais que garantem a realização das ações motoras num tempo mínimo (PLATONOV, 2008). De acordo com Hollmann (apud Barbanti, 1996) a velocidade pode ser entendida como a máxima rapidez de movimento que pode ser alcançada, cujo grau de aperfeiçoamento depende dos seguintes fatores: força básica, coordenação, velocidade de contração da musculatura, viscosidade das fibras musculares, relação de alavancas extremidades-tronco e a elasticidade muscular. Gomes (2009) afirma que os meios de treinamento de velocidade normalmente são utilizados na prática de exercícios que podem ser realizados em velocidade máxima. Na seleção desses exercícios, devemos nos orientar pelos seguintes critérios: A técnica de execução desses exercícios deve ser executada com a velocidade máxima; Os exercícios devem ser tão bem dominados, que durante a sua execução não haja necessidade de uma intervenção do treinador para correção; A duração do exercício deve ser de tal forma que, no final de sua execução, a velocidade não diminua devido à fadiga. 30

A velocidade do jogador de futebol é uma capacidade verdadeiramente múltipla, as quais pertencem o reagir e agir rápido, a saída e a corrida rápidas, a velocidade no tratamento com a bola, o sprint e a parada, mas também o reconhecimento e a utilização rápida de certa situação (WEINECK, 2004). A capacidade motora da velocidade que é o objeto do presente estudo é necessária para a realização de ações técnicas e táticas de alta intensidade e no futebol não é manifestada de forma isolada, mas combinadas com outras capacidades. A capacidade de velocidade pode ser aperfeiçoada em um nível muito amplo, pois o nível de sua manifestação é determinado não somente pela rapidez, mas também por todo um complexo de outras atividades (força, flexibilidade e coordenação) (GOMES e SOUZA, 2008). Segundo Verkochanski e Oliveira (2005) a velocidade é a principal característica qualitativa da eficácia funcional das locomoções cíclicas, e por sua vez, é o principal critério da maestria do atleta, que determina seus resultados esportivos e o índice objetivo da eficácia do sistema de sua preparação. Caiozzo et al. e Wilmore e Costill (apud PLATONOV, 2008) afirmam que a manifestação das capacidades de velocidade dos atletas está estreitamente relacionada também ao nível de desenvolvimento da força, da flexibilidade, da capacidade de coordenação, do aperfeiçoamento da técnica desportiva e da capacidade dos mecanismos bioquímicos de mobilização rápida e ressíntese dos fornecedores anaeróbios aláticos de energia. Segundo Gomes e Souza (2008) a velocidade e suas subdivisões são um dos principais indicadores do desempenho do futebolista. Em combinação com um alto padrão de movimentos técnicos, de coordenação e de força, as diversas manifestações da velocidade são de importância primordial para as ações motoras específicas do futebol. De acordo com Weineck (2004) a velocidade do jogador de futebol é uma qualidade física complexa formada por diferentes subdivisões: Velocidade de antecipação; Velocidade de reação; Velocidade de movimentos cíclicos e acíclicos; Velocidade de ação com Bola; Velocidade-habilidade. 31

3.1 Velocidade de antecipação A reação antecipada é uma das formas de previsão realista, qualidade muito importante para o rendimento da atividade do atleta em interações rápidas e complexas (PLATONOV, 2008) A eficiência de muitas ações do jogo baseia-se no reconhecimento rápido da bola ou dos movimentos da bola por parte do jogador, pois a antecipação precoce possibilita planejamento adiantado de suas próprias reações. A experiência que um jogador possui com situações complexas adquire papel importante no reconhecimento. Um jogador experiente caracteriza-se, entre outras ações, por utilizar um repertório motor apropriado para a situação, enquanto jogadores de baixa qualificação dispõem apenas de um programa de escolha atrasado, cheio de insuficiências e nãoapropriado. Quem reage mais rápido, devido a sua pré-informação tem mais tempo pra agir, podendo fazê-lo com calma (WEINECK, 2004). 3.2 Velocidade de reação A velocidade da reação motora é determinada, acima de tudo, pelas propriedades dos analisadores à distância (visuais e auditivos) e pela dinâmica dos processos do sistema nervoso central e pelas reações neuromusculares (MATVEIEV, 1991) Segundo Steinbach (apud Barbanti, 1979) a velocidade de reação é o tempo entre um sinal até um movimento muscular solicitado, por exemplo, no tiro de partida até a primeira impressão deixada no bloco. De acordo com Gabriel (apud WEINECK, 2004) a velocidade de reação representa para o jogador de futebol um fator decisivo para a performance. O jogador necessita da capacidade de reação para acompanhar as sequências rápidas do adversário, para fintar e reagir às fintas, em bolas divididas, em saídas rápidas para espaços livres, para livrar-se do adversário e em outras situações inesperadas, como bolas malpassadas ou, por exemplo, bolas na trave que voltam para o campo de jogo. A rapidez da reação motora complexa é caracterizada pelo tempo de reação sem o atleta conhecer o sinal da ação de resposta. As reações motoras complexas são mais características de jogos. Nessas modalidades, o atleta se vê obrigado a reagir ao objeto em movimento (bola ou adversário) ou a escolher entre algumas ações eventuais, uma única, talvez a mais eficiente na situação da disputa esportiva (GOMES, 2009). 32