O Processo de Planejamento nas Obras Públicas



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Transcrição:

O Processo de Planejamento nas Obras Públicas Roberto Wagner Ferreira Parente arq.robertowagner@hotmail.com MBA Gestão de Projetos em Engenharias e Arquitetura Instituto de Pós-Graduação - IPOG Manaus, AM, 05 de agosto de 2013 Resumo O presente artigo tem por objetivo descrever a importância do processo de planejamento para a execução de uma obra na administração pública. O problema da pesquisa foi verificar se tal importância está sendo atribuída aos projetos básico e executivo de forma que as obras públicas sejam executadas de maneira efetiva. A hipótese para esse problema é que ainda ocorrem falhas no processo de planejamento dos projetos, resultando em aditivos, custos extras e paralização das obras. O objetivo desta pesquisa é demonstrar a importância do planejamento e da eficácia na elaboração dos projetos de engenharia e arquitetura nos órgãos públicos. Para efetivar esta pesquisa, foi feita uma revisão bibliográfica dos principais temas a respeito do assunto pesquisado, bem como uma pesquisa de dados de relatórios de auditorias feitas pelo Tribunal de Contas da União entre os anos de 2008 e 2013 nas principais obras públicas distribuídas em todo país. Os resultados encontrados indicam que a maioria das obras auditadas contém irregularidades e falhas nos projetos básico e executivo. Conclui-se que apesar da obrigatoriedade e legalidade dos procedimentos de planejamento que envolve os projetos básico e executivo, eles são elaborados de forma deficiente, comprometendo todo o processo de realização da obra. Palavras-chave: Planejamento. Projeto Básico. Projeto Executivo. Obras Públicas. 1. Introdução Na última década o Brasil passou por um intenso crescimento econômico, com destaque para a construção civil. Esse crescimento foi notável em todos os setores da economia. No campo privado, o crescimento foi liderado pelas famílias que tiveram uma combinação de aumento do poder aquisitivo, do aumento da linha de crédito para financiamento e dos baixos juros. Já na área pública, o governo passou a atuar de forma mais intensa no mercado, e na prestação de serviços aos cidadãos. De acordo com a revista Exame (2013), pelo menos 15 milhões de brasileiros podem migrar da classe baixa para a classe média: O Brasil é um dos três países com maior perspectiva de crescimento para os negócios nos próximos anos atrás apenas de China e Estados Unidos. O país é, hoje, um dos maiores canteiros de obras de infraestrutura por fazer do mundo. Há muito dinheiro disponível para ser colocado em grandes projetos de longo prazo.

Com a reformulação da administração pública, os órgãos e administradores passaram a ter responsabilidade pela administração e guarda de bens públicos, o que passou a exigir destes órgãos maior qualificação técnica, responsabilidade e cuidado na elaboração e planejamento dos projetos. No entanto, percebe-se que nem sempre os projetos são elaborados da maneira correta, resultando em aditivos que geram custos não contemplados no orçamento, aditivos de prazo, obras inacabadas e falha na prestação de serviços. Mediante esta situação, esta pesquisa tem como problema responder ao seguinte questionamento: está sendo atribuída a devida importância aos projetos básico e executivo de forma que as obras públicas sejam executadas de maneira efetiva? O objetivo geral é demonstrar a importância do planejamento e da eficácia na elaboração dos projetos de engenharia e arquitetura nos órgãos públicos, bem como sugerir uma forma de melhorar este problema. A justificativa para este tema é devido à importância do mesmo para o pesquisador, por atuar em uma sociedade de economia mista, que, por receber recursos advindos da administração pública é normatizada, auditada e fiscalizada por órgãos pertencentes à União. Como profissional, para aprofundar a importância da etapa de planejamento, contribuindo para que profissionais da área e administradores em geral, tenham conhecimento desta importância e utilizem estes projetos como ferramenta indispensável na execução de obras. Também no papel de agente de controle externo e como profissional, devido ao reconhecimento e importância que o planejamento ganhou nos últimos anos na área pública. Além disso, este tema é de suma importância para qualquer cidadão, sendo ele agente público ou como usuário dos serviços públicos, portanto, deve ter consciência de quanto é relevante o bom planejamento de um projeto, para que ele seja devidamente orçado e ocorra no tempo certo, da maneira correta. No capítulo a seguir foi elaborada a revisão bibliográfica, metodologia e análise dos dados coletados. 2. Desenvolvimento Para atender aos objetivos deste artigo, foi elaborada uma revisão teórica contendo os principais temas da pesquisa descritos por diversos teóricos do assunto. A metodologia de pesquisa utilizada é de característica quantitativa, abrangendo dados numéricos já publicados. O procedimento de coleta de dados foi realizado por uma pesquisa documental, e os dados extraídos em relatórios publicados. Com a nova administração pública brasileira, os servidores públicos passaram a ter de administrar os recursos públicos com eficiência. Dessa forma, a Lei 101/2000 indica que os servidores públicos devem cumprir a Lei e acima de tudo, administrar de forma adequada os recursos públicos, o que não é possível fazer sem o devido planejamento. Planejar consiste em traçar um roteiro, prever tudo que acontecerá em um determinado período, maximizando os objetivos da economicidade. O objetivo de planejar, para Catelli (1999, p. 148) consiste em: [...] planeja-se para fazer as coisas certas, da maneira ótima, se as coisas correrem conforme o esperado. E planeja lidar com as incertezas, se elas ocorrerem. Na visão de Pinto (1992, p.21), planejar é: a arte de decidir antecipadamente o

que fazer, visando à maximização dos resultados, segundo os objetivos pré-estabelecidos. É tão essencial quanto o cérebro para o ser humano. A partir dessas afirmações, constata-se que planejar é prever e antever possíveis riscos, estando preparado para enfrentá-los, quando e se esses ocorrerem. Partindo desta visão, planejar passou de essencial a obrigatório nas instituições. Esta mudança, de acordo com Catelli, é devido aos novos cenários econômicos, responsabilidade social e economicidade: O planejamento é feito não apenas por causa da globalização, das incertezas, do aumento da competição, ou das novas tecnologias, que tornam o ambiente mais inseguro e cheio de riscos. Planeja-se porque existem tarefas a cumprir, atividades a desempenhar, enfim, produtos a fabricar, serviços a prestar. Deseja-se fazer isso da forma mais econômica possível, coordenando o uso dos diferentes recursos, humanos, materiais, financeiros tecnológicos, cada um com seu tempo, com suas especificidades próprias, para que os objetivos possam ser atingidos. Ao lado disso, a empresa precisa perdurar no tempo, ter continuidade, maximizando o fluxo de benefícios para os acionistas, empregados, clientes, fornecedores e demais entidades da sociedade. (CATELLI, 1999, p.147). No sentido literário, o significado da palavra projeto é O que se tem a intenção de fazer; desígnio; intento; plano de realizar qualquer coisa. Estudo, com desenho e descrição, de uma construção a ser realizada. Partindo do conceito teórico, o planejamento em seu aspecto físico pode ser concretizado através da elaboração de projetos. No enfoque da Administração Pública, a Lei 8666/93 instituiu normas para licitações e contratos na Administração Pública, englobando as obras de engenharia em um dos principais contextos. Segundo esta Lei, tais normas se aplicam para órgãos da administração direta, fundos especiais, autarquias, fundações e empresas públicas, sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, que só poderão contratar com terceiros mediante processo de licitação. Os projetos na administração pública são de natureza legal e compulsória. Conforme disposto no Art.7 da Lei 8666/93: As licitações para a execução de obras e para a prestação de serviços obedecerão ao disposto neste artigo e, em particular, à seguinte seqüência: I - projeto básico; II - projeto executivo; III - execução das obras e serviços.. Dessa forma, os projetos básicos e executivos tornam-se peças chave, atuando como principal fator para determinação e execução de uma obra ou serviço. Será o quesito fundamental e deve ser feito de forma minuciosa a fim de evidenciar de forma correta os demonstrativos necessários para a execução completa da obra. A responsabilidade de sua elaboração é imensa, pois neles será definido todo o custo da obra, necessidade de materiais, prazo necessário a consecução da obra, previsão de entrega, cálculo da mão de obra necessária, entre outros, conforme especificado a seguir. O Projeto Básico, de acordo com a Lei 8666/93 consiste em um conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, isto é, o complexo de obras ou os serviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem aviabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução. Segundo a Lei 8666/93, os elementos do projeto básico encontram-se abaixo: a) demonstrar visão global da obra, identificando com clareza os elementos constitutivos;

b) apresentar detalhadas soluções técnicas globais e localizadas, que minimizem a necessidade de alterações durante a fase do projeto executivo ou consecução da obra; c) identificar todos os serviços e materiais necessários para a obra, bem como suas especificações de maneira que mantenham o caráter competitivo para a sua execução; d) informações que permitam o estudo e a dedução de métodos construtivos, instalações provisórias e condições organizacionais para a obra, de maneira que mantenham o caráter competitivo para a sua execução; e) informações para elaboração do processo licitatório e de gestão da obra, com programação, a estratégia de suprimentos, formas de controle e fiscalização; f) orçamento do custo global da obra, com base em quantitativos de serviços e fornecimentos propriamente avaliados; De acordo com o Manual de Auditoria de Obras (TCE/RJ, 2002), um projeto básico deficiente causa falta de relação custo/benefício da obra, alterações de especificações técnicas, utilização de materiais inadequados, alterações contratuais devido à insuficiência e, ou inadequação de plantas e especificações técnicas, envolvendo negociação de preços. De se ressaltar que essas consequências acabam por frustrar a execução/conclusão do objeto licitado, dadas as diferenças entre o objeto licitado e o que será efetivamente executado, o que implica a necessidade de se responsabilizar o autor e/ou o responsável pela aprovação do projeto básico, quando este se apresenta inadequado. (TCE/RJ, 2002: 12) Segundo o Acórdão 126/2007 do Plenário, o projeto básico é a peça fundamental para a demonstração da viabilidade e conveniência da contratação. Por meio dele é que a administração discrimina o objeto pretendido, os resultados esperados, tempo e forma de execução. A segunda fase exige o projeto executivo. Este projeto constitui o conjunto dos elementos necessários e suficientes à execução completa da obra, de acordo com as normas pertinentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT. Ele contempla o detalhamento dos elementos construtivos do projeto básico e deve funcionar como complemento do projeto básico, respeitando o vínculo com o objeto licitatório. O projeto executivo poderá ser desenvolvido concomitantemente com a execução das obras e serviços, desde que autorizado pela Administração. Em suma, pode-se dizer que o projeto básico é onde é definida a concepção do projeto, e apenas quando este estiver aprovado, acontece a etapa seguinte, que é o projeto executivo. Todos os projetos que se seguem são executivos, elaborados com referência e complementar ao projeto básico. É nesta fase que a obra é detalhada, como por exemplo, por tipo de material, dimensões, entre outros. A Lei 8666/1993 inclui como requisitos dos projetos básico e executivo: segurança; primazia ao interesse público; economicidade na execução; conservação e operação; possibilidade de emprego de mão-de-obra, materiais, tecnologia e matérias primas locais; facilidade da execução completa da obra; durabilidade da obra; adoção de normas técnicas e condições de segurança do trabalho; impacto ambiental. Dessa forma, é possível afirmar que os projetos básico e executivo são as linhas norteadoras de qualquer obra institucional, atuando como diretrizes para a realização dos projetos. Suma é sua importância que ele requer amplo estudo, conhecimento de custos, de mercado, de

impacto ambiental, para que ele fique o mais próximo da realidade e que o dispêndio de gastos ocorridos fora do projeto seja o mais próximo de zero. Sobre isso, o Art. 8º da Lei 8666/93 diz que: A excução das obras e dos serviços deve programar-se, sempre, em sua totalidade, previstos seus custos atual e final e considerados os prazos de sua execução. No entanto, é possível verificar por vezes que eles não acabam sendo elaborados de forma adequada e, consequentemente, esses erros irão gerar despesas não contempladas no orçamento, comprometendo despesas essenciais ao funcionamento institucional. De acordo com a edição digital nº 104 da revista O Engenheiro (2012, p. 10), É comum verificarmos que a tentativa de solucionar determinado problema técnico acaba proporcionando prejuízos de outra natureza, como ordem econômica social ou ambiental, por exemplo, muitas vezes em decorrência da desarticulação das relações e dos projetos por diversos órgãos administrativos, salvo honrosas exceções. Tal fato pode ser evitado com a forte atuação de profissionais de engenheiros e arquitetos qualificados, na busca de soluções a partir de uma visão integrada e sistêmica da complexidade do quadro de desenvolvimento urbano brasileiro. Os erros nos projetos básicos e executivos são ratificados anualmente no relatório do Fiscobrás, elaborado anualmente pelo Tribunal de Contas da União (TCU), órgão responsável pela fiscalização de obras e edificações nas quais são utilizados recursos públicos. Segundo o relatório anual publicado em 2013, referente ao ano de 2012: As irregularidades detectadas com mais frequência são sobrepreço/ superfaturamento, licitação irregular, falta de projeto básico e falta de projeto executivo, além de problemas ambientais e alteração indevida de projeto. Nos trabalhos de 2012, os problemas mais encontrados foram projeto básico/executivo deficiente e sobrepreço/superfaturamento. As irregularidades apontam ainda falhas na fiscalização e restrições ao caráter competitivo das licitações. (FISCOBRAS, 2013) Esta constatação remete a uma preocupação com a forma nas quais são elaborados os projetos. Isto porque os recursos para investimentos são escassos e os projetos derivam de dotação orçamentária suficiente para suprir tais projetos. A conseqüência de um projeto básico mal elaborado acaba gerando custos extras e aditivos de valor elevados. A fase de planejamento é deixada de lado, sendo os projetos básicos e executivos substituídos por anteprojetos, esboços ou até mesmo croquis. Como consequência tem-se a realização de diversas modificações de projeto ao longo da execução, aditivos de prazo, possibilidade de realização de jogo de planilha, execução em desacordo com as normas da ABNT, descaracterização do objeto e obras inacabadas. (ROLIM; FERNANDES. 2006: 6). O Acórdão 1932/2009 do Plenário menciona de forma clara o objetivo e a importância dos projetos básico e executivo na realização das obras. Para este, os projetos de um empreendimento não são apenas simples exigências formais. O projeto básico define a obra e o projeto executivo determina as condições de sua execução. Projetos mal elaborados são o primeiro passo em direção a ocorrência de problemas numa obra, aos desperdícios de recursos

e ao não atendimento ao interesse público conforme tem constatado este Tribunal em numerosas obras fiscalizadas. Não é difícil nos dias de hoje encontrar obras inacabadas e abandonadas por parte de órgãos públicos, seja por descaso ou ordens dos Tribunais de Contas. O preço disso é muito alto para a população, pois seu projeto retirou para sua execução um grande valor no orçamento da entidade, logo, dinheiro que poderia ter sido investido em outros projetos e atividades; também obras inacabadas representam projetos frustrados e atividades que não podem ser realizadas naquele espaço, deixando de atender a população, e por fim, obra parada implica em deteriorização do dinheiro público, pois seu desgaste é maior desta forma. De acordo com a revista Exame (2012, p.32), a péssima qualidade da infraestrutura nacional gera custos adicionais estimados em 88 bilhões de dólares ao ano para o país: Não é tarefa simples tirar do papel obras de grande porte no Brasil. Projetos mal elaborados, atrasos na liberação de licenças ambientais, e embargos dos tribunais ora por causa da má qualidade do serviço prestado pelas construtoras, ora por causa da irregularidade na gestão dos recursos são alguns dos nós que atravancam as obras. (EXAME, 2012:32) A fim de evitar que estas irregularidades ocorram e fiscalizar as obras realizadas com recursos públicos, o Tribunal de Contas da União realiza fiscalizações para o uso correto e adequado dos recursos públicos. Este órgão atua de forma cada vez mais forte, com enfoque cada vez mais de modo preventivo, tendo em vista que reparar erros é mais difícil que prevenir que os mesmos ocorram. O relatório anual de fiscalização é realizado através do Fiscobras: Fiscobras é o plano de fiscalização anual que engloba um conjunto de ações do TCU com o objetivo de verificar o processo de execução de obras públicas financiadas total ou parcialmente com recursos da União. (TCU, 2013) Os dados analisados foram retirados dos relatórios anuais elaborados pelo Tribunal de Contas da União (TCU), no âmbito do Fiscobras, entre os anos de 2008 e 2013. Estes relatórios são a consolidação das auditorias realizadas em obras públicas integrantes do orçamento da União, e tem como principal objetivo verificar a correta aplicação dos recursos federais em obras públicas e prestar informações ao Congresso Nacional para aprovação da Lei de Orçamento Anual (LOA) para o exercício seguinte. As obras fiscalizadas pelo Tribunal de Contas encontram-se distribuídas geograficamente e por função de governo, sendo que a infraestrutura representada principalmente pelos setores de transporte e energia é a mais fiscalizada, pois as primeiras representam maior quantitativo de levantamento de auditoria e a segunda pelo maior valor de dotação orçamentária. Com excessão da tabela 4 e gráfico 2, onde foram analisados dados da região Norte, todos os demais dados encontram-se a nível federal, através dos dados consolidados no Fiscobrás. A primeira tabela relaciona a quantidade de auditorias realizadas in loco, bem como os valores fiscalizados nestes períodos. É importante destacar que não está incluso nestes dados as obras fiscalizadas mediante denúncia, representação ou outros processos de fiscalização. Ano Fiscalizações Valor Orçamentário

2008 153 26.023.485.204,00 2009 219 35.480.804.955,00 2010 231 35.570.737.912,00 2011 230 36.760.331.709,00 2012 200 38.311.440.252,00 Tabela 1 Quantidade e valores auditados entre 2008 e 2013 É possível verificar que o valor auditado nos períodos compreendidos vem aumentando no decorrer dos anos, sendo que o ano de 2012 representa um percentual de 32,07% maior em relação ao período de 2008. Outro ponto que merece destaque é que mesmo que o número de obras auditadas em 2012 tenha sido inferior aos dois anos anteriores, o valor auditado permanece maior, o que indica que foram auditadas obras de maior dotação orçamentária. A partir destas auditorias é feito um diagnóstico que classifica as fiscalizações em: a) Irregularidades graves. Onde estão contemplados os indícios de irregularidades graves com recomendação de paralisação; proposta de recomendação de paralisação, feita pela Unidade Técnica, mas ainda não apreciada pelo TCU; indício de irregularidade grave com retenção parcial de valores; indício de irregularidade grave com recomendação de continuidade. b) Indício de outras irregularidades: considerado de gravidade intermediária ou formal e ensejando determinação de medidas corretivas. c) Sem Ressalva: indicação recebida caso a auditoria não tenha resultado em qualquer achado. A tabela 2 representa estes dados entre os anos de 2008 e 2013: Ano Irregularidade Grave Outras Irregularidades Sem Ressalva Total 2008 60 78 15 153 2009 63 121 35 219 2010 40 182 9 231 2011 190 32 8 230 2012 124 67 9 200 Tabela 2 Classificação das auditorias - País Segundo a tabela 2, é possível verificar que as irregularidades graves aumentaram nos últimos dois anos, o que é um fator negativo e piora com o fato de auditorias sem ressalva terem diminuído. Para melhor visualizar e fazer uma melhor análise, estes dados foram transformados em porcentagem, que serão analisados conforme o grau de irregularidade, como será visto na tabela a seguir.

Ano Irregularidade Grave Outras Irregularidades Sem Ressalva 2008 39,2% 51,0% 9,8% 2009 28,8% 55,3% 16,0% 2010 17,3% 78,8% 3,9% 2011 82,6% 13,9% 3,5% 2012 62,0% 33,5% 4,5% Tabela 3 Classificação das auditorias em percentual Estes dados revelam que um percentual muito pequeno de obras auditadas não apresenta nenhuma irregularidade, sendo que em 2009 ocorreu o melhor resultado. Em 2011 ele teve o pior resultado, sendo que em 2012 apenas 4,5% das obras auditadas não possuem qualquer irregularidade. No campo outras irregularidades, que representa irregularidade de caráter intermediário, o percentual apresenta uma diminuição nos últimos anos, porém em contrapartida, o número de irregularidades se estendeu para as irregularidades graves, que aumentaram nos últimos dois períodos, sendo o último apenas inferior a 2011. O número se revela preocupante, sendo que 62% das obras apresentam graves irregularidades, ou seja, a grande maioria delas. Também é de suma importância avaliar o comportamento desta situação na região Norte, por se tratar da região onde é realizado este estudo. A tabela abaixo representa estes dados. Por falta de dados referente ao ano de 2008, onde não havia sido detalhada esta característica, o mesmo ficou fora dos dados apresentados. Ano Irregularidade Grave Outras Irregularidades Sem Ressalva Total 2009 15 22 12 49 2010 9 33 0 42 2011 32 3 1 36 2012 40 12 2 54 Tabela 4 Classificação das auditorias Região Norte De acordo com a tabela 4, temos uma situação que apresenta comportamento diferente do país. O número de fiscalizações aumentou, possivelmente devido ao aumento das irregularidades. As auditorias sem ressalva diminuiram, sendo que em 2010 não houve nenhuma que não tivesse algum indício de irregularidade e em 2012 apenas duas obras não apresentaram falhas. Houve queda nas irregularidades intermediárias, no entanto, ocorreu um aumento das irregularidades graves, que em 2012 apresenta aumento de mais de 266% em relação a 2009, o que pode ser visualizado de maneira mais clara no gráfico a seguir:

Gráfico 2 Incidência de irregularidades nos projetos básico e executivos na região Norte do Brasil De acordo com o gráfico, as irregularidades graves ocuparam, em 2009, pouco mais de 30% do total de irregularidades encontradas nas obras. Em 2010 este número cai para 20% e em 2011 o número sobe para quase 90% das obras auditadas, tendo em 2012, percentual superior a 70%. Ou seja, mais de 70% das obras auditadas apresentam irregularidades graves. Os dados coletados abaixo ratificam a ocorrência de erros nos projetos básico e executivos das obras públicas. Conforme mencionada, há uma grande preocupação neste aspecto, pois muitas das obras já nascem com deficiências, logo, não podendo ter resultados adequados. Ano Projetos Básico e Executivo % 2008 30 20,0% 2009 71 6,9% 2010 142 61,5% 2011 124 53,9% 2012 90 45,0% Tabela 5 Incidência de irregularidades nos projetos básico e executivos Como é possível verificar, nos anos de 2010 e 2011, os problemas em projetos básicos e executivos estão presentes na grande maioria das obras. Mesmo que em 2012 este número tenha caído para 45% o mesmo ainda é alto, pois se apresenta em quase metade dos projetos. Ou seja, quase metade das obras antes de se iniciar já apresenta deficiência. Na média, nos últimos cinco anos, as irregularidades nos projetos básico e executivo apresentam-se em 37,46% dos projetos, como pode ser visto no gráfico a seguir:

Gráfico 2 Incidência de irregularidades nos projetos básico e executivos Devido à preocupação com esta situação, o relator Aroldo Cedraz, do Tribunal de Contas da União, através relatório da Fiscobrás do ano de 2012, menciona que passou a priorizar a fiscalização na fase inicial de execução ou mesmo não tendo iniciada: Ao fiscalizar editais e projetos, atuando, portanto, de forma preventiva, o que confere os resultados maior efetividade, uma vez que eventuais danos ainda nem sequer se concretizaram e há maior facilidade para que o gestor adote as medidas saneadoras. Essa recorrência tem a ver, no meu entender, com uma questão maior, a cultura da falta de planejamento e desestrutura dos órgãos, ou seja, falta governança corporativa (Fiscobrás, 2013:24). Dessa forma, os dados que indicam os erros nos projetos básicos e executivos como responsáveis pela principal deficiência ocorrida nas obras fiscalizadas, remetem a esta preocupação cultural, que é a falta de planejamento. Como foi mencionado, o planejamento é fundamental para qualquer empreendimento que se queira realizar. Tendo consciência deste aspecto, o Tribunal de Contas passa a dar atribuição mais significativa às etapas iniciais da obra, quando esta concluída até 50% da obra, sendo que muitas vezes estes são fiscalizados sem mesmo ter iniciado a obra ou edital, ainda quando ele contém apenas o projeto básico. Os números confirmam esta afirmação, pois em 2010, 72,29% das obras auditadas ainda estavam com menos da metade de sua execução. Em 2011 este percentual aumenta para 78,20% e em 2012, 69% das obras fiscalizadas ainda não estavam na metade da sua execução. Esta preocupação é devido ao maior tempo em que as obras podem ser sanadas, visto que reverter algum problema quando a obra já está na fase final pode comprometer a entrega da mesma. No que tange o comprometimento da entrega, dentre as obras auditadas, as obras de maior gravidade são encaminhadas ao Congresso Nacional com indicação de IG-P - Indício de

irregularidade grave com recomendação de paralisação. Esta, por sua vez, se for acatada pelo Congresso, não irá ser aprovada na Lei de Orçamento Anual do exercício seguinte. Neste caso, sem dotação orçamentária para sua realização, a obra ficará suspensa por pelo menos um período, equivalente a um ano civil. Ano Total de Obras Indício de paralisação % 2008 153 48 31,4% 2009 219 41 18,7% 2010 231 32 13,9% 2011 230 26 11,3% 2012 200 22 11,0% Tabela 6 Obras com indicação de paralização É notável que houve uma melhora significativa nestes dados, pois há uma constante redução desta recomendação ao longo dos anos. No entanto, 11% ainda é um número alto, pois representa 22 obras que serão excluídas do orçamento para o exercício seguinte devido a falhas e deficiência na execução da obra, o que prejudica a entrega de serviço público a população. Por fim, é possível ratificar a importância do planejamento, materializado a partir de projetos básicos e executivos que contenham todos os elementos necessários para a ótima execução da obra. Ressalta-se a grande responsabilidade do administrador público para elaborar e/ou aprovar os projetos. Neste sentido, o aprimoramento das equipes técnicas, sua devida capacitação ainda é um caminho a ser buscado. Um fator que pode contribuir muito para a melhora do planejamento e na elaboração dos projetos básicos e executivos é a qualificação dos profissionais da área. É necessário formar profissionais com reais condições de executar projetos de alta qualidade. E para que um profissional tenha condições de realizar este serviço ele deve ter bastante conhecimento da execução de obras, afim de dar soluções e especificar os materiais adequados, dominar programas informatizados para produção dos projetos, ter conhecimento da legislação, sabendo enquadrar as normas nas esferas Federal, Estadual ou Municipal e, acima de tudo, gostar de trabalhar com projetos. Uma mudança cultural não ocorre de um dia para o outro, mas as constantes fiscalizações, a legalidade e obrigatoriedade dos elementos criados em Leis específicas, bem como o aumento da responsabilidade dos agentes públicos, leva a acreditar que irão ocorrer melhoras em todo o processo de planejamento, do nascimento a conclusão de uma obra. 3. Conclusão O presente artigo teve como objetivo descrever a importância da etapa de planejamento na execução de uma obra. Para atender a isto, foi feita uma revisão bibliográfica com temas envolvendo as principais etapas do planejamento. Em seguida, foram coletados dados

elaborados pelo Tribunal de Contas da União, onde foi constatado que a grande maioria das irregularidades encontradas está nas etapas iniciais das obras, quando ainda se encontra em menos da metade da execução total. Também se verificou que o principal apontamento encontrado está nos projetos básicos e executivos, que são elaborados de forma deficiente. Há uma preocupação cada vez maior por parte do Tribunal de Contas em fiscalizar as etapas iniciais, visto que prevenir que os erros ocorram é mais fácil do que elaborar medidas de correção de erros que já aconteceram. Dessa forma também é possível evitar futuros transtornos de paralisação de obras, que acontece quando são encontrados erros graves. É de suma importância que os gestores e profissionais da área busquem qualificação adequada e se conscientizem que o sucesso de uma obra começa na sua concepção, ou seja, na elaboração dos devidos e corretos projetos. Essa conscientização contribui para que possa ocorrer uma mudança cultural e possibilitará as futuras gerações o uso de melhores serviços e consequentemente, uma melhor qualidade de vida. Referências BRASIL. Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de 2000. Brasília, DF, 2000.. Lei n 8666, de 21 de junho de 1993. Brasília, DF, 1993.. Tribunal de Contas da União. Disponível em: http://portal2.tcu.gov.br/portal/page/portal/tcu/imprensa/noticias/noticias_arquivos/cartilha _miolo_internet.pdf. Acesso em: 25 junh. 2013.. Tribunal de Contas da União. Acórdão TCU 126/2007. DF: 2007.. Tribunal de Contas da União. Disponível em: http://portal2.tcu.gov.br/portal/page/portal/tcu/imprensa/noticias/noticias_arquivos/cartilha _miolo_internet.pdf. Acesso em: 05 ago. 2013.. Tribunal de Contas da União. Relatório Fiscobrás 2012. Disponível em: http://portal2.tcu.gov.br/portal/page/portal/tcu/imprensa/noticias/noticias_arquivos/relat%c 3%B3rio%20Fiscobras%202012.pdf. Acesso em: 06 ago. 2013. CATELLI, Armando. Controladoria: Uma abordagem da Gestão Econômica GECON. São Paulo: Atlas, 1999. EXAME. Revista Quinzenal. São Paulo: Ed. Abril, ed. 1.023. Ano 46, n. 17, 05 set 2012. 32 p.. Revista Quinzenal. São Paulo: Ed. Abril, ed. 1.036. Ano 47, n.04, 06mar 2013. 95 p.

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