PAULO FREIRE: O PAPEL DA EDUCAÇÃO COMO FORMA DE EMANCIPAÇÃO DO INDIVÍDUO DUARTE, Ana Cléia de Souza Discente da FAHU/ACEG E-MAIL: cleiafaef@hotmail.com BARBOZA, Reginaldo José Docente da FAHU/ACEG E-MAIL: regcognitivo@hotmail.com RESUMO: PAULO FREIRE: O PAPEL DA EDUCAÇÃO COMO FORMA DE EMANCIPAÇÃO DO INDIVÍDUO O nosso objetivo primordial neste trabalho é o de discutir a respeito das influências que o educando sofre por viver em uma sociedade dividida em classes: dominantes e dominados. Isto é, pretendemos discutir sobre as ideologias inculcadas por essa sociedade elitista e demonstrar o quanto se faz necessário, conforme afirma Paulo Freire, a Educação como meio de libertação. Devemos de fato, enquanto educadores, proporcionar uma alfabetização que não somente privilegie a leitura das palavras mas que enfatize também a leitura de mundo do educando. Pois, sabemos que o indivíduo, antes mesmo de entrar na escola, já teve contato com o mundo e, assim sendo, trás muitas experiências para a sala de aula. Esse tipo de Educação deve permitir uma maior interação do indivíduo com: a socialização, a auto-estima, o desenvolvimento do raciocínio crítico num contexto de leitura dentro e fora da sala de aula. Precisamos, enfim, mediante esse tipo de Educação libertária, formar um cidadão mais consciente da realidade onde ele vive. Palavras chave: Educação libertária, Alfabetização, Ideologia dominante. ABSTRACT: PAULO FREIRE: THE PAPER OF THE EDUCATION AS FORM OF EMANCIPATION OF THE INDIVIDUAL Our primordial objective in this work is to argue regarding the influences that educating suffers for living in a society divided in classrooms: dominate and dominated. That is, we intend to argue on the ideologies introduced for this elitist society and to demonstrate how much if it makes necessary, as it affirms Paulo Freire, the Education as half of release. We must in fact, while educators, to provide an alphabetization that not only privileges the reading of the words but that it also emphasizes the reading of world of educating. Therefore, we know that the individual, before exactly to enter in the school, already it had contact with the world and, thus being, backwards many experiences for the classroom. This type of Education must allow a bigger interaction of the individual with: the socialization, auto-esteem, the development of the critical reasoning in a context of reading inside and outside of the classroom. We need, at last, by means of this type of libertarian Education, to form a more conscientious citizen of the reality where it lives. Keywords: Libertarian education, Alphabetization, dominant Ideology.
1. INTRODUÇÃO: Vivemos em uma sociedade dividida em classes: composta por dominantes e dominados; em um neoliberalismo onde as exigências perpassam à autonomia, à crítica, à reflexão e à versatilidade. Esse tipo de sociedade exclui, por conta do capital, a maioria da população no que diz respeito ao processo de alfabetização, levando-o à marginalização. Assim, trilham-se os interesses da sociedade dominante, ou seja, as pessoas com um poder aquisitivo elevado, ou com uma grande influência política-econômica, infiltram seus pensamentos caracterizando-os como verdades; dogmas que devem ser seguidos. Com isso, percebemos que há uma formação de estereótipos ou tácitos pensamentos coletivos; normas comuns que devem manter as ações a serem exercidas. Essa classe dominante filtra informações a partir do seu interesse à grande massa; exemplo disto é aquele cidadão pobre, sem instrução, que em seu modo simples de vida habitua-se a viver a partir de cabrestos sociais (estes, entendidas como as normas sociais impostas e seguidas cegamente). O fato é que esse cidadão (sujeito passivo diante das verdades alheias) vai conduzindo sua vida e acreditando que não deve perder o seu tempo buscando os estudos, pois já incorporou a idéia de que é burro mesmo! Somente o universo: trabalho - casa TV - basta, sem ao menos ter interesse pelo que acontece em sua realidade político-social. Deste modo, aliena-se no trabalho e na mídia (assiste novelas, programas de auditório que tratam as realidades e os problemas familiares muitas vezes como mais uma forma de entretenimento) tornando-se passivo a tudo.
Contudo, é bastante comum ouvirmos frases ideológicas do tipo: o trabalho dignifica o homem, Deus ajuda quem cedo madruga, só é digno aquele que tem um emprego e o exerce sem questionar ; tais frases nada mais representam que um chauvinismo, um patriarcalismo que conduz à submissão. Sem perceber, as pessoas menos instruídas sofrem vários tipos de violência por parte dessa sociedade elitista. Ao pensarmos em violência, normalmente apenas consideramos a violência física, ou seja, nos esquecemos que existe também a violência simbólica. Neste sentido, violência é também qualquer ato que iniba ou fira os direitos de qualquer ordem moral, cívica. Em outras palavras, violência aplica-se àquele que desrespeita a diversidade cultural, religiosa, racial ou ideológica. Diante disso, sabemos que: os costumes culturais, os padrões de pensamentos e o sistema de valores vigentes em nossa sociedade são frutos do Estado moderno inspirados no iluminismo. Deste modo, por meio de aparelhos ideológicos sociais (escola, família, igreja, trabalho) incorporamos pensamentos e comportamentos de forma inconsciente como se fossem naturais. Diante de toda essa situação mencionada acima, questionamos o seguinte: o que deve acontecer para que de fato o cidadão se torne mais consciente de sua realidade sócio-política-econômica? Ou ainda, o que é preciso fazer para que ele consiga perceber o quanto é dominado e encontra-se em uma classe subalterna? A resposta na pode ser outra a não ser: EDUCAÇÃO. 2. A IMPORTÂNCIA DO PENSAMENTO EDUCACIONAL DE PAULO FREIRE: É sabido que a Educação deve possibilitar: a alfabetização, as capacidades de aprendizagem, o desenvolvimento do raciocínio crítico, a criatividade e a ação no que diz respeito à transformação social. Através de
uma visão de mundo mais crítica podemos analisar e modificar nossa realidade. Desta forma, conformamos com Paulo Freire (2001), quando este afirma, em outras palavras, que a nossa postura enquanto educador deve ser consciente, pois somos intelectuais transformadores. Além disso, somos formadores de opinião e, assim sendo, temos a obrigação de estimular o pensamento crítico em nossos educandos, assumindo assim uma opção política de forma coerente. Devemos agir de forma vivificada nas práticas em sala de aula. Não podemos apenas criar magníficos projetos, devemos sim coloca-los em funcionamento na realidade onde vivemos. Entretanto, infelizmente muitos projetos criados nunca saem do papel. Exemplo disso é aqueles docentes tradicionais que trabalham em escolas em que a metodologia de trabalho é baseada no construtivismo. Ou seja, fazem um projeto bom, seja qual for o tema, somente para agradar a diretora, porém este projeto não se realiza e a sua ação em sala de aula é a de uma déspota. Conscientes dessa nossa postura de formadores de opiniões, por meio do estímulo, da reflexão, da crítica e da troca de idéias. Devemos ter a consciência de que somos mediadores ou ainda mobilizadores que alavanca as mudanças sociais. Para tanto, devemos ter por base um viés filosófico educacional que leve em conta os aspectos epistemológicos que abordam o conhecimento de forma interdisciplinar e respeitam o tempo de cada aluno, conduzindo-o há uma compreensão não somente à leitura de palavras, mas, sobretudo à leitura de mundo. 2.1. A ALFABETIZAÇÃO COMO UM DOS INSTRUMENTOS DE LIBERTAÇÃO HUMANA:
Segundo as idéias de Freire (2001), o importante não é somente trabalharmos a leitura de palavras em si, como junções bucólicas de palavras ou letras, mas sim relê-las e reescrevê-las; pois assim daremos sentido, nomeação e renomeação para uma reconstrução sobre o que foi realizado. Em última instância, isto implica em uma outra leitura da realidade. Isto esclarece uma prática e compreensão da alfabetização, pois a Educação é indispensável para a ação política graças a seu poder de transformação da linguagem (persuasão). O intercâmbio dialético assumiu a natureza política do processo educativo, pensando em política como as ações e relações de interdependência que as pessoas mantêm em conjunto, sabendo que as pessoas necessitam de interação e que têm uma necessidade de socialização. Assim, nesta idéia de dependência mútua podemos entender que a transformação social deve ser de fato entendida como um processo histórico: construção social, numa relação de intrínseca interligação do todo, isto é, da sociedade toda (mobilidade social). Nesse modo de compreender e aplicar a Educação constatou que há a possibilidade de uma aprendizagem criativa e libertária; isso, indubitavelmente, ajuda o educando a entender-se ou a perceber-se como cidadão criador, transformador do que o rodeia. Essa aprendizagem o conduz à reflexão, aos problemas comuns, à autonomia moral. Não podemos, enquanto educadores libertários, permitir que o educando se contente apenas com a aquisição de palavras, mas sim com a aquisição de uma postura observadora; com voz crítica em seu cotidiano e em seus discursos. Essa educação libertária deve instigar o educando a aprender com vontade, de maneira significativa, de forma que ele sinta-se parte daquilo que está aprendendo: com pertinência, como um cidadão ativo. É preciso que o educando perca o receio de se colocar diante do mundo; de expressar suas necessidades e indignações. Enfim, devemos fazer um resgate social lendo e relendo o seu próprio mundo e escrevendo e reescrevendo a
sua própria história, pois somente assim estaremos exercendo a nossa verdadeira cidadania. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Na nossa atual conjuntura social-política-econômica, a Educação é a única forma das classes dominadas ascenderem socialmente ou assumirem uma postura mais crítica frente a sua realidade. Nesse contexto, a alfabetização assume um caráter de indicador social no tocante a idéia de que, aquele que tem acesso a uma formação mais refinada e crítica (portanto, se encaixa muito bem aqui a elite política e economicamente ativa), impõe suas ideologias, deixando o indivíduo, com menos instrução, no cerne da privação cultural. Essa elite faz uso do analfabetismo como instrumento de privação dos indivíduos ao acesso em um contexto social mais crítico. Ela não leva em conta as características da grande massa: seus valores históricos, competência lingüística, conhecimentos anteriores. Sabemos, conforme Paulo Freire (2001), que o homem é um ser histórico, constituído socialmente, que aprende por meio da interação com o seu meio: indivíduos pertencentes ao mesmo local e tempo. Assim sendo, de acordo com as idéias desse educador, devemos sempre ter em mente que a leitura de mundo precede a leitura da palavra, ou seja, que o educando já tem uma vida social que antecede a escola. Desta forma, o educando já percebe e age sobre suas experiências existenciais, o mundo de suas primeiras leituras de textos, palavras, letras, ou seja, experiências orais, ideais, gestos familiares etc. O que esse educando precisa é então do apoio de um educador que o estimule ou provoque ainda mais o desenvolvimento do seu raciocínio crítico. Enfim, a educação transmitida na escola deve ser significativa e contextualizada com a realidade que norteia a vida do educando. Em outras
palavras, ela deve expressar e relacionar a vida do educando a uma real linguagem carregada de significação: levar em conta a experiência existencial deste. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 2001. GADOTTI, Moacir. Pensamento pedagógico brasileiro. 6 edição. São Paulo: Editora Ática S.A., 1995. LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da escola pública. 4 edição. São Paulo: Edições Loyola, 1986. LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 1990. SAVIANI, Demerval. Escola e democracia: curvatura da vara, onze teses sobre educação e política. 30 edição. Campina/SP: Editora Autores Associados, 1996.