Webinar O Nutricionista. Dr. Noelia Silva Universidade da Califórnia

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Transcrição:

Webinar O Nutricionista Dr. Noelia Silva Universidade da Califórnia O que podemos fazer para diminuir a diferença entre a dieta formulada e a dieta no cocho dos animais Marcelo Hentz Ramos PhD / Diretor 3rlab Foi realizado mais um Webinar com a palestra da extencionista da Universidade da Califórnia Dr. Noélia Silva. Dr. Noelia discutiu pontos importantes da gestão de alimentos em fazendas leiteiras para minimizar a diferença entre a dieta formulada e a dieta no cocho dos animais. Um ponto de extrema importância focado no início da apresentação da extencionista pode ser observado no gráfico 1. No gráfico podemos observar a relação entre a porcentagem de proteína bruta (PB) da dieta formulada no software de balanceamento de dietas versus a porcentagem de PB no cocho dos animais de 15 fazendas comerciais no estado da Virgínia. Fica muito claro que não existe relação, ou seja, existem dietas que foram formuladas para conter 16.5% de PB e continham 11% de PB no cocho, como também dietas que foram formuladas para conter 16.5% de PB e continham 26% de PB no cocho dos animais. Estes dados foram de extrema importância para Dr. Noelia exemplificar a importância de auditorias no sistema de alimentação em fazendas leiteiras. Outro ponto de extrema importância para assegurar que dietas formuladas estejam próximas de dietas no cocho dos animais é a determinação da matéria seca dos ingredientes da dieta, principalmente das forragens. Em uma compilação de dados de 100 fazendas comerciais americanas, pesquisadores concluíram que somente oito fazendas determinavam a matéria

seca da forragem semanalmente. Realmente este número é muito baixo para fazendas que buscam eficiência no sistema de alimentação. O terceiro foco da apresentadora foi a real necessidade de análise bromatológica das forragens. Para ilustrar este ponto, foi utilizada a tabela 1. Nesta tabela podemos observar a relação entre o número de vacas em lactação e a necessidade de realização de análise bromatológica da forragem. Como exemplo vamos pegar uma fazenda com 50 vacas em lactação, de acordo com esta tabela, o gestor da fazenda deveria analisar a forragem uma vez a cada 30 dias. Se considerarmos uma fazenda com 400 vacas em lactação, de acordo com esta tabela, o gestor deveria analisar a forragem uma vez por semana. Foram discutidos: ordem de ingredientes de acordo de acordo com tipo de vagão, tempo de mistura do vagão, observações que devemos fazer no vagão para minimizar diferenças entre a dieta formulada e a dieta no cocho dos animais, limpeza do vagão, calibração da balança, uniformidade da dieta no cocho e frequência de alimentação. Toda a apresentação (slides como também vídeo da apresentação em português) pode ser encontrada em: https://3rlab.wordpress.com/webinar/. Durante o Webinar foram apresentadas algumas questões para os participantes no Brasil, Estados Unidos e Argentina. A primeira questão (figura 2) apresentada foi: se você balancear uma dieta para 16% de proteína bruta (PB), qual a porcentagem de PB na dieta no cocho? Como podemos observar nenhum técnico americano, brasileiro ou argentino acredita que a dieta na frente do animal conterá exatamente 16% de PB, o que nos deixa muito satisfeito, pois realmente é quase impossível uma precisão tão alta. Os brasileiros e os americanos estão mais alinhados com relação à expectativa de variação: vai depender da fazenda, pode

ser uma variação grande ou uma variação pequena. Já os argentinos, em sua grande maioria, não possuem vagão de dieta completa. Um ponto que chama atenção entre os argentinos é a resposta: não importa, é o que podemos fazer. Esta afirmação felizmente não esta presente entre os brasileiros, pois nossa luta é para deixar claro os pontos que podemos sim modificar nas fazendas leiteiras. Já na segunda questão foi discutida a frequência de determinação da matéria seca da forragem (figura 3). O que nos deixa muito preocupados é que somente na abertura do silo a matéria seca é determinada de acordo com técnicos dos três países participantes. A variação na matéria seca da forragem é uma das principais causas de variação diária na produção de leite dos animais. Certamente um ponto que precisamos intervir. Na figura 4 podemos observar mais uma questão realizada no webinar: qual a ordem em que os ingredientes são colocados no vagão misturador. Entre 20% a 30% dos técnicos acreditam que depende do tipo de vagão, correto! Se o vagão for horizontal a recomendação é uma, se o vagão for vertical a recomendação é outra. Entretanto, a grande maioria, independente do país, recomenda a adição de forragem como primeiro ingrediente. De extrema importância é a necessidade da utilização da peneira da Universidade da Pensilvania para verificar a variação no cocho dos animais. Finalmente, a última questão proposta para os técnicos: qual a frequência de manutenção do vagão na fazenda? Novamente podemos observar na figura 5 que os americanos estão à frente quando o assunto é manutenção de equipamentos, a grande maioria destes realiza a manutenção dos vagões anual ou semestral. A maioria dos brasileiros e dos argentinos realiza somente a substituição de peças quando necessário.

O próximo Webinar contará com a presença do Dr. Randy Shaver da Universidade de Wisconsin, ele discutirá pontos que podemos atuar para aumentar a utilização do amido em fazendas comerciais.

Crude Protein of the analyzed ration (%) Crude protein of the formulated TMR (%) Figura 1 Relação entre a porcentagem de proteína bruta (PB) formulada no software de balanceamento de dietas (eixo- X) e a porcentagem de PB na dieta no cocho dos animais.

Tabela 1 Relação entre o número de vacas em lactação e a necessidade de realização de análise bromatológica da forragem. Referência: http://www.uwex.edu/ces/crops/uwforage/foragesamplingfrequency- FOF.pdf Herde size = tamanho do rebanho Time between samples = dias entre amostragens Samples per month = número de amostras de forragem por mês

100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 16% Irá variar um pouco, entre 15.5% a 16.5% Depende da fazenda, variação pode ser grande ou pequena Não sei, não analisamos TMR Não importa, é o que podemos fazer Brasil EUA Argentina Figura 2 Questão realizada para técnicos brasileiros (preto), americanos (vermelho) e argentinos (azul). Se você balancear uma dieta para 16% de proteína bruta (PB), qual a porcentagem de PB na dieta no cocho?

100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Não fazemos MS 3 vezes na semana Todo dia Quando abrimos silo Posso detectar MS com as mãos Brasil EUA Argentina Figura 3 - Questão realizada para técnicos brasileiros (preto), americanos (vermelho) e argentinos (azul). Qual a frequência de análise da matéria seca da forragem na fazenda?

100 90 80 70 60 50 Brasil 40 EUA 30 Argentina 20 10 0 Forragem depois concentrado Concentrado depois forragem Depende do tipo de vagão Não temos ordem específica Não temos vagão Figura 4 - Questão realizada para técnicos brasileiros (preto), americanos (vermelho) e argentinos (azul). Qual a ordem dos ingredientes colocados no vagão misturador?

100 90 80 70 60 50 40 30 Brasil EUA 20 Argentina 10 0 Uma vez ao ano Duas vezes no ano Não realizamos manutenção Substituimos partes do vagão quando necessário Não possuimos um vagão Figura 5 - Questão realizada para técnicos brasileiros (preto), americanos (vermelho) e argentinos (azul). Qual a frequência de manutenção do vagão na fazenda?