Eleições e Desigualdades de Gênero: Participação feminina e representação no legislativo brasileiro



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Transcrição:

Eleições e Desigualdades de Gênero: Participação feminina e representação no legislativo brasileiro Josimar Gonçalves da Silva Universidade de Brasília (UnB) Resumo: A discussão da representação das mulheres aparece no Brasil e no mundo como uma problemática da Ciência Política. Nesse sentido, um estudo que realize uma análise acerca da desigualdade de gênero na participação das mulheres nas eleições e no Poder Legislativo brasileiro se faz necessário para compreensão do processo de incorporação que aconteceu ao longo da história política do país. A presente investigação propõe-se a realizar uma revisão dessa literatura sobre a representação feminina no Brasil levando em consideração a criação da política de cotas e os seus efeitos dentro do cenário político brasileiro. Para isso, foram utilizados dados referentes às eleições entre os anos de 1982 e 2010 que apresentam a capacidade de eleição de mulheres para o cargo de deputadas federais. Com essa intenção, foi realizada uma investigação que procurasse verificar a inclusão da mulher na política e comprovar se essa entrada tem realmente acontecido. Dessa forma, o estudo apresenta um retrato da representação feminina na política e no Poder Legislativo Federal no período após a redemocratização. Palavras-chave: representação; desigualdade; partidos políticos. Abstract: The discussion of the representation of women appear in Brazil and in the world as a problem of Political Science. In this sense, a study to undertake a review about gender inequality on women's participation in elections and in the Brazilian legislature is necessary for understanding of the merger process that happened along the political history of the country. This research proposes to conduct a review of the literature on female representation in Brazil considering the establishment of quotas and their effects within the Brazilian political scene politics. We used data on elections between the years 1982 and 2010 that have the ability to elect women to the position of federal deputies for that. With this intention, an investigation that sought to verify the inclusion of women in politics and see if this entry has really happened was performed. Thus, the study presents a picture of female representation in politics and the Federal Legislature in the period after the return to democracy. Keywords: representation; inequality; political parties.

Introdução A representação política feminina no Brasil, e também em várias outras nações, tornou-se um assunto fundamental para discussão na atualidade. Quase um século após a conquista do direito ao voto pelas mulheres, elas ainda correspondem a uma quantidade pequena das posições de poder. Foi somente a partir da década de 70, que o movimento feminista conseguiu indicar que essa ausência de representação significava uma questão que deveria ser vista como um problema. Essa percepção foi crescentemente provocada, principalmente a partir da extensão dos direitos políticos, principalmente o direito de votar e de serem votadas, conferido as mulheres. A sub-representação feminina na esfera política é vista como um problema e as explicações para esta desconexão entre o universo dos eleitores e o universo dos eleitos podem variar dependendo de vários aspectos das relações de gênero (Miguel e Biroli; 2010). O sistema eleitoral utilizado no país bloqueia a transferência automática de candidaturas em assentos no parlamento, como acontece em outros países. A consequência é que o aumento da presença das mulheres no Poder Legislativo brasileiro, mesmo após a entrada da reserva de vagas, tem sido bem pequeno (Araújo, 2001; Miguel, 2008). Segundo Miguel e Queiroz (2006), nada mudou após a criação das cotas. Porém, a questão é que as vagas reservadas às mulheres são facultativas, ou seja, as legendas podem preenche-las com candidatas mulheres ou deixa-las ociosas. Nas eleições seguintes, com a Lei das cotas em vigor, a quantidade de mulheres concorrendo era menor ao estabelecido pela lei. Além do mais, quando foi estabelecido a reserva das vagas para o sexo feminino, a legislação aumentou a número total de candidaturas de cada lista. Com isso, a reserva de vagas para mulheres não significou uma diminuição da quantidade de candidaturas masculinas (Miguel e Queiroz, 2006). O presente estudo pretende contribuir com a discussão sobre o tema, o objetivo principal é analisar a participação e representação das mulheres na política brasileira, observando especificamente a disputa para a Câmara de Deputados. As principais questões que o estudo propõe-se a investigar são: a) quais os propósitos da representação feminina na política brasileira?; b) a participação feminina na política tem

aumentado nas últimas décadas de modo a reduzir as desigualdades entre homens e mulheres na arena política? 1. Mulheres e representação política O interesse pela investigação acerca da participação feminina na política, na literatura internacional, tem aumentado nos últimos anos (Araújo, 2001 e 2009; Avelar, 2001; Miguel e Queiroz, 2006; Bohn, 2007; Alves e Cavenaghi, 2008 e 2010; Miguel e Feitosa, 2009). As pesquisas que se dedicaram ao assunto podem ser separadas em duas abordagens: a) as que dedicaram em estudar e desvendar as causas da baixa participação das mulheres na política institucional; b) as análises que se preocupam, de modo especifico, com a ausência das mulheres na arena eleitoral e o nível de representação da política e da democracia. A característica comum entre as duas abordagens diz respeito à preocupação com a sub-representação feminina na política. Em relação a este último tema, existe um consenso de que a sub-representação das mulheres é um fenômeno que possui explicações culturais, históricas, sociais e políticas (Pateman, 1993; Avelar, 2002; Araújo, 2009). Pateman (1993) realiza uma contribuição ao debate com uma explicação muito instigante sobre o modo como foi traçada e sustentada a exclusão feminina na esfera pública ao longo do processo de constituição do Estado Moderno. A autora ressalta que os contratos da vida moderna foram estruturados sobre essa exclusão. No entanto, Pateman lembra que o contrato original constitui uma história de liberdade para os homens. Segundo afirma a autora, as mulheres não participam do contrato original através do qual os homens transformam sua liberdade natural na segurança da liberdade civil (Pateman, 1993: 21). Nesse sentido, de acordo com essa explicação, o contrato sexual é a história de sujeição feminina e o fundamento pelo qual a liberdade civil não é universal, mas uma característica masculina. Segundo Araújo (2009), grande número dos estudos comparados fazem referência ao sistema eleitoral como fator que afeta a representação feminina sob três perspectivas: tipo de representação (majoritária ou proporcional); magnitude do distrito (médios ou grandes) e sistema de votos e de candidaturas (listas abertas, fechadas ou candidaturas ordenadas por voto preferencial). A autora afirma que existe consenso de que esses fatores são importantes e evidências suficientes de que o sistema proporcional é mais favorável, já em relação aos tamanhos dos distritos, aos tipos de lista, ao grau de

fragmentação e ao sistema partidário há muita polêmica (Araújo, 2009: 32). Assim, não é possível falar em um padrão. 2. A sub-representação feminina na Câmara dos Deputados Para fins de comparação e eficácia das cotas para as mulheres nas eleições, este estudo utilizou dados obtidos junto ao site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde foram colhidos dados referentes às mulheres eleitas para o cargo de deputada federal entre os anos de 1982 e 2010. Os dados correspondentes as sete eleições foram separados por regiões com a intenção de traçar comparações entre os dados e as Unidades da Federação. Foram consideradas também as variáveis para a presente análise: a) capacidade de reeleição das mulheres e o máximo de eleições em que estas permaneceram no poder, a existência de renovação nos quadros pode ser expressa através destes dados; b) fidelidade partidária e a comparação entre a habilidade dos partidos em eleger representantes mulheres também são levadas em consideração no estudo. É possível perceber com base nos dados que a quantidade de mulheres eleitas é mais relevante em todas as eleições concentra-se nas quantidades de mulheres eleitas para cargo estaduais, fator este que pode ser decorrente do que alguns autores consideram como a dificuldade das mulheres de se fazerem conhecidas no cenário nacional, devido a decorrência de projeção e do alto custo das campanhas eleitorais (Miguel, 2000) ou de acordo com a necessidade de se manterem mais perto de seus familiares. De modo geral é possível entender que o aumento do número de mulheres eleitas não está diretamente ligado a existência de cotas eleitorais, caso que comprova a necessidade de como apresentado pela deputada Iara Bernardi, a qualificação e inserção das mulheres nos partidos políticos e no cenário político. Os dados indicam que foram poucas as vezes alcançados as cotas pré determinadas pela justiça eleitoral e a falta de necessidade no cumprimento das cotas pode ser um fato que leva-nos para os resultados eleitorais que estão sendo alcançados. Considerações Finais

A história atual tem apontado uma constante emancipação das mulheres em direção a condições de vida mais paritárias. Essas implicações derivam da luta das mulheres frente as necessidades de sujeição de gênero. Essa batalha surgiu e é iniciada no campo do reconhecimento cultural, considerando suas especificidades e se auto afirmando como um coletivo desprivilegiado no sentido da representação, interpretação e comunicação (Fraser, 2001). Como resultados, vimos no decorrer do último século, uma contínua participação feminina tanto no mercado de trabalho quanto na vida política. Logo em seguida, observou-se uma ampliação do espaço ocupado pelos mulheres em vários setores da vida social, o que trouxe possibilidade, cada vez mais, sua libertação da vida presa ao espaço doméstico e familiar. Além do mais, várias mudanças sociais, culturais e políticas levaram ao surgimento de novas categorias familiares e domésticas tendo impacto na esfera privada e transformando os padrões que vigoravam à época (Avelar, 2002; Alves e Cavenaghi, 2010). As implicações analisadas nos levam a concluir que ainda existe um enorme caminho a percorrer para que consigamos uma arena política em que ocorra um aumento da participação e representação mais equilibrada das mulheres na política. O crescimento do espaço político às mulheres precisa ocorrer não apenas porque elas façam ou devem fazer diferença. Mas, fundamentalmente porque a democracia implica no pluralismo de ideias, valores e que os diferentes grupos sociais sejam representados no cenário político. E, para isso, é importante que a política seja constituída de um espaço em que os homens e mulheres atuem de modo menos desequilibrado e desigual. Enfim, quem mais obterá ganhos com esse resultado é a democracia. Mesmo que o resultado das políticas de ações femininas ainda não considerem os índices propostos e não seja possível ordenar a obrigatoriedade das leis, o processo de inclusão consegue respaldo jurídico para que pelo menos seja pensado o respeito da problemática da inclusão da mulher na política. Referências Bibliográficas ARAÚJO, Cláudia. As cotas por sexo para a competição legislativa: o caso brasileiro em comparação com experiências internacionais, Dados, 44 (1): 155-194. 2001. MIGUEL, Luís Felipe. Teoria política feminista e liberalismo: o caso das cotas de representação. Revista Brasileira de Ciências Sociais, nº 44, pp. 91-102. 2000.

.; QUEIROZ Cristina Monteiro. Diferenças regionais e o êxito relativo de mulheres em Eleições Municipais no Brasil. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 14, n. 2, p. 363-385, maio 2006..; BIROLI, Flávia. Práticas de gênero e carreiras políticas: vertentes explicativas. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, vol. 18, nº. 3, p. 653-679, setembro, 2010. PATEMAN, Carole. O Contrato Sexual. Tradução Marta Avancini. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993.