RECURSO DIDÁTICO ALTERNATIVO PARA AULAS PRÁTICAS DE MEDICINA VETERINÁRIA: FISIOPATOLOGIA DA REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA



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Transcrição:

RECURSO DIDÁTICO ALTERNATIVO PARA AULAS PRÁTICAS DE MEDICINA VETERINÁRIA: FISIOPATOLOGIA DA REPRODUÇÃO E OBSTETRÍCIA Matter, Fabiano de Lima¹; Lenoch, Robert²; Milczewski, Viviane³; Oliveira Júnior, Juahil 4 ; Espíndola, Jonas Cunha 5 ; Bianchi, Ivan 6 ¹Instituto Federal Catarinense, Araquari - SC INTRODUÇÃO A relação próxima entre homens e animais ocorre desde a existência destas espécies, quando inicialmente estes serviam de alimento aos humanos. Atualmente esta interação é muito mais complexa incluindo-se as relações nos esportes, no convívio afetivo ou na área de experimentação científica. Nas ciências biomédicas os animais representam um elo importante entre as pretensões científicas e as conquistas de fato (PAIXÃO, 2001). Nesse sentido, o questionamento sobre a utilização de animais vivos como ferramenta científica ou didática em experimentos ou aulas práticas nos cursos de Medicina Veterinária, há algum tempo passou a ser uma discussão mundial em instituições de ensino. A busca pelo desenvolvimento de métodos alternativos já apresenta resultados que são comemorados por seus pioneiros. Argumentos didáticos, éticos ou sentimentais são utilizados para justificar essa busca. Os princípios de bem-estar animal também se inserem nesse contexto, na discussão sobre o estresse, desconforto, dor ou medo a que os animais podem ser submetidos quando utilizados como ferramenta didática. Mais recentemente observa-se uma preocupação abrangente e de vários segmentos da sociedade, o que resultou em uma abordagem política e jurídica à questão ética do uso de animais como modelos práticos. A Lei nº 11.794, de 08 de Outubro de 2008 foi criada com o intuito de orientar os critérios para utilização de animais em pesquisas científicas. (BRASIL, 2008). A mesma lei cria o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal CONCEA, assim como institui a obrigação das Instituições que 1 Graduando Curso de Bacharelado em Medicina Veterinária, IFC Câmpus Araquari 2 Doutor em Ciência Animal, IFC Câmpus Araquari ³ Doutora em Ciência Animal, IFC Câmpus Araquari 4 Doutorando em Ciência Animal, IFC Câmpus Araquari 5 Doutor em Ciência Animal, IFC Câmpus Araquari 6 Doutor em Biotecnologia Agrícola, IFC Câmpus Araquari

desenvolvem pesquisa em ter Comissões de Ética no Uso de Animais CEUAs; bem como, orienta sobre as penalidades aplicadas a quem infringir a lei. Da mesma forma, a Diretriz Brasileira para o Cuidado e a Utilização de Animais para Fins Científicos e Didáticos - DBCA (2013) apresenta princípios de conduta que permitam garantir o cuidado e o manejo ético de animais utilizados para fins científicos ou didáticos. As CEUAS devem avaliar se a utilização dos animais é devidamente justificada e garantir a adesão aos princípios de substituição (replacement), redução (reduction) e refinamento (refinement). Estes princípios fazem parte da doutrina chamada de 3 Rs, estabelecidos por Russel no livro "The Principles of Humane Experimental Technique" de 1959 (RUSSEL & BURCH, 1992). A doutrina dos 3Rs foi responsável pelo impulso inicial, que estabeleceu o uso de métodos alternativos como modelos didáticos de ensino, por exemplo, substituindo os animais por manequins e simuladores. Muitos alunos não têm opção diante do uso de animais em seus estudos, e muito menos direito formal de objeção. Geralmente alternativas não são oferecidas e não há dúvida de que o uso compulsório de animais faz com que muitos estudantes não ingressem na área de ciências biológicas, agrárias e da saúde (MORAES, 2005, TRÉZ,2005). Modelos, manequins e simuladores já vêm sendo usados em algumas universidades, inclusive no Brasil (MAGALHÃES et al., 2006). Estes compreendem tanto objetos de treinamento para simular órgãos, membros e animais inteiros, quanto aparatos para simular funções fisiológicas, habilidade clínica e prática cirúrgica (MAGALHÃES et al.,2006). Existem modelos feitos de materiais sintéticos, além de peças oriundas de abatedouros, ou animais preservados por congelamento ou glicerinização. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é apresentar um protótipo de modelo didático alternativo que permita avaliação física do aparelho reprodutivo bovino, assim como propicie a capacitação dos acadêmicos na realização de manobras obstétricas nesta espécie. Serão discutidos os impactos positivos desse método e a eficiência da abordagem contemporânea no processo de ensino-aprendizagem dos acadêmicos, assegurando uma aquisição de conhecimento sem ferir princípios éticos de cuidado com os animais. MATERIAL E MÉTODOS A utilização de manequins e simuladores nas aulas práticas do Curso de Medicina Veterinária do IFC Campus Araquari visa manter o processo de aprendizagem atualizado e 2

sincronizado com o desenvolvimento de métodos de ensino alternativos que venham a contribuir, sobretudo, para o pensamento ético dentro das instituições. Nas aulas de Obstetrícia, três métodos alternativos já são utilizados para ensino: 1º- O Método Shiva: Inovação de natureza didático-pedagógica para capacitação tecnológica em inseminação artificial em bovinos, o Método Shiva (BUSCHI et al, 2004) nasceu da parceria público-privada entre a Embrapa Gado de Leite e a Nova Índia Genética, empresa brasileira cujo negócio é a produção e comercialização de sêmen e carne de bovinos de leite, corte e ainda prestação de serviços em inseminação artificial. A parceria com a Embrapa possibilitou reparar limitações morfofisiológicas que os simuladores apresentavam, dando origem ao produto denominado kit do Método Shiva, constituído de um conjunto de simuladores do sistema genital da vaca, fitas de vídeo e livreto descrevendo a tecnologia. Os simuladores são réplicas da carcaça de vacas, construídos em fibra de vidro, e dos canais retal e genital, confeccionados em vinil e látex. O kit é portátil, facilita o transporte e possibilita seu manuseio em qualquer ambiente, da sala de aula ao campo, em qualquer horário; reduz a utilização de animais vivos nas aulas práticas, reduzindo assim o desconforto e o estresse dos animais; é higiênico e confortável e proporciona a aquisição da prática aos alunos. 2º- Peças Anatômicas oriundas de Abatedouros: peças anatômicas do sistema reprodutor de vacas são utilizadas em aulas práticas. São peças frescas, dissecadas e também preservadas em formol, álcool ou refrigeração. Esse método proporciona aos alunos contato real com o aparelho reprodutor das fêmeas e permite o aprendizado da técnica a ser ensinada. Os alunos aprendem e aplicam os conhecimentos sem a necessidade de utilização dos animais vivos. As vantagens são que, reduz o uso de animais vivos, evita desconforto dos animais; evita acidentes; são peças reais; e o aluno pode repetir várias vezes os procedimentos. 3º- Protótipo Obstétrico: Para produzir um protótipo que recriasse com fidedignidade as regiões anatômicas envolvidas na avaliação física do aparelho reprodutor de bovinos não gestantes e gestantes levou-se em consideração as medidas, ângulos e texturas dos diversos tecidos bovinos a serem manipulados no exame do aparelho reprodutivo. Também foi analisada a facilidade de confecção e higienização do equipamento, assim como seu custo de produção. O método se baseia na utilização de uma base simuladora da pelve e parte do abdômen de uma vaca que permite a inserção de peças verdadeiras, provenientes de abatedouros. Na área de reprodução animal, o protótipo permite a manipulação de fetos natimortos reais para capacitação nas diversas técnicas de obstetrícia. Ainda pode ser empregado para a demonstração de procedimentos que envolvem o processo de parto 3

distócico de fêmeas bovinas. As diversas complicações no momento do parto e as diferentes manobras obstétricas empregadas em cada situação podem ser realizadas no simulador, incluindo a realização de procedimentos mais invasivos, como a fetotomia. O protótipo é composto basicamente por uma bombona plástica, de 50 litros fixada sobre uma plataforma de madeira para sustentação, esta foi acoplada um tubo de PVC de 200 mm em um ângulo de 15 graus e de 330 mm fixada nas duas extremidades simulando a vagina e cérvix bovinas. O mesmo tubo desemboca na plataforma vertical de madeira para permitir sua fixação. A bombona plástica simula o útero gestante com o objetivo didático da manipulação fetal. Foi criada uma abertura lateral que permite aos alunos a observação da manipulação das peças enquanto um colega prática a técnica. RESULTADOS E DISCUSSÃO O objetivo de proporcionar aos alunos uma abordagem contemporânea no trato com os animais e implementar modelos alternativos para o aprendizado prático das técnicas, foi alcançado com satisfação. A utilização de manequins e simuladores nas aulas práticas do Curso de Medicina Veterinária do IFC Campus Araquari visa manter o processo de aprendizagem atualizado e sincronizado com o desenvolvimento de métodos de ensino alternativos que venham a contribuir, sobretudo, para o pensamento ético dentro das instituições. A utilização deste modelo alternativo tem permitido um bom processo de aprendizagem nas áreas em que se propõe. Na disciplina de obstetrícia existe o ganho adicional de se praticar manobras para partos distócicos independente da existência destes casos nos rebanhos do campus, executando-as no dia e horário mais conveniente para o aprendizado conforme o plano previsto para a disciplina. Outro ponto é a tranquilidade na execução pelos alunos, que passam a se concentrar na atividade didática ao invés de se preocupar com o tempo de duração, desconforto, dor ou injúria que poderiam estar causando ao animal vivo devido sua inexperiência e ainda insegurança na realização da manobra proposta. O uso de animais vivos na prática didática pode ser complementar ao uso do manequim, de forma que os alunos vivenciem a prática depois de terem praticado exaustivamente nos manequins. Este treinamento aumenta a confiança dos estudantes. O conteúdo das aulas é transmitido e assimilado com clareza sem interferências inerentes à manipulação de animais vivos, possibilitando um ambiente ético e uma maneira mais didática de aprendizado. 4

CONCLUSÕES A utilização de métodos alternativos ou substitutivos em aulas práticas de algumas disciplinas do curso de Medicina Veterinária está de acordo com a nova concepção de ensino que busca cada vez mais atingir os princípios de bem-estar animal. Minimizar a utilização de animais vivos nas práticas de ensino e pesquisa é um desejo de toda a classe e ainda requer comprometimento, discussão e difusão entre os pares. Conclui-se que os métodos alternativos são didaticamente eficientes e simula com fidedignidade a aparelho reprodutivo feminino bovino. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei n. 11.794, de 08 de outubro de 2008. Regulamenta o inciso VII do 1º do art. 225 da Constituição Federal, estabelecendo procedimentos para o uso científico de animais; revoga a Lei n. 6.638, de 8 de maio de 1979; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília; 2008;(196); Seção 1:1-4. BRUSCHI, J. H.; SANTOS, C. A. dos; NOVAES, L. P. Empreendedorismo em treinamento: o caso do método Shiva, uma inovação para capacitação tecnológica em inseminação artificial em bovinos. In: SIMPÓSIO DE GESTÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, 23, 2004, Curitiba. Anais. São Paulo: Universidade de São Paulo, Núcleo de Política e Gestão Tecnológica, 2004. p. 1130-1144. 1CD. MAGALHÃES, M.; ORTÊNCIO FILHO, H. Alternativas ao uso de animais como recurso didático. Arq. Ciênc. Vet. Zool. Unipar, Umuarama, v. 9, n. 2, p. 147-154, 2006. MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO CONSELHO NACIONAL DE CONTROLE DE EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL CONCEA. Diretriz Brasileira para o Cuidado e a Utilização de Animais para Fins Científicos e Didáticos DBCA. Brasília 2013. MORAES, Giselly Castro. O uso didático de animais vivos e os métodos alternativos em medicina veterinária. São Paulo, 2005. 96 p. Trabalho de Graduação (Monografia de Conclusão de Curso) Curso de Medicina Veterinária, Setor de Ciências Agrárias, Universidade Anhembi Morumbi. PAIXÃO, Rita Leal. Experimentação animal: razões e emoções para uma ética. [Doutorado] Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública; 2001. RUSSEL, W. M. S. & BURCH, R. L., The Principles of Humane Experimental Technique. England: Universities Federation for Animal Welfare. 1992. 5